Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)
1. Mensagem enviado pelo Virgílio Teixeira:
Assunto - Tema 204 - Homenagem dos 50 anos sobre a perda do nosso comandante de batalhão
Data - sábado, 17/11, 16:02
Luís, o tema já percebeste, já o tinha enviado, mas dei agora uns retoques, apaga o outro que enviei em Setembro, e fica este.
No dia 20/11/2018, Terça Feira, faz 50 anos sobre o trágico acontecimento da perda do meu comandante de batalhão. Gostaria nesse dia lhe prestar a minha homenagem, no nosso Blogue, pois ele foi um dos nossos grandes guerreiros, e por isso foi gravemente ferido e acabou a sua carreira, ainda tão novo.
Não que eu tenha um grande sentimento por ele, pelos menos não tinha nessa época, eu achava que andava a ser sempre perseguido por ele, não tivemos relação fácil, como aliás não tinha com quase ninguém.
Soube há uns 5 anos atrás, que ele tinha confidenciado, ainda antes de ser ferido em combate, que tencionava dar-me um louvor, pois achava que eu merecia, comparado com tantos outros que nada fizeram e depois foram louvados por nada. Mas não teve tempo, infelizmente para ele.
Obrigado pela tua compreensão, mas sou assim, um eterno revoltado/ sentimentalista.
Abraço, Virgilio Teixeira
T204 – A EVACUAÇÃO DO COMANDANTE
DO BATALHÃO DE CAÇADORES 1933
HOMENAGEM, APÓS 50 ANOS DO FUNESTO ACONTECIMENTO
I - Anotações e Introdução ao tema:
Este tema refere-se ao acontecimento de uma acção de combate, entre as NT e o IN, a pouco mais de 1000 metros do fim da pista.
Um Gr Comb, composto por elementos da CCS do BC1933, da CART1744, e do Pelotão de Nativos, o qual estava a ser comandado pelo próprio Comandante de Batalhão, Tenente Coronel Armando Vasco de Campos Saraiva, e outros oficiais, sargentos e praças, teria como missão interceptar um grupo do IN, que se deslocava ali nas imediações do Quartel.
A pouco mais de 1000 metros do fundo da pista, isto é, a 2000 metros do Posto do Comando, acontece o imprevisto, rebentamento de minas A/P, seguido de uma emboscada e forte tiroteio de um lado e de outro.
Acontece o imprevisível, o Comandante ele próprio pisa uma mina que lhe rebenta debaixo dele, depois outras minas explodem e gera-se a confusão total.
Não sei se outro oficial desta patente teve um fim trágico como este, mas não tenho conhecimento de mais nenhum. O Comandante ficou com ambas as pernas ao dependuro, presas apenas pela pele e pouco mais, e foi gravemente fulminado nas zonas genitais com estilhaços de minas, cujos efeitos nunca vim a saber, apesar de ele ter sobrevivido ainda mais de 25 anos.
No combate, são ainda feridos com alguma gravidade o Capitão Serrão, da CART1744, o Alferes Miliciano Machado, da CCS /BCAÇ1933, do Pelotão de Minas e Armadilhas, e outros militares, alguns Furriéis e praças, a maioria voltou ao seu posto de trabalho, depois de tratados no HMR 241.
Na sequência deste acontecimento, o comando do sector ficou sem o seu comandante, passando a ser substituído pelo 2º comandante, até inícios de Janeiro de 1969. [Terá falecido por volta de 2006, segundo informação do camarada José Espadana, que pertencia o BCAÇ 1933 e estava em São Domingos nessa altura.]
II – As Legendas das fotos:
Estas fotos já fazem parte de outros Temas mais alargados com mais de 100 fotos, sobre a aviação, e não só.
Gostaria que fossem Postadas estas imagens e comentário deste acontecimento, para que se faça um pouco o debate desta tragédia para o meu batalhão, que para mim próprio, foram as mais marcantes em toda a minha estadia naquele TO do CTIG.
Fica ao critério do editor, achar ou não relevantes, não farei nenhum juízo de valor.
