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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13492: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (87): João Neves, sócio da empresa de transportes rodoviários de mercadorias João Manuel M. Neves Lda, com sede em São Bernardo, Aveiro, esteve em 1974, em rendição individual, na Ponte Caium, setor de Piche, com malta do 3º Gr Comb / CCAÇ 3546 (1972/74), "Os Fantasmas do Leste", e quer encontrar-se com essa malta... Ao fim de 40 anos, e através do nosso blogue, descobre esse elo perdido!



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > Memorial aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves ["Charlot"], Fernandes, Santos, Sold AP Dani Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste. Guiné- 72/74"...

Foto: © Eduardo Campos (2010). Todos os direitos reservados

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) João Neves

De: João Manuel M. Neves, Lda

Data: 11 de Agosto de 2014 às 16:57

Assunto: Ponte Caium

Olá boa tarde

Sou João Neves e sou de Aveiro.

Finalmente consegui o elo de ligação que procurava há cerca de 40 anos

Estive na Ponte Caium,  no pelotão dos Fantasmas em 1974,  em rendição individual, com colegas da CCaç 3546 e teria o maior gosto em me encontrar com todos esses colegas que lá estiveram comigo.

Agradecia que logo que haja essa oportunidade me informasse . Possivelmente será um dia dos mais felizes da minha vida voltar a encontrar essa malta

Ficarei-lhe sempre grato

Um abraço e fico a aguardar

Sou João Neves.


2. Comentário de L.G.:

Localizei na  Net a empresa do João Neves, com sede em São Bernardo, Aveiro.  Aqui ficam alguns dados que poder ajudar os interessados a chegar à fala com o João;:

(i) A empresa, de transportes rodoviários de mercadorias João Manuel M. Neves, Lda, tem sede na Rua Anselmo Lopes 101, São Bernardo, Aveiro, 3810-209 Aveiro;

(ii) Contactos:

GPS: 40.624585,-8.624764
Telefone: 234 341 58
Fax: 234 342 743

O João Neves fica automaticamente convidado para integrar a nossa Tabanca Grande donde já constam vários camaradas que passaram pela famosa Ponte Caium e que pertenceram ao 3º Gr Com ("Fantasmas do Leste") da CCAÇ 3546, como o Jacinto Cristina (Ferreira do Alentejo), o Carlos Alexandre (Peniche) ou o Florimundo Rocha (Lagoa).

Vou tentar saber quando é o próxmo encontro da CCAÇ 3546 (Piche, 1972/74).

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 11 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13388: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (86): A banda musical portuguesa Melech Mechaya de novo em terras escandinavas, Finlândia e Suécia (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10072: O Mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (58): O reencontro, 38 anos depois, de dois camaradas da Ponte Caium, o Cristina e o Pinto, 3º Gr Comb, CCAÇ 3546, Piche, 1972/74 (Cristina Silva, Funchal)




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >Destacamento da Ponte Caium > A suite, os aposentos, os bu...rakos em que nós vivemlos... As camas, com rede mosquiteira (!), eram em beliche, e eram um luxo, como se pode ver na foto...
Este abrigo era o mais pequeno do destacamento de Caium: tinha apenas quatro camas... Ao lado era o depósito de géneros (que roubou espaço ao abrigo). Na foto, o nosso camarigo Jacinto Cristina, com o 1º cabo Pinto, o apontador do morteiro 10.7, assinalado com um círculo a vermelho...

Havia quatro abrigos, dois em cada lado do tabuleiro da ponte. Os outros três eram todos maiores (de 6 a 8 camas). Os abrigos eram ladeados por fiadas de bidões cheios de terra, dando alguma protecção em caso de ataque.



Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 3º Grupo de Combate (Os Fantasmas do Leste) > Destacamento da Ponte de Caium > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha > Foto nº 8 > A famosa equipa de futebol...

"Em primeiro, ao centro, o Rocha, o dono da bola, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto [, assinalado com um círculo a vermelho]. De pé, na segunda fila, à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro" (Legenda: Carlos Alexandre, Peniche).


Foto: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium > Da esquerda para a direita: O 1º Cabo Pinto (assinalado com um círculo a vermelho), e os soldados Ramos, Jacinto Cristina (segurando granadas de morteiro 60), o Wolkswagen, o Fernandes, de pé (outro que morreu na emboscada de 14/6/1973) e o Silva ("que percorreu 18 km com um tiro no pé!")... Foto e legenda do Jacinto Cristina.


Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Não sei se foi graças ao nosso blogue, mas a verdade é que dois camaradas do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74), que estiveram juntos na famosa Ponte Caium, o Jacinto Cristina e o Pinto, encontraram-se finalmente, 38 anos depois do seu regresso a casa, de avião dos TAM, em 23 de junho de 1974.

Quem me deu a notícia, foi a engª Cristina Silva, minha amiga, filha única do Jacinto Cristina e da Goretti, e casada com o meu amigo Rui Silva, médico (o casal vive e trabalha na Madeira).

A Cristina, que estava em Coimbra, para o concerto da Madonna (uma prenda de amor do seu esposo, que não pode vir por razões profissionais), deu-me a notícia, por telemóvel, com grande regozijo, ao saber da emoção com que o pai Jacinto acabava de receber, de braços abertos, o ex-1º cabo Pinto, o apontador do morteiro 10.7 e seu companheiro de abrigo (o Cristina, além de padeiro, era também o municiador do morteiro).

Para a emoção ser ainda maior, esse reencontro deu-se precisamente a 23 de junho de 2012, sábado passado, data que o Pinto fez questão de recordar, com pompa e circunstância...

