Mostrar mensagens com a etiqueta António Baltazar Dias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta António Baltazar Dias. Mostrar todas as mensagens

domingo, 19 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23367: Op Grande Colheia, 21-23jan69: várias toneladas de material de guerra, apreendido ao PAIGC, no corredor de Sambuiá, fronteira com o Senegal (António Baltazar Dias, ex-Alf Mil Art MA, CART 1745, Ingoré e Bigene, 1967/69)


Foto (e legenda): CECA (2015), pág. 367 (com a devida vénia...)



Alf mil art MA António Baltasar Dias
(1967/69)
1. Mensagem de António Baltazar  [Valente Ramos] Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69):

Data - sábado, 18/06/2022, 20:27

Assunto - OP Grande Colheita

Caro Luís Graça, Longe vão os tempos de "A verdade é só uma... rádio Moscovo não fala verdade". Isto para vincar que a narrativa que se segue é a minha verdade e que, portanto, após mais de 50 anos, admito que possa ter sido vista por outros olhos de forma diferente. Contudo, é assim que a recordo, eventualmente com as incorreções que o tempo vem tecendo, mas sem outros propósitos que não sejam o de deixar registada "a minha verdade".

Abraço,
António Baltasar Dias
Ex- Alf Mil Art CART 1745


Operação Grande Colheita (*)

por António Baltazar Dias

No obituário do Almirante Nuno Matias, antigo Chefe de Estado-Maior da Armada, consta a sua participação na operação Grande Colheita, que ocorreu na região de Sambuiá, norte da Guiné, em janeiro de 1969.

Porque participei naquela operação e já li várias descrições da mesma que não coincidem com as recordações que guardo na minha memória, decidi registar por escrito os acontecimentos tal como os vivi e que ainda se mantém bem vivos ao fim de mais de 50 anos.

Naquela manhã de 1968 (já não recordo a data) a maioria dos oficiais da CART 1745 estava reunida no gabinete do comandante da companhia para interrogar o gila (contrabandista) saracolé (1) que periodicamente atravessava a fronteira do Senegal para exercer o seu mister junto à população de Bigene. Entre várias notícias afirmava ele, com ar convicto, que o PAIGC tinha os depósitos de armas em Sambuiá, "dentro de água".

Solicitámos ao intérprete que confirmasse a tradução do discurso, já que a informação parecia perfeitamente inverosímil.

Sabíamos que, por uma questão de sobrevivência, a maioria (se não a totalidade) dos contrabandistas eram nossos informadores e também do PAIGC e que, para agradar aos inquiridores e obter algumas benesses, havia que dar algumas novidades, por mais disparatadas que pudessem parecer.

Assim, perante a perspectiva que nos pareceu absurda de que pudesse haver material de guerra dentro de água, trocámos olhares com um sorriso e rapidamente esquecemos o assunto.

Em janeiro de 1969, já com a CART 1745 integrada no COP 3 (Comando Operacional 3, comandado pelo saudoso major Correia de Campos), foi programada uma operação à península de Sambuiá integrando diversas companhias. Recebi a notícia com resignação, já que estávamos no período final da comissão e, com um pouco mais de sorte, chegaria ao fim vivo e com suficiente saúde física e mental para regressar para junto dos meus entes queridos.

Assim, pelas 22h00 reunimos o pessoal operacional junto às casernas e iniciámos a progressão no negrume da noite atravessando a tabanca (2) silenciosa, onde apenas alguns latidos e a persistência de uma mosca que teimosamente me acompanhava nas primeiras centenas de metros, davam sinais de existência de vida.

Progredindo pelo carreiro que nos levava até à bolanha (3) de Sindina, uma zona em que um contacto com o IN nunca ocorreu durante o período da minha comissão.

Percorrida essa área, fizemos a travessia de um pequeno ribeiro equilibrando-nos sobre um tronco de palmeira que por vezes nos proporcionava momentos hilariantes (que eram aumentados pelo nervosismo), sempre que alguém se desequilibrava e mergulhava nas águas do ribeiro. 

Entrámos então na península de Sambuiá para efetuar o assalto a um acampamento do PAIGC que, supostamente, existiria junto à antiga povoação de Talicó. Na zona foram efetivamente detetadas algumas construções que se encontravam abandonadas e nas quais foram recolhidas duas armas tradicionais e um número pouco significativo de munições. Tratava-se, aparentemente, de local onde habitaria população de apoio aos guerrilheiros do PAIGC.

Completada a tarefa que nos fora atribuída, iniciámos a retirada satisfeitos por regressar ao quartel sem baixas e sem grandes percalços.

