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terça-feira, 2 de março de 2021

Guiné 61/74 - P21960: O segredo de... (35): José Ferraz de Carvalho (ex-fur mil op esp, CART 1746 e QG, Xime e Bissau, 1968/70): "Não matem a bajudinha!"


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74) > População sob controlo do PAIGC, no subsetor do Xime, capturada no decurso da Acção Garlopa, em 19 de julho de 1972, num total de 10 elementos.

Foto (e legenda): © Sousa de Castro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem conplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Voltamos a publicar este texto do  José Ferraz de Carvalho  (ex-Fur Mil, Op E Esp, CART 1746, e QG, Xime e Bissau, 1968/70); radicado em Austin, Texas, EUA, desde meados de 1970, tem duas dezenas de referências no nosso blogue: faz parte da Tabanca Grande desde 19 de novembro de 2011 (*); é autor da série "Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz";  tratando-se, de algum modo, de um "confissão" ou "confidência", este texto  (***) merece ser reproduzido agora na série "O segredo de..." (****)


O segredo de... (35): José Ferraz de Carvalho:
 "Não matem a bajudinha!"


Falando de acção psicossocial, de que sempre fui partidário, lembrei-me que, durante uma operação de penetração ao sul do Xime, aprisionámos 2 elementos IN.

Depois de interrogados, guiaram-nos a uma tabanca IN. Fizemos um assalto e durante esse combate ferimos uma miúda, bajuda, com um tiro por detrás do joelho que lhe destroçou a patela [ ou rótula].

− Mata a miúda...  − disse alguém.

− Não mata nada − disse eu  [, que estava a comandar o 2º  pelotão].

E ordenei ao meu pessoal para fazer uma liteira, trazendo a bajuda para o Xime de onde foi posteriormente helitransportada para o hospital em Bissau. Oxalá ainda seja viva.

Nem tudo na guerra é destruição. Talvez alguém dos meus tempos no Xime se lembre deste episódio.

Mas ainda a respeito desta bajudinha do Xime, alguém que não tenha estado nesta situação, é capaz de não perceber o que me levou a fazer o que fiz.... 

Por outro lado, se alguém que tenha estado lá comigo se lembrar [deste episódio], seguramente dirá que o tempo que levámos a preparar a liteira, deu tempo ao IN para começar a mandar morteiradas para dentro da tabanca e tiroteio de armas ligeiras como eu nunca tinha visto. De facto, poderia ter causado sérios problemas, mas graças a Deus tudo correu bem.

A minha intenção é apenas a de dizer publicamente que nós, no mato, e em situações de perigo, tínhamos coração e respeito pela vida humana, nem sempre tudo era ronco e destruição de tudo por onde pássavamos - a [alegada política da] "terra queimada".
 
PS - Curiosamente fui eu que fiz os prisioneiros... Íamos a sair da mata para uma abertura com capim talves de meio metro de altura e um trilho que cruzava essa abertura em sentido perpendicular ao nosso sentido de marcha (se bem me lembro eram dois e não um) quando nos demos conta que eles vinham na nossa direcção a conversar e, portanto, não se deram conta de nós ( ainda bem que tinha ensinado ao "pessoal balanta" os sinais aprendido em Lamego). 

Indiquei que se alapassem e eu deitei-me de costas para o chão ao lado desse trilho. Quando, eles se deram conta de mim, só talvez a um par de metros donde eu estava deitado, levanteio torso, apontei-lhes a G3 e disse: "A bo firma ai"...  Tremiam como se tivessem visto um fantasma e eu ri-me... Foram então levados para junto do comandante dessa operação,  interrogados e vocês ja sabem o resto da história. 

Também me lembro agora uma histária mais do Júlio [, o nosso "pilha-galinhas"] (*****) que, como responsável pelos dilagrams,  andava sempre ligado a mim. Quando o contra-ataque se desencandeou, ele e eu abrigámo-nos detrás de um baga baga enorme. Começámos a responder e o Júlio por um lado de baga baga e eu pelo outro tivemos que nos desabrigar. Disse-lhe para onde atirar os dilagramas e dou-me conta de que o Júlio de joelhos no chão a disparar dilagramas e cai pra frente, redondo. 

Atirei-me para junto dele com terrível ansiedade porque estava convencido que ele tinha sido ferido. Quando me dei conta que estava vivo a primeira coisa que me disse foi: "Furriel, os meus tomates?"... Houve mais tiroteio,  acabou o contacto, levanto-me, ajudo o Júlio a levantar-se e, quando de pé ele puxa as calças abaixo dos "tomates",  lá estava um buraco de bala, uns centimetros mais a cima e pobre pobre do Júlio!...  Disse-lhe em descarga nervosa: "Ah,  Júlio ainda bem..., senão nunca mais comíamos galinha" ...

