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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23879: História de vida (51): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - IV (e última): A última comissão, Moçambique, 1973: "Bem-vindos a Mueda, terra da guerra, aqui vive-se, trabalha-se e morre-se"



Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saiem. Adeus checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito.


Foto (e legenda): © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
 


Rosa Serra, em Ponte de Lima,
24 de agosto de 2020.
Foto: António Mário Leitão (2020)




Rosa Serra, ex-alf enf paraquedista
(Guiné, 1969/79; Angola, 1970/71;
Moçambique, 1973)


1. A Rosa Serra, natural de Vila Nova de Famalicão,   fez o curso geral de enfermagem no Porto, tendo aí conhecido a veterana Maria Ivone Reis (1929-2022), em 1967,  quando esta andava a recrutar jovens enfermeiras para a FAP. Fez o 45.º curso de paraquedismo, sendo "brevetada" em 13 de março 1968. Foi graduada em alferes enfermeira paraquedista.  

Conheceu os três teatros de operações da "guerra do ultramar": Guiné 1969-70, Angola 1970-71, e Moçambique 1973. Passou  à disponibilidade em 1 de março de 1974.   Vive em Paço de Arcos, Oeiras. É membro da nossa Tabanca Grande desde 25/5/2010. É coordenadora literária e coautora do livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2.ª edição, Porto, Fronteira do Caos, 2014, 439 pp. 

Está a ultimar um livro com a sua história de vida como enfermeira e enfermeira-paraquedista. Por cortesia sua, temos estado a reproduzir um texto inédito seu, de 21 páginas, que nos chegou às mãos através de um amigo e camarada comum, o Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970-72), membro da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo), Lourinhã. Apresentamos  hoje a IV (e última) parte. E ficamos gratos aos dois,




Fotos do álbum de Rosa Serra (cedidas à realizadora de cinema Marta Pessoa, autora de "Quem Vai à Guerra" (2011) (Produção: Real Ficção; duração: 123 minutos)

Fonte: Arquivo Enfermeiras Pára-quedistas / Álbum de Quem Vai à Guerra (Facebook)...

Fotos (e legenda): Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzidas com a devida vénia)... Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



História de vida (excertos): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra)

IV (e última) Parte: A última comissão, Moçambique, 1973: 
"Bem-vindos a Mueda, terra da guerra, aqui vive-se, trabalha-se e morre-se"


A minha última comissão foi feita em Moçambique, não em Lourenço Marques, não em Nampula, não em Tete, mas sim no Alto dos Macondes, Mueda. Aí logo que aterrávamos, víamos uma tábua pendurada numa árvore a dar-nos as boas vindas. Que dizia: "Bem-vindos a Mueda, terra da guerra, aqui vive-se, trabalha-se e morre-se". …Muito animador para quem lá chega pela primeira vez .….!

Foram poucas as enfermeiras paraquedistas que por lá passaram. A primeiras foi a Enfermeira Ivone Reos que foi conhecer o espaço e se havia condições para irem enfermeiras para lá.

O senhor general Neto, que conhecia tão bem o nosso trabalho na Guiné, achava que as enfermeiras faziam lá muita falta. Assim começaram a ir para lá enfermeiras.

As primeiras que foram eram enfermeiras inexperientes em prestar cuidados a feridos de guerra, nunca tinham estado em nenhum lugar antes. Era assim a sua primeira comissão no Ultramar. 

Mueda era um local assustador pelo seu isolamento, toda o espaço estava rodeado de arame farpado, não havia habitação para elas, dormiam na casa dos médicos, onde existia um quarto com duas camas para as duas enfermeiras lá destacadas, os naturais masculinos de Mueda sempre de olhar carregado e desconfiado, e pouquíssimo simpáticos. 

No início havia algumas mulheres brancas esposas de militares lá colocados, que mais tarde tiveram de sair, quando Mueda começou a ser atacada. As checas (novatas) enfermeiras sofreram bastante pelo isolamento, pela monotonia alimentar, porque nunca lhes tinham entregue um corpo desfeito embrulhado numa capa impermeável, uma alimentação monótona nada saborosa,  enfim,  um local nada aprazível para se viver. Só tiveram sorte porque não apanharam a fase dos ataques a Mueda.

Na minha opinião, foi uma má decisão enviarem enfermeiras individualmente e todas elas muito jovens e para a primeira comissão feita no Ultramar.