Porém, logo que alcançámos a cambança e antes de iniciarmos a travessia, recebemos ordens para atravessar toda a península de Sambuiá e socorrer as outras companhias que haviam tido forte contacto com o IN, sofrendo várias baixas e que estavam com falta de munições.

Fizemos das tripas coração e, após algum tempo, reencontrámos as outras companhias que participavam na operação, as quais haviam sofrido várias baixas e se queixavam de necessitar de reabastecimento de munições.

O estado anímico dos elementos das companhias que tinham estado em contacto com o IN era mais que deplorável. A imagem que me ficou gravada na memória foi a de dezenas de homens em desespero, lamentando-se, e clamando pelo regresso ao quartel o mais rapidamente possível. 

O impacto desta atitude derrotista no moral da minha companhia foi significativo. Perante a situação o comandante terrestre da operação contactou o COP3, solicitando autorização para regressar ao quartel utilizando a LDM (4) que se encontrava estacionada no rio Cacheu em apoio às forças em operações. A resposta do comandante do COP3 foi que a retirada seria autorizada mas apenas por via terrestre.

Dado que já tínhamos sido detetados pelo IN, tal recuo significaria sofrer uma ou mais emboscadas até conseguir atingir uma zona segura perto do quartel, com as consequências que facilmente se poderiam adivinhar.

Não obstante as diversas tentativas para que o comandante do COP3 mudasse de opinião, este manteve-se irredutível. Tinhamos, pois, que iniciar a marcha de regresso ao quartel. Porém, havia que decidir qual a companhia e qual o grupo de combate que iria na frente, abrindo o caminho de volta ao aquartelamento. A decisão não foi fácil pois todos sabíamos que a frente da coluna seria a mais exposta ao fogo inimigo e ninguém se apresentava disposto a correr esse risco. A discussão sobre quem iniciaria a marcha prolongou-se por longos minutos sem que ninguém se disponibilizasse para encabeçar a coluna de regresso. 

Foi então que o comandante da minha companhia (um tenente que havia sido castigado e que substituiu o saudoso Capitão Torre do Valle) me deu ordem formal para iniciar o regresso. Obviamente não fiquei nada agradado e perspetivei a ocorrência de acontecimentos funestos no cumprimento da ordem de retirada. Contudo, havia que cumpri-la e, fazendo das tripas coração, dei ordem de marcha aos soldados do meu grupo de combate.

Poucos minutos após termos iniciado a marcha fui interpelado por um soldado (de que não me recordo o nome) que me solicitou autorização para se afastar um pouco e ir encher o cantil a um braço do rio Cacheu que se situava nas imediações. Concedida autorização, retardei um pouco a marcha para dar tempo ao regresso do soldado. Minutos depois apareceu aquele militar, excitadissimo, a gritar "Armas, armas!... Venha ver se há armadilhas".

Mandei parar a coluna e fui verificar o achado. Tratava-se da existência de uns palanques em madeira, onde se encontravam as armas cobertas por oleados, e colocadas de tal modo que ficavam acessíveis a canoas na maré cheia e rodeados de lodo no caso de maré baixa.

Imediatamente instruí o meu radiotelegrafista para contactar o comandante do COP3,  dando conta da situação e solicitando a vinda de helicópteros para transporte do material, face à sua quantidade e volume. Ao mesmo tempo solicitei a autorização para a retirada via fluvial, perante o facto de transportarmos algum material mais leve, autorização que foi concedida.

Aquando da recolha do material pelo helicóptero,  o IN flagelou-nos com morteiros e recordo que um dos projecteis caíu perto do local onde nos encontrávamos a transferir o material para o helicóptero, quase atingindo um soldado que me apareceu coberto de terra e com ar de quem tinha sobrevivido por sorte. Empurrei-o para dentro do helicóptero e seguiu com o material para Bigene.

Permaneci na zona onde, com alguns soldados, continuávamos a descobrir novos locais com os mais diversos tipos de armamento.

Passados alguns minutos constato que todos os restantes elementos da operação tinham iniciado a retirada em direção à LDM, deixando-me com mais cerca de 7 ou 8 militares na zona dos depósitos de material.

Iniciámos a retirada com alguma relutância já que iríamos deixar no local diverso material e, principalmente, minas anti-pessoal, responsáveis por diversas baixas na companhia.

Lancei para o local uma granada incendiária que procurei destruísse as minas e iniciei a retirada com o restante pessoal, seguindo o considerável carreiro que a tropa foi deixando no capim. Passados alguns minutos que pareceram horas, conseguimos apanhar a coluna e onde fui abordado pelos comandantes das companhias que integravam a operação para que, junto do comandante do COP3,  afirmasse que já não existia mais material a recolher e, assim, nos furtarmos a um regresso ao teatro das operações.

Não me pronunciei sobre o assunto mas, ao chegar a Bigene,  e em conversa com o comandante do COP3, dei a entender que provavelmente haveria mais material a recolher mas que os homens, devido ao cansaço, já não estariam em condições de regressar ao local das operações.

Foi então que os fuzileiros foram indigitados para proceder à recolha do armamento restante, apresentando posteriormente a captura do material como tendo sido um "ronco" (5) da sua unidade.

Mais tarde constatou-se que a quantidade de material apreendida constituiu, na época (1969), a maior captura de armas e munições nas três frentes da guerra colonial.

Pelo resultado da operação o Comandante Nuno Matias ofertou-me uma navalha do Comando da Defesa Marítima/ Guiné - Portuguesa, objeto que guardo religiosamente entre as minhas mais apreciadas recordações.

Recordei, então, o gila saracolé que afirmara que as armas estavam dentro de água... E não é que ele tinha razão...?!
________

(1) saracolé - uma das muitas etnias da Guiné
(2) tabanca - povoação indígena
(3) bolanha - zona alagada onde normalmente se cultivava arroz.
(4) LDM - lancha de desembarque média
(5) ronco - feito notável


2. Sobre a Operação "Grande Colheita" - 21 a 23Jan69

Forças do COP 3, CCaç 3, CArt 1745 e 2412, CCav 2443, 10° Pel Art / BAC, DFE 13 e Caç Nat efectuaram emboscadas em Talicó, reconhecimento e batida na península de Sambuiá, 02.

Detectadas 4 arrecadações lN com diverso material de guerra num total de 10 toneladas. As NT foram flageladas pelo lN sem consequências.

Foi capturado:
  • 1 canhão sem recuo B-10, 
  • 1 metralhadora pesada Degtyarev de 12,7 cm,
  • 1 metralhadora ligeira Breda, 
  • 16 pistolas metralhadoras  M-25, 
  • 8 esp Mauser, 
  • 1 aparelho pontaria de morteiro, 
  • 2 cunhetes de gran art 12,7 cm, 
  • 130 granadas mort 60 mm e de LGFog RPG-2, 
  • granadas de mão defensivas, munições de armas ligeiras e documentos.

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo ads Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro II; 1967-1970, 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp,. 346/37 (Com a devida vénia...).


3. Ficha de unidade > Companhia de Artilharia n.º 1745

Identificação: CArt 1745
Unidade Mob: GACA 2 - Torres Novas
Cmdt: Cap Mil Art José Maria Torre do Vale Santos | Ten Mil Inf Jorge Vilar Gomes Gilde | Alf Mil Art António Baltazar Valente Ramos Dias

Divisa: -
Partida: Embarque em 20Ju167; desembarque em 25Jul67 | Regresso: Embarque em 07Jun69

Síntese da Actividade Operacional

Em 26Ju167, seguiu para Ingoré, a fim de efectuar o treino operacional até 19A9067, com a CCaç 1590, sob orientação do BCaç 1854 e seguidamente manter-se naquele sector como subunidade de intervenção e reserva do referido batalhão.

Em 30Ag067, rendendo a CCaç 1547, assumiu a responsabilidade do subsector de Bigene, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1887 e depois do BCaç 1932 e seguidamente do COP 3 e novamente do BCaç 1932. 

Tomou parte em diversas operações e acções sobre as linhas de infiltração do inimigo, com captura de cerca de 6 toneladas de armamento e material e causando-lhe muitas baixas, destacando-se as operações "Despeneirar", "Derrubante II", "Derrubante III" e, particularmente, a operação "Grande Colheita", entre outras.

Em 2Jun69, foi rendida pela CCaç 2527 e recolheu a Bissau para embarque
de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 120 - 2.A Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág., 454
___________

Notas do editor:

(*) Vd. anterior versão > 29 de setermbro d  2020 > Guiné 61/74 - P21403: Operação "Grande Colheita", Península de Sambuiá, Janeiro de 1969: sem termos disparado um único tiro, descobrimos um dos maiores depósitos de armamento do PAIGC, cerca de 10 toneladas (António Baltazar Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21794: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (34): Uma pequena homenagem a um grande piloto da FAP, o Honório (António Baltazar Dias, ex-Alf Mil Art MA, CART 1745, Ingoré e Bigene, 1967/69)



António Baltazar Dias, membro da Tabanca Grande,
desde  24 de setembro de 2020 (*)
 
 

1. Mensagem do  António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69):


 Date: quinta, 21/01/2021 à(s) 16:48
Subject: Uma pequena homenagem a um grande piloto da FAP

Caro Luís Graça,

Segue um pequeno texto que pretende ser uma singela homenagem a um grande piloto da FAP de que, quem passou pela Guiné, por certo se recordará.