Não sei de pormenores, mas fiquei com a ideia de que o Pinto fora visitar, no sábado passado, o Cristina na sua terra, Figueira dos Cavaleiros, concelho de Ferreira do Alentejo.

Quanto ao Pinto, não sei onde vive, nem muito menos sei o seu nome completo. De qualquer modo, através do blogue, o Jacinto tem tido notícias de outros camaradas da Ponte Caium, nomeadamente o Florimundo Rocha (Olhão), o Carlos Alexandre (Peniche) e o Ribeiro (Braga)... É caso para dizer, mais uma vez, que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande! Agora falta o ex-1º cabo Pinto apresentar-se aos demais amigos e camaradas da Guiné.


Um beijinho para a Cristina [, foto à direita quando era mais pequenina, folheando o álbum do papá], e um alfa bravo para o camarada Jacinto, que eu não vejo há já uns bons tempos (*)

PS - Como é sabido, a Cristina Silva representa, e muito bem, o seu pai, Jacinto, na Tabanca Grande, não tendo ele nem email nem computador nem o hábito de blogar...

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Nota do editor:

Útimo poste da série > 23 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10062: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (57): Tenho na minha colecção peças de fardamento, de 1961, de António Sousa Teles, Major de Infantaria (Miguel Andrade)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 – P9438: Memória dos lugares (173): Ponte Caium e o seu monumento, em ruínas (Pepito / Magalhães Ribeiro)



1. Mensagem e fotos do Engº Agrº Carlos Schwarz, Pepito para os amigos, fundador e director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, enviada em 31 de Janeiro de 2012.

Marco histórico 

Luís,

Fui de carro a semana passada à Guiné-Conakry dando a volta ao Fouta Djalon e entrando por Boké-Quebo (Aldeia Formosa). 

Entre Gabú e Buruntuma dei de caras com este marco, do qual te envio fotos. Possivelmente já os publicaste no Blogue. (*)

abraços
pepito







Texto e Fotos: © Pepito (2011). Todos os direitos reservados.
 

2. Comentário do  M.R.:

Temos mais de duas dezenas de referências à estratégica Ponte Caium, no nosso blogue. Ficava a meio caminho entre Piche e Buruntuma.  Ainda hoje está memória e no imaginário de muitos camaradas que por lá passaram e sobretudo que lá estiveram, destacados. Caso, por exemplo, do  Jacinto Cristina, do Florimundo Rocha, do Carlos Alexandre, três camaradas que hoje pertencem à nossa Tabanac Grande, e que fizeram parte da equipa que desenhou e construiu o monumento à  memória dos bravos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) que guarneceram aquele destacamento e que não voltaram para casa...  

No poste P9210 (, da autoria do ex-Fur Mil Ribeiro) e no poste P8061 (, da autoria do ex-Sold Cond Auto Florimundo Rocha) é feita a reconstituição  da fatídica emboscada de 14-06-1973, na estrada Ponte Caium-Piche.

A ideia do monumento erigido á memória dos mortos da Ponte Caium terá partido  do Carlos Alexandre, o único que tinha conhecimentos de desenho e de moldes por trabalhar na construção naval, em Peniche.

Vd. em especial o  poste de 1 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7203: Memória dos lugares (107): A Ponte Caium e o monumento, construído por nós, e dedicado aos nossos mortos: Cardoso, Torrão, Gonçalves, Fernandes, Santos, Silva (Carlos Alexandre, radiotelefonista, natural de Peniche, 3º Gr Comb, CCAÇ 3546, 1972/74)



Guiné > Zona Leste > Piche > Destacamento de Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto de 1973. Monumento construído pelo pessoal destacado na ponte, do 3º Gr Comb, e que ainda lá está, como o comprovou em Abril de 2010  o nosso camarada Eduardo Campos, e o como comprovam agora as fotos do Pepito, tiradas em janeiro último.



Foto: © Carlos Alexandre (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte Caium > Abril de 2010 > Dois monumentos de homenagem aos bravos de Caium, constituídos por: (i) Memorial aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold Ap Can [Apontador de Canhão s/r ]Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas do Leste. Guiné- 72/74"; (ii) Pequeno oratório com a legenda "Nem só de pão vive o homem. Guiné, 1972-1974".  A foto é do Eduardo Campos que por lá passou em Abril de 2010.

Na altura (em novembro de 2010): escrevemos: "É espantoso como, 37 anos depois, o memorial p.d. esteja ainda quase intacto (falta-lhe a cruz que o encimava) e em razoável estado de conservação... Noutros sítios, estes monumentos deixados pelas tropa portuguesa foram vandalizados ou pura e simplesmente destruídos. Hoje, pelo contrário, há uma tentativa para os recuperar. Estamos no nordeste, em pleno chão fula, próximo da fronteira com a Guiné-Conacri, a meio caminho entre Piche e Buruntuma".

Foto: © Eduardo Campos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


Hoje voltamos a repetir: é espantoso como este monumento funerário tem conseguido resistir à usura do tempo. Obrigado ao nosso amigo Pepito pelas inesperadas fotos da ponte Caium, em tempo seco, e do seu precioso monumento. É um gesto que nos sensibiliza!  Oxalá os guineenses saibam preservar este e outros pequenos pedaços da nossa história comum, do nosso património imaterial comum... E nisso o Pepito e a sua ONG AD têm sido incansáveis, dedicados, generosos.  (MR).
 
_______________
 
Nota de MR:


Vd. último poste desta série em: 


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9210: (De)caras (9): Ainda a fatídica emboscada de 14/6/1973, na estrada Ponte Caium-Piche (ex-Fur Mil Ribeiro / ex-Sol Cond Auto Florimundo Rocha)






Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Foto do álbum do Jacinto Cristina... Julgamos que esta foto  é do 3º Gr Comb a que pertencia o Jacinto... Não conseguimos ainda identificar os camaradas... Não se descortina, entre eles, nenhum graduado, chefe de secção, muito menos o comandante de pelotão... Alguns destes homens poderão não ter regressado a casa, tendo morrido na terrível emboscada de 14 de Junho de 1973...

Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium > 3º Grupo de Combate > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha> Antes duma partidinha de futebol no campo pelado anexo à Ponte... A legenda é do Carlos Alexandre, de Peniche: "Temos o Rocha ao centro, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto. Em cima, à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro, [o único que está de camisola, branca]".


Foto: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Comentário do ex-Fur Mil Ribeiro, que vive hoje em Braga, e que pertencia ao 3º Gr Comb ("os Fantasmas do Leste")  da CCAÇ 3546 (Piche e Ponte Caium, 1972/74),  ao poste P8061 (*):


Caro amigo Florimundo Rocha, gostava de fazer algumas correcções ao teu comentário sobre a fatídica emboscada de 14/6/1973:


Ponto nº 1: 


(…) “O Rocha já se lembra do número de viaturas que seguiam na coluna, nesse dia fatídico, de 14/6/1973. Ele ia à frente a conduzir o seu Unimog 411, o ‘burrinho do mato’, que lhe estava distribuído. A seu lado, de pé, ia o Charlô (alcunha do Carlos Alberto Graça Gonçalves, natural de Lisboa) . E atrás, sentados nos bancos, os restantes camaradas do pelotão que haveriam de morrer nesse dia e hora, numa curva da estrada para Piche, a escassos 3 quilómetros da sede da unidade, a CCAÇ 3546/BCAÇ 3883… A saber: o Torrão, o Fernandes e o Santos” (…) (FR).


Quem ia de pé ao teu lado era eu, Furriel Ribeiro; atrás, sentados do lado esquerdo (da morte), ia o Fernandes, o Torrão, o Charlô e o Santos, todos estes camaradas morreram; e do lado direito ia o Rolo, o Algés, o Silva e não me lembro quem era o outro que falta. 


Ponto nº 3 : 

(…) “Já não tem a certeza, mas atrás de si, devia vir uma Berliet, com restos de materiais de construção ou madeiras. Também não se lembra se havia mais viaturas. Tem ideia que ‘malta de Buruntuma [, CCAÇ 3544, ], ou de Camajabá [, outro destacamento de Piche, CCAÇ 3546]’ também vinha atrás, numa terceira viatura… O Wolkswagen (alcunha de um camarada que ficará ferido) vinha atrás, numa outra viatura. O Rocha não o deixou vir com ele. Nessa altura as relações entre ambos não eram as melhores” (…) (FR).



Nós fomos a Piche porque já não havia mantimentos, o alferes Afonso, do 1º pelotão, chegou à Ponte Caium e pediu-me para eu lhe disponibilizar uma secção e um Unimog para ir a Piche buscar alguns mantimentos. Não vinha ninguém de Buruntuma, apenas vinha uma Berliet de Camajabá.

Ponto nº 4:

(…) “A distância entre a primeira viatura (o 411) e a segunda (talvez a Berliet) deveria ser de ‘80 metros’. Ele, Rocha, não ia a mais de 70 km, que era o máximo que o ‘burrinho’ dava, em estrada alcatroada. O asfalto ia até à Ponte. Trabalho da Tecnil, cujas máquinas chegaram a ser atacadas e algumas incendiadas pelo PAIGC. As bermas estavam limpas, o capim cortado. Estamos no início da época das chuvas. E foi ‘na curva’ que o Rocha começou a ver cabeças, de gente emboscada. ‘Eles tinham-se entrincheirado nos morros de terra deixados pelas máquinas da Tecnil’… Pelo número de efectivos (falava-se no fim ‘em mais de 200’), está visto que a emboscada ‘não era para eles’, mas sim para o pessoal de Piche. (…)  (FR).



A emboscada não era para nós mas sim para uma coluna de grande reabastecimento de munições para Buruntuma que, não se sabe porquê!, foi anulada em Nova Lamego.


Ponto nº 5: 

(…) “Quando o 411, conduzido pelo Rocha, entrou na ‘zona de morte’, na curva, os primeiros tiros (ou roquetadas) furaram-lhe os pneus. A malta foi projectada. A viatura capotou. O Rocha ficou caído no lado direito da estrada. Os tipos do PAIGC estavam do lado esquerdo. O fogachal foi tremendo. Ele ainda conseguiu proteger-se atrás da viatura que ficou a trabalhar, de pernas para o ar. Lembra-se de ter pegado em duas ou três G3, dos camaradas feridos, e de ter respondido ao fogo do IN. (…) (FR).



O nosso burrinho foi atingido com um RPG 7 na parte de trás do banco do condutor na chapa da carroçaria e com outro RPG 7 no gancho do reboque, foi isto que fez com que o Unimog saltasse, e o pessoal foi cuspido e perdemos as G3 mas tu apanhaste 2 ou 3 e uma delas era a minha, obrigado Rocha. Ponto 7: 

(…) Ainda se lembra da chegada das chaimites de Piche, que fizeram fogo contra as forças inimigas, que ripostaram, já no final dos combates. Talvez meia hora depois do início da emboscada. Ainda se lembra, dos 3 ou 4 feridos que foram evacuados, de heli, em Piche. Houve alguém que sugeriu que ele aproveitasse a boleia e se fizesse maluco. Mas ele recusou. Nesse mesmo dia regressaria à Ponte Caium. Não se lembra de ter tido o conforto de nenhum superior hierárquico. Uma simples palavra, muito menos um louvor. Voltou para a ponte e dormiu, como ‘dormia todos os dias, como ainda hoje dorme’ (sem pesadelos ?..., não me respondeu à pergunta)…  (FR).



