Fotos nºs 20 a 32
Amarante > 5 de setembro de 2025 > Fosos de fachadas de prédios urbanos no centro histórico
Descrição do conjunto urbano ribeirinho de Amarante, estruturado pelo rio, a ponte e a igreja e o convento:
ESTRUTURA URBANÍSTICA:
Apresenta uma estrutura urbanística essencialmente linear, composta por ruas relativamente estreitas e de traçado irregular, que confluem de uma e de outra margem do Tâmega para a ponte de S. Gonçalo.
Para além da ponte (...), o conjunto é fortemente marcado pela monumentalidade da Igreja de São Gonçalo (...), estruturando-se em frente desta um Largo que antecede a entrada na ponte.
Na mesma margem do rio, entre o edifício do Convento e o Tâmega, nos terrenos da antiga cerca conventual, abre-se a Alameda Teixeira de Pascoais com ligações até à variante da EN.
Estes dois espaços, com vista sobre a ponte e o rio - Lg. de S. Gonçalo e a Alameda onde se realizava o antigo mercado - constituem o núcleo do centro cívico, religioso e turístico da cidade.
Ao longo da margem esquerda do rio, a R. 31 de Janeiro (R. do Covelo) conduz ao Lg. Conselheiro A. Cândido, a partir do qual se faz a ligação à EN.
ESPAÇO CONSTRUÍDO:
A fachada urbana de ambos os lados das ruas caracteriza-se pela existência de construções genericamente integráveis nos dois tipos essenciais da arquitectura tradicional urbana:
(i) a casa de tipo vertical, estreita e alta, com um número variável de andares, com duas ou três portas, janelas ou varandas de frente;
(ii) e a casa larga e baixa, com r/c e andar nobre, frequentemente brasonada.
Dentro do primeiro tipo são muitas as variantes, apresentando as casas geralmente estrutura de pedra, visível nas molduras das portas, janelas e varandas.
Noutras o último andar é em tabique, sobressaindo a madeira pintada das molduras das portas e janelas. A este último andar, geralmente o 2º, por vezes o 3º, corresponde a varanda. Esta pode ser em ressalto, sobre uma falsa cornija, ou em avanço sobre a rua.
Na sua maioria, as varandas são corridas, ocupando toda a largura da fachada. Algumas casas apresentam varandas corridas no 2º andar e uma ou outra, mais pequenas, possuem-na no 1º.
Têm geralmente gradeamentos de ferro, havendo também belos exemplares de varandas com balaústres de madeira pintada.
Fonte: adapt. de SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitetctónico > Núcleo Urbano da Cidade de Amarante (IPA.00006137)
Fonte: adapt. de SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitetctónico > Núcleo Urbano da Cidade de Amarante (IPA.00006137)
Foto nº 33 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > A antiga cadeia municipal > À deporta, os nossos amigos Laura Fonseca e Jaime Silva
Era uma escola-tipo "Conde Ferreira". Foi umas das 120 previstas construir, em vilas ou sedes de concelho, ao abrigo do legado do benemérito Conde Ferreira.
Por volta de 1886, construíram-se 91, das quais 21 foram entretanto demolidas. A de Amarante é uma das que restam, cerca de século e meio depois.
Eram edifícios com arquitectura simples e com uma fachada encimada com frontão triangular e em todos eles está (ou estava) inscrito "24 de Março de 1866" (data da morte do Conde de Ferreira).
Segundo o seu testamento, disponibilizou 144 000 000 réis para a construção de 120 escolas primárias. As construções tinham requisitos específicos no que foi a primeira planta escolar a nível nacional, com duas salas e um espaço para habitação do professor. O orçamento de casa uma não podia ultrapassar os 1,2 contos de réis.
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].Segundo o seu testamento, disponibilizou 144 000 000 réis para a construção de 120 escolas primárias. As construções tinham requisitos específicos no que foi a primeira planta escolar a nível nacional, com duas salas e um espaço para habitação do professor. O orçamento de casa uma não podia ultrapassar os 1,2 contos de réis.
1. Dedicado ao João e à Vilma (que estão em Nova Iorque), e que ainda não conhecem Amarante, nem muito menos a Quinta de Candoz (no vizinho concelho de Marco de Canaveses, terra da Carmen Miranda, a pequena portuguesa que conquistou Hollywood nos anos 30/40)...
Pois, prosseguindo a crónica da nossa rápida visita do passado dia 5, fiquei com a inpressão que os amarantinos gostam da sua cidade. Pelo menos, e à primeira vista, não há muitos estragos do camartelo camarário nem do plano de urbanização. Aliás, já bastaram os estragos dos séculos passados:
- 1763 - ruína da ponte devido a uma forte cheia;
- 1788 - conclusão da reconstrução da ponte, segundo projecto do Eng. Carlos Amarante;
- 1809 - Amarante sofre o ataque das forças invasoras napoleónicas de Soult, comandada por Loison (o famigerado "Maneta"); após 14 dias de resistência do general Silveira, os os portugueses são desbaratados, são saqueados e incendiados os principais edifícios e casas;
- 1827 - foi palco de combates entre liberais e miguelistas (estes comandados por Teles Jordão);
- 1985, 8 de julho - elevação a cidade.
A tradição e a modernidade não se casam mal em Amarante. Claro que eu, desta vez, e nesta visita, só me fiquei pelo "centro histórico"...
Noutros sítios, a política urbanística, a partir dos anos 50/60 do séc. XX, e prosseguida com o "poder autárquico democrático", foi a do bota-abaixo. Do triunfo do mau gosto dos "patos bravos". Da especulação imobiliária. Da moda das "torres" (por complexo de inferioridade saloia")...
Para minha felicidade, até a escolinha do Conde Ferreira fui aqui encontrar. (É hoje sede de junta de freguesia; a minha, onde estudei, construída na Lourinhã, foi uma das que foi botada abaixo!)
2. É bom quando uma terra deixa saudades aos forasteiros que a visitam, e sobretudo aos que lá vivem, e têm às vezes que emigrar, por razões económicas ou outras...
Eu que regressei, a meio da tarde, a Candoz, mais a sul, a 30 km, também levei saudades de Amarante... Tal como os meus companheiros de viagem, que seguiram para a Lixa...
(Tuna de Gondar, Amarante)
Deixei um dia o meu cantinho abençoado,
E fui levado na ilusão de uma esperança,
Passei a Espanha, os Pirinéus, como emigrante,
Com Amarante, sempre, sempre, na lembrança.
Vi novas terras, vi costumes diferentes,
Vi outras gentes, vi o céu, vi o luar,
E até lá longe, nos castelos da Alemanha,
Em nenhuma terra estranha me esqueceu (sic) do meu lugar,
Ai que saudades eu tenho de ti,
Linda Amarante, terrinha onde eu nasci,
E S. Gonçalo, romeiro sem igual,
Guiou meus passos de novo a Portugal.
Fonte: José Alberto Sardinha, "Tunas do Marão" (Livro + 4 CD). Vila Verde: Tradisom, 2005, pág. 347
Ouvir aqui um excerto do áudio.
(Continua)
___________________
Nota do editor LG: