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domingo, 31 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27171: Felizmente ainda há verão em 2025 (28): A "política de terra queimada": a guerra peninsular (1807-1814) e a guerra colonial no CTIG (1963/74) - Parte I




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca ) > Subsector de Xime >Madina Colhido > Fevereiro de 1970 > Sinais de queimadas (das NT ou do IN)... Proporcionavam a criação de clareiras onde era mais fácil os nossos helicópteros pousar...Como foi o caso do dia 9 de Fevereiro de 1970: 

(i) por volta das 5 e tal da manhã, o 1º cabo Galvão, da 3º Gr Comb / CCAÇ 12, ficou ferido  (torceu um pé) na cambança do Rio Buruntoni (havia uma tosca ponte feita pelo IN  de troncos de árvores);

 (ii) ás 13h00 as NT sofreram uma violenta emboscada em Gundagué Beafada, de que  resultariam uma série de baixas entre as NT (CART 2520, Pel CAç Nat 63 e CCAÇ 12), incluindo o 1º cabo Galvão que ia nesse momento em padiola improvisada e foi alvejado a tiro;

 (iii) a helievacuação dos feridos deu-se já em Madina Colhido  (um local de trágica memória e o fotógrafo estava lá...):

 (iv) em dezembro de 1975 seriam fuzilados, neste local,  pelo PAIGC ( no poder)  alguns antigos militares que haviam combatido  ao nosso lado, incluindo o nosso antigo soldado arvorado, futa-fula, o gigante Abibo Jau, do 1o. Gr Comb (que entretanto  ingressara em 1973/74 na CCAÇ 21);

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.




Arlindo Teixeira Roda: ex-fur mil at inf, 3º Pelotão, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71); o melhor fotógrafo da CCAÇ 12 e de Bambadinca, juntamente com o Humberto Reis;  no passado 25 de janeiro de 2025 em Coimbra, foi-lhe atribuída a designação de Presidente Emérito da Federação Portuguesa de Damas, tendo em conta a sua ação na criação da Federação e, também, a condução do organismo nos últimos 12 anos. 




1.  Felizmente que ainda há verão em 2025... 

Felizmente que  a Tabanca Grande também tem (e mantém) a sua "universidade sénior de verão"...

 Felizmente que a gente ainda vai tendo paciência, tempo e pachorra para ir blogando, escrevendo, lendo, comentando o nosso blogue (que fará 22 anos de existência em 23 de abril de 2026, se lá chegar, se lá chegarmos com vida e saúde)...

 Felizmente que o meu camarada da CCAÇ 2590 /  CCAÇ 12 (fomos juntos no T/T Niassa em 24/5/69 e regressamos juntos no T/T Uige em 17/3/71), o Arlindo Roda, natural de Pousos,Leiria, deu sinais de vida, ao fim de mais de 30 anos (!), telefonando-me na sexta feira passada... (Vive em Setúbal, reformado de professor do ensino técnico, desde os...57 anos!).

A propósito de "fogos florestais" (*)...

Na Guiné-Bissau, antes da guerra colonial, era tradicional fazerem-se grandes queimadas no tempo seco. Era uma prática generalizada para se obter novas terra e pastagens, se bem que à custa da destruição da floresta e da degração dos solos.

Durante a guerra colonial, até 1974, ambos os combatentes (PAIGC e Exército Português), recorreram a política de "terra queimada": 

  • os bombardeamentos e o fogo posto (no capim) causavam incêndios, de maior ou menor proporção, abrindo vastas clareiras na savana arbustiva;
  • uso de balas  incendiárias nos ataques às nossas tabancas (fulas);
  • por sua vez, o abate indiscriminado de gado e a destruição dos "stocks" de arroz e outros víveres foram uma forma de usar a "fome" contra o IN na guerra de contrassubversão;
  • um exemplo da política de terra queimada foi a Op Lança Afiada (Sector L1, Bambadinca, 8-18 de março de 1969), comandada pelo cor inf Hélio Felgas (mais tarde, maj - gen, ref., 1920-2008 
 Iremos, na segunda parte deste poste, falar da alegada  "política de terra queimada" na Guiné, exemplificada pela Op Lança Afiada... 

De qualquer modo, há outros exemplos históricos do recurso à "política da terra queimada", como estratégia militar para devastar territórios, privando o inimigo de recursos  (alimentos,  abrigo...).


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Batalha do Buçaço (1810). Gravura da época.
Fonte: Arquivo Histórico-
Milityar | Wikipedia

2. Para não irmos mais longe, cite-se o caso da guerra peninsular (1807-1814): durante as invasões napoleónicas, as tropas luso-britâncias aplicaram a política de terra queimada para atrasar o avanço das tropas francesas e privá-las de recursos alimentares.

A política de terra queimada envolveu a evacuação das populações, e a destruição de searas, pomares,  moinhos, pontões , casas e e demais bens que não podiam ser transportados. 

Essa tática foi utilizada especialmente durante a terceira invasão francesa (1810-1811), comandada por Massena, após a batalha do Buçaco (27 de setembro de 1810)  e durante o avanço e recuo para as Linhas de Torres Vedras. 

Tanto as  tropas luso-britânicas como a guerrilha portuguesa também recorriam à destruição de gado, alimentos e outros víveres para causar fome e dificultar a subsistência dos invasores.


(i) A dupla estratégia de Wellington: As Linhas de Torres e a política de "Terra Queimada" que puseram fim às invasões napoleónicas

Durante a terceira e última invasão francesa de Portugal, em 1810, o General Arthur Wellesley, futuro Duque de Wellington, engendrou uma brilhante e implacável estratégia defensiva que se revelaria decisiva para a derrota e  expulsão das tropas napoleónicas. 