Se entenderes poderás publicá-lo no blogue.

Um abraço

António Baltasar Dias


Ao Honório: O mais louco piloto da FAP
por António Baltazar Dias



Honório Augusto Brito da Costa (1941-1993): 
caricatura do livro de fim de curso, 1961/62, 
da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, 
 




Quem não se lembra do Honório !? (**)

Era o mais louco e melhor piloto que tive o privilégio de conhecer.

Quando um avião se fazia à pista,  sabíamos já de antemão se se tratava ou não do Honório. As piruetas que antecediam a aterragem, eram a sua habitual assinatura.

Enquanto estive em Bigene, entre 1967/69, procurava ser sempre eu a recebê-lo na pista, quando ali se deslocava com o avião de sector ou por quaisquer outros motivos. Tínhamos, assim, uma relação mais próxima que, penso eu, ele deveria manter também com muitos mais camaradas que visitava nas suas inúmeras deambulações pelo território da Guiné.

Naquela época era conhecido em todo o território e as suas façanhas eram relatadas já de forma fantasiosa. As peripécias que lhe atribuíam,  ultrapassavam já, em muitos casos, a realidade.

Tal, porém, nunca foi suficiente para pôr em causa as verdadeiras capacidades e destemor do Honório, que todos reconheciam serem muito para além do que era considerado normal.

E, para que fique registado, relato em seguida duas situações de que fui testemunha presencial.

A primeira, durante uma operação da minha companhia ao corredor de Sambuiá, em que fomos fortemente embocados pelos guerrilheiros do PAIGC. Solicitado apoio aéreo, foram destacados para o local dois T6 que sobrevoaram o local da emboscada. Qual não foi o nosso espanto quando nos apercebemos que, de carlinga aberta, um dos pilotos fazia fogo de pistola sobre os combatentes do IN que debandavam só com a aproximação dos aviões. 

Soubemos depois que se tratava do 1º Sargento Honório. De quem mais se poderia tratar…? !

Outra das situações deixou-me marcas muito mais indeléveis. Mas para que se perceba bem o contexto há que relatar os seus antecedentes. Como atrás referi, procurava ser sempre eu a acolher o Honório quando das suas deslocações a Bigene e, por norma, eu comentava as “maluquices” que antecediam a aterragem.

Ele dizia-me sempre que estava pronto a levar-me para Bissau, quando eu pretendesse mas que teria que “pagar imposto”, leia-se “obrigar-me a vomitar”! Eu replicava que, com ele, nem pensar. melhor seria ir de barco ou mesmo a pé !

E assim se passaram muitos meses de comissão e muitas idas do Honório a Bigene.

Um dia, porém, tive que me deslocar a Bissau para tratar de assuntos da Companhia e, não obstante diversas iniciativas, não conseguia transporte para regressar para junto dos meus camaradas.

Após várias tentativas apenas foi possível transporte para o Norte numa DO-27, pilotada pelo Honório, que teria que ir a mais dois ou três aldeamentos e também a Farim, recolher um médico que era suposto ir para junto da minha Companhia.

Quando me viu, e se apercebeu que iria voar com ele, só me disse: “É hoje!"... E eu fiquei “ligeiramente” apreensivo, sem antecipar o que se seguiria.

E o que se seguiu … foi indescritível! Tentarei fazer um pálido relato do que ocorreu (pálido já, no início, porque no final da viagem eu deveria ter uma cor cadavérica…).

Após ter levantado voo de Bissau e na travessia do rio Mansoa, o Honório apercebeu-se de que uma canoa com supostos guerrilheiros estaria a atravessar o rio, pelo que a melhor solução seria derrubá-los com a asa do avião. Imaginem as acrobacias que efetuou! E só retomou a rota quando os ocupantes da canoa se atiraram ao rio,  para escaparem à hipotética colisão com a aeronave.

Depois foi o habitual espetáculo antes de cada aterragem, “para que todos soubessem que era o Honório o piloto”!

Em Farim embarcámos o médico. Eu já deveria ter uma cor ou branca ou amarelo - esverdeada e respondi à saudação do médico com um grunhido impercetível. O médico ainda não havia ouvido falar do Honório. Era, portanto, o seu batismo de voo naqueles propósitos…

Ao reentrarmos na DO-27 o Honório disse-me: “Vais para a tua terra, Bigene, portanto vamos fazer uma aproximação especial"…

De nada me valeria replicar, por isso preparei-me para o pior. E que é que me reservou o Honório? Uma aproximação rasante pela bolanha junto ao rio Cacheu e, depois aparecer de surpresa sobre a povoação sem que ninguém esperasse! 

