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Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > A dedicatória do Xanana no oseu livro "Meu Mar,. Meu Timor" (em português): "Para Rui Chamusco:Muito agradecido
pela escola que construiu em Timor Leste!...
Muita amizade. Xanana, NY, 23 setembro 2024"
Nova Iorque > 23 de setembro de 2024 > João Crisóstomo com Xanana Gusmão:
"a expressão de surpresa por ver a Escola em páginas dum blogue sobre a Guiné" (*)…
Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2024). Todos os direitos reservados
[Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1 Mensagem do Rui Chamusco
Data - 04/03/2025, 06:58
Assunto - Crónicas de Timor Leste
Estimados amigos.
Estimados amigos.
Cumprindo a promessa que vos fiz, aqui estou a enviar-vos o primeiro bloco de crónicas, a fim de que estejam a par das nossas "démarches" por estas terras e, sobretudo se divirtam com a descrição de coisas insignificantes. (**)
Com um abraço para todos, o enviado especial Rui Chamusco.
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O "malaio" (estrangeiro) Rui Chamusco. Fonte: LG (2017) |
2. O Rui é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de maio de 2024. Natural da Malcata, Sabugal, vive na Lourinhã onde durante cerca de 4 décadas foi professor de música no ensino secundário.
Em Timor (onde já foi cinco vezes, desde 2016, e com esta é a sexta), o Rui continua a dedicar-se de alma e coração aos projetos que a ASTI (Associação tem lá desenvolvido, nas montanhas de Liquiçá, e nomeadamente a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), em Manati / Boebau, no município de Liquiçá.
Em Dili ele costuma ficar em Ailok Laran, bairro dos arredores, na casa do Eustáquio (alcunha do João Moniz) , irmão (mais novo) do Gaspar Sobral. Tem uma filha que quer ser médica, a Adobe, e que tem grande talento para a música. É afilhada do Rui. (*)
Em Dili ele costuma ficar em Ailok Laran, bairro dos arredores, na casa do Eustáquio (alcunha do João Moniz) , irmão (mais novo) do Gaspar Sobral. Tem uma filha que quer ser médica, a Adobe, e que tem grande talento para a música. É afilhada do Rui. (*)
Timor Leste tem 134 referências no nosso blogue-. E o Rui já vai a caminho das 60.
VI estadia em Timor Leste (2025) - Parte I: de 22 de fevereiro a 4 de
por Rui Chamusco
Nunca sabemos quando será a próxima vez. Pelo que nos custa a despedida, e porque morremos de saudade ainda sem partir à medida que se aproximam os últimos dias, dizemos sempre: é a última vez que aqui venho.
Assim tem acontecido comigo em relação a Timor Leste. Há sempre alguma coisa que nos faz voltar. Os assuntos relacionados com a escola do projeto de solidariedade da ASTIL “obrigam-me(nos) a regressar aqui mais uma vez.
E, pronto. Há que marcar os dias das viagens (ida e volta), há que fazer a mala e, o mais penível para pessoas idosas como eu (já perto dos 80), há que fazer a viagem de mais ou menos 20 horas de voo. O corpo é que paga. E, quando chegamos ao destino, é um alívio inexplicável. Chegar a casa, ainda que do outro lado do mundo, sabe-nos bem, tranquiliza-nos. Agora, há que adaptar-se ao ritmo de vida daqui, com mudanças radicais dos usos e costumes destas gentes (fuso horário, higiene, comida, idioma, novos cheiros, novos ares, etc… etc…
De novo em Ailok Laran, nos arredores de Díli, na casa de família do grande irmão e amigo Eustáquio, o nosso suporte na concretização do projeto de solidariedade da ASTIL em terras do sol nascente. “Vamos descansar para que mañana podamos trabajar”. Que esta canção espanhola seja a inspiração para o trabalho que nos espera.
22.02.2025, sábado – É de manhã que se começa o dia.
Logo após a informação que postei no Facebook, surgiram respostas de pessoas
importantes a quererem ajudar na resolução dos problemas, nomeadamente o
problema da colocação de professores na Escola São Francisco de Assis, em Boebau/Manati, nas montanhas de Liquiçá.