Esta estratégia assentava em dois pilares fundamentais e interdependentes: 

  • a construção das monumentais e secretas Linhas de Torres Vedras;
  • a aplicação de uma rigorosa política de terra queimada.


As Linhas  deTores. Fonte: Wikipedia





Longe de serem uma mera barreira física, as Linhas de Torres Vedras eram um complexo e sofisticado sistema defensivo que se estendia por dezenas de quilómetros, desde o Tejo até ao Oceano Atlântico, protegendo a capital, Lisboa.

(ii) As Linhas de Torres Vedras: uma fortaleza impenetrável

A sua construção, iniciada em segredo em novembro de 1809, um ano antes da chegada do exército francês, foi uma obra de engenharia militar, genial,  sem precedentes.

O sistema era composto por três linhas defensivas principais, aproveitando as elevações naturais do terreno. Eram constituídas por uma rede de mais de 150 fortes, redutos, postos de artilharia (mais de 6 centenas de bocas de fogo), estradas militares e outros obstáculos, guarnecidos por dezenas de milhares de soldados portugueses e britânicos (cerca de 40 mil)  

A primeira linha, a mais exterior e fortemente fortificada, foi concebida para deter o avanço inicial do inimigo. 

A segunda linha oferecia uma posição de recuo, enquanto a terceira, mais próxima de Lisboa, visava proteger uma eventual evacuação das tropas britânicas por mar, um cenário que Wellington sempre considerou.

O grande trunfo das Linhas de Torres residia no facto de serem praticamente desconhecidas do exército invasor, comandado pelo Marechal André Massena. E mesmo dos seus construtores (cada um  só conhecia a sua seção, ou local; quem tinha a visão do conjunto era o próprio Wellington e o seu engenheiro militar, o coronel Richard Fletcher.

Ao chegar às suas imediações, em outubro de 1810, após a Batalha do Buçaco, Massena deparou-se com uma barreira formidável e inesperada, que se revelaria intransponível.

(Imagem à direita: Arthur Wellesley (1769-1852), 1º duque de Welington. Fonte: Wukipedia)


(iii) A política de Terra Queimada: a fome como arma...de dois gumes


Complementar à defesa estática proporcionada pelas Linhas de Torres, Wellington implementou uma brutal, mas eficaz, política de terra queimada. 

À medida que o exército anglo-luso se retirava estrategicamente para o refúgio das Linhas, foi dada ordem para que a população civil abandonasse as suas terras, levando consigo todos os bens e gado que conseguisse transportar.

Tudo o que não podia ser levado era sistematicamente destruído: colheitas foram queimadas, moinhos desmantelados, pontes derrubadas e celeiros esvaziados. 

O objetivo era criar um vasto deserto à frente das Linhas, privando o exército francês de qualquer meio de subsistência. A proclamação de Wellington foi clara: nada deveria ser deixado para trás que pudesse ser utilizado pelo inimigo.

Esta política teve consequências devastadoras para a população portuguesa, que sofreu enormes privações, fome e doenças. (No entanto, do ponto de vista militar, foi um golpe de mestre:  o exército de Massena, que dependia da requisição de mantimentos no terreno para se abastecer, viu-se rapidamente a braços com uma crise logística insustentável.)


(iv) O desfecho da invasão: a vitória da estratégia das Linhas de Torres e da  "política de terra queimada"

Enquanto o exército anglo-luso se encontrava seguro e bem abastecido dentro das Linhas, com o porto de Lisboa a garantir o fornecimento contínuo de homens e provisões, as forças francesas definhavam do lado de fora. 

Durante meses, Massena manteve as suas tropas (3 exércitos, 65 mil homens) em frente às Linhas, na esperança de que Wellington saísse para uma batalha em campo aberto, o que nunca aconteceu.

A fome, as doenças e o constante assédio por parte das milícias portuguesas foram dizimando o exército francês. Sem esperança de receber reforços ou mantimentos e confrontado com a aproximação do inverno, Massena foi forçado a ordenar a retirada em março de 1811.

 A perseguição movida pelas tropas de Wellington transformou a retirada francesa num pesadelo e num desastre, culminando na sua expulsão definitiva de Portugal.

A combinação genial das Linhas de Torres Vedras com a política de terra queimada demonstrou a visão estratégica de Wellington e a resiliência do povo português. 

Esta dupla abordagem não só salvou Portugal da ocupação napoleónica (e partilha do território, que seria dividido em três partes), como também marcou um ponto de viragem na Guerra Peninsular, contribuindo decisivamente para o eventual colapso do império de Napoleão Bonaparte.

Claro, há o reverso da medalha: resultou em enormes sofrimentos para a população portuguesa, incluindo assassinatos e maus-tratos, ruína agrícola, saques e incêndios em cidades, vilas e aldeias. 

Muitas aldeias foram evacuadas e transformadas em territórios desérticos, levando à fome,  a epidemias e à escalada dos preços dos géneros alimentícios. O sacrifício da terra queimada, embora essencial para travar os franceses, empobreceu grandemente o país, justificando-se pelo objetivo de proteger a independência nacional.

(v) Um rasto de morte e  desolação

As Invasões Napoleónicas, que assolaram Portugal entre 1807 e 1814, deixaram um profundo rasto de morte e destruição.

É  extremamente difícil apurar o número exato de vítimas, as estimativas apontam para uma perda demográfica significativa, que terá ultrapassado as 200 mil  pessoas, podendo mesmo aproximar-se das 300.000, entre civis e militares.

Este valor representa uma quebra demográfica considerável para um país que, no início do século XIX, contava com uma população total de aproximadamente 2,9 a 3 milhões de habitantes. (E que só duplicaria 100 anos depois, 6 milhões em 1910.)

A contagem precisa das vítimas é dificultada pela natureza do conflito, que não se limitou a batalhas campais. A fome, as epidemias e os massacres perpetrados sobre a população civil foram responsáveis pela grande maioria das mortes. 

A terceira invasão, liderada pelo marechal Massena em 1810-1811, é consensualmente considerada a mais brutal e devastadora para os portugueses.

No início do século XIX, a população portuguesa rondava os 3 milhões de pessoas;

  • dados mais específicos indicam que em 1801 a população era de 2.931.930 habitantes;
  • durante o período das invasões, nomeadamente em 1811, registou-se uma diminuição para 2.876.602 habitantes, um reflexo direto do impacto da guerra, da fome e das doenças na demografia do país.

As múltiplas ( e interligadas) causas da elevada morbimortalidade  

  • Ações militares: as batalhas, escaramuças e cercos ao longo dos sete anos de conflito resultaram num número significativo de baixas militares, tanto do exército regular como das milícias e ordenanças que se opunham aos invasores; as tropas regulares portuguesas (cerca de 20 a 30 mil homens mobilizados) sofreram baixas consideráveis: os números variam, mas as estimativas apontam para  em 10 a 15 mil mortos em combate ou por doença, sem contar desertores e incapacitados.

  • Massacres e violência sobre civis: as tropas francesas (Junot, Soult e Massena), e por vezes também as aliadas, cometeram diversas atrocidades contra a população civil; vilas e aldeias foram pilhadas e queimadas, e os seus habitantes massacrados; a violência fazia parte da tática de intimidação e retaliação contra a resistência popular; há relatos contemporâneos que falam em dezenas de milhares de civis mortos diretamente (talvez 40 a 60 mil ao longo das campanhas.

  • Fome generalizada: a política de "terra queimada", adotada tanto pelas tropas em retirada como pela resistência para dificultar o avanço inimigo, levou à destruição de colheitas e à requisição forçada de alimentos; o episódio mais devastador foi a política de terra queimada durante a 3.ª Invasão (1810-11): populações inteiras do norte e centro foram obrigadas a abandonar casas e colheitas para dificultar a progressão de Masséna.

  • Epidemias:  a subnutrição, as más condições de saúde e higiene, a deslocação de populações, a concentração de refugiados e tropas criaram o ambiente ideal para a propagação de doenças como o tifo, a disenteria e a varíola, que ceifaram milhares de vidas.
Vários historiadores (como Oliveira Martins) falam que Portugal terá perdido perto de 300 mil pessoas no total das invasões.

A combinação destes fatores resultou numa catástrofe demográfica que marcou profundamente a sociedade portuguesa. A perda de vidas, aliada à destruição de infraestruturas e à desorganização social e  económica, deixou o país exaurido e contribuiu para a instabilidade política e social que se seguiu ao fim do conflito.

A perda de quase um décimo da sua população  (cerca de 300 mil num total de 3 milhões em 1801), num período de sete anos (1807/14) representou uma catástrofe demográfica de enormes proporções para Portugal e marcou um dos períodos mais mortíferos da sua história.

Com a fuga da corte para o Brasil (donde só regressará em 1821), as invasões napoleónicas e a crescente influência inglesa na vida política nacional, assiste-se, por outro aldo, à destruição do incipiente desenvolvimento do capitalismo industrial em Portugal, iniciado em meados do séc XVIII, sobretudo com o pombalismo.

A política de terra queimada (sobretudo na 3ª invasão, 1810/11) ficou marcada na memória popular portuguesa, especialmente nas regiões centro e norte do país, como uma das mais severas provações já enfrentadas pela população civil. Foram relatados casos extremos de devastação onde até estradas e casas foram destruídas para impedir o acesso dos franceses a qualquer recurso útil.

A expressão "ir p'ró maneta" vem dessa época. O "maneta" era a alcunha do Louis Henri Loison (1771-1816): perdera um braço num episódio de caça, foi  talvez  o mais sanguinário e rapace dos generais franceses de Napoleão, participou nas três invasões franceses (facto a comprovar)... 

O seu nome inspirava terror e horror, pela sua crueldade e pela forma como torturava e executava os prisioneiros, e especialmente os guerrilheiros portugueses.

Em resumo, a política de terra queimada (a par das Linhas de Torres) foi um dos instrumentos mais importantes na resistência às invasões francesas em Portugal, com consequências profundas para o território e para o povo português. (**)

(Continua)

(Pesquisa: LG | Assistente de IA / Gemini, Perplexity, ChatGPT)

(Para saber mais: Centro de Interpretação das Linhas de Torres | CM Sobral de Monte Agraço)

(Revisão / Fixação de texto, negritos, itálicos, subtítulos: LG)

Quinta de Candoz, 31 de agosto de 2025, 18:00

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Notas do editor LG:

(*) Vd. comentários de António Rosinha e Fernando Ribeiro. Poste de 30 de agosto de 2025 Guiné 61/74 - P27166: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (9): Secas e fomes levaram ao longo do séc. XX à morte de mais de 100 mil pessoas

(...) António Rosinha:

(...) "Eram os tempos da sardinha para 3 (ou 4), e em que não havia incêndios, embora houvesse piromaníacos e incendiários como haverá sempre, mas os resíduos das florestas eram poucos para aquecer as lareiras e defumar os enchidos.

sábado, 30 de agosto de 2025 às 12:27:00 WEST

(...) Fernando Ribeiro:

(...)  Antº Rosinha, em Portugal sempre existiram incêndios e sempre existirão, porque são uma forma de a Natureza se renovar. Não há volta a dar-lhe. O que não existia, era tantos eucaliptos e tantos pinheiros bravos, que ardem como palha, nem tanto despovoamento do interior. Em 1966, concretamente, morreram 25 militares no combate a um incêndio ocorrido na serra de Sintra. (...)