Só que, a seguir ao voo rasante e sobrevoo da vegetação do tarrafe,  surgiram de repente duas palmeiras mesmo em frente do nariz da aeronave. Pensei: “É hoje!" …(Não o “pagar imposto”, como o Honório pretendia, mas o último dia da minha existência...).

Mas o Honório era o Honório. Numa rápida manobra inclinou a aeronave e passou com uma das asas entre as palmeiras, evitando assim a colisão. Depois foi o habitual, mas um pouco mais requintado espetáculo. Foi a “folha morta”, foi o voo rasante na pista, foi um mais não sei quê de manobras acrobáticas até aterrar com segurança.

Quando saí do avião,  lembro-me que o médico estava mais branco que a cal da parede e sem poder pronunciar palavra. Eu nem sei que cor teria e nem me atrevi a abrir a boca durante um largo período de tempo.

Muitos minutos depois, já meio refeito, quando o Honório se preparava para regressar a Bissau ainda tive coragem de dizer à despedida: “Não me fizeste pagar imposto !!!”

De facto não cheirava a vomitado no avião, mas ficaram a pairar uns odores igualmente bem desagradáveis no habitáculo…

Grande Honório ! É a minha singela homenagem a um grande piloto que naquele tempo equiparávamos a Jaime Eduardo de Cook e Alvega, o famoso Major Alvega,  herói da nossa adolescência.

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de setembro de 2020 Guiné 61/74 - P21387: Tabanca Grande (503): António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69): senta-se no lugar n.º 819 do nosso poilão

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21403: Operação "Grande Colheita", Península de Sambuiá, Janeiro de 1969: sem termos disparado um único tiro, descobrimos um dos maiores depósitos de armamento do PAIGC, cerca de 10 toneladas (António Baltazar Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745)

1. Em mensagem do dia 25 de Setembro de 2020, o nosso camarada António Baltazar Dias,(*) (ex-Alf Mil Art MA da CART 1745, Ingoré e Bigene, 1967/69), enviou-nos a narrativa da sua participação na Operação Grande Colheita, levada a efeito em Jabeiro de 1969.


OPERAÇÃO “GRANDE COLHEITA”

No obituário do Almirante Nuno Matias, antigo Chefe de Estado-Maior da Armada, consta a sua participação na operação "Grande Colheita" que ocorreu na região de Sambuiá, norte da Guiné, em janeiro de 1969.

Pelo sucesso da operação, o então 1.º Tenente Matias, à época Comandante do DFE13 estacionado em Ganturé junto ao rio Cacheu, presenteou-me com um canivete do Comando da Defesa Marítima / Guiné Portuguesa, recordação que guardo religiosamente.

Porque participei naquela ação e já li várias descrições da mesma que não coincidem com as recordações que guardo na minha memória, decidi registar por escrito os acontecimentos tal como então os vivi e recordo e que ainda se mantêm presentes ao fim de mais de 50 anos.

********************


Península de Sambuiá - © Luís Graça & Camaradas da Guiné - Infogravura da Carta de Binta 1:50.000


Operação "Grande Colheita" / Jan 1969

CART 1745 + CCAÇ 3 + CART 2412 + CCAV 2443 + DFE13 + CAÇ NAT

Naquela manhã de 1968 (já não recordo a data) a maioria dos oficiais da CART 1745 estava reunida no gabinete do comandante da companhia para interrogar o gila (contrabandista) saracolé (1) que periodicamente atravessava a fronteira com o Senegal para exercer o seu mister junto à população de Bigene. Entre várias notícias afirmava ele, com ar convicto, que o PAIGC tinha os depósitos de armas em Sambuiá, "dentro de água".

Solicitámos ao intérprete que confirmasse a tradução do discurso, já que a informação parecia perfeitamente inverosímil.

Sabíamos que, por uma questão de sobrevivência, a maioria (se não a totalidade) dos contrabandistas eram nossos informadores e também do PAIGC e que, para agradar aos inquiridores e obter algumas benesses, havia que dar algumas novidades, por mais disparatadas que pudessem parecer.

Assim, perante a perspetiva que nos pareceu absurda de que pudesse haver material de guerra dentro de água, trocámos olhares com um sorriso e rapidamente esquecemos o assunto. Em janeiro de 1969, já com a CART 1745 integrada no COP 3 (cujo comando estava atribuído ao saudoso Major Correia de Campos), foi programada uma operação à península de Sambuiá integrando diversas companhias. 