Destaco a resposta pronta do Dr. Dionísio Babo Soares, embaixador de Timor Leste na ONU, um timorense muito estimado (já foi ministro do governo várias vezes) e que me tem contactado via whatsapp por influência do amigo comum João Crisóstomo, e a quem estou muito agradecido. Vou seguir os seus conselhos, as suas indicações.
Quero também salientar a resposta da Dra Milena Pires , ex-candidata à presidência da república nas últimas eleições que, despois de cinco anos de nos termos encontrado em New York, me contactou para fornecer contactos importantes dentro do ministério da educação e mostrou a sua disponibilidade em nos ajudar. Obrigado Dra. Milene!
Obrigado também Dr. Pedro Sarmento por estar tão solícito em relação ao assunto
que tanto nos preocupa, procurando sempre abrir caminhos que nos tragam uma
solução.
Amanhã, começam as primeiras diligências, o primeiro encontro daqueles que estão previstos.
22.02 – Encontros e desencontros
É sempre assim. Quando se é portador de encomendas, a entrega aos destinatários nem sempre é fácil. Por email, contactei o João da Megatours que me informou que sábado também trabalhava. Combinamos então ir este sábado fazer a entrega. E lá vamos nós (eu e o Eustáquio) ao começo da tarde a caminho da megatours. Surpresa!
As portas estavam fechadas, sem sinal algum de qualquer presença. Sem o seu número de contacto, imaginem o nosso estado de alma. Posteriormente fui informado de que ele não foi preciso com a informação, uma vez que só trabalhavam no sábado de manhã. Pior para ele, que só recebeu a encomenda dois dias depois. Pois! Com correios e estafetas não se brinca…
23.02.2025, domingo – À mesa também se fala
O amigo Pedro Sarmento mal soube da minha chegada quis dar-me as boas vindas e oferecer os seus serviços para que esta minha estadia decorra o melhor possível.
Muito solícito connosco, para com a ASTIL, tentando encontrar uma solução para o problema da falta de professores na Escola São Francisco de Assis em Boebau, telefonou várias vezes para marcarmos encontro e falarmos sobre o assunto.
Marcamos um almoço de família para o dia seguinte e, à mesa, definimos os passos a seguir: pessoas com quem falar, instituições a contactar, marcação de audiências, etc…
Amanhã será já o primeiro encontro no Paço Episcopal, com o Vigário Geral e com o senhor cardeal de Dili D. Virgílio. Sinto alguma espectativa e esperança. Que assim seja.
23.02 – Chuva a cântaros
Quase todos os dias chove por aqui. Hoje, em Dili, choveu a cântaros. Logo, as ruas e as estradas se tornaram um pantanal, carros, carretas e motores a darem provas da sua resistência que, em muitos casos, vão dando espetáculo. A juntar a tudo isto as pessoas. Umas por curiosidade, outras por necessidade irrompem de todos os lados, pondo à prova a facilidade com que encaram estas situações. Às vezes corre mal, e há pessoas e veículos que são arrastadas por estas cheias. Como se costuma dizer, brincam com o perigo.
Obrigado também Dr. Pedro Sarmento por estar tão solícito em relação ao assunto
que tanto nos preocupa, procurando sempre abrir caminhos que nos tragam uma
solução.
Amanhã, começam as primeiras diligências, o primeiro encontro daqueles que estão previstos.
22.02 – Encontros e desencontros
É sempre assim. Quando se é portador de encomendas, a entrega aos destinatários nem sempre é fácil. Por email, contactei o João da Megatours que me informou que sábado também trabalhava. Combinamos então ir este sábado fazer a entrega. E lá vamos nós (eu e o Eustáquio) ao começo da tarde a caminho da megatours. Surpresa!
As portas estavam fechadas, sem sinal algum de qualquer presença. Sem o seu número de contacto, imaginem o nosso estado de alma. Posteriormente fui informado de que ele não foi preciso com a informação, uma vez que só trabalhavam no sábado de manhã. Pior para ele, que só recebeu a encomenda dois dias depois. Pois! Com correios e estafetas não se brinca…
23.02.2025, domingo – À mesa também se fala
O amigo Pedro Sarmento mal soube da minha chegada quis dar-me as boas vindas e oferecer os seus serviços para que esta minha estadia decorra o melhor possível.
Muito solícito connosco, para com a ASTIL, tentando encontrar uma solução para o problema da falta de professores na Escola São Francisco de Assis em Boebau, telefonou várias vezes para marcarmos encontro e falarmos sobre o assunto.
Marcamos um almoço de família para o dia seguinte e, à mesa, definimos os passos a seguir: pessoas com quem falar, instituições a contactar, marcação de audiências, etc…
Amanhã será já o primeiro encontro no Paço Episcopal, com o Vigário Geral e com o senhor cardeal de Dili D. Virgílio. Sinto alguma espectativa e esperança. Que assim seja.
23.02 – Chuva a cântaros
Quase todos os dias chove por aqui. Hoje, em Dili, choveu a cântaros. Logo, as ruas e as estradas se tornaram um pantanal, carros, carretas e motores a darem provas da sua resistência que, em muitos casos, vão dando espetáculo. A juntar a tudo isto as pessoas. Umas por curiosidade, outras por necessidade irrompem de todos os lados, pondo à prova a facilidade com que encaram estas situações. Às vezes corre mal, e há pessoas e veículos que são arrastadas por estas cheias. Como se costuma dizer, brincam com o perigo.
Com medo estava eu que, ao lado do Eustáquio, viajávamos para casa e lhe dizia: “ Tu vês alguma coisa?” Mas ele, intrepidamente, superava os obstáculos, galgando os buracos dos caminhos que, devido à chuva, mais pareciam planos e com bom piso. Entretanto as crianças divertiam-se, surgindo das poças de águas como se fossem piscinas, todas encharcadas de água e lama. Se a chuva é graça de Deus, então aqui estamos a ser muito abençoados.
23.02 – Se não é ("amu"), parece…
Já por diversas vezes que assim sou visto, sobretudo quando frequentamos serviços públicos. Hoje foi no BNU de Dili, ao tirar a senha para um levantamento.
23.02 – Se não é ("amu"), parece…
Já por diversas vezes que assim sou visto, sobretudo quando frequentamos serviços públicos. Hoje foi no BNU de Dili, ao tirar a senha para um levantamento.
O polícia que controlava a máquina das senhas pergunta ao Eustáquio qual o serviço, e tira uma senha com o número 112 que lhe entrega, e pergunta de imediato sobre a minha pessoa: “Amu (Padre)!” E o Eustáquio, que é muito sabedor destas coisas, responde afirmativamente com um abano de cabeça. De imediato, o polícia tira nova senha com o número 14 de outro balcão de atendimento, cujo chamamento veio logo a seguir.
Aqui, em Timor, ainda há um respeito muito grande pela figura do “Amu”. Sendo ou não sendo ("to be or not to be"), às vezes dá um jeito enorme, sobretudo quando há uma sala de espera cheia de gente à nossa frente.
24.02.2025, segunda – Mais uma retificação do bilhete
Desta vez, não por culpa dos outros, tivemos de fazer alterações nos bilhetes de ida e volta. Então não é que só tardiamente me dei conta de que a viagem de regresso a Portugal estava com partida e chegada no mesmo dia. Era bom que assim fosse. Todos os que viajam de Dili para Lisboa sabem bem do tempo que se demora. Dias!... E pronto. Vai daí, toca a fazer a alteração e a sofrer as consequências. “Quando a cabeça não tem juízo o corpo(a carteira) é que paga…”
24.02 – Carta a Kay Rala Xanana Gusmão
A ideia de pedir uma audiência a Kay Rala Xanana Gusmão partiu do amigo João Crisóstomo que, aquando do seu encontro com Xanana em New York no lançamento do livro “Hai nia Tassi. Hai nia Timor” em setembro de 2024, aproveitou a ocasião para falar da situação da Escola São Francisco de Assis ao primeiro ministro de Timor Leste.
Aqui, em Timor, ainda há um respeito muito grande pela figura do “Amu”. Sendo ou não sendo ("to be or not to be"), às vezes dá um jeito enorme, sobretudo quando há uma sala de espera cheia de gente à nossa frente.
24.02.2025, segunda – Mais uma retificação do bilhete
Desta vez, não por culpa dos outros, tivemos de fazer alterações nos bilhetes de ida e volta. Então não é que só tardiamente me dei conta de que a viagem de regresso a Portugal estava com partida e chegada no mesmo dia. Era bom que assim fosse. Todos os que viajam de Dili para Lisboa sabem bem do tempo que se demora. Dias!... E pronto. Vai daí, toca a fazer a alteração e a sofrer as consequências. “Quando a cabeça não tem juízo o corpo(a carteira) é que paga…”
24.02 – Carta a Kay Rala Xanana Gusmão
A ideia de pedir uma audiência a Kay Rala Xanana Gusmão partiu do amigo João Crisóstomo que, aquando do seu encontro com Xanana em New York no lançamento do livro “Hai nia Tassi. Hai nia Timor” em setembro de 2024, aproveitou a ocasião para falar da situação da Escola São Francisco de Assis ao primeiro ministro de Timor Leste.
Xanana ouviu com atenção e manifestou o desejo de visitar a escola. E cá ando eu, como enviado, nesta missão de contactar e de convidar Sua Excelência a fazer-nos a visita, se puder ser no dia do aniversário da ESFA, que este ano será no dia 22 de Março.
Carta escrita, carta pronta para entrega, e lá vamos nós a caminho do palácio presidencial. Primeira peripécia: de como ir vestido. Diz-me o Eustáquio de que é regra levar camisa com gola, e eu estava de tishirt. Mesmo assim, lá vamos nós. Segunda peripécia: chegados à receção do gabinete do primeiro ministro, a carta foi aberta pelo funcionário para ver se estava tudo conforme. OK! Tudo bem, exceto o cabeçalho.
Soubemos então que o senhor primeiro ministro não quer ser tratado pelo seu nome de batismo (José Alexandre Xanana Gusmão) mas pelo seu nome de guerra Kay Rala Xanana Gusmão. Voltamos para casa a fazer as modificações e, de tarde, o Eustáquio voltou com a missiva. Azar dos azares, não serviu pois eu em vez de escrever Kay Rala escrevi Ray Rala. Modificações feitas, e lá vai de novo o Eustáquio de volta ao palácio.
À terceira foi de vez. Tanta peripécia para levar a carta a Garcia!... Agora há que
esperar para ver se nos respondem e se somos chamados para a audiência solicitada.
25.02 – Até Liquiçá
A decisão foi rápida. O Eustáquio recebeu ontem à noite uma chamada para transportar as professoras da ESFA Delfina e Fátima de Dili a Liquiçá a fim de frequentarem um curso sobre cuidados de saúde. E eu, que estava ao lado a ouvir, quis de imediato inteirar-me do assunto. Depois da explicação, o Eustáquio perguntou logo:
“ Ó Tiu, quer ir também?” E no dia seguinte pelas 7 horas da manhã, lá vamos nós a caminho de Liquiçá. Depois do desembarque da Fátima e da Delfina, passamos pela Escola CAFÉ de Liquiçá visitar a professora Teresa, que já nos esperava.
Carta escrita, carta pronta para entrega, e lá vamos nós a caminho do palácio presidencial. Primeira peripécia: de como ir vestido. Diz-me o Eustáquio de que é regra levar camisa com gola, e eu estava de tishirt. Mesmo assim, lá vamos nós. Segunda peripécia: chegados à receção do gabinete do primeiro ministro, a carta foi aberta pelo funcionário para ver se estava tudo conforme. OK! Tudo bem, exceto o cabeçalho.