José Ferraz

2. Comentário do editor LG:

Poderá ter-se tratado  da Op Baioneta Dourada, iniciada em 2 de Abril de 1969, na área de Poindon / Ponta do Inglês, às 0h00, com a duração prevista de dois dias, e com o objetivo de "se completarem as destruições dos meios de vida na área, executadas quando da Op Lança Afiada [8-18 de Março de 1969]".

As NT eram constituídas por dois 2 destacamentos:

(i) Dest A: CART 1746 (Xime) (a 3 Gr Comb) + CCAÇ 2314 (Tite e Fulacunda, 1968/70))(1 Gr Comb);

(ii) Dest B: CCAÇ 2405 (Galomaro) (a 2 Gr Comb) + CCAÇ 2314 (Tite e Fulacunda, 1968/70) (1 Gr Comb).

Oportunamente, poderemos publicar um excerto do relatório desta operação, em que foi capturado um elemento IN, desarmado [, o Zé Ferraz refere dois elementos]. Na exploração imediata de informações dadas pelo prisioneiro, o Dest A fez uma batida à zona, surpreendendo "9 homens sentados acompanhados de 2 mulheres" (sic). Aberto fogo, foram capturadas as duas mulheres, feridas [, O Zé Ferraz refere apenas um "bajudinha", ferida].  Os restantes elementos fugiram, com baixas prováveis.

Entretanto, "ao serem prestados os primeiros socorros às mulheres feridas, um grupo IN de efectivo não estimado flagelou as NT durante cerca de 6 minutos com LGFog, mort 60 e cerca de 6 armas automáticas", sem consequências para as NT.

(Fonte: BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70. História da Unidade. Cap II, pp. 78/79).

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)

(...) Em 1965 o pai  [oficial superior da Marinha]foi nomeado para ser o Senior Portuguese Officer no SACLANT [The Supreme Allied Commander Atlantic,], em Norfolk, Virgínia. Vim então estudar Engenharia nuclear para o Virginia Politecnical Institute, mas tive que ir primeiro para o Old Dominion College para fazer estudos de habilitação.

Sempre quis fazer tropa e estava aqui com uma licença militar porque era da incorporação de 65. Lisboa nunca me reconheceu os meus estudos aqui, pelo que em vez de ir para Mafra [, COM], fui para as Caldas [, CSM].

(...) Ofereci-me como voluntário para a 16ª Companhia de Comandos com a qual cheguei a Guiné em 68 [, 16 de agosto]. No fim da fase operacional [, IAO, que decorreu em Bula, Binar e Có, em setembro] não quis ser comando e fui então destacado para a Cart 1746, Xime, onde o Capitão [António] Vaz [ 1939-2015] me responsabilizou em formar um grupo de combate com o segundo pelotão cujo alferes tinha sido enviado para Lisboa doente" (...).

O J. Ferraz de Carvalho, uma vez terminada a comissão da CART 1746, em junho de 1969, foi colocado em Bissau, no QG, e deve ter regressado à Metrópole, com a 16ª Ccmds, em 24 de junho de 1970 (**)..
.



(*****) Vd. poste de 30 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9116: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (10): Júlio, o pilha-galinhas do Xime

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21931: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte XII: atividade operacional, outubro/novembro de 1967, destaque para a Op Garraio, no Poindon-Ponta do Inglês, Xime


Guiné > Zona leste > Região dee Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > 1970 > CCAÇ 12 >  Vista aérea das matas do Xime, a partir do Heli AL III, Foto do riquíssimo álbum do meu querido amigo e camarada Arlindo Teixeira Roda (natural de Pousos, Leiria, a viver em Setúbal há décadas). Ao  tempo da CCAÇ 12 (1969/71), as operações ao Poindon / Ponta do Inglês davam sempre "embrulhanço".

Foto: © Arlindo Teixeira (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Brasão da 3ª CCmds (1966/68)





1. Começámos a publicar, em 17/11/2020, uma versão da História da 3ª Companhia de Comandos (Lamego e Guiné, 1966/68), a primeira, de origem metropolitana, a operar no CTIG. (Hão de seguir-se lhe, até 1974, mais as seguintes: 5ª, 15ª, 16ª, 26ª, 27ª, 35ª, 38ª e 4041ª CCmds.)

O documento mimeografado, de 42 pp., que nos chegou às mãos, é da autoria de João Borges, ex-fur mil comando, já falecido (em 2005), e que vivia em Ovar. Trata-se de um exemplar oferecido ao seu amigo José Lino Oliveira, com a seguinte dedicatória: Quanto mais falamos na guerra, mais desejamos a paz. Do amigo João Borges".