Recebi a notícia com resignação, já que se aproximava o período da rendição da companhia e, com um pouco mais de sorte, pretendia chegar ao final da comissão vivo e com suficiente saúde física e mental para regressar para junto dos meus entes queridos.

Assim, pelas 22h00, reunimos o pessoal operacional junto às casernas e iniciámos a progressão no negrume da noite atravessando a tabanca (2) silenciosa, onde apenas alguns latidos e a persistência de uma mosca que teimosamente me acompanhou nas primeiras centenas de metros, davam sinais de existência de vida.

Progredimos pelo carreiro que nos levou até à bolanha (3) de Sindina, território que considerávamos seguro e onde o IN só se aventurava quando vinha atacar o quartel, atravessámos a cambança (4) para uma zona que o PAIGC e as NT patrulhavam e onde a confrontação era inevitável caso nos cruzássemos no caminho, facto que, felizmente, nunca ocorreu durante a minha comissão.

Percorrida essa área, fizemos a travessia de um pequeno ribeiro equilibrando-nos sobre um tronco de palmeira que por vezes nos proporcionava momentos hilariantes (que eram aumentados pelo nervosismo), sempre que alguém se desequilibrava e mergulhava nas águas pouco profundas do pequeno riacho. Entrámos então na península de Sambuiá onde o confronto com o IN era quase sempre obrigatório. A missão da CART 1745 era localizar e destruir a tabanca de Talicó, facto que ocorreu com a captura de uma arma e algumas poucas munições e sem que tivesse sido detetado qualquer guerrilheiro.

Completada a tarefa que nos fora atribuída, encetámos a retirada satisfeitos por regressar ao quartel sem baixas e sem grandes percalços. Porém, logo que alcançámos a cambança e antes de iniciarmos a travessia, recebemos ordens para atravessar toda a península de Sambuiá e socorrer as outras companhias que participavam na operação e que haviam tido forte contacto com o IN sofrendo várias baixas e que se encontravam com falta de munições.

Fizemos das tripas coração e após algum tempo e dificuldade, reencontrámos os restantes elementos das NT participantes da operação.

Receio que ao descrever o que se nos deparou (ou, pelo menos, o que guardo na memória dos momentos desse reencontro), seja mal interpretado ou quem me acompanhava possa ter outra visão dos acontecimentos. Mas a imagem que permaneceu durante todos estes anos na minha memória foi a de muita gente moralmente destroçada, chorando e lamentando a sua triste sina e manifestando a sua preocupação pelos acontecimentos que pressagiavam, dado que, tendo sido já detetados, anteviam novos e fortes contactos com os guerrilheiros.

É difícil descrever o impacto devastador que aquela visão me provocou e confesso que levei algum tempo até me recompor.

Colocava-se então a questão do regresso ao quartel, uma vez que já não existia o efeito surpresa e poucos ou nenhuns sucessos havia a esperar na continuação da operação.

No regresso pela via terrestre as hipóteses de novos confrontos em situação desvantajosa para as NT era mais que certa, pelo que foi solicitado ao comandante da operação (que acompanhava os acontecimentos por meios aéreos), permissão para o embarque numa LDM (5) que se encontrava a sul, no rio Cacheu, para eventual apoio às forças terrestres. Essa solicitação foi recusada, tendo sido dadas instruções para que o regresso ao quartel se efetuasse atravessando as bolanhas, situação que se antevia altamente problemática pois os guerrilheiros tinham já tido tempo para se posicionar devidamente e tal iria provocar, por certo, mais feridos e mortes nas NT.

Feitas mais insistências junto do comando, perspetivando um futuro que se antevia muito complicado, as recusas foram sucessivas.

Colocava-se, então, a questão de qual o grupo de combate que iria na frente da coluna que seria, por certo, a situação mais perigosa, pois seria o primeiro a receber a maior intensidade de fogo inimigo.
As discussões demoraram algum tempo pois todos tinham a noção de que seriam os elementos da frente da coluna os que ficariam mais expostos e, com a aproximação do final da comissão, não se afigurava agradável a nenhum de nós correr tão grandes riscos.

Por fim, atendendo a que a CART 1745 e a CCAÇ 3 eram as forças mais experientes, e tendo em consideração o desgaste emocional das outras companhias, foi decidido que na frente seguiria o primeiro grupo de combate da CART 1745 e na retaguarda da coluna a CCAÇ 3, ficando as restantes forças mais resguardadas.