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26874: Efemérides (456): Comemoração do 99.º aniversário do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes e homenagem aos antigos combatentes do Concelho (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil)



1. Mensagem do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, 1968/71) com data de 1 de Junho de 2025:

Boa tarde,
Esta manhã, ocasionalmente, assisti à cerimónia do Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras, que comemorou 99 anos, e prestou homenagem aos mortos deste concelho, condecorando também alguns ex-combatentes.
Este Núcleo (do qual não sou associado) ao que tenho acompanhado pelo jornal Badaladas, tem várias actividades e convívios.

Aproveitei para uma pequena reportagem fotográfica que, julgo, terá interesse para publicar no Blog, presumindo que esta intromissão será bem recebida por este Núcleo.

Grande abraço
João Rodrigues Lobo


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Nota do editor

Último post da série de 9 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26784: Efemérides (455): Cerimónia da inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levadas a efeito no passado dia 3 de Maio de 2025 (Carlos Vinhal)

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26837: Convívios (1030): Crispins & Crisóstomos + Amigos & Camaradas da Guiné, Convento do Varatojo, Torres Vedras, domingo, 25 de maio 10h00 (João e Vilma Crisóstomo, Nova Iorque)


Torres Vedras > Mosteiro de Santo António do Varatojo > Claustro > "O Mosteiro de Santo António do Varatojo foi fundado por D. Afonso V em 1470, como cumprimento de uma promessa que o monarca havia feito a Santo António, pedindo auxílio para as campanhas do Norte de África. O rei compraria a quinta que posteriormente constituiu a cerca do mosteiro, oferecendo-a à comunidade de franciscano deslocados do Convento de São Francisco de Alenquer para habitarem o novo cenóbio. Em 1474 as obras estavam quase terminadas, pelo que em Outubro desse ano os frades inauguraram o espaço. (...). Classificiado como MN. Monumento Nacional em 1910" 

(Fonte: Património Cultural | DGPC)

Foto: Cortesia da RHLT - Rota Histórica das Linhas de Torres


1. O João e a Vilma estão em Portugal, depois de uma estadia na Eslovénia, em mais extamente em Brestanica, terra da Vilma. 

Regressam a Nova Iorque no dia 3 de junho. Mas até lá ainda querem estar com os "primos" Crisóstomos e Crispins, no dia 25 deste mês, domingo. 

Marcaram encontro no convento de Santo  António do Varatojo, no concelho de Torres Vedras (*):

(...) Depois da Missa das 10.30 AM  de domingo,  dia 25 de maio, reunimo-nos no claustro para  um abraçø.  Era para ser mesmo só um abraçø , sem nada mais. Mas  do Varatojo mesmo ofereceram-me: se quisermos, que podem pôr lá  uma ou duas  mesas para um refresco etc…

 Por isso vou aproveitar: eu vou lá pôr um “alguidar” de salada de fruta , uns biscoitos e um refresco qualquer . E se alguém quiser trazer algo "para compartilhar” …


Estou a pensar  pôr no recinto de  entrada  (onde tem a campainha) uma  mesa para “recolha” , para o caso de alguém querer trazer alguma coisa não ter de o levar para dentro da Igreja….  

Isso não impede que quem quiser "mais e melhor" pode ir almoçar aos restaurantes por ali perto" (...)

 2. O convívio é aberto aos "amigos e camaradas da Guiné" (**), como já tem acontecido noutros anos, e nomeadamente o último, em 2018 (***) . Eis a última mensagem, de ontem  que o João me mandou:

Data - quinta, 22/05/2025, 06:47

(...) Fui ontem (quarta feira ) ao Convento de Varatojo para acertar “logísticas” uma vez que vai lá estar também um outro grupo no mesmo dia 25. Vai haver muita gente, mas ”arranjei tudo” …e está tudo tudo certo.

Importante:

A maneira mais fácil para entrar/chegar ao Convento (e também para estacionar) é entrar pelo portão grande ( que vai estar aberto a partir das 09.30 AM) por onde se tem de passar (único acesso para carros) ao chegar ao Convento.

Desse estacionamento há acesso fácil para o claustro e Igreja. Desta maneira evita-se o uso dum conjunto de escadas (muitos degraus e difíceis) a quem quiser entrar pela porta principal no lado da frente.

Permito-me sugerir que cheguem cedo. A Missa é às 10.30 AM , mas vai haver muita afluência: para estacionar e para se conseguir um "lugar sentado” é mesmo preciso chegar cedo, se possível antes das 10.00 AM.

Vou tentar ligar( já tentei…) mas o meu telefone mostra sempre as chamadas como provenientes da Cochichina (Polónia, Chipre, Inglaterra…) e as pessoas não apanham…

Aguardo com antecipação...
Um grande abraçø, João.