F01 - O Heli, Alouette III, no momento em que carregou o Comandante do Batalhão, ferido em combate, com destino ao HM241 em Bissau, depois evacuado para o Hospital Militar Principal em Lisboa.
Dia fatídico, o corpo estava deitado numa maca, nu (em cuecas, furadas com estilhaços) os pés ao dependuro, e naquele momento tive ganas de tirar a foto, mas por razões de ética militar, respeito, vergonha ou por qualquer outra razão que não me ocorre, não o fiz, não sei se foi bom ou mau. Mas hoje gostaria de as ter.
Preferi sair do local e tirar a foto com ‘o ambiente’ envolvente de consternação total entre todos os presentes, militares, civis, população indígena, administrador de posto. Vê-se muita população local com especial predominância os Felupes, que estavam sempre do nosso lado, e eram sempre bem tratadas pelo nosso comandante. As Nossas Tropas estão no outro lado do Heli, a fazer a segurança.
Foto captada na pista de São Domingos no dia 20 de Novembro de 1968.
F02 – Novo Heli Alouette III, numa das viagens a SD, descarregando material, correio e outras coisas não especificadas.
Não é na mesma data, talvez não seja o mesmo Heli, mas o local é o mesmo a quando da evacuação do comandante. A ideia é mostrar não só o aparelho, que só por si vale a pena, mas também mostrar a pista de aterragem, já limpa de mato, em finais de 1968, após o tempo das chuvas, por isso muito arranjada.
Foto captada em São Domingos, em finais do ano de 1968.
F03 – No Posto de Vigia da pista de São Domingos, num dia em que estava de Oficial de Dia, passando a ‘ronda’ aos locais marcados.
O olhar pensativo, meditando, por que razão estava eu ali, a proteger-me do calor que nos sufocava, naquela pequena localidade na fronteira com o Senegal.
Esta foto tem por objectivo mostrar o local onde o Heli parou para transportar o comandante, ao fundo acaba a pista de São Domingos, e a menos de 1000 metros dá-se o ataque, as minas os feridos e evacuados. Ali tão perto. Fazia tantas vezes este percurso pela pista, nas GMC com os meus amigos e fiéis condutores para me ensinarem a conduzir, nos picos do calor, entre as 12 e 16, quando estava o resto do pessoal a fazer a sesta de descanso. Nunca imaginei que o perigo estava ali tão perto.
Foto captada em São Domingos, nos inícios de Janeiro de 1969
NOTA FINAL DO AUTOR:
#As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#
«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
Em, 2018-09-27
Virgílio Teixeira
Legendas actualizadas hoje,
Em, 2018-11-17,
Virgílio Teixeira
_________
Nota do editor:
Último poste da série > 16 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19201: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LI: Sentado à sombra do grande poilão...
Abraço, Virgilio Teixeira
Virgílio Teixeira, natural do Porto, a viver em Vila do Conde |
2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)
CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:
CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:
T204 – A EVACUAÇÃO DO COMANDANTE
DO BATALHÃO DE CAÇADORES 1933
HOMENAGEM, APÓS 50 ANOS DO FUNESTO ACONTECIMENTO
I - Anotações e Introdução ao tema:
Este tema refere-se ao acontecimento de uma acção de combate, entre as NT e o IN, a pouco mais de 1000 metros do fim da pista.
Um Gr Comb, composto por elementos da CCS do BC1933, da CART1744, e do Pelotão de Nativos, o qual estava a ser comandado pelo próprio Comandante de Batalhão, Tenente Coronel Armando Vasco de Campos Saraiva, e outros oficiais, sargentos e praças, teria como missão interceptar um grupo do IN, que se deslocava ali nas imediações do Quartel.
A pouco mais de 1000 metros do fundo da pista, isto é, a 2000 metros do Posto do Comando, acontece o imprevisto, rebentamento de minas A/P, seguido de uma emboscada e forte tiroteio de um lado e de outro.
Acontece o imprevisível, o Comandante ele próprio pisa uma mina que lhe rebenta debaixo dele, depois outras minas explodem e gera-se a confusão total.