Soubemos então que o senhor primeiro ministro não quer ser tratado pelo seu nome de batismo (José Alexandre Xanana Gusmão) mas pelo seu nome de guerra Kay Rala Xanana Gusmão. Voltamos para casa a fazer as modificações e, de tarde, o Eustáquio voltou com a missiva. Azar dos azares, não serviu pois eu em vez de escrever Kay Rala escrevi Ray Rala. Modificações feitas, e lá vai de novo o Eustáquio de volta ao palácio.
À terceira foi de vez. Tanta peripécia para levar a carta a Garcia!... Agora há que
esperar para ver se nos respondem e se somos chamados para a audiência solicitada.
25.02 – Até Liquiçá
A decisão foi rápida. O Eustáquio recebeu ontem à noite uma chamada para transportar as professoras da ESFA Delfina e Fátima de Dili a Liquiçá a fim de frequentarem um curso sobre cuidados de saúde. E eu, que estava ao lado a ouvir, quis de imediato inteirar-me do assunto. Depois da explicação, o Eustáquio perguntou logo:
“ Ó Tiu, quer ir também?” E no dia seguinte pelas 7 horas da manhã, lá vamos nós a caminho de Liquiçá. Depois do desembarque da Fátima e da Delfina, passamos pela Escola CAFÉ de Liquiçá visitar a professora Teresa, que já nos esperava.
Nas escolas CAFÉ a maioria dos professores são portugueses, pelo que há sempre grande empatia com eles sempre que nos encontramos tão longe do nosso país. E, claro está. A professora Teresa que é a coordenadora da escola, aproveitou-se logo da minha presença por cá para me pôr a trabalhar: ensinar algumas músicas a um grupo de alunos, que este ano não têm professor(a) de música. Não pude recusar, e qualquer dia aí vamos nós animar essa gente. Que tudo seja por bem.
25.02. 2025, terça– Telefonema do ministério da educação
Ainda na escola CAFÉ de Liquiçá, recebo uma chamada do Dr. Filipe Rodrigues da parte do ministério da educação para saber se poderia estar às 10 horas para uma reunião sobre o assunto da nossa escola em Boebau. Por minha culpa, foi impossível de estar, uma vez que foi enviada uma mensagem no dia anterior que eu não li. Desculpaspedidas, foi então agendada esta reunião para amanhã às mesmas horas, à qual não podemos faltar pois estamos ansiosos por saber qual a opinião da equipa de inspeção sobre a visita que fez à Escola São Francisco de Assis. E voltamos a Dili rumo ao palácio do governo, a fim de entregar uma carta dirigida ao primeiro ministro Xanana Gusmão.
26.02.2025, quarta – O senhor galo
Hoje, enquanto tomávamos o “mata-bicho”, ouviram-se uma pancadas de quem à porta bate. Imediatamente eu comentei: “alguém bate à porta”. E logo o Eustáquio se levantou e disse: É o galo.”
25.02. 2025, terça– Telefonema do ministério da educação
Ainda na escola CAFÉ de Liquiçá, recebo uma chamada do Dr. Filipe Rodrigues da parte do ministério da educação para saber se poderia estar às 10 horas para uma reunião sobre o assunto da nossa escola em Boebau. Por minha culpa, foi impossível de estar, uma vez que foi enviada uma mensagem no dia anterior que eu não li. Desculpaspedidas, foi então agendada esta reunião para amanhã às mesmas horas, à qual não podemos faltar pois estamos ansiosos por saber qual a opinião da equipa de inspeção sobre a visita que fez à Escola São Francisco de Assis. E voltamos a Dili rumo ao palácio do governo, a fim de entregar uma carta dirigida ao primeiro ministro Xanana Gusmão.
26.02.2025, quarta – O senhor galo
Hoje, enquanto tomávamos o “mata-bicho”, ouviram-se uma pancadas de quem à porta bate. Imediatamente eu comentei: “alguém bate à porta”. E logo o Eustáquio se levantou e disse: É o galo.”
Foi buscar uma mão cheia de milho e foi abrir a porta. Eu, incrédulo, fui atrás dele para verificar se um galo é assim que bate à porta. Fiquei pasmado. Um pouco abaixo dos degraus da entrada, lá estava o senhor galo mais umas quantas galinhas esperando a dose diária do seu manjar. O anfitrião explicou que ele faz isso todas as manhãs. Com o bico bate à porta algumas vezes, e espera que a porta se abra e alguém espalhe as deliciosas sementes. Bem acompanhado pelas suas almas gémeas avançam em ordem para o repasto.