Ó Rocha, não tiveste o meu conforto porque eu não to pude dar, visto eu ter sido evacuado para o hospital em Bissau, com o Algés, o Silva e o Rolo, e todos nós estávamos tão chocados como tu. 


Ponto 13:

(…) “Os furriéis só iam um de cada vez para ponte: o Cardoso, que foi vítima da explosão de uma armadiha; o Ribeiro, de Braga; o Barrroca, alentejano… No dia da embocada, estava o Ribeiro na ponte. Mais o Cristina, municiador, do morteiro ‘grande’, o 10,7” (…) (FR).



Os Furriéis estavam sempre juntos na ponte, primeiro foi o Furriel Cardoso que foi tomar conta da passagem do destacamento do 4º para o 3º pelotão; passada uma semana foi o pelotão com o Furriel Barroca para a Ponte Caium e eu Furriel Ribeiro fui uma semana mais tarde porque fiquei a aprender a fazer e a ler […] (codificar e descodificar mensagens ). Estivemos sempre juntos e no dia da emboscada quem estava na Ponte Caium era o Furriel Barroca.


Um abraço para todos os camaradas,


Furriel Ribeiro


2. Comentário do editor:

Não temos qualquer contacto do Ribeiro (telemóvel, telefone, email...), a não ser este comentário. Dizem-nos que vive em Braga. Mas sabemos que é leitor do nosso blogue. Aproveitamos para lhe agradecer os esclarecimentos adicionais que veio trazer sobre esta emboscada de que ele felizmente escapou,  embora ferido com gravidade. Não é fácil "voltar ao passado" e reviver momentos terríveis como este. Mais um razão para o Ribeiro se juntar aos 531 membros desta Tabanca Grande, a grande maioria deles camaradas da Guiné, de diferentes épocas da guerra, de 1961 a 1974, e de diferentes lugares, de norte a sul, de leste a oeste... Fica aqui formalizado o convite. Um grande Alfa Bravo. L.G.



__________________


Notas do editor:

domingo, 1 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8194: Álbum fotográfico do Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74) (Parte III)



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium >  3º Grupo de Combate >  1973 >  Foto nº 6 > "O meu pai só se recorda que teriam ido à água,e também se recorda  apenas de dois camaradas, o Pinto,  sentado na frente, o Silva atrás de Pinto, e o meu pai" (SR)...



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium >  3º Grupo de Combate >  1973 >  Foto nº 4 > "No burrito, Florimundo, Pinto, Furriel Ribeiro, Sobral, Wolkswagen e Serra junto ao  Xerife [, Sherifo,] e Djaló, como eram chamados estes miúdos lá da tabanca [, de Sinchã Tumane],  eram amigos; infelizmente o meu pai não se recorda do nome do resto do pessoal" (SR)...





Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium >  3º Grupo de Combate >  1973 >  Foto nº 5> A Ponte Caium



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium >  3º Grupo de Combate >  1973 >  Foto nº 3 > O Rocha, em cima do tabuleiro da ponte, num momento de descontracção.


Fotos: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

1. Mensagem da Susana Rocha, com data de ontem, em nome de seu pai, Florimundo Rocha:




Olá, senhor Luís, espero que se encontre bem, tenho andado sem dar notícias,  venho aqui identificar os companheiros do meu pai nas fotos que o senhor ainda não pôs no blogue:




(i) na foto nº 2 [, já reproduzida, vd miniatura à esquerda],  o meu pai disse me que estavam de chegada à  Ponte Caium: condutor, ele, Florimundo; atrás do condutor,  o Silva, em último de pé em cima da lenha o Chaves; sé esses ele conseguiu identificar;

[Confronte-se com a legendagem do Carlos Alexandre, o Peniche: (...)  temos o Rocha a conduzir. A seu lado o Ribeiro (o companheiro que desventrava e tratava a carne das caçadas ). Atrás do Rocha está o Silva, que na altura era sonâmbulo. Atrás do Silva,  o Cristina, claro o nosso padeiro (...).  A seu lado,  o Pereira, que é natural de uma aldeia perto do Pinhão, foi identificado pelo Barbeiro (...). Atrás do Silva e de bigode, o Gordinho. Atrás do Gordinho,  o José Alberto, de que só se vê a cabeça (...). O companheiro no cimo da lenha, [no atrelado,] onde a foto está em piores condições, tenho mais dificuldade em identificar, mas é concerteza o Chaves, companheiro que não vejo desde África].

(ii) o meu pai na seguinte [foto nº 3, vd. acima], num momento de descontração,

(iii) na foto nº 4 [vd. acima),  no burrito, Florimundo, Pinto, Furriel Ribeiro, Sobral, Wolkswagen e Serra junto a "xerife" e Djaló  (como eram chamados estes miúdos lá da tabanca, eram amigos); infelizmente o meu pai não se recorda do nome do resto do pessoal:

(iv) na foto nº 5 [vd. acima], a famosa Ponte Caium;

(v) no foto no 6 [, já reproduzida anteriormente, miniatura à esquerda], "Florimundo, Sobral no meio,  e Alexandre, de Peniche, num momento de descontraçao na Ponte Caium"... [ Há aqui um lapso, na identificação do último elemento, que não é o Carlos Alexandre, mas sim o Jacinto Cristina].



(vi) a foto nº 6: o meu pai só se recorda que teriam ido à água,e tambem recorda-se apenas de dois camaradas, o Pinto,  sentado na frente, o Silva atrás de Pinto, e o meu pai;

(vii) a foto nº 7 [, já reproduzida anteriormente, vd. miniatura à esquerda]: antes duma partidinha de futebol, Furriel Ribeiro de blusa branca, Santiago, Furriel Barroca, o Barbeiro, o Pinto, o Florimundo. [A legenda do Carlos Alexandre é mais completa: (...) Temos  o Rocha ao centro, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto. Em cima,  à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro].

(vii) por último [,foto nº 9 ] o meu pai e o Alexandre junto a uma máquina da TECNIL, alvo de uma emboscada. [Já reproduzida anteriormente, vd. miniatura à direita].

Peço desculpa pela demora, aguardo notícias suas e o meu pai também ,todos os dias me pergunta por noticias. Um Abraço. Susana Rocha

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Nota do editor:

Vd. Postes anteriores:


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8105: Álbum fotográfico do Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74) (Parte II)


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 3º Grupo de Combate (Os Fantasmas do Leste) > Destacamento da Ponte de Caium > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha > Foto nº 8 > A famosa equipa de futebol..."Em primeiro, ao centro, o Rocha, o dono da bola, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto. De pé, na segunda fila, à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro" (CA).



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >   3º Grupo de Combate (Os Fantasmas do leste) > Piche > 1972 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha > Foto nº 4 > O Unimog 411, conduzido pelo Rocha, sentado em cima do escape...





Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 3º Grupo de Combate (Os Fantasmas do Leste) > Destacamento da Ponte de Caium > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha > Foto nº 6 > > O Rocha, o Sobral [, de Cercal do Alentejo,] e o Jacinto Cristina [, o padeiro, membro da nossa Tabanca Grande].



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 3º Grupo de Combate (Os Fantasmas do Leste) > Destacamento da Ponte de Caium > 1973 > Álbum fotográfico do Florimundo Rocha > Foto nº 9 >  O Carlos e o Rocha,  junto a uma das máquinas da TECNIL [, a empresa encarregue da construção da nova estrada Piche-Buruntuma].


Fotos enviadas por Susana Rocha, em nome de seu pai. Legendas de Carlos Alexandre. Edição: L.G.

Fotos: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.






1. Mais fotos do álbum do Rocha (*), com legendas, a nosso pedido, do seu camarada Carlos Alexandre, ex-sold trms, e que tem uma verdadeira "memória de elefante", a avaliar pelas mensagens que temos trocado:

Data: 15 de Abril de 2011 00:28
Assunto: Fotos do Rocha

Luís,  boa noite, só na foto do grupo no Unimog [Foto nº 4], não consigo [lembrar] os nomes de dois companheiros, embora os reconheça. Assim,  na nº 9 ,  eu próprio já tinha enviado uma igual, estou eu e o Rocha no veículo da TECNIL [, a empresa que tinha a empreitada da construção da nova Piche-Buruntuma].

Na foto nº 6, esdtão o Rocha,  o Sobral [, de Cercal do Alentejo, ] e o Cristina, eu próprio fui o fotógrafo.

A do Unimog, a foto nº 4,  foi tirada em Piche concerteza, já que não identifico os miúdos, e assim sendo foi tirada em 1972. Os companheiros são:

(i) o Rocha sentado no escape do Unimog:

(ii)  a seu lado o Pinto, atrás do Pinto o furriel Ribeiro;

(iii) a seu lado um companheiro com quem temos muitas fotos, também do abrigo do Rocha mas de quem infelizmente não recordo o nome;

(iv) na parte superior o Gordinho;

(v) Atrás do furriel Ribeiro,  o Sobral,  de óculos escuros, seguido do Pereira, do José Alberto, e do tão falado Wolkswagen;

(vi) Atrás deles julgo ser o Santiago [, 1º cabo];

(vii) O companheiro que está entre os miúdos, reconheço-o perfeitamente, vivia no abrigo do lado oposto, mas infelizmente do nome também não me recordo.

A do grupo de futebol da Ponte Caium [, foto nº 8], temos  o Rocha ao centro, à direita o José Alberto, à esquerda o Pinto. Em cima,  à direita, o Barbeiro, o furriel Barroca, o Santiago que tem a fita na cabeça, e o furriel Ribeiro. 

Tenho muita pena de não lembrar os nomes dos dois companheiros, a eles as minhas sinceras desculpas,contudo não é por isso que a minha admiração e o meu respeito por eles sejam menos valorizados.

Espero ter ajudado, ficarei ao dispor.

Um abraço ao grande produto, assim como aos enormes produtores.

Carlos Alexandre
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Nota do editor

(*) Vd. poste anterior desta série > 14 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8100: Álbum fotográfico do Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74) (Parte I)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8100: Álbum fotográfico do Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74) (Parte I)




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacameto da Ponte de Caium > 1973 > Regresso da ida á lenha, de "burrinho" (Unimog 411) com atrelado. Foi esta viatuarque caiu na zona da morte da emboscada do dia 14/6/1973, tendo morrido 4 dos seus cinco ocupantes (salvou-se o condutor,o Rocha) (*).




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium > 1973 > O Rocha na Tabanca de Sinchã Tumane, nos arredores.





Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte Caium >  1973 > O Carlos Alexandre e o Rocha no varandim tabuleiro da ponte.

Legendas do Carlos Alexandre
Fotos: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





1. As fotos foram-nos enviadas pela Susana Rocha, filha do nosso camarada Florimundo (ou Flor, como é carinhosamente conhecido em Lagoa, sua terra natal) Rocha... Foram editadas por nós. Alguns estão em mau estado de conservação. As legendas foram completadas com a ajuda do Carlos Alexandre, de Peniche, ex-sold trms, ao tempo em que o Rocha e o Jacinto Cristina estiveram na Ponte Caium... Os três são membros da nossa Tabanca Grande.