Uma cópia pelo José Lino foi entregue ao nosso blogue para publicação. (*)



História da 3ª Companhia de Comandos
(1966/68) (**)


3ª CCmds
(Guiné, 1966/68) / João Borges
Parte XII  (pp. 29-33)









(Continua)
_____________

Nota do editor:

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13699: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XIII: fevereiro de 1973: (i) a população sob nosso controlo não gostava da "psícola"; corruptela de "ação psicológica"; (ii) operação de envergadura na península da Ponta do Inglês, com 5 mortos confirmados do IN e 7 feridos da CCAÇ 12, todos da secção do fur mil Duarte


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A helievacuação de feridos em Madina Colhido, no regresso ao Xime ... É uma imagem que se repetia  ao longo dos anos, sempre ou quase sempre que havia  operações à península da Ponta do Inglês. Desde a sua formação, em julho de 1969 e até à sua extinção, em agosto de 1974,.  a CCAÇ 12, subunidade de intervenção, esteve  às ordens de pelo menos 3 batalhões sediados em Bambadiinca: BCAÇ 2852 (1968/70), BART 2917 (1970/72) e BART 3873 (1973/74)... Depois de dar e  levar muita "porrada", a CCAÇ 12 foi guarnecer o aquartelamento do  Xime como subunidade de quadrícula, em meados de 1973, quando a CART 3494  foi colocada em Mansambo, subsetor que aparentemente se tornou-se, nesta altura (1972/74)  mais calmo do que no meu tempo (1969/71) e no tempo do Torcato Mendonça e do Carlos Marques dos Santos (CART 2339, 1968/69).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. Continuação da publicação da história do BART 3873(Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].
O grande destaque do mês de fevereiro de 1973, a seguir à  morte de Amíolcar Cabarl (1924-1973)   vai para:
(i) É a a época das queimadas, feitas em grandes extensões tanto pelas NT como pelo IN;

(ii) A população sob nosso controlo não gosta da expressão "psicola"; corruptela de "ação psucológica";

(iii) Na Op Bate Duro (de 25, às 5h30, a 27 de fevereiro de 1973, às 15h00), no susetoro do Xime (Ponta Varela / Ponta do Inglês / Ponta João Silva / Poidom), envolvendo forças da CCAÇ 12 (3 gr Comb), CART 3494 (3 Gr Comb) e ainda os GEMIL 309 e 310 (Enxalé),  o IN soferu 5 mortos confirmados; foi, semdúvia, um  dos palcos, a península da Ponta do Inglês, um dos palcos  mais sangrentos da história da guerra colonial (ou da guerra de libertação) no TO da Guiné;

(iv) Nesta operação de patrulhamento ofensivo,  emboscadas e montagem de armadilhas, a CCAÇ 12 teve 7 feridos, todos da secção do António Duarte  (que era a da bazuca); o Duarte não participou nesta operação  por estar de férias em Bissau, mas deixou esta nota, a vermelho, na cópia do exemplar  hsitória da unidade que nos mandou,

Fevereiro de 1973: operação de envergadura na região da Ponta do Inglês / Poindom, com 5 mortos confirmados do IN e 7 feridos da CCAÇ 12.





















(Continua)



Guiné > Zona Leste > Croquis do Setor L1 (Bambadinca), que coincidia em parte com a antiga Zona 7 do PAIGC (margem direita do Rio Corubal) > 1969/71 (vd. Sinais e legendas). 

[Veja-se a localização do Ximer, Ponta Varela, Poidom  e Ponta Lu+is, topónimos acima referidos. No Arquivo Amílcar Caberal, Ponta do Inglês e  Ponta Luís Dias são sempre referiidas como Gã Dias e Gã Carnês ou Garnes.Grande parte da população (balanta) que vivia na Ponta do Inglês e  na Ponta Luís Dias tinha fugido de Samba Silate, perto de Nahbijões,  no início da guerra] (LG)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11442: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (2): Op Pedra Rija (Poindom / Ponta Varela, 19-20 de maio de 1969): Há aí algum graduado do Pel Caç Nat 63 que tenha estado comigo quando fomos violentamente emboscados por um bigrupo IN, durante 40 m ?

1. Mensagem, com data de 16 do corrente, enviada pelo do António Vaz, ex-cap mil, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) [, foto à esquerda]


Assunto: Pedido de informação


Olá, Camaradas: Primeiro que tudo os meus parabens com a promoção do inquérito, que pelo que tenho lido,tem sido um sucesso. A malta responde e corresponde. Parabens!

Agora vem o pedido, socorrendo-me da verdadeira Torre do Tombo que tambem a Tabanca é:É cnhecido algum graduado do Pel CaçNat 63 que tenha acompanhado a Cart 1746 na Operação "Pedra Rija" realizada em 19 de Maio de 1969 ? Se sim, gostava de saber se está lembrado pois gostava ter contacto com ele.

Um abraço para todos do

António Vaz


2. Comentário de L.G.

António [, foto atual, à direita]: 

 Aqui tens o "relatório" da Op Pedra Rija... (Fonte: História do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)...