3. Como chegar ao Convento do Varatojo ?

Ver aqui no Google Maps
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26669: Tabanca da Diáspora Lusófona (32): Encontros em 25 de maio (Convento do Varatojo, Torres Vedras) e 29 (Tabanca da Linha, Algés) (João Crisóstomo, régulo)

(***) Vd. poste de 24 de setembro de 2018> Guiné 61/74 - P19039: Convívios (875): Paradas Party, do João Crisóstomo: 16 de setembro de 2018... Foi bonita a festa, pá!

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24358: Convívios (964): Rescaldo do 24.º Encontro dos Tigres - CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74), levado a efeito no passado dia 29 de Abril em A-dos-Cunhados - Torres Vedras (Joaquim Costa, ex-Fur Mil)



24.º ENCONTRO DOS TIGRES

Após quatro anos de interregno devido à pandemia, Os Tigres reuniram-se de novo para conviver e relembrar aqueles dois anos que nos uniram como uma FAMÍLIA para toda a vida!

Devido a esta interrupção, a reunião só não correu mais brilhante porque houve muitas ausências relativamente aos que já era natural reunirem. Uns por motivos de doença, outros por outros compromissos já assumidos não puderam estar presentes.

Mesmo assim, juntámos 34 combatentes. Todos os ausentes foram por diversas vezes focados com saudade e com a certeza que para o ano seremos muitos mais!

A ausência mais sentida foi a do nosso Timoneiro e Capitão Vasco da Gama! Para o ano, Deus o permitindo nos reuniremos de novo!

Esteve também entre nós como convidado de honra, o nosso amigo Saido Baldé, filho da nossa Cumbijã e irmão do atual Chefe da Tabanca e Régulo de Cumbijã Sr Serifo Baldé.

Foi MUITO BOM estarmos juntos!

As mulheres dos Tigres
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24356: Convívios (963): Coimbra, 27mai2023, 50.º convívio da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime 1971/74): "Balada de Despedida", voz: Firmino Ribeiro

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24258: Convívios (956): A CCAÇ 2381 comemorou o seu regresso no 9 de Abril de 1970, fazendo o seu 30.º Almoço / Convívo no dia 15 de Abril, em Torres Vedras (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)



A CCaç 2381 comemorou o seu regresso, que se concretizou em 9 de Abril de 1970, fazendo o seu 30.º Almoço Convívio

Comemorar o regresso é regressar ao passado

Os militares da CCaç 2381 chegaram a Lisboa no dia 9 de abril de 1970, depois de cerca de vinte e quatro meses, perdidos nas entranhas da Guiné, onde viveram bons e maus momentos, como toda a gente a quem foi imposto combater no Ultramar.

Retirados do Niassa e encafuados numa LDM, seguiram pelo Rio Cacheu acima até S. Vicente, onde foram largados, tendo a LDM partido de imediatamente para aproveitar a maré.

Ali ficámos, sem armas, melhor dito, com armas novinhas em folha, mas sem munições, à espera de que nos viessem buscar. Ainda foram umas horas, se bem me lembro. Alguém lembrou ao capitão que podíamos ser atacados e logo este determinou que nos colocássemos em posição de defesa, por pelotão, distribuindo algumas armas, até que se ouviu: para quê meu capitão, se não temos munições?!

Por fim ouvimos o roncar dos motores, e lá se aproximaram os “velhinhos” que vinham de Ingoré para nos transportarem. Soltaram toda a passarada e só se ouvia Piu! Piu! Salta periquito, salta! Piu! Piu!

Já na LDM, os fuzileiros também ensaiaram esta música, apontando o dedo indicador, mas muitos nós estávamos como anestesiados com a expectativa do que nos podia acontecer e não ligámos, mas agora era um coro de passarada, que começou por incomodar, para, logo, passar a forma de conviver, como que nos dando a boas-vindas.

Cansados de Ingoré, fomos enviados para Aldeia Formosa, passando por Buba onde sofremos o batismo de guerra. Vimos e sentimos a dor e o sofrimento dos que caíram feridos e chorámos um camarada que faleceu por falta de apoio aéreo para o transportar para o Hospital em Bissau. Foram cerca de trinta e seis horas de inferno para chegar ao destino, a trinta quilómetros de distância, mas chegámos e por ali nos quedámos oito meses, repartidos por Aldeia Formosa, Mampatá Forreá e Chamarra. 

Foi um longo estágio a fazer segurança às populações e colunas de reabastecimento de Buba a Aldeia Formosa e daqui até Gandembel, com “manga di sakalata” pelo meio, com feridos e mortos, ou seja, muito sangue, suor e lágrimas, mas também com alegrias, sobretudo, a alegria de sentirmos a vida a pulsar depois de ultrapassados os acontecimentos.

Depois voltámos a Buba, porque estava nos planos de quem mandava, abrir uma estrada nova de ligação, e era necessário criar as condições de segurança. Estávamos bem treinados! Foi um tempo de sofrimento que se iniciou em janeiro de 1969 em Buba, passando por Samba Sabali, voltando a Mampata Forreá. 

Montar segurança à construção era a nossa missão que repartíamos com a segurança a Buba. Nesta missão estavam embrulhadas três Companhias Operacionais, a saber: a CCaç 2317, a CCaç 2381 e a CCaç 2382, dois grupos de combate da 15.ª Companhia de Comandos e um Departamento de Fuzileiros, e o inimigo que não nos dava descanso.

O cansaço foi se apoderando desta gente toda. A CCaç 2381 chegou a estar reduzida a 36 operacionais. Deixo aqui os nossos profundos agradecimentos ao médico João Carlos de Azevedo Franco, o nosso “anjo da guarda”, que tudo fez para nos proteger, obrigando os comandos em Bissau a rever a estratégia, ao ponto de enviar uma Junta médica para avaliar o nosso estado de saúde física e psíquica, que apenas confirmou a posição do médico Azevedo Franco. Felizmente para ele, que não sofreu a “porrada” que lhe fora prometida e para nós que fomos sendo substituídos aos poucos. 