Não sei se outro oficial desta patente teve um fim trágico como este, mas não tenho conhecimento de mais nenhum. O Comandante ficou com ambas as pernas ao dependuro, presas apenas pela pele e pouco mais, e foi gravemente fulminado nas zonas genitais com estilhaços de minas, cujos efeitos nunca vim a saber, apesar de ele ter sobrevivido ainda mais de 25 anos.
No combate, são ainda feridos com alguma gravidade o Capitão Serrão, da CART1744, o Alferes Miliciano Machado, da CCS /BCAÇ1933, do Pelotão de Minas e Armadilhas, e outros militares, alguns Furriéis e praças, a maioria voltou ao seu posto de trabalho, depois de tratados no HMR 241.
Na sequência deste acontecimento, o comando do sector ficou sem o seu comandante, passando a ser substituído pelo 2º comandante, até inícios de Janeiro de 1969. [Terá falecido por volta de 2006, segundo informação do camarada José Espadana, que pertencia o BCAÇ 1933 e estava em São Domingos nessa altura.]
II – As Legendas das fotos:
Estas fotos já fazem parte de outros Temas mais alargados com mais de 100 fotos, sobre a aviação, e não só.
Gostaria que fossem Postadas estas imagens e comentário deste acontecimento, para que se faça um pouco o debate desta tragédia para o meu batalhão, que para mim próprio, foram as mais marcantes em toda a minha estadia naquele TO do CTIG.
Fica ao critério do editor, achar ou não relevantes, não farei nenhum juízo de valor.
F01 - O Heli, Alouette III, no momento em que carregou o Comandante do Batalhão, ferido em combate, com destino ao HM241 em Bissau, depois evacuado para o Hospital Militar Principal em Lisboa.
Dia fatídico, o corpo estava deitado numa maca, nu (em cuecas, furadas com estilhaços) os pés ao dependuro, e naquele momento tive ganas de tirar a foto, mas por razões de ética militar, respeito, vergonha ou por qualquer outra razão que não me ocorre, não o fiz, não sei se foi bom ou mau. Mas hoje gostaria de as ter.
Preferi sair do local e tirar a foto com ‘o ambiente’ envolvente de consternação total entre todos os presentes, militares, civis, população indígena, administrador de posto. Vê-se muita população local com especial predominância os Felupes, que estavam sempre do nosso lado, e eram sempre bem tratadas pelo nosso comandante. As Nossas Tropas estão no outro lado do Heli, a fazer a segurança.
Foto captada na pista de São Domingos no dia 20 de Novembro de 1968.
F02 – Novo Heli Alouette III, numa das viagens a SD, descarregando material, correio e outras coisas não especificadas.
Não é na mesma data, talvez não seja o mesmo Heli, mas o local é o mesmo a quando da evacuação do comandante. A ideia é mostrar não só o aparelho, que só por si vale a pena, mas também mostrar a pista de aterragem, já limpa de mato, em finais de 1968, após o tempo das chuvas, por isso muito arranjada.
Foto captada em São Domingos, em finais do ano de 1968.
F03 – No Posto de Vigia da pista de São Domingos, num dia em que estava de Oficial de Dia, passando a ‘ronda’ aos locais marcados.
O olhar pensativo, meditando, por que razão estava eu ali, a proteger-me do calor que nos sufocava, naquela pequena localidade na fronteira com o Senegal.
Esta foto tem por objectivo mostrar o local onde o Heli parou para transportar o comandante, ao fundo acaba a pista de São Domingos, e a menos de 1000 metros dá-se o ataque, as minas os feridos e evacuados. Ali tão perto. Fazia tantas vezes este percurso pela pista, nas GMC com os meus amigos e fiéis condutores para me ensinarem a conduzir, nos picos do calor, entre as 12 e 16, quando estava o resto do pessoal a fazer a sesta de descanso. Nunca imaginei que o perigo estava ali tão perto.
Foto captada em São Domingos, nos inícios de Janeiro de 1969
NOTA FINAL DO AUTOR:
#As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#
«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
Em, 2018-09-27
Virgílio Teixeira
Legendas actualizadas hoje,
Em, 2018-11-17,
Virgílio Teixeira
_________
Nota do editor:
Último poste da série > 16 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19201: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LI: Sentado à sombra do grande poilão...