Ainda perguntei ao Eustáquio: “Estas galinhas são todas tuas?” –“Não. Algumas são dos vizinhos”. Aqui é assim: onde come um comem nove ou dez. Um galo capataz, que se preocupa em que os outros comam também. Linda lição, senhor galo!..
26.02 – Encontro no ministério da educação
Este era um encontro muito desejado da nossa parte, depois da visita que a equipa de inspetores (3) fez há tempos à Escola São Francisco de Assis. De porta em porta, lá fomos andando até nos apresentarem o Dr. Filipe Rodrigues, a pessoa encarregue pelo ministério para estabelecer a ligação com a nossa escola.
26.02 – Encontro no ministério da educação
Este era um encontro muito desejado da nossa parte, depois da visita que a equipa de inspetores (3) fez há tempos à Escola São Francisco de Assis. De porta em porta, lá fomos andando até nos apresentarem o Dr. Filipe Rodrigues, a pessoa encarregue pelo ministério para estabelecer a ligação com a nossa escola.
Depois fomos encaminhados para a sala de reuniões, onde uma equipa de cinco pessoas do ministério estava à nossa espera. Não correu nada bem esta reunião. Logo após a nossa apresentação, veio a pronúncia dos senhores inspetores: para que o ministério da educação coloque professores na ESFA, a escola tem de ser entregue ao ministério para funcionar como escola pública.
Alto aí!... Isso não podemos(devemos) fazer, por respeito aos sócios e amigos da Astil de Portugal e da Astilmb de Timor Leste. A ESFA, assim como outros bens (casa dos professores, picup) é património da ASTILMB e só os seus sócios poderão tomar essa decisão.
Alto aí!... Isso não podemos(devemos) fazer, por respeito aos sócios e amigos da Astil de Portugal e da Astilmb de Timor Leste. A ESFA, assim como outros bens (casa dos professores, picup) é património da ASTILMB e só os seus sócios poderão tomar essa decisão.
Depois, é o licenciamento da escola. Muitas exigências a que vamos tentar responder, com destaque para a obrigação de termos três professores com o bacharelato. E mais… e mais… e mais! E, benefícios poucos ou nenhuns. “Quem não tem cão caça com gato”, dizemos nós em Portugal. E é isso mesmo que vamos fazer, até que encontremos outra alternativa, na certeza porém de que os alunos da Escola São Francisco de Assis fazem o 4º ano a saber ler, escrever e fazer contas enquanto que os alunos da escola pública mais próxima fazem o 4º ano sem saberem ler, escrever ou fazer contas.
Diz-se que “ quando nos fecham uma janela Deus abre-nos uma porta”. E é isso que vai acontecer. Vamos par o Plano B, que para nós é bem melhor.
28.02.2025, sexta – O Toquê e o Téque
Nas crónicas anteriores por diversas vezes aparecem descrições dobre estes dois répteis que, se não são irmãos são primos, e que, em Timor, estão associados à sua cultura. Também aqui, em Ailok Laran, marcam presença e sobretudo à noite.
Diz-se que “ quando nos fecham uma janela Deus abre-nos uma porta”. E é isso que vai acontecer. Vamos par o Plano B, que para nós é bem melhor.
28.02.2025, sexta – O Toquê e o Téque
Nas crónicas anteriores por diversas vezes aparecem descrições dobre estes dois répteis que, se não são irmãos são primos, e que, em Timor, estão associados à sua cultura. Também aqui, em Ailok Laran, marcam presença e sobretudo à noite.
O Toquê (lagarto) é maior e mais visível e sobretudo audível no seu som característico “toquê!... toquê!... E de árvore em árvore, de local em local vai percorrendo o território. O Téque (osga) é mais pequeno e portanto mais silencioso, especialista na caça aos insetos que em ação se tornam um espetáculo.