Foi lá que a minha colega Cristina foi atingida por uma arma inimiga, quando foi fazer uma evacuação, a um aldeamento ali próximo. Segundo o seu relato, regressava de uma evacuação com um ferido a bordo e,  sem que nada fizesse prever,  de repente sentiu,  como ela diz, tipo coice, junto a uma orelha e instintivamente levou a mão ao local e verificou que estava com sangue. Ao mesmo tempo que o piloto nervoso, informa com voz alterada que estava sem comandos. Ela tentou acalmá-lo dizendo; 

–   Já estamos com a pista à vista,  aguenta o avião que lá chegaremos.

Ele responde:

  O pior é que ele pode assapar antes de chegar ao planalto, onde a pista inicia.

E ficou em pânico, quando se virou para trás e vê o sangue junto à orelha da enfermeira. Ficou de tal forma nervoso que,  com voz alterada, pede um helicóptero à pista, não obstante a Enfermaria do Setor B (Hospital da frente) ficar a cerca de 200 metros.

Chegada ao hospital os médicos acham estranho não haver porta de saída dum suposto estilhaço e fazem um RX  e qual não foi o espanto de todos, ao verem uma bala que, ao apalpar na nuca, a sentiram de imediato, por baixo da pele. Deram uma leve anestesia local e retiraram a bala, que ela ainda a tem, como recordação. 

Curioso era a sua última evacuação pois ela ia sair da Força Aérea no fim dessa comissão.

Devido a este incidente, enfermeira foi evacuada para Lourenço Marques, onde estava a Direção de Saúde da Força Aérea, que comunicou via rádio para ela ser evacuada para Lourenço Marques.

Nesse mesmo avião embarquei eu, que já tinha viagem marcada para a substituir. Quando lhe perguntam se ela não ficou com algum grau de incapacidade,  ela respondeu; 

–  Não, eu fiquei bem, a bala foi retirada e não fiquei impedida de fazer a minha vida normal.



Moçambique > c. 1973 ? > Cristina Silva > A única enfermeira paraquedista que foi ferida em combate... 

Fonte: Arquivo Enfermeiras Pára-quedistas / Álbum de Quem Vai à Guerra (Facebook)...

Foto (e legenda): Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzido com a devida vénia)... Legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Mas encontrei outras enfermeiras possuidoras de dignidade muito elevada. Uma delas foi a enfermeira Mariana. Eu só a conheci em Mueda, só lá estávamos as duas, na dita casa dos médicos onde tínhamos um quarto com duas camas, um caixote estreito com um fio por dentro onde podíamos pendurar as poucas peças de roupa que tínhamos, e um outro fio por fora onde estava enfiado um pano que servia de porta para que, a nossa roupa não apanhasse pó.

Um dia a Mariana foi fazer uma evacuação e,  logo que o pequeno DO-27 aterrou na pista, ainda com o ferido a bordo começou um ataque á pista. O piloto sai do avião a correr, abandonando o avião e protegendo-se atrás de uns bidons cheios de arreia que cercavam a pista.

A enfermeira paraquedista Mariana não lhe seguiu os passos e ficou dentro do avião. Ela tinha bem a noção do seu dever ético, e não deixou sozinho o ferido. Só mesmo quando tudo acalmou é que saíram da aeronave e o ferido seguiu para o Hospital.

Um dia tivemos uma surpresa. Demos de caras com o nosso capitão paraquedista Saramago, que foi para lá destacado, para nos proteger. Uma das primeiras coisas que ele fez foi construir um abrigo subterrâneo logo á entrada da casa dos médicos, pois os abrigos existentes ficavam distanciados só no AM-51 e,  se fugíssemos para lá,  havia fortes possibilidades de sermos apanhadas pelo caminho.

Certo dia, num fim de tarde quando os helicópteros já não voavam e nós tentávamos esquecer as evacuações desse dia, começam os morteiros inimigos a disparar de forma raivosa, direcionados para a casa dos médicos, e para o hospital. A casa ficava separada do hospital pela placa do helicóptero. Todos fomos para o abrigo. Nesse dia tinha chegado um médico novo. Passado poucas horas da sua chegada, quando Mueda começa a ser atacada. Todos nós nos recolhemos no abrigo. Pouquíssimos minutos depois, o médico checa (novato), desabafa, dizendo:

– Sinto as pernas a tremerem,,,

E, logo se ouve uma voz dizendo;

–  É da trepidação.

 E todas as vozes em tom calmo e solidária, ressoam: 

–  Estamos todos iguais, isto já passa.

Mueda era assim, insegura, um acentuado isolamento, uma monotonia alimentar grande, de lá ninguém saía gordo, mas toda a população militar era altamente solidária.