Metade da CCaç 2381 partiu para Empada revezando-se após algum tempo de descanso. Até o próprio Comandante-Chefe, António de Spínola, se dignou aparecer por lá para nos dar mais uma lição de patriotismo e apelando para que quando nos dessem a comer massa com massa, imaginássemos um belo prato de “meia desfeita” num restaurante de Lisboa (creio que ele gostava muito deste prato ) e comêssemos tudo! - porque o importante era sobreviver naquele inferno (digo eu), enquanto incitava o médico a injetar-nos umas “picas” (gostei do gesto que fazia insistentemente, porque o gesto é tudo). Aponta Bruno! - ordenava ele. Ao qual o médico respondia: O que eles precisam é carne e peixe!... e tempo de descanso! E o outro insistia com o gesto e, oito dias depois, chegou, um grosso volume de medicamentos (“picas”), que tiveram de imediato o selo - remeter à procedência por não ter sido solicitado.

Felizmente, em novembro de 1969, juntámos a Companhia toda, em Empada e em fevereiro de 1970 partimos para Bissau com destino a Lisboa, que só se processou no dia 2 de abril, com o sentido de missão cumprida.

Não regressámos todos. Três de nós partiram antes do fim da Comissão, para o eterno aquartelamento. Com que dor os vimos partir! Dois deles feridos mortalmente pelas armas do inimigo e um terceiro por incúria própria.

Alguns regressaram antecipadamente devido a ferimentos e outras causas. Os que regressaram, voltaram às suas terras, às suas famílias, ao mundo que tinham abandonado e tentaram refazer a vida e recuperar o tempo perdido.

Em 1990, a saudade foi se apoderando de alguns e ouve um toque a reunir, que juntou quarenta e cinco Maiorais. A partir desse encontro, todos os anos se promoveram encontros que nos foram permitindo reencontrar Maiorais perdidos na selva da vida. Muitos desligaram-se completamente da tropa, CCaç 2381 – Os Maiorais, dos amigos e nunca deram sinal de vida. Outros foram aparecendo, para dar força à razão que nos fazia correr para o local de encontro. Quase todos os anos tem havido surpresas de alguém que aparece ou dá sinal de vida e por vezes (infelizmente muitas) o sinal de morte, porque o tempo não perdoa.

Este ano, depois de três anos perdidos devido à pandemia, voltamos a encontrarmo-nos no dia 15 de abril para comemorarmos o regresso e a vida. Desta vez em Torres Vedras no restaurante da Quinta ValOásis.

Éramos muitos, talvez poucos, os que ousaram desafiar os contratempos e as maleitas que nos apoquentam, vinte e cinco ao todo, e respetivas famílias num total de 64 pessoas. Registámos as ausências de quem tinha vontade de vir ao Encontro Convívio, mas… as pernas já não aguentam, ou a cabeça, ou a doença que se vai apoderando… Por vezes outros compromissos inadiáveis com a família. É a esposa que não ajuda, pelas mesmas razões, ou o filho/filha que não está para doar uma tarde bem passada ao pai… é o aniversário de um neto, ou o casamento de uma sobrinha…

Registámos também os que ousaram dar sinal pela primeira vez, mas que não puderam estar presentes. Sejam bem-vindos, Hélder Luciano, José Silva, Joaquim Fino e Custódio Mendeiros.

Para o ano há mais e desta vez será em Fátima, por várias razões em que sobressai a facilidade de transportes e a Fé que ainda faz mover muitos de nós e dos nossos familiares que nos acompanham.

Foto 1 - Maiorais presentes
Foto 2 - um grupo de Maiorais prontos para o combate de faca e garfo
Foto 3 - Os ex-furriéis J.Manuel Silva e J.Manuel Samouco com o J.Teixeira um dos enfermeiros da Companhia
Foto 4 - A alegria contagiante dos presentes
Foto 5 - A partilha do bolo com a ajuda da Sara Silva - Filha do Silva do Algarve
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24240: Convívios (955): 38º Encontro Nacional dos Ex-Oficiais, Sargentos e Praças, BENG 447, Brá, Guiné: Caldas da Rainha, 20/5/2023... E ainda: almoço-convívio dos Antigos Aunos do Externato Ramalho Ortigão (ERO), também nas Caldas da Rainha, a 6/5/2023 (João Rodrigues Lobo)

quarta-feira, 29 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24174: In Memoriam (474): Domingos Miranda (1947 - 2023), ex-fur mil op esp, CCAÇ 2549, comandada pelo cap inf Vasco Lourenço (Cuntima e Farim, 1969/71)... Funeral, hoje, dia 29/3/2023, pelas 16h00, em Torres Vedras (Eduardo Estrela)






1. Mensagem do nosso amigo e camarada Eduardo Estrela (ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71; vive em Cacela Velha, a jóia da Ria Formosa, cantada por Sophia):

Data - 27 mar 2023, 13:49

Assunto - Mais um companheiro que parte

Boa tarde, Luís!

Acabo de receber a triste notícia do falecimento do camarada Domingos Miranda, através do seu filho Bruno Miranda.

O Domingos Miranda era o fur mil op esp da CCAÇ 2549/BCAÇ 2879 (Cuntima e Farim, 1969/71). comandada pelo cap inf Vasco Lourenço.