Eis aqui a resposta ao meu mail, com data de 12 do corrente:


Luís,  boa noite. Relativamente às fotos enviadas pela filha do Rocha, só uma é mais dificil de analisar dado o seu mau estado, mas julgo não me enganar na identificação das suas personagens. 


A foto que nos mostra o regresso com a lenha [, uma secção do 3º Gr Comb, Os fantasmas do leste, que estava destacado da Ponte de Caium], temos o Rocha a conduzir. A seu lado o Ribeiro (o companheiro que desventrava e tratava a carne das caçadas ). Atrás do Rocha está o Silva, que na altura era sonâmbulo.


Atrás do Silva,  o Cristina, claro o nosso padeiro, só o consegui identificar depois de ampliar a fotografia. A seu lado,  o Pereira, que é natural de uma aldeia perto do Pinhão, foi identificado pelo Barbeiro, um companheiro, que tambem conhece o blogue, com quem mantenho uma relação mais próxima, falamos pelo telefone, e estamos sempre juntos nos encontros do batalhão (E neste caso eles vivem perto um do outro).


Atrás do Silva e de bigode, o Gordinho. Atrás do Gordinho,  o José Alberto, de que só se vê a cabeça. (É cmpanheiro de alguns encontros do batalhão, vive em Vidago).


O companheiro no cimo da lenha, [no atrelado,] onde a foto está em piores condições, tenho mais dificuldade em identificar, mas é concerteza o Chaves, companheiro que não vejo desde África.


A foto em que o Rocha está sozinho foi tirada na aldeia de Sinchã Tumane.


A outra sou de facto eu e o Rocha no varandim do tabuleiro da ponte. Julgo ter sido tirada antes da emboscada em 1973 (*), já que o casaco fino que uso só esteve em África até às minhas férias, altura em que se deu o triste acidente. Aliás as três foram tiradas em 1973.


Espero ter sido preciso, e ajudado na identificação do pessoal. e no que fôr necessario estarei ao dispõr para responder ao que souber e puder.


Um abraço. Carlos Alexandre

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 7 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8061: (De)Caras (7): Reconstituição da emboscada do dia 14/6/73, a 3 Km de Piche, pelo sold cond auto Florimundo Rocha (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74), o único sobrevivente do Unimog 411

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8082: Tabanca Grande (275): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546 (Piche e Ponte Caium, 1972/74), chegado aqui por mão da sua filha, Susana Rocha



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium > Ponte de Caium: em cima, se não me engano, o Carlos Alexandre e o Florimundo Rocha





Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium > O Florimundo Rocha na aldeia fula das proximidades, Temanco (Malã Dalassi)... A ida a lenha e o futebol eram duas das poucas distracções do pessoal ali destacado...


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium  > O Sold Cond Auto Florimundo Rocha, ao volante do seu "burrinho do mato", a viatura Unimog 411, depois da recolha de lenha, nas proximidades do destacamento. Foi este mesmo "burrinho" que ele conduzia no dia 14/6/1973... 

Fotos enviadas por Susana Rocha. Legendas de L.G.



Fotos: © Florimundo Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



1. Já há dias escrevemos aqui quão  bonito, espantoso e até maravilhoso era o facto de serem as filhas (mas também filhos) dos nossos camaradas, a trazer "pela mão" até ao nosso blogue,  os pais, nossos camaradas... Independentemente do sexo (ou género), são filhos de outra  Galáxia, a da Internet. 

É bom recordar que a nossa geração, nascida (a maior parte) no pós-guerra, ainda é filha da galáxia de Gutemberg... Muitos de nós andavámos na escola do "ler, escrever e contar"... Na nossa escolinha, o computador era a velha ardósia e o pau de giz e até o papel A4 era um luxo... Temos muitos camaradas nossos que ainda não tem acesso a um computador nem à Internet, não podendo por isso chegar a esta comunidade virtual que é a nossa Tabanca Grande... 

Gestos como o da Cristina Silva e da Susana Rocha (*) são bonitos e merecem ser conhecidos... Oxalá outras filhas e filhos possam e saibam seguir este exemplo...

A história do Florimundo Rocha (**) ficaria no esquecimento  se não fora a a sua filha Susana Rocha, de 29 anos, ter chegado até nós com os seus contactos e  a sua mensagem de amor filial. Foi através dela que chegámos à fala, por telefone,  com o camarada Rocha. E foi ela que nos transmitiu o desejo de integrar o pai na nossa Tabanca Grande. Para esse efeito, comprometeu-se a mandar-nos, digitalizadas, alguns fotos do seu álfum fotográfico.

Hoje é dia de apresentar o Rocha aos nossos amigos e camaradas que se sentam sob o poilão da Tabanca Grande. Ele vai juntar-se ao Jacinto Cristina e ao Carlos Alexandre que já representavam, e bem, os "bravos da Ponte de Caium". Já tivemos aqui ocasião, há dias, de ler o seu dramático relato da emboscada de 14/6/1973, na estrada Buruntuma-Piche, a três quilómetros de Piche, e de que ele foi o único sobrevivente dos cinco ocupantes do Unimog 411 ("burrinho") que ele próprio conduzia (***).


Deixemo-nos de mais conversas, e sentemos o Rocha junto aos demais camaradas (e amigos) da Guiné. Espero que a filha,  Susana Rocha, lhe vá dando notícias nossas, uma vez que ele não tem email. Ficamos a aguardar, por parte da Susana,  o envio de um foto actual do pai (****). 