Eu fazia parte do 1.º grupo de combate da CART 1745 e, pouco tempo após o início da marcha, um elemento da frente da coluna (que até hoje não consegui identificar) dirigiu-se-me solicitando autorização para encher o cantil junto de um riacho existente na zona, permissão que foi concedida com as necessárias recomendações e alertas.

Alguns minutos passados o referido soldado apareceu eufórico, exclamando: “Armas, muitas armas… venha ver e também certificar-se que o local não está armadilhado”.

Acorri ao lugar onde se encontravam as armas e, para meu espanto, as mesmas localizavam-se em estrados cobertos com panos de lona em zona que em fase de maré cheia apenas as canoas dos guerrilheiros teriam acesso, bastando acostar aos ditos estrados para recolher as armas e transportá-las para a outra margem do rio Cacheu, ou seja, para o interior do território da Guiné.

Identifiquei mais dois ou três locais onde se encontravam mais armas e munições. De imediato solicitei ao operador de rádio que contactasse o comandante da operação e requisitasse meios aéreos (helicópteros) para a recolha do armamento dado que a sua quantidade e tipo não permitia o seu transporte pelo pessoal da operação,

Ao mesmo tempo solicitei que a evacuação das tropas se efetuasse por via fluvial, através da LDM, que se encontrava estacionada no rio Cacheu, dado que era impraticável transportar o material apreendido por via terrestre. Perante esta evidência o pedido foi finalmente aceite.

Com a chegada dos meios aéreos, recuperamos uma significativa quantidade de material que íamos colocando nos helicópteros. Entretanto os guerrilheiros do PAIGC não ficaram parados e de longe efetuavam disparos de morteiro flagelando a zona, felizmente sem consequências, já que, por certo, desconheciam que tínhamos descoberto as arrecadações de material e também porque receavam que alguma granada as destruísse.

Recordo que um soldado do meu grupo de combate (também não consegui identificar quem foi), enquanto efetuava o transporte de algumas armas para um helicóptero apareceu coberto de lama e quase sem fala, por uma granada de morteiro ter caído perto dele. Sem hesitar, coloquei-o dentro do helicóptero, que o transportou para fora do local da operação.

Na pesquisa por mais armamento e munições deparei com um considerável volume de minas antipessoal e, ao mesmo tempo que constatava a impossibilidade de as transportar face ao seu volume, verifiquei que apenas eu e mais cerca de seis ou sete elementos do meu grupo de combate ainda permanecíamos no local, já que todos os restantes haviam iniciado a retirada em direção ao rio Cacheu onde se encontrava estacionada a LDM.

Sabendo que a maioria das baixas da companhia haviam resultado da ação de minas antipessoal, debatia-me com a solução a dar à questão, pois não concebia a hipótese de as deixar no local sujeitas a serem utilizadas e provocarem outras baixas nas nossas tropas. Optei, então, por lançar uma granada incendiária na tentativa (que presumo bem sucedida) de as destruir, após o que retiramos do local e seguimos em passo acelerado para alcançar os restantes elementos das NT que já se encontravam a alguma distância.

Quando por fim os alcançámos, fui instado a não revelar a eventualidade da existência de outras arrecadações de material do IN, pois tal poderia significar o retorno à zona de operações, situação que não agradava a ninguém e, obviamente, a mim também não encantava.

Regressei ao quartel sempre com a questão das minas antipessoais a remoer na minha consciência e, ao relatar a situação ao comandante do COP 3 (o comandante do DFE13 também estava presente), dei a entender que era possível que existissem mais depósitos de material mas que as tropas estavam já num estado de exaustão tal que o seu eventual regresso à zona de Sambuiá seria muito penoso.

Verdadeiro Comandante, o então Major Correia de Campos (comandante do COP3) apercebeu-se prontamente da situação e descansou-me dizendo que já tínhamos feito a nossa parte e que outras tropas iriam para o local procurar por mais armas e munições.

Assim, a operação prosseguiu com outras forças, tendo sido detetados mais depósitos de material na zona.

Recordei-me, então, do gila saracolé que afirmara que as armas se encontravam dentro de água.
E não é que ele tinha razão…?

Esta é a descrição da operação “Grande Colheita” como eu a recordo, em que, sem ter disparado um único tiro, a CART 1745 descobriu um dos maiores depósitos de armamento dos guerrilheiros do PAIGC (cerca de 10 toneladas), constituindo o que à época foi a maior captura de material de guerra nas três frentes de combate em África (Guiné, Angola e Moçambique).