Deve ter sido a última ou uma das últimas operações que vocês fizeram no subseto do Xime, antes da vossa rendição pela CART 2520 (1969/1970)...Dois meses depois da Op Lança Afiada e 10 dias antes do ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1979... (O PAIGC devia estar a preparar a "vingança"...).

Como sabes, eu passei pelo Xime a 2 de junho de 1969, a caminho de Contuboel... Foram vocês que fizeram a segurança na estrada Xime-Bambadinca,,, E depois fiquei (ficámos, a nossa CCAÇ 2590/CCAÇ 12) no setor L1, a partir de finais de julho. já voc~es tinham regressado ao doce lar...

Não me lembro do antecessor do Jorge Cabral no comando do Pel Caç Nat 63. Mas ele sabe quem é... O António Branquinho, furriel, não sei se estava lá nessa altura... Para já, são estes os dois homens do Pel Caç Nat 63, meus contemporâneos, "afliados" na Tabanca Grande. 

Aproveito o teu pedido para fazermos um poste sobre esta operação, a pensar na tua nova série...  Boa continuação das tuas melhoras. Treinar a memória faz-te bem... Um abraço. Luis



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > o "alfero Cabral", ao meio, de pé... O 1º Cabo Rocha é o primerio da esquerda, na primeira fila. Jorge Cabral veio substituir o alf mil Almeida, em junho de 1969,  no comando do Pel Caç Nat 63. O que será feito do Almeida ?

Foto: © Jorge Cabral (2005). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


3. Esclarecimento prestdo pelo Jorge Cabral, cmdt do pel Caç nat 63 enter 1969 e 1971:

Cheguei 20 dias depois. Naquela altura os Alferes e os Furriéis dos Pelotões Nativos só faziam um ano de mato, indo depois para Bolama ou Bissau.

Fui substituir o Alf Almeida, que era transmontano e amigo do Beja Santos. Os Furriéis só estiveram comigo dois ou três meses...O primeiro Furriel substituto foi precisamente o Branquinho, que deve ter chegado em Setembro.

Mantenho contacto com o 1º Cabo Rocha, que acaba de passar um mau bocado no Hospital de Coimbra. Ele participou de certeza nessa operação. Não tem correio electrónico.

Abraço.

J.Cabral

4. Relatório da Op Pedra Rija:


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Carta do Xime (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do Xime, Pon ta Varela, Poindom, Gundagué Beafada, Gidemo e Chacali.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné






Fonte: Excertos de História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), cap II, pp. 82-84.



5. Comentário final do António Vaz:


Olá,  Luís Graça.  Muito obrigado palas informações prestadas. Esta foi efectivamente a ultima operação que fizemos e para a qual eu dei. para futura mensagem, o título "Quem engana quem". O meu interesse de falar com alguém do Pel Caç Nat  63 prende-se com o que se passou ANTES,  no Xime. Os meus camaradas que me acompanharam nesta situação no Xime já morreram ou não estão disponíveis.

Na mensagem que enviei sobre e nossa emboscada em Ponta Coli (foi uma entre oito, embora a mais grave) em Novembro de 68 gostava de ter incluido, como curiosidade, que a 29 de Maio de 69, dia do ataque a Bambadinca, foi a nossa coluna alvejada com um roquete que passou sob um Unimog sem causar danos. Mais terde atribui isto a um tiro inopinado dum elemento IN que já estava a caminho do eaquema de ataque a Bambadinca.

Não foi ainda publicada a mensagem respeitante este acontecimento mas espero que a tenham recebido.
Um abraço do António Vaz.

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11429: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (1): os meus picadores e guias, Seco Camará e Mancaman Biai

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10726: A minha CCAÇ 12 (27): Novembro de 1970: a 22, a Op Mar Verde (Conacri), a 26, a Op Abencerragem Cadente (Xime)...(Luís Graça)









Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > 1970 > CCAÇ 12 > A sequência dramática de uma helievacuação, no decurso da Op Boga Destemida (8 de fevereiro de 1970). Pelos vestígios de queimadas, nota-se que estávamos na época seca, logo a foto será dos primeiros meses de 1970... O riquíssimo Álbum Fotográfico do meu querido amigo e camarada Arlindo Teixeira Roda (natural de Pousos, Leiria, a viver em Setúbal há décadas) não tem  legendas... Da trágica Op Abencerragem Candente (25-26 de novembro de 1970, já no final da época das chuvas), não tenho infelizmente qualquer imagem.

Fotos: © Arlindo Teixeira (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

A. Continuação da séria A Minha CCAÇ 12, por Luís Graça (*)... Estávamos com 18 meses de Guiné, e de intensa atividade operacional, desde que na segunda metade do mês de julho de 1969 fomos colocados em Bambadinca, como subunidade de intervenção ao serviço do comando do BCAÇ 2852 (até maio de 1970) e depois do BART 2917 (a partir de junho de 1970)...