Estivemos juntos em Cuntima e, quando o meu grupo de combate reforçou a 2549 em Dezembro de 1970, era na cama dele que eu dormia dado o facto do grupo dele estar no K3 na margem esquerda do Cacheu.

Julgo que será justo prestarmos a um homem que deixou na Guiné dois bons anos da sua juventude, uma última homenagem, agradecendo eu desde já e em nome da família aos camaradas que possam estar presentes na despedida.(*)

Abraço fraterno e desejos, para ti, de continuadas melhoras.

Eduardo Estrela


 
Guiné-Bissau  > Região do Oio >  Farim > Nema > 2014 > Antigo quartel das NT, por onde passou a CCAÇ 2549. ["O monumento de Nema é da CCaç 2549 e tem lá o nome inscrito do seu comandante que deu o nome ao estádio que fica por trás: Vasco Correia Lourenço e muito mais. Basta consultar os postes que escrevi sobre o BCAÇ 2879". Legenda de Carlos Silva] (**)

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24100: In Memoriam (473): António Cunha (Tony) (c. 1950 - c. 2022), ex-fur mil enf, 38ª CCmds, HM 241, CCS/BCAÇ 4514/72, e CCAÇ 6 (Bissau, Mansoa, Bolama e Bedanda, 1972/74): vivia nos EUA há mais de 40 anos (João Crisóstomo, Nova Iorque)


(**) Vd. poste de 17 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14042: Memória dos lugares (278): Antigos quarteis de Farim e Nema (Patrício Ribeiro, sócio-gerente da Impar Lda)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22855: O meu sapatinho de Natal (22): "E...o tempo passa!" (José Belo, Key West, Florida, EUA)... Ou o tempo devora-nos, Zé ?! ... Como devorou os castrejos do Zambujal... (Luís Graça)




1. "E...o tempo passa!", diz o José Belo, que nos manda este "cartanito"  com a paisagem 
fantasmagórica fixada pela objetiva de um fotógrafo presumivelmente lá da sua terra de adoção, Lapónia, Suécia... 

Mas ele agora está na terra do Tio Sam, com a família. E não se esqueceu de nós nas suas "orações" natalícias:

"Para todos os Amigos e Camaradas os Votos de um Bom Novo Ano!

Um abraço do J.Belo"....


2. E eu respondi-lhe, em meu nome, mas também da Tabanca Grande:


"Bolas, José!.. Já estamos em 2022!...O tempo devora-nos. Espero que tenhas tido uma festa de Natal "quentinha", rodeado daqueles que amas e que te amam, filhos, netos, amigos... Obrigado pelo teu "cartanito" de Key West...

Depois de um 'annus horribilis' de 2021, recebi uma bela 'prenda de Natal': estou na lista para ser operado, talvez já em janeiro... Com uma prótese no joelho, espero poder livrar-me (?) das 'canadianas' e ter mais autonomia para andar, passear e viajar... Vamos ver. Estou moderadamente otimista. (...)


E acrescentei mais o seguinte:

"Entretanto, há umas semanas atrás. a 3 de dezembro, em visita com uns amigos ao Museu Municipal de Torres Vedras, deparei-mec om uma grande foto do teu avô, Aurélio Ricardo Belo e o merecido (e devido) destaque ao seu papel pioneiro, juntamente com Leonel Trindade, na identificação e primeiras escavações do Castro do Zambujal. É ele que propõe, em 1944, a sua classificação como monumento nacional. Em 1993 foi ele que descobriu o povoado calcolítico do Penedo. Não resisto a enviar-te algumas fotos que fiz, mesmo penosamente, com canadianas...

Vai dando notícias. Tudo de bom para ti e família. Luis

PS - Penso que também já te enviei em tempos esta referência, uma nota biográfica do teu avô, Aurélio Ricardo Belo (Fundão, 1877- Lisboa, 1961)  cuja memória é bem recordada em Torres Vedras, e que tu ainda conheceste na tua adolescência.





Torres Vedras > Museu Municipal Leonel Trindade > 3 de dezembro de 2021 > Exposição em permanência > "Histórias do Zambujal: 50 anos do Instituto Arqeuológico Alemão em Torres Vedras". Foto de L.G. (2021)

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22850: O meu sapatinho de Natal (21): Merry Christmas! (João Crisóstomo, Nova Iorque)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22595: Convite (16): Vilma e João Crisóstomo convocam as famílias Crispim & Crisóstomo, mas também amigos e camaradas, para um encontro no Mosteiro do Varatojo, Torres Vedras, domingo, dia 24/10/21, com missa às 12h30 por alma de todos os falecidos

 

Anúncio a publicar no jornal regionalista "Badaladas",  de Torres Vedras,
edição de 9 de outubro de 2021


1. Mensagem que o João Crisóstomo, a residir em Nova Iorque, e de momento de passagem por Portugal (com a Vilma, na Eslovénia), acaba de enviar a familiares, amigos e camaradas:

Caríssimo,

Conforme anúncio no "Badaladas", em anexo, este "encontro" tem uma dupla finalidade: reviver e alimentar a nossa amizade e ao mesmo tempo lembrar aqueles que nos foram/são nossos queridos e já nos deixaram.

Este será um momento para,  na celebração desta missa,  lembrarmos os Crispins e Crisóstomos; e todos os nossos amigos, especialmente aqueles com quem no passado partilhamos momentos na nossa vida em teatros de guerra ou em corredores de seminários, mas que são agora apenas saudosas memórias. 