Houve uma situação grave que levou os médicos a ficarem de vigia durante a noite à porta do quarto das enfermeiras. Tínhamos um sr. local, que limpava as partes comuns e os quartos dos médicos

Era um homem alto, com cara de poucos amigos, cujo nome já não me lembro. Um dia soube que a enfermeira Mariana iria fazer uma evacuação para Lisboa. Abordou-a e pediu-lhe para ela comprar um fio de ouro. Quando a Mariana chegou,  ele perguntou-lhe pelo fio. Ela respondeu que não o comprou não teve tempo nem dinheiro para o fazer.

Ele olhou em redor e,  ao verificar que não havia ninguém por perto, ficou com cara de mau, e disse-lhe que a matava e que,  pelo facto de não dormir lá, ele arranjava maneira de o fazer. Ela virou-lhe as costas e,  logo que ele saiu de casa, ela contou ao dr. Requeijo que era o Diretor da enfermaria de Setor B (Hospital da Frente).

Ele fez logo uma escala se serviço de vigilância ao quarto das enfermeiras. Às vezes eu brincava com ela e dizia-lhe:

–  Dorme, Mariana, o nosso Anjo da guarda está sentado numa cadeira à nossa porta e, apesar de ser anjo,  está com uma arma na mão, e só de lá sai quando outro anjo aparecer para o substituir.

Depois pensava se isto acontecesse com as enfermeiras checas, elas logo que pudessem saíam e diziam adeus à Força Aérea para sempre.

Quando se fala do hospital de Mueda, é incorreto. É apenas uma enfermaria do Setor, neste caso o setor B onde existia uma sala operatória, uma pequena enfermaria com 35 camas, um gabinete de RX. Os feridos chegavam e ao fim de 35 a 42 horas eram evacuados para Nampula ou excecionalmente para Lourenço Marques.

Era um ambiente pesado, todo o planalto estava cercado de arame farpado,  sendo só possível de lá sair por ar, exceto a engenharia, quando tinha de se fazer à picada para levar mantimentos ou armamento para quarteis espalhados pelo vale de Miteda.

Quase todos os dias tínhamos, uma ou outra visita. Uma das mais assíduas era um Capitão do Exército Caritas, que sempre aparecia com um molho de folhas brancas. Eu nunca me aproximei dele para ver o que ele rabiscava. Numa noite eu reparo que ele olhava muito para mim e,  qual não foi o meu espanto,  quando antes de se retirar me entregou a dita folha com a minha cara que ainda a tenho pendurada no meu escritório.

Também nos ríamos quando o dr. Honório começava a declamar em voz alta, os discursos revolucionários, imitando o seu conterrâneo, Amílcar Cabral. Nós ríamos e o dr. Requeijo com um sorriso dizia; 

–  Ainda vais dentro. O Monteiro (Policia da PIDE) lá residente vem ali. 

Então ele continuava ainda mais alto gesticulando durante o seu discurso.

Os Médicos que lá estavam na minha altura eram:

  • Dr. Requeijo (Diretor);
  • Dr. Amarchande (Indiano, não sei escrever o nome);
  • Dr. Honório (natural da Guiné);
  • Dr. Migueis (alcunha o "Boticão", por ser dentista, natural do Porto);
  • Dr. Curchinho, senhor um pouco mais velho que todos nós;
  • Dr. Matos, anestesista;
  • Dr. Francês, anestesista que foi substituir o dr. Matos; 
  • Dr. David (intitulado “o Professor”  por, quando jogávamos ao poker de dados, ele fazia batota, lançando os dados e recolhendo-os rapidamente, dizendo em voz alta o belo resultado obtido, todos ríamos, com gosto, era uma animação).


Tancos > RCP (Regimento de Caçadores Paraquedistas) > 8 de Agosto de 1961 > Da esquerda para a direita: Maria do Céu, Maria Ivone, Maria de Lurdes (Lurdinhas), Maria Zulmira, Maria Arminda e o Capitão Fausto Marques (Director Instrutor). Nota: Para completar o grupo das "Seis Marias", falta a Maria da Nazaré que torceu um pé no 4.º salto e só viria a acabar o curso alguns dias depois.


Foto (e legenda): © Maria Arminda (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Voltando às enfermeiras que deram grande exemplo de trabalho e seriedade...  Outro caso é o da Lurdinhas, enfermeira do primeiro curso (1961),  única enfermeira graduada em sargento cujo nome é Maria de Lurdes Rodrigues que, para os paraquedistas e toda a gente, ficou conhecida para sempre como Lurdinhas.

Nessa altura em Portugal havia um curso mais reduzido, na formação em enfermagem, eram as auxiliares de enfermagem. Tinham menos habilitações académicas, por isso eram graduadas em sargentos.