Sobre a Op Abencerragem Candente já se escreveu muito e ainda não se contou aqui toda a verdade (nem se contará tão cedo...) . Traz-nos, a todos aqueles que participaram nesta tragédia, terríveis recordações... Há gente viva, que ainda sofre sempre que se fala aqui da Op Abencerragem Candente...

Hoje optarei pelo laconismo. Limito-me a reproduzir a o que vem escrito na história da CCAÇ 12. Um dia, não sei quando, hei-de escrever um poema em memória de todos aqueles que morreram no dia 26 de novembro de 1970, na antiga estrada do Xime-Ponta do Inglês, um dos sítios mais sangrentos da guerra no TO da Guiné... Paz às suas almas. Evoquei-os, discretamente, em poste recente, num texto poético sobre a antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, de má memória.  Fiz questão que este poste saísse hoje, 42 anos depois da Op Abencerragem Candente.










Excertos de: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1969/71.
Cap. II. pp-41-43.





Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1 /500 mil > Pormenor de parte do Setor L1 (Bambadinca), compreendido grosso modo pelo triângulo Bambadinca- margem direita do Rio Corubal - Xitole. com a posição relativa da sede de batalhão, Bambadinca (BART 2917, 1970/72) e das respetivas subunidades de quadrícula, localizadas em Xime (CART 2715), Mansambo (CART 2714) e Xitole (CART 2716).

 A vermelho as duas estradas que existiam em 1961: Bambadinca-Xime-Ponta do Inglês (interdita desde finais de 1968); e Bambadinca-Mansambo (aquartelameento construído de raíz em 1968, pela CART 2339)-Xitole (, estrada que seguia  depois para o Saltinho, e a partir aí estava interdita). 

Para se ter uma noção da distância, os obuses 10.5 do Xime não conseguiam bater a zona da Ponta do Inglês/Foz do Corubal [mapa de Fulacunda), que tinha a norte a rica bolanha do Poindom e um núcleo populacional (balanta e beafada) controlado pelo PAIGC,desde a destruição, pelas NT, de Samba Silate e de Poindom, em 1963. A guerrilha mostrava-se sempre muito aguerrida na defesa da sua população, face a ações de contrapenetração das NT (com exceção da grande Op Lança Afiada, 8-19 de março de 1969, que mobilizou cerca de 1300 efetivos, entre militares e carregadores civis).______________

Nota do editor:

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9123: Se bem me lembro... O baú de memórias do José Ferraz (11): Uma cena do Júlio, em combate: Furriel, os meus t... ?!



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > António Fernando Marques e Arlindo Teixeira Roda, dois camaradas da 1ª geração da CCAÇ 12 (1969/71), junto ao monumento da CCAÇ 1550 (1966/68),  unidade de quadrícula do Xime que  antecedeu a  CART 1746 (1968/69), a CART 2520 (1969/70), a CART 2715 (1970/71), a CART 3494 (1972/73) e a CCAÇ 12 (1973/74)... A CCAÇ 12 conheceu bem e duramente, o subsetor do Xime, entre 1969 e 1974... (LG)

Foto: © Arlindo Roda (2010)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





1. Texto do Zé Ferraz, português radicado nos EUA desde 1970 (vive atualmente em Austin, Texas), ex-Fur Mil Op Esp, CART 1746 (Xime, 1969; CCS/QG, Bissau, 1969/70):


Curiosamente fui eu que fiz os prisioneiros na tal [Op Baioneta Dourada, iniciada em 2 de Abril de 1969, às 0h00, com a duração prevista de dois dias, e com o objetivo de se completarem as destruições dos meios de vida na área, executadas aquando da Op Lança Afiada (8-18 de Março de 1969), na região de Poindon]...

Íamos a sair da mata para uma abertura com capim,  talvez de meio metro de altura,  e um trilho que cruzava essa abertura em sentido perpendicular ao nosso sentido de marcha... Se bem me lembro,  eram dois [turras] e não um... Quando nos demos conta que eles vinham na nossa direcção a conversar e, portanto sem se darem conta de nós ( ainda bem que tinha ensinado ao meu pessoal balanta os sinais aprendidos em Lamego...),  dei ordens para que se alapassem e eu deitei-me de costas para o chão, ao lado desse trilho.


Eles [, os turras,]  só se deram  conta de mim talvez a um par de metros donde eu estava deitado. Levantei o torso,  apontei-lhes a G3 e disse:
- A boó firma aí!

Tremiam como se tivessem visto um fantasma e eu ri-me... Foram então levados para junto do comandante dessa operação, e interrogados. O resto da história vocês já sabem. 


Também me lembro agora de mais uma história com o  Júlio que,  como responsável pelos dilagramas, andava sempre ligado a mim. Quando o contra-ataque se desencadeou,  ele e eu abrigámo-nos atrás de um  bagabaga enorme. Começámos a responder, o Júlio por um lado do baga baga e eu pelo outro.