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Notas do editor:









quinta-feira, 7 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8061: (De)Caras (7): Reconstituição da emboscada do dia 14/6/73, a 3 Km de Piche, pelo sold cond auto Florimundo Rocha (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74), o único sobrevivente do Unimog 411


Guiné > Zona Leste > Gabu > Carta de Piche (1957) (1/50000) > Local provável da emboscada, levada a cabo por um forte dispositivoo do PAIGC, integrando "cubanos",  a "três ou quatro quilómetros de Piche", a seguir a a um curva, do lado esquerdo da estrada (alcatroada) Ponte Caium-Piche, em 14 de Junho de 1973.  O troço Ponte Caium-Buruntuma não estava alcatroado em 1974 (segundo o depoimento do Rocha). Repare-se que estamos perto da fronteira com a Guiné Conacri, na direcção sudeste (para onde terão retirado as forças do PAIGC, c. de 200, segundo a versão do Rocha).



Reconstituição da emboscada do dia 14/6/73, feita em 4 do corrente, ao telefone, pelo Florimundo Rocha (ex-sold cond auto, CCCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74, natural de Lagoa, e que já expressou a sua vontade de integrar a nossa Tabanca Grande, comprometendo-se as fotos da praxe, através da sua filha Susana Rocha) [, foto à direita, 1973, Ponte Caium]:


1.O Rocha já se lembra do número de viaturas que seguiam na coluna, nesse dia fatídico, de 14/6/1973. Ele ia à frente a conduzir o seu Unimog 411, o “burrinho do mato”, que lhe estava distribuído. A seu lado, de pé, ia o Charlô (alcunha do Carlos Alberto Graça Gonçalves, natural de Lisboa) . E atrás, sentados nos bancos, os restantes camaradas do pelotão que haveriam de morrer nesse dia e hora, numa curva da estrada para Piche, a escassos 3 quilómetros da sede da unidade, a CCAÇ 3546/BCAÇ 3883… A saber: o Torrão, o Fernandes e o Santos…

2.Também não pode precisar a hora, mas terá sido depois das 9 da manhã. Foi seguramente da parte da manhã. Antes de partirem para Piche, uns tinham jogado à bola, e outros (uma secção) tinham ido à lenha, como era habitual… Eram actividades que eles faziam pela fresca. Lembra-se que o Torrão nesse dia estava de serviço à lenha. Quanto ao futebol, costumavam jogar, de manhã, pela fresca. O Rocha não falhava um jogo, aliás veio continuar, depois da peluda, a jogar futebol, em clubes da 2ª e 3ª divisões, no Algarve.

3.Já não tem a certeza, mas atrás de si, devia vir uma Berliet, com restos de materiais de construção ou madeiras. Também não se lembra se havia mais viaturas. Tem ideia que “malta de Buruntuma [, CCAÇ 3544, ], ou de Camajabá [, outro destacamento de Piche, CCAÇ 3546]” também vinha atrás, numa terceira viatura… O Wolkswagen (alcunha de um camarada que ficará ferido) vinha atrás, numa outra viatura. O Rocha não o deixou vir com ele. Nessa altura as relações entre ambos não eram as melhores.

4. A distância entre a primeira viatura (o 411) e a segunda (talvez a Berliet) deveria ser de “80 metros”. Ele, Rocha, não ia a mais de 70 km, que era o máximo que o “burrinho” dava, em estrada alcatroada. O asfalto ia até à Ponte. Trabalho da Tecnil, cujas máquinas chegaram a ser atacadas e algumas incendiadas pelo PAIGC. As bermas estavam limpas, o capim cortado. Estamos no início da época das chuvas. E foi “na curva” que o Rocha começou a ver cabeças, de gente emboscada. “Eles tinham-se entrincheirado nos morros de terra deixados pelas máquinas da Tecnil”… Pelo número de efectivos (falava-se no fim “em mais de 200”), está visto que a emboscada “não era para eles”, mas sim para o pessoal de Piche.

5.Quando o 411, conduzido pelo Rocha, entrou na “zona de morte”, na curva, os primeiros tiros (ou roquetadas) furaram-lhe os pneus. A malta foi projectada. A viatura capotou. O Rocha ficou caído mo lado direito da estrada. Os tipos do PAIGC estavam do lado esquerdo. O fogachal foi tremendo. Ele ainda conseguiu proteger-se atrás da viatura que ficou a trabalhar, de pernas para o ar. Lembra-se de ter pegado em duas ou três G3, dos camaradas feridos, e de ter respondido ao fogo do IN.

6.A emboscada poderá ter demorado “15 a 20 minutos”… O IN teve tempo para tudo: meio escondido, a uns 50 metros já da viatura sinistrada e dos camaradas feridos, viu uns gajos "brancos", “cubanos”, a falar espanhol, a saltar para a estrada… Já não pode precisar quantos eram, mas eram sobretudo “brancos”, poucos negros… Falavam em voz alta, e diziam qualquer coisa, em espanhol, como “condutor morto, condutor morto”… Completamente impotente, sem poder intervir, viu com os seus próprios olhos o espectáculo macabro, os tiros de misericórdia que acabaram com a vida dos camaradas moribundos, tiros na nuca ou na boca. Confirma o que já tínhamos dito antes: os corpos foram depois retalhados, por rajadas de Kalash…