Mas a Lurdinhas queria saber mais, determinada toma uma atitude: sai da Força Aérea e, à sua custa, matriculou-se no Liceu para fazer os anos exigidos na altura, para poder frequentar o Curso Geral de Enfermagem, entrando de novo na escola que a formou como auxiliar, e só de lá saiu ao fim de três anos com o Curso Geral concluído. Entra de novo na Força Aérea,  agora como Oficial Paraquedista.

A Lurdinhas é um bom exemplo de trabalho, esforço e dignidade. Sempre a conheci como uma pessoa virada para os outros, nunca quis ser o alvo das atenções e de uma seriedade elevada.

Teve atitudes engraçadas,  uma delas foi durante o seu curso de paraquedismo. Pouco tempo depois do início do seu curso, de paraquedismo no RCP, em Tancos, informaram-na para se dirigir ao departamento de contabilidade do Regimento para receber o pré. Sem saber o que isso era, dirigiu-se ao referido serviço, e informa que a tinham chamado. Quando percebeu que lhe iam dar dinheiro ela respondeu, prontamente que ia lá pagar o seu alojamento e a alimentação!

– Aqui ninguém paga, só recebe  responderam. 

Ficou tão atrapalhada e ao mesmo tempo tão contente que que recebeu o que lhe deram e quando foi a sua aldeia,  em Tomar, deu o seu pré às famílias mais pobres. Ela era muito generosa.

Nos factos narrados se alguém em paralelo tiver dúvidas, de tudo quanto foi dito, poderá sempre fazer uma consulta às ordens de serviço do Regimento de Caçadores Paraquedistas em Tancos, ficando a saber quem foram as nomeadas para ministrar esses cursos, de primeiros socorros avançados aos seus camaradas paraquedistas e os acompanhou no estágio feito no Hospital Militar da Estrela. Assim como, quem foi a última enfermeira enviada aos Açores para confirmar a inutilidade da presença das Enfermeiras Paraquedistas naquela Ilha Açoriana.

Esclareço que a opinião desta Enfermeira, foi dada ao Senhor Diretor do Serviço de Saúde da Força Aérea em Lisboa que, logo de seguida,  cancelou a colocação das Enfermeiras Paraquedistas nos Açores.

Também na BA-4, na Ilha Terceira nos Açores poderá eventualmente haver registos, com os nomes das Enfermeiras que lá desempenharam funções e o fim da colocação das mesmas, por ordem da Direção do Serviço de Saúde da Força Aérea de Lisboa.

E até nos ataques a Mueda a Força Aérea e quem lá estava, como por exemplo o general Luís Araújo, antigo Chefe de Estado Maior General das Força Armadas, furriel piloto Nuno Neto filho do General Diogo Neto,  a própria Força Aérea será talvez possuidora de alguns registos visto que os acontecimentos narrados são referentes a 1973, ano em que eu lá estive, e pouco tempo depois dá-se o 25 de Abril.

No nosso RCP,  as suas ordens de Serviço podem também ser consultadas, para saber quem foram as enfermeiras que lá estiveram, embora também possam testemunhar alguns paraquedistas que por lá passaram ou para irem fazer operações ou para serem recolhidos vindo delas. Uns do BCP 31,  outros do BCP 32, dou como exemplo, o hoje, general Chaves Gonçalves, que me lembro de o ver lá.

Rosa Serra, antiga enfermeira paraquedista, 2022


[Seleção /  revisão e fixação de texto / subtítulos / negritos, para efeitos de publicação neste blogue: LG]
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Notas do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série >


10 de dezenbro de 2022 > Guiné 61/74 - P23862: História de vida (49): Sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - Parte II: A guerra e a sua violência... mas também havia situações "engraçadas" (como, por exemplo, quando "eles", em Tancos, tentavam esconder a revista "Playboy" quando eu chegava ao bar de oficiais...)

9 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23858: História de vida (48): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - Parte I: A minha mãe achava que eu tinha jeito para ser enfermeira

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8902: Recortes de imprensa (52): Anjos na Guerra: a aventura das enfermeiras paraquedistas portuguesas, livro de de Susana Torrão (Diário de Noticias / Rosa Serra)

1. Transcrição, com a devida vénia, do DN- Diário de Notícias, 'on line', de 6 do corrente:
  Oficina do Livro > "Anjos na Guerra" de Susana Torrão já nas livrarias   
DN - Diário de Notícias,  6 Outubro 20   A criação do corpo de enfermeiras paraquedistas da Força Aérea Portuguesa, em 1961, levou pela primeira vez as mulheres para as Forças Armadas. O livro relata a história dessas pioneiras improváveis, que quase passaram despercebidas ao seu país mas que acabaram por lhe dar uma lição de coragem. 