Tivemos, entretanto,  que nos desabrigar,  disse-lhe para onde atirar os dilagramas e e nisto dou-me conta de que o Júlio está de joelhos no chão a disparar dilagramas e que cai prá frente,  redondo. Atirei-me para junto dele com terrível ansiedade porque estava convencido que ele tinha sido ferido, mas dei-me conta de que felizmente estava vivo. A primeira coisa que me perguntou, foi:
- Furriel,  os meus tomates? !


Houve mais tiroteio,  acabou o contacto,  levanto-me,  ajudo o Júlio a levantar-se e, quando de pé ele puxa as calçaas debaixo dos tomates,  vejo que aí estava um buraco de bala... Uns centímetros mais a cima... e pobre do Júlio!  Disse-lhe,  em descarga nervosa:
- Ah, Júlio ainda bem ..senão nunca mais comíamos galinha!
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Nota do editor:


Último poste da série > 30 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9116: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (10): Júlio, o pilha-galinhas do Xime


(...) Quando estava a recordar vendo as fotos da RTX [, Rádio Televisão do Xime,] lembrei-me de outra história do Júlio,  homem desenrascado e esperto até dizer chega...Ora bem,  havia um acordo tácito de que galinha que entrasse para dentro do arame farpado era nossa e ia para o tacho  (...) 


quinta-feira, 17 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7957: A minha CCAÇ 12 (14): Op Borboleta Destemida, 14 de Janeiro de 1970: a ferro a fogo no Poindon/Ponta Varela ou... como nunca confiar num guia-prisioneiro (Luís Graça)







Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) >CCAÇ 12 (1969/72) >  Progressão de um dos Gr Comb da CCAÇ 12, o 1º Gr Comb , comandado pelo Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira (que vive hoje em Santo Tirso), numa lala, na região do Xime ou do Xitole, já no final da época das chuvas, no 2º semestre de 1969... Na primeira foto,  Moreira é visível, é um dos seus primeiros da coluna, e usa boina castanha, com crachá... Dos  soldados africanos do 1º Gr Comb, lembro-me das caras, mas já não dos nomes... O 1º Gr Comb da CCAÇ 12 era, em minmha opinião,  o melhor dos qautro da CCAÇ 12, em grande parte devido às qualidades de comando do Alf Mil Op Esp Moreira (LG)







Guiné > Zona Leste > Sector L1  (Bambadinca) >CCAÇ 12 (1969/72) >  Uma helievacuação em  Madina Colhido (muito provavelmente), no subsector do Xime... Pelos vestígios de queimadas, noata-se que estávamos na época seca, logo a foto será dos primeiros meses de 1970... O riquíssimo Álbum Fotográfico do meu querido amigo e camarada Arlindo Teixeira Roda (naturald e Pousos, Leiria, a viver em Setúbal há décadas) não tem, legendas...

Fotos: © Arlindo Teixeira  (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Carta do Xime (1961) (1/50000)  (pormenor) > As principiais referências toponómicas da subregião do Xime, um triângulo definido pela margem esquerda do Rio Geba (a norte), a Foz do Rio Corubal (a oeste) e o a estrada Xime-Bambadinca (a leste): Xime, Ponta Varela, Poindom, Ponta Colhido, Gundagé Beafada, Baio, Buruntoni... e estrada (abandonada) Xime-Ponta do Inglês...


A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (**), por Luís Graça 

(7.2.) Op Borboleta Destemida: Uma emboscada de meia-hora na zona de Poindon/Ponta Varela

Do  interrogatorio do elemento IN capturado por forças da CART 2413 (Xitole) no decorrer da Op  Navalha Polida, apurou-se o seguinte: (i) disse chamar-se Jomel Nanquitande, (ii) ser de etnia balanta, (iii) ter uma Espingarda Simonov distribuída e (iv) ser chefe da tabanca de Ponta Varela... Confirmámos o que já suspeitávamos, que o IN voltara a instalar-se na área do antigo acampamento do Poindon/Ponta Varela destruído pelas NT em Setembro de 1969  durante a Op Pato Rufia.

O efectivo era de 25 homens, dispondo de Morteiro 82, cinco RPG-2 e armas automáticas. O dispositivo de segurança, mais rigoroso do que no tempo das chuvas, compunha-se de 4 sentinelas na estrada Xime-Ponta do Inglês (dois para cada lado).


O  IN saía todas as manhãs a fim de montar segurança à população que trabalha na bolanha, regressando ao meio-dia e voltando à tarde até às 17h.

Com base nestes dados, foi decidido executar um golpe de mão clássico sobre o acampamento a fim de capturar ou aniquilar os elemen­tos IN assim como o material e meios de vida nele existentes (Op Borboleta Destemida).

