Capa de "História da Enfermagem em Portugal (1143 - 1988). Ed lit: Ana Pires, Ana Paula Gato, Analisa Candeias, Carlos Subtil, Constança Festas, Lucília Nunes, Paulo Queirós, Rui Costa. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2025, 301 pp.
1. Com a contribuição de 21 autores (quase todos enfermeiros, doutores e mestres em enfermagem ou outras áreas da saúde), publica-se a primeira história da enfermagem portuguesa, abarcando oito séculos.
Independentemente de uma posterior nota de leitura mais extensa e aprofundada, registe-se aqui o evento editorial e a estrutura da obra, dividida em duas partes:
(i) "história de longa duração" (Parte I: dos primórdios da nacionalidade até ao 25 de Abril de 1974. pp. 19-143);
(ii) historiografia focada nos espaços de prestação de cuidados e de formação, nas questões de géneros, na assistência a populações específicas e na assistência em cenários de guerra e de catástrofe (Parte II, pp. 1147-292).
É nesta Parte II que vamos encontrar um pequeno capítulo (todos eles são sintéticos) dedicado às enfermeiras paraquedistas, da autoria de Ana Paulo Gato (pp. 210-215) (que é doutorada em saúde pública pela ENSP / NOVA e professora coordenadora da Escola Superior de Saúde / IP Setúbal).
O artigo não traz nada de novo, é uma compilação de várias fontes, em todo o caso dá-se o devido destaque ao pioneirismo das 46 enfermeiras que não só saltaram em paraquedas e cumpriram missões em teatros de guerra, como também "saltaram" para a história das mulheres portugueses.
Cite-se apenas este parágrafo:
"Enfrentando a desconfiança do meio militar, as convençóes sociais sobre o papel da mulher, os preconceitos em relação as mulheres trabalhadores e independentes e até a oposição e/ou preocupação das suas famílias e amigos, várias mulheres enfermeiras enfrentaram o desconmhecido e os múltiplos riscos associados à vida militar em tempo de guerra com um grande sentido de dever" (op. cit., pág. 212).
Moçambique > Vila Cabral> 1967 > A Cristina Silva (seria ferida em 1973, na sua segunda passagem por Moçambique)
Fonte: Facebook > 10 de junho de 2011 > Álbuns de Quem Vai â Guerra > Arquivo Enferneireas Pára-Quedistas (com a devida vénia...)
Não é demais lembrar aqui as duas vítimas entre as 46 enfermeiras paraquedistas que passaram pelos diferentes teatros de operações:
(i) a Maria Cristina Silva (que foi ferida em combate, em 1973, durante uma evacuação, no TO de Moçambique, na região de Mueda, alvejada com um tiro na cabeça que, felizmente, não foi fatal) (*);
(ii) a Maria Celeste Ferreira da Costa (ferida mortalmente pela hélice de uma DO-27, em Bissalanca, em 10/2/1973) (**)
Furriel graduada enfermeira paraquedista Maria Celeste Ferreira da Costa
(Tarouca, 1945 - Bissalanca, Guiné, 1973)
No Cap IX ("Os riscos que corríamos"), do livro coletivo "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2ª ed. (ed. Rosa Serra, Porto, Fronteira do Caos, 2014), há uma descrição, sintética mas notável, da nossa camarada Aura Rico Teles, membro da Tabanca Grande, sobre o fatídico acidente que vitimou mortalmente a Celeste, na BA 12, Bissalanca, em 10 de fevereiro de 1973.
É uma pequena história, intensa, de dor, solidariedade e camaradagem entre mulheres e enfermeiras paraquedistas. Repare-se na sua derradeira preocupação: (...) "decidimos as duas (eu e a Eugénia) começar a reconstruir-lhe a face e o ombro para que (...) partisse bonita como ela era. Durante três horas foi esse o nosso trabalho" (...)
Publicamos um excerto, com a devida vénia. É também o contributo da Aura Teles para o blogue, para o qual entrou pela mão da Maria Arminda Santos. Tem 7 referências no blogue. (Além da Arminda e da Aura, sentam-se também à sombra do nosso poilão a Giselda e a Rosa Serra; a Ivone Reis, essa, infelizmente já faleceu em 2022).
A Maria Arminda (Setúbal) e a Aura Teles (Vendas NOvas), em visita ao navio-escola Sagres. S/d. Fonte: Cortesia de Rui Manuel Soares, ex-paraquedista (Maia)
A morte da minha colega Celeste
por Aura (Teles)
Fonte: Excerto de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 304-305 (com a devida vénia). (***)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23879: História de vida (51): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - IV (e última): A última comissão, Moçambique, 1973: "Bem-vindos a Mueda, terra da guerra, aqui vive-se, trabalha-se e morre-se"
(**) Vd. poste de 6 de janeiro de 2015 > Guiné 63774 - P14123: As nossas queridas enfermeiras paraquedistas (32): A morte da camarada Enfermeira Paraquedista Celeste Costa (Giselda Pessoa)
(***) Último poste da série > 15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26497: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (5): Em Mueda, no planalto dos Macondes, num dos piores cenários da guerra em Moçambique - Parte I (enf pqdt Maria de Lourdes Gomes)
(***) Último poste da série > 15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26497: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (5): Em Mueda, no planalto dos Macondes, num dos piores cenários da guerra em Moçambique - Parte I (enf pqdt Maria de Lourdes Gomes)
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