Sinopse: 

Estas mulheres que caiam do céu para tratar dos feridos e travar o sofrimento enfrentaram, ao lado dos soldados, a dureza do mato e a violência dos combates. Mas não só. Enfrentaram também o preconceito de uma sociedade conservadora, onde a ideia de enviar mulheres para um cenário de conflito era vista com enorme desconfiança. Em África, as enfermeiras faziam evacuações dos feridos da frente para os hospitais militares e prestavam apoio às populações civis, mas em Lisboa a sua acção era desconhecida para a maioria.

Sobre a Autora

Susana Torrão nasceu em 1972 e é jornalista. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, trabalhou no Diário de Noticias, Semanário, Semanário Económico e Focus. Trabalha como freelancer desde 2006 e, ao longo dos últimos anos, escreveu para publicações como Sábado, Exame, Notícias Magazine, NS, Público ou Fora de Série.

Anjos na Guerra é o seu primeiro livro. PVP 14,90 euros. 168 págs. [Editora: Oficina do Livro, Alfragide, 2011. ]

2. Comentário de L.G.: 

Ontem, 13, pelas 16 horas, quatro das nossas camaradas enfermeiras paraquedistas Cristina Silva, Rosa Serra, Gisela Pessoa e a Maria Francis, estiveram, no programa do João Baião e Tânia Ribas de Oliveira, "Portugal no Coração”,  RTP 1, acompanhadas pela Susana Torrão, autora do livro "Anjos na Guerra". Foi a Rosa Serra, membro da nossa Tabanca Grande, quem nos fez chegar a notícia, oportunamente divulgada pelo nosso correio interno.
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8430: As mulheres que, afinal, foram à guerra (17): Um filme dentro do filme, a aventura das primeiras mulheres de armas... as enfermeiras pára-quedistas


Maria Arminda Santos > s/l, s/d  


Rosa Serra  > s/l, s/d [Possivelmente, na Guiné, entre os balantas]



Maria Arminda Santos e Maria Ivone  Reis (do  lado direito) > "1ª Missão a Angola. Partida da Portela a 22/8/1961"... Ambas conheceram bem a Guiné... A Maria Arminda faz parte desta grande família virtual que se senta debaixo do poilão da Tabanca Grande... A Ivone Reis, infelizmente, está doente...



Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967]


Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967] [A única enfermeira pára-quedista que foi ferida em combate; ainda não integra a nossa Tabanca Grande, por falta de zelo apostólico e agressividade proselitista do nosso missionário... Miguel Pessoa]




Giselda Antunes (hoje, Pessoa, por casamento, em Outubro de 1974, com o Ten Pilav Miguel Pessoa) > s/l, s/d  [Esteve na Guiné, em 1972/74, e a sua história dava um romance... ou um filme]


Natércia Neves e Cristina Silva > s/l, s/d [ Possivelmente Moçambique, c. 1967]

Natércia Neves  > s/l, s/d


Júlia Lemos > s/l, s/d


Júlia Lemos > s/l, s/d

Rosa Serra  > s/l, s/d ]Esteve nos 3 teatros de operações em 
África; esteve no BCP 12, na Guin+e, em 1969]


Rosa Serra  > s/l, s/d [, Ela própria reconhece no filme quão importante era, ao fim da tarde, terminado o dia e o serviço, vestir-se à civil e assumir-se como uma rapariga do seu tempo]



Imagens de algumas nossas camaradas de armas, enfermeiras pára-quedistas em diferentes épocas e teatros de operações... Com excepão da Ivone Reis, integram o elenco do filme Cristina Silva, Giselda Pessoa, Maria Arminda Santos, Natércia Neves, Rosa Serra, Júlia Lemos, a Aura Teles e a Ercília Pedro... A Aura Rico Teles passou a integrar, muito recentemente, a nossa Tabanca Grande; esteve na Guiné por três vezes (1965, 1968, 1971, Se considerarmos as que estão vivas, e em boa forma, a Tabanca Grande alberga 10% do total... o que faz das enfermeiras pára-quedistas o corpo militar que está mais (e talvez melhor) representado...


Fotos: Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzido com a devida vénia...)


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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8429: As mulheres que, afinal, foram à guerra (16): Em dia de estreia do filme Quem Vai à Guerra, em Lisboa, Porto e Aveiro: Pequenas histórias da História com H grande (Marta Pessoa / Clementina Rebanda / José Martins)