7.Ainda se lembra da chegada das chaimites de Piche, que fizeram fogo contra as forças inimigas, que ripostaram, já no final dos combates. Talvez meia hora depois do início da emboscada. Ainda se lembra, dos 3 ou 4 feridos que foram evacuados, de heli, em Piche. Houve alguém que sugeriu que ele aproveitasse a boleia e se fizesse maluco. Mas ele recusou. Nesse mesmo dia regressaria à Ponte Caium. Não se lembra de ter tido o conforto de nenhum superior hierárquico. Uma simples palavra, muito menos um louvor. Voltou para a ponte e dormiu, como “dormia todos os dias, como ainda hoje dorme” (sem pesadelos ?..., não me respondeu à pergunta)…



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium > Da esquerda para a direita: O 1º Cabo Pinto, e os soldados Ramos, Cristina (segurando granadas de morteiro 60), o Wolkswagen, o Fernandes, de pé (outro que morreu na emboscada de 14/6/1973) e o Silva ("que percorreu 18 km com um tiro no pé!")...  Foto e legenda do Jacinto Cristina: falta identificar o condutor do Unimog 404.


Foto: © Jacinto Cristina (2010). Todos os direitos reservados


8. A única versão que até agora tínhamos desta emboscada, era a do Cristina (que ficou no destacamento e que,portanto, só pode contar o que lhe contaram os sobreviventes; ou do que se lembra dessas versões, e que já aqui resumimos, em tempos=:

“Em data que o Cristina já não pode precisar, a sua companhia sofreu uma violenta emboscada, entre Piche e Buruntuma, montada por um grupo ‘estimado em 400’ elementos IN (ou ‘turras, como a gente lhe chamava’)...Um RPG 7 atingiu a viatura da frente da coluna, que ia relativamente distanciada do grosso da coluna, e que explodiu...Houve de imediato 4 mortos: O Charlô e o Fernandes foram dois deles... Dos outros dois o Cristina já não se lembra.

“Com as granadas de mão dos mortos, o Wolkswagen conseguiu aguentar o ímpeto da emboscada, mas chegou a ter uma Kalash apontada à cabeça... Ninguém sabe como ele se safou... O Silva por sua vez levo um tiro no pé, fugiu, e mesmo ferido fez 18 km até ao aquartelamento”...

9… E voltamos ao monumento erigido á memória dos mortos da Ponte Caium. A ideia, não há dúvida, “foi do Alexandre”, do Carlos Alexandre, que tinham conhecimentos de moldes por trabalhar na construção naval, em Peniche. Ele, Rocha, também deu uma ajuda. Mas não lhe perguntem datas nem pormenores. Disse-lhe que o Cristina já não se lembrava de nada e que o Alexandre estava furioso por causa da amnésia dos camaradas.


10. Disse-me, por outro lado, que a filha ia mandar-nos as fotos pedidas, para poder entrar na nossa Tabanca Grande. Sentiu-se muito bem em falar comigo e contar toda esta tragédia. Estava mais calmo do que da primeira vez, em que me falou desta tragédia, emocionadíssimo. É um homem simples e franco. Pu-lo à vontade, mas ainda não consegui que ele me tratasse por tu… “Muito obrigado, o senhor (sic) tem aqui uma casa às suas ordens, quando vier a Lagoa”… 

11.Da nossa conversa, à noite ao telefone (foi ele que me ligou), fiquei a saber que,  em Janeiro de 1973, tinha vindo de férias à Metrópole. Estava, de regresso, em Piche quando se deu a tragédia que matou o Furriel Cardoso, já em 19 de Fevereiro de 1973. Só depois dessa data é que foi para a ponte, para onde ninguém gostava de ir. E por lá ficou até ao fim da comissão.

12. Mas logo a seguir, aconteceu outra tragédia: a morte do Silva, apontador de canhão sem recuo… Morreu na sua viatura quando tentaram levá-lo, moribundo, até ao helicóptero, foram pela estrada fora, sem picar, sem segurança. Tarde demais. Um estúpido acidente, que marcou muito o grupo.

13. Os furriéis só iam um de cada vez para ponte: o Cardoso, que foi vítima da explos
ão de uma armadiha; o Ribeiro, de Braga; o Barrroca, alentejano… No dia da embocada, estava o Ribeiro na ponte. Mais o Cristina, municiador, do morteiro “grande”, o 10,7… 

O Rocha esclarece ainda que na foto de grupo [vd. poste P8029], não é o Santiago (que é da Covilhã), mas sim o Serra (que é de Barcelos), quem aparece à esquerda, de pé… 

Nunca foi a um convívio do batalhão ou da companhia. Voltei a dar-lhe os contactos telefónicos do Cristina. Tentara ligar para o fixo, mas ninguém atendeu. Em, contrapartida, já tinha falado com o Alexandre (ou o Alexandre com ele)…. 

Sobre a ponte diz que era de boa construção, dos princípios dos anos 60. “Até se dizia que tinha sido construída pelo Amílcar Cabral”… Rectifiquei: o Cabral não era engenheiro de pontes, mas agrónomo… Não bate certo… 

13. Outras memórias da ponte: O Gen Spínola um dia aterrou lá, estavam a jogar futebol… Usavam todos barba e cabelo compridos. Não havia barbeiro. O Spínola deu uma piada qualquer, ia de heli para Buruntuma. 


14. Despedi-me do Rocha, para o poupar, mas com a promessa de voltarmos a falar, com mais tempo e vagar. Percebo que lhe fazia bem. E que, por outro lado, só lhe interessa a verdade dos factos… Parece ter boa memória fotográfica.
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Nota do editor:

Último poste da série 14 de Janeiro de 2011> 

Guiné 63/74 - P7615: (De)Caras (6): A emboscada às NT na estrada Galomaro-Bangacia (Duas Fontes), em 1/10/1971: o relim do comandante do PAIGC Constantino dos Santos Teixeira,Tchutchu