Desenrolar da acção:

Em 13 de Janeiro de 1970, às 23h, a CCAÇ 12 a 4 Gr Comb (Dest A) e forças da CART 2520, a 2 Gr Comb (Dest B) davam início à operação, com duração prevista de dois dias, e com intenção de executar um golpe de mão a um acampamento IN situado em XIME-3C1-29, composto por 8 moranças e paralelo à estrada Xime-Ponta do Inglês.

A progressão fez-se cuidadosamente pela estrada Xime-Ponta do Inglês até Madina Colhido, seguindo a corta-mato em direcção a Gundagué Beafada.

Devido à noite se encontrar excepcionalmente escura e o capim muito alto, os guias (compostos por 2 picadores do Xime e o prisioneiro) acabaram por perder-se. De forma que teve de retroceder-se até  Madina Colhido onde se retomou o trilho.
Só se alcançou Gundagué Beafada por volta das 6h do dia seguinte, 14 de Janeiro. Devido a este contratempo, seguiu-se imediatamente a corta-mato rumo ao trilho do Baio que se atingiu pelas 7.45h. Aqui o Dest B (CART 2520) separou-se encaminhando-se para o seu local de emboscada.

Entretanto, o prisioneiro informou que dali até ao acampamento (Ponta Varela / Poindon) ainda era muito longe e que podia seguir-se o trilho até mais à frente, cortando-se depois à esquerda. O comandante do Dest A (***) insistiu para que se cortasse já ali, mas como o prisioneiro afiançasse que podia fazê-lo mais à frente sem perigo e como se mostrasse muito seguro do que dizia, aquele concordou em prosseguir tendo recomendado ao prisioneiro que, ainda longe do acampamento, cortasse à esquerda, a fim da nossa aproximação não ser detectada.


Progredíamos com redobrada cautela quando o prisioneiro informou que já estávamos perto e cortou por um trilho à esquerda que disse ir dar ao Buruntoni. Seguindo o mesmo, encontrou-se outro, em sentido inverso, que o prisioneiro declarou ser um dos trilhos de acesso ao acampamento.

Enveredando por ai, e passados uns 100 metros, os homens da frente (1º Gr Comb da CCAÇ 12, comandado pelo Alf Mil Op Esp Moreira) (***), ao entrarem numa clareira, detectaram um grupo IN emboscado atrás de baga-bagas e de árvores. Evidenciando grande rapidez de reflexos, e com excepcional coragem, o apontador de LGFog 8,9 Braima Jaló,  foi o primeiro a abrir fogo.

No mesmo instante começámos a ser violentamente flagelados com Mort 82, LGFog e rajadas de metralhadora. Uma granada de morteiro rebentou junto da 2ª secção do do 1º Gr Comb, tendo os estilhaços atingido o Furriel Mil Pina (comandante da secção), o 1º Cabo Atirador Valente e os soldados Baiel Buaró e Sajo Baldé .

Após os primeiros momentos de surpresa e confusão, reagimos com determinação e, manobrando debaixo de fogo, obrigámos o IN a recuar. Por escassos segundos interrompeu-se o fogo para logo recomeçar com redobrada violência (Mort 82, LGFog e armas automáticas), quando já estávamos quase dentro do acampamento,

Desta vez seriam atingidos pelas balas do IN os soldados do 1º Gr Comb Leite (Transmissões) e Mamadu Au. A nossa reacção foi de tal modo pronta que o IN foi compelido a retirar definitivamente, com baixas prováveis, e em várias direcções. O fogo tinha durado mais de meia-hora.

Feita batida a zona, encontrou-se apenas 1 granada de RPG-2, 1 carregador de Metr Lig Degtyarev, peças de vestuário e diversos artigos. Foram destruídas todas as casas de mato.


Verificou-se,  após a batida,  que tínhamos passado a menos de 50 metros do acampamento e que o "trilho do Buruntoni" era nem mais nem menos que a estrada Xime-Ponta do Inglês,  disfarçada pela abundância e altura do capim.

Tornava-se evidente que a colaboração do prisioneiro se mostrara altamente comprometedora. Levou da primeira vez as NT até próximo do acampamento, para depois afastá-las, dando a nítida impressão de querer acima de tudo mostrá-las. Claro que, quando chegámos ao objectivo, já o IN estava emboscado.

Interrogado ainda sobre o depósito de material de cuja existência falara, disse que não era naquele acampamento e que ficava muito longe dali. Notou-se durante a batida vários buracos onde teriam estado enterradas munições e outro material.

Depois dos primeiros socorros, iniciou-se o sempre penoso regresso a corta-mato em direcção ao Xime, transportando-se os feridos mais graves às costas (ou em macas im provisadas) e progredindo-se cautelosamente a fim de evitar uma eventual emboscada entre Gundagué Beafada e Madina Colhido.