 E em segundo lugar para aqueles com quem estamos ligados por amizades adquiridas depois ao longo das nossas vidas, podermos celebrar esta nossa amizade no claustro do nosso querido Varatojo (, convento do Varatojo ou mosteiro de Santo António, que remonta ao séc. XV, e éstá classificado como monumento nacional desde 1910).

Será um encontro/reencontro simples sem comes e bebes, mas que nos permite matar saudades causadas por longas ausências, devidas a distâncias físicas; ou, não sendo esse o caso, pelas circunstâncias da vida que, mesmo vivendo perto uns dos outros,   nos impõem separações como se estranhos fôssemos uns dos outros.

Para este reviver e alimentar amizades…esperamo-vos a todos de braços abertos. (*)

João e Vilma

2. Anterior mensagem do João Crisóstomo, dirigida ao editor do blogue:

Data - quinta, 23/09/2021, 03:14 



Assunto - Encontro no Varatojo, 24 de outubro de 2021


Caro Luís Graça,
 
Não tinha intenção de te escrever hoje, mas o decorrer do dia de hoje aconteceu ser para mim muito rico em memórias, na maioria relacionadas com a Guiné e camaradas que já nos deixaram. E por isso quase me sinto na necessidade de o fazer ainda hoje, enquanto as coisas ainda estão bem frescas 

Mas antes disso deixa-me falar-te dum encontro no Convento de Varatojo, de cuja intenção te falei há tempos.

Custar-me- ia imenso vir a Portugal e não ter possibilidade de ver/encontrar os meus familiares e amigos. É sempre essa uma das razões, senão mesmo a primeira, que me trazem a Portugal.

Mas as limitações impostas pela pandemia ainda não possibilitam fazer um encontro como tenho feito nos últimos 14 anos. Pelo que decidi desta vez cingir-me ao que fiz nas duas primeiras vezes em que reuni as minhas famílias Crisóstomo e Crispim.

 Nessas alturas pedi que fosse celebrada uma missa em que todos os membros destas duas famílias já falecidos fossem lembrados; ao mesmo tempo que dava a conhecer o evento, sugerindo que seria uma boa ocasião para um abraço entre nós, especialmente aqueles a quem eu de outra maneira não tinha tido ocasião de ver e cumprimentar.

No primeiro ano o encontro foi presidido por um padre, primo meu, e no segundo ano, na impossibilidade deste,  foi o Sr. Padre Melícias que celebrou esta missa.

Este ano vou fazer o mesmo. Será no dia 24 de Outubro, Domingo, às 12.30. Já falei com o Padre Melícias, que assumiu as funções de superior do convento depois da morte do P. Castro no ano passado. 

Depois da missa, embora sem os costumados comes e bebes, teremos ocasião de nos podermos encontrar, observando as directivas necessárias no que respeita à Covid-19. O cclaustro é grande, céu aberto, quase como se estivéssemos num grande jardim ou no meio da mata.

Além dos meus familiares falecidos eu vou incluir os meus colegas de seminário e amigos/camaradas da Guiné. 

Portanto. estão todos convidados. Até porque alguns destes estão ou pertencem a ambos grupos. Como seja o caso do Francisco Figueiredo, que foi depois da Guiné, foi comandante da TAP, ou o caso dum primo meu, natural do Sobreiro Curvo, José Carlos Vieira Martinho, cuja triste história, enviada pelo nosso saudoso Eduardo, foi contada no poste P 19824, no dia 25 de maio de 2019 (**). Sobre ela tu comentaste:

"Eduardo: uma história terrível, como muitas outras que aconteceram na Guiné. Só que esta tocou-te, e de que maneira, a avaliar pelas tuas palavras sentidas. Fizeste bem em reconstituir esta história. Também precisavas de fazer o luto... Andaste meia vida para contar, em público, esta perda trágica do teu amigo e vizinho".

Acabei, entretanto, de visitar Coimbra (incluindo o cemitério da Conchada) e o Bussaco, e isso despertou em mim um rio, irrepremível, de emoções e memórias, nomeadamemte em relação a amigos e e camaradas da Guiné, que já nos deixaram,   a cameçar pelo  Maldonado, cuja campa descobri,  mas também 
o Mano,  o Abna na Onça, o Queba Soncó, o Açoriano e outros que acabaram a sua vida nas terras da Guiné a par dos que, tendo voltado,   da lei da morte já entretanto se libertaram : o Zagalo, o Pires, o Rosales, o Eduardo… Falarei desta visita ao cemitério da Conchada, em Coimbra, em próximo poste.

É, por isso, que  o encontro em Varatojo não será só uma reunião dos meus familiares e amigos. Será antes uma "reunião familiar em sentido bem lato”, tão abrangente quanto o coração, memória e imaginação de cada um de nós o quiser fazer.

João Crisóstomo

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Notas  do editor:

(*) Último poste da série > 1 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22586: Convite (15): Encontro de ex-militares milicianos e amigos que estiveram directa ou indirectamente ligados à contestação antimilitarista e anticolonialista, dia 7 de Outubro de 2021 na Casa do Alentejo

(**) Vd. poste de 25 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19824: Efemérides (302): Faz hoje 46 anos que morreu, na sequência de ferimentos em combate (, um estilhaço de RPG 7, ) o fur mil cav João Carlos Vieira Martinho, do EREC 8740/73, sediado em Bula... Era meu amigo e vizinho do Sobreiro Curvo, A dos Cunhados,Torres Vedras, e eu fui o último dos seus conhecidos a vê-lo, ainda com vida, mas já em coma profundo, no HM 241, em Bissau (Eduardo Jorge Ferreira, ex-alf mil da Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, jan 1973 / set 1974)