Notas:

(1) Saracolé – Uma das muitas etnias existentes na Guiné Bissau
(2) Tabanca – Povoação indígena
(3) Bolanha – Zona alagadiça por vezes utilizada para o cultivo do arroz
(4) Cambança – Local de travessia de ribeiro, muitas vezes constituída por um tronco de palmeira
(5) LDM – Lancha de Desembarque Média
____________

Notas do editor

Pesquisando na internete,a Operação Grande Colheita terá ocorrido no dia 23 de Janeiro de 1969

Vd. poste de 24 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21387: Tabanca Grande (503): António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69): senta-se no lugar n.º 819 do nosso poilão

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21387: Tabanca Grande (503): António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69): senta-se no lugar n.º 819 do nosso poilão

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69), com data de 22 de Setembro de 2020:

Boa noite,

Desejando acolher-me à sombra do poilão que alberga muitos dos meus camaradas de armas que, tal como eu, sofreram as agruras da guerra da Guiné, segue o meu pedido para que me recebam na vossa companhia.

Segue em anexo uma breve resenha da minha breve (???) passagem pelo GEP (Glorioso Exército Português).

Oportunamente enviarei um relato com a minha versão sobre uma operação realizada no norte da Guiné em Janeiro de 1969.

Abraços
A. Dias


********************


Nome: António Baltazar Valente Ramos Dias
Nascido em 21 de Abril de 1945 em Montijo – Distrito de Setúbal
Ex-Alferes Miliciano de Artilharia
Fazendo parte da CART 1745, embarcou para a Guiné em 13 de Julho de 1967 e regressou a Lisboa em 13 de Junho de 1969.


Ganturé - António Baltazar Dias, então com 22 anos


Breve resenha:

Iniciei a minha vida militar em maio de 1966, tendo sido incorporado no COM em Mafra.
Após o 1.º ciclo de recruta fui destacado para Vendas Novas onde cumpri um 2.º ciclo na especialidade de atirador de artilharia.

Com a minha promoção a Aspirante fui colocado no RAL 1 (muito depois RALIS e hoje, tanto quanto sei, unidade relacionada com transportes).

Seguiu-se Tancos (“pós-graduação” em Minas e Armadilhas), GACA 2 (Torres Novas - hoje Escola Prática de Polícia), Santa Margarida (Treino Operacional), de novo GACA 2 para formar companhia e, posteriormente, Guiné, na CART 1745.

No CTIG estive na fronteira Norte, em Ingoré e Bigene entre julho de 1967 e junho de 1969.




Posição relativa de Bigene e Ingoré - Estrada Bigene Sedengal. © Infografia Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta da Província da Guiné - 1:500.000


********************
2. Comentário do editor

Caro António Baltazar Dias - vai ser este o teu "nome de guerra" porque já cá temos o António Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 2406 - sê bem-vindo à nossa Tabanca Grande.

Escusado será dizer que podes escolher o melhor lugar à sombra deste nosso poilão sagrado, uma tertúlia onde se juntam os antigos combatentes da Guiné (e não só) para de certo modo fazerem a sua catarse, ao escreverem as suas memórias e enviando as suas fotos. 

Simultaneamente contribuímos com as nossas vivências para memória futura, quiçá uma fonte de conhecimento para os futuros historiadores e estudiosos da Guerra de África de 1961-1974.

Consultando o Blogue, apenas encontramos uma referência à CART 1745, pelo que te cabe a responsabilidade de dar a conhecer aos nossos leitores a actividade da tua Unidade, assim como possíveis "roncos", ou circunstâncias menos boas.

Eu tive um percurso idêntico ao teu, tirei a Especialidade de Atirador de Artilharia do CSM no 3.º turno de 1969 na EPA de Vendas Novas. Findo o curso, já com a alta patente de Cabo Miliciano, fui colocado no GACA 2 de Torres Novas, onde estive apenas uma semana antes de ingressar na EPE de Tancos - filial do Casal do Pote - para frequentar o XXX III Curso de Minas e Armadilhas. A Guiné esperava-me, não sem antes passar pelo BAG 2/GAG 2 do Funchal, onde formámos a primeira Unidade ali mobilizada e embarcada para o Ultramar.

Vou terminar, não sem antes te deixar um fraterno abraço em nome da tertúlia e dos editores em particular, que por aqui ficam ao teu dispor. Não esqueças que as fotos devem vir acompanhadas de legendas que nos indiquem pelo menos, a data, local e o nome dos retratados.

Carlos Vinhal
____________

Nota do editor

Último poste da série de 12 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21351: Tabanca Grande (502): Carlos Arnaut, ex-alf mil art, 16º Pel Art (Binar, Cabuca, Dara, 1970/72): senta-se, no lugar nº 817, à sombra do nosso poilão