Mas também estas criaturas de Deus são cada vez menos, talvez devido ao avanço das tecnologias sobre a natureza. A noite passa tive o privilégio de escutar ambos, que em diálogo respondia um ao outro em conversa interessante “toquê!... - téque.” Um bom embalo antes de ir dormir.
01.03.2025, sábado – Novo rumo – novos contactos
Uma luzinha verde ao fundo do túnel. A conselho do vigário geral da diocese de Dili, “amu” Graciano, e por diligências do amigo Pedro Sarmento, fomos ao encontro das “irmãs indianas” do Instituto R.J.M (Religiosas de Jesus e Maria) em Casait, a fim de expormos a situação da Escola São Francisco de Assis e de solicitarmos a presença de uma pequena comunidade (3 ir mãs) que aceitem ensinar na ESFA. Fomos muito bem acolhidos, e o pedido apresentado vai ser exposto à madre provincial durante a sua visita a Timor, que acontecerá de 10 a 20 de março. A irmã Selma, que é a madre superiora da comunidade de Casait, pediu para visitar a escola para que depois possa transmitir as informações necessárias à madre provincial e possam tomar em devido tempo a decisão sobre o assunto.
01.03.2025, sábado – Novo rumo – novos contactos
Uma luzinha verde ao fundo do túnel. A conselho do vigário geral da diocese de Dili, “amu” Graciano, e por diligências do amigo Pedro Sarmento, fomos ao encontro das “irmãs indianas” do Instituto R.J.M (Religiosas de Jesus e Maria) em Casait, a fim de expormos a situação da Escola São Francisco de Assis e de solicitarmos a presença de uma pequena comunidade (3 ir mãs) que aceitem ensinar na ESFA. Fomos muito bem acolhidos, e o pedido apresentado vai ser exposto à madre provincial durante a sua visita a Timor, que acontecerá de 10 a 20 de março. A irmã Selma, que é a madre superiora da comunidade de Casait, pediu para visitar a escola para que depois possa transmitir as informações necessárias à madre provincial e possam tomar em devido tempo a decisão sobre o assunto.
Assim sendo, no próximo sábado, dia 8, iremos então até Boebau para dar a conhecer a ESFA e a localidade de Boebau/Manati. Seria uma bênção vinda do céu podermos contar com esta opção, sendo esta luz ao fundo do túnel a garantia da continuação e da sustentabilidade desta escola. Vamos por isso confiar e esperar neste plano, que será sem dúvida o que melhor nos convém e melhor se adapta às características da Escola São Francisco “Paz e Bem”.
04.03.2025, terça – Música no coração
Já nas crónicas de outros anos descrevi a musicalidade desta gente, que em qualquer situação se vale dos meios que tem, mas sobretudo da voz, para a torto e a direito espalhar as sua cantorias. Então, nesta família Sobral reina a música por todos os lados. Desde que a Adobe esteja acordada não há ouvidos que resistam indiferentes às melodias que a sua voz projeta. Esta moça é mesmo musical. Mais a mais, agora está a participar num concurso onde já
passou a primeira eliminatória. Por isso temos que a ouvir, queiramos ou não.
Com a música no coração, não há quem a pare. Oxalá chegue longe. Eu cá estarei para a apoiar…
04.03.2025, terça – Música no coração
Já nas crónicas de outros anos descrevi a musicalidade desta gente, que em qualquer situação se vale dos meios que tem, mas sobretudo da voz, para a torto e a direito espalhar as sua cantorias. Então, nesta família Sobral reina a música por todos os lados. Desde que a Adobe esteja acordada não há ouvidos que resistam indiferentes às melodias que a sua voz projeta. Esta moça é mesmo musical. Mais a mais, agora está a participar num concurso onde já
passou a primeira eliminatória. Por isso temos que a ouvir, queiramos ou não.
Com a música no coração, não há quem a pare. Oxalá chegue longe. Eu cá estarei para a apoiar…
(Revisão / fixação de texto, título: LG)
_____________________
Notas do editor:
(**) Vd. a última crónica da V viagem > 27 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25565: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - VI (e última) Parte
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