Só aqui, aliás, é que o Dest A (CCAÇ 12) voltou a encontrar-se com o Dest B (CART 2520), em virtude da ligação-rádio ter falhado no decorrer da operação.

Feitas aqui as heli-evacuações, reatou-se a marcha, tendo os 2 Destacamentos chegado ao Xime por volta do meio-dia do dia 14.


Entretanto, o Dest B, nesse dia, 14, pela manhã, tinha seguido por Gundagé e, a corta mato,  tinha-se encaminhado para o local de emboscada que estava planeado (Ponta Varela). Tendo encontrado o trilho de Baio, seguiu-o em direcção à estrada Xime-Ponta do Inglês até cerca de meio quilómetro desta. Aí seguiu um grupo de combate para cada lado do trilho, ficando os dois Gr Com em semicírculo.

Por volta das 8h45 o fogo do IN e das NT. Não puderam entar em contacto com o Dest A por avaria do rádio deste. Cessado o fogo, às 9h15, na impossibilidade de cintacto com o Dest A, seguiram para o Xime. Próximno do cruzamento para Ponta Varela foi sobrevoado pela FAP (T 6), tendo-se sabido nessa altura que havia feridos no Dest A.:

Dos feridos foram evacuados para o Hospital Militar 241 (Bissau) os seguintes militares da CCAÇ 12, todos do 1º Gr Comb (e que pertenciam à 2ª secção, com excepção do Sold Trms)

(i) o Fur Mil At Inf Joaquim João dos Santos Pina (que ficou inoperacional),
(ii) o 1º Cabo 1º Cabo Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama) (que ficou também operacional, com vários estilhaços pequenos e um músculo ligeiramente atrofiado),
(iii) o Soldado Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)( que ficou com uma bala ainda por extrair na coxa);
(iv) o Soldado Trms [TICA] José Leite Pereira.

______________

Notas de L.G.

(*) Composição do 1º Gr Comb da CCAÇ 12 (1969/71)


Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira [ vive hoje em Santo Tirso]

1ª secção

1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama) [vive na maregm sul do Tejo]
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau  (Fula) [, dmais trade da CCAÇ 21, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (Fula)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (Futa-fula)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (Futa-fula)
old 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (Futa-fula)
Sold 82105469 Baiel Buaró (Fula)
Sold 82106269 Mamadu Será (Futa-fula)

2ª Secção

Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive, professor reformado]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama) [, era também o nosso barbeiro, residente em Vila Nova ]
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe, ntaural de Bissau)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21) (Fula)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82105269 Sherifo Baldé (Fula)
Sold 82106669 Mussa Bari ((Futa-fula)
Sold 82106969 Mamadu Jau (Fula)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (Fula)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (Mandinga)

3ª Secção

Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (Fula
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) (Futa -fula)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (Futa -fula)

Sold 82105669 Amadu Baldé (Futa -fula)  [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide (Fula)
Sold 82107569 Gale Jaló (Futa-fula)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (Fula)


(**) Vd. postes anteriores:

2 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7888: A minha CCAÇ 12 (13): Janeiro de 1970 (13): assalto ao acampamento IN de Seco Braima e captura de Jomel Nanquitande (Luís Graça)

24 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)23 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7322: A minha CCAÇ 12 (8): O armamento do PAIGC no meu sector L1 (Bambadinca, 1969/71)

22 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)

8 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7401: A minha CCAÇ 12 (10): O inferno das colunas logísticas Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho, na época das chuvas, 2º semestre de 1969 (Luís Graça)

28 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7354: A minha CCAÇ 12 (9): 18 de Setembro de 1969, uma GMC com 3 toneladas de arroz destruída por mina anticarro (Luís Graça)

28 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7048: A minha CCAÇ 12 (7): Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969: golpe de mão a um acampamento IN, perto da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, morte do Sold Iero Jaló, e ferimentos graves no prisioneiro-guia Malan Mané e no 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus (Luís Graça)

7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)

7 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

25 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)

29 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6490: A minha CCAÇ 12 (3): A única história da unidade, no Arquivo Histórico-Militar, é a que cobre o período de Maio de 1969 (ainda como CCAÇ 2590) até Março de 1971... e foi escrita por mim, dactilografada e policopiada a stencil (Luís Graça)

25 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6466: A minha CCAÇ 12 (2): De Santa Margarida a Contuboel, 5 mil quilómetros mais a sul (Luís Graça)

21 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)

(***) Francisco Magalhães Moreira, a viver hoje em Santo Tirso: julgo que não visite o nosso blogue... Constou-me que quer "esquecer a Guiné"...

Guiné > Zona Leste > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 > Um das raras fotos do Alf Mil Francisco Magalhães Moreira, à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel), o Humberto Reis (furriel), o José António G. Rodrigues Rodrigues (alferes, natural de Lisboa, já falecido) e o Joaquim Augusto Matos Fernandes Fernandes (furriel), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados