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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19050: Os nossos capelães (11): Não, não fui chamado à presença do gen Spínola, mas sim de um outro militar de alta patente que de resto teve um comportamento civilizado comigo (Arsénio Puim, ex-alf mil, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/71)


Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > O ex-Alf Mil Capelão Arsénio Chaves Puim (, que vive na ilha de São Miguel, Açores) e o ex-Alf Mil Trms Antero Magalhães Pacheco da Silva (, que vive no Porto).

Foto: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edikção e kegendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em 18 do corrente, enviámos a seguinte mensagem ao nosso camarada e amigo Arsénio Puim, ex-alf mil capelão, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), na sequência do poste P19024 (*)


Arsénio, amigo e camarada:

Há séculos que não falamos!... Por favor, lê o texto e os comentários [, Poste P19024] (*)...Julgo que tu e o Rebelo nunca mais se voltaram a encontrar, depois da tua saída forçada de Bambadinca e do CTIG... É importante o teu testemunho...Por dever e direito de memória...

Já és avô ? Vejo que continuas vivo, ativo, produtivo, saudável...

Um alfabravo do Luis, um xicoração da Alice...


2. Resposta de ontem do Arsénio Puim:

Caro amigo Luís

Há muito que não nos vemos, mas não nos esquecemos. É como a brasa debaixo da cinza: não aparece, mas está viva.

Impossível apagarmos as recordações e sentimentos que nos imprimiu um ano tão forte e marcante de vivência comum na - para bem e para mal - sempre lembrada Guiné. O mesmo posso dizer em relação a todos os velhos companheiros do nosso Batalhão.

Eu continuo vivo, e com alguma actividade , ao ritmo da idade e das consequentes e naturais limitações. E estou preparado e feliz por viver com a qualidade possível a minha quarta idade, que, como é natural, marca o fim de uma vida.

É verdade: sou já avô duma linda neta, com quase 4 anos, e duma outra que vem a caminho e chegará no fim de Novembro.

Ora o «Romance do Padre Puim», que o próprio autor [, o Carlos Rebelo,]  me remeteu com o curioso endereço «onde quer que se encontre» e que acabou por me chegar às mãos através de um funcionário da Caixa Geral de Depósitos,  de Vila Franca do Campo, foi um momento muito gratificante e emocionante para mim.

O  Carlos Rebelo foi dos últimos elementos do Batalhão [, o BART 2917,]  com quem me encontrei na Guiné, pois ele encontrava-se em Bissau e participou no jantar de homenagem que um pequeno grupo de camaradas de Bambadinca me promoveu antes de embarcar para Lisboa. Depois, é verdade, tive oportunidade de contactar com os filhos no convívio de Viana em 2009.

Quanto ao texto e o seu conteúdo, acho que a composição demonstra o talento do autor neste género e que ele apreendeu realmente a verdade de fundo do «romance» do capelão de Bambadinca em relação à sua missão no meio duma guerra colonial, sem deixar, como é natural, de «romancear» alguns pormenores descritivos. 

A propósito, posso dizer que não se tratava do General Spínola, mas sim dum militar de alta patente, cujo nome já não recordo. (**)

Termino,  reiterando ao Luís e Alice a minha sincera amizade e os meus melhores cumprimentos. E aproveito a oportunidade para enviar a todos os velhos companheiros da Guiné - e não esqueço também as Companhias do Xime, Mansambo e Xitole - as minhas amistosas saudações com um grande abraço.

Arsénio Puim
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de setembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19024: Os nossos capelães (10): O "romance do Padre Puim", por Carlos Rebelo (1948-2009), ex-fur mil sapador, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

Dois comentários de LG:


(i) (...) O que fizeram ao Puim, os seus comandantes, os do BART 2917, o AC e o BB, foi de uma grande pulhice humana...Afinal, o que ele fez foi em perfeito alinhamento com as orientações da política spinolista "Por uma Guiné Melhor"!...

O Puim, enquanto português, homem, cidadão, capelão e oficial do Exército Português, insurgiu-se, protestou ou chamou a atenção para a situação desumana, degradante, em que viviam, numa espécie de galinheiro, em Bambadinca, velhos, mulheres e crianças que foram "recuperados" de uma tabanca no mato, sob controlo do PAIGC (que "eles" chamavam, pomposamente, "áreas libertadas", na famigerada áera do Poindon / Ponta do Inglês onde demos e levámos muita porrada ao longo da guerra...)!

Porra, não eram "TURRAS"!... Era população civil, desarmada, andrajosa, miserável, esfomeada, apavorada... As crianças tinham nascido no mato e entravam em pânico ao ouvir o roncar de uma GMC...no quartel.

Muito provavelmente estes "pobres diabos" foram trazidos pela minha CCAÇ 12 em abril ou maio de 1971... Eu tinha acabado de chegar à metrópole, há coisa de um mês e tal... (...)


(ii) (...) O "romance" escrito pelo Carlos Rebelo não pode ser lido "à letra"... O Rebelo nunca mais viu o seu camarada e amigo Puim... Daí a dedicatória: "Para o Padre Puim, onde quer que se encontre, tantos anos depois"...

Quando o Puim veio à metrópole, em 2009, ao 3º convívio do pessoal da CCS/BART 2917, já foi demasiado tarde... O Rebelo tinha acabado de morrer...

O Rebelo imaginou esta cena, o Puim, vítima mas corajoso, enfrentando o seu juiz, o general, prepopente mas fraco, e saindo porta fora com a dignidade e a superioridade dos que têm a razão moral...

Mas ninguém pode garantir, a não ser o próprio Puim, que as coisas se tenham passado assim... Nem sei sequer se o Puim esteve com o Spínola. É de todo improvável...Sei, pelas conversas que tive com ele, em Lisboa, na casa dos filhos, que houve, isso, sim, uma discussão azeda, amargurada, entre ele e o capelão-chefe, lá no "Vaticano", em Bissau...

Não estou a defender o Spínola, mas se ele tivesse chegado a saber a história como devia ser (, a história dos desgraçados dos prisioneiros civis, em Bambadinca, abril ou maio de 1971) quem teria levado uma "porrada" era o comando do BART 2917, o AC e o BB (...)



(**) Vd.poste de 25 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4412: Dando a mão à palmatória (20): O Arsénio Puim, capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), só foi expulso em Maio de 1971

(...) O nosso capelão ainda teve uma semana em Bissau, a aguardar transporte, e outra semana em Lisboa, até ser reenvaiado para os Açores...

 Em Bissau, foi recebido por uma alta patente militar (que ele não consegue identificar, mas que até teve com ele um comportamento civilizado) bem como pelo seu superior hierárquico, o Major Capelão Gamboa (....). 

Em contrapartida, os amigos e camaradas de Bambadinca que na altura estavam de passagem em Bissau, fizeram-lhe um jantar de despedida, onde também esteve o 1º sargento Brito, como faz questão de frisar. (...)

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19024: Os nossos capelães (10): O "romance do Padre Puim", por Carlos Rebelo (1948-2009), ex-fur mil sapador, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)


Guiné > Região de Bafatá > Bmbadinca > CCS/ BART 2917 (1970/72) >  c. 1970/71 > Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de São Jorge, ex-alf mil capelão;  foi expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971, apenas com um ano de comissão; no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve 2 filhos; vive na Ilha de São Miguel; está reformado; é membro da nossa Tabanca Grande; tem cerca de 40 referências no nosso blogue.

Outros casos como o do alf mil capelão Puim  foi: (i) o do Mário de Oliveira (BCAÇ 1912,  Mansoa, 1967/68); e, eventualmente, (ii) o do Carlos Manuel Valente Borges de Pinho  (BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, 1973/74)... Também nenhum destes dois completou a comissão, que era normalmente de 21/22 meses. (O Carlos Manuel Valente Borges de Pinho nem sequer chegou a conhecer Aldeia Formosa, tendo partido de Bolama para a metrópole. Desconhecemos os motivos. Os seus camaradas de batalhão dizem-me que deixou o sacerdócio.)

Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Bissau > c. 1970 > Da esquerda para a direita 3 furriéis milicianos da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) , José Adelino Santos, Benjamim Durães e Carlos Rebelo (1948-2009).


Setúbal > Convívio do pessoal da CCS/BART  2917 (Bambadinca, 1970/72) > 2008 > Da esquerda para a direita: Carlos Rebelo, Luís Moreira e David Guimarães no último convívio em que esteve presente o Carlos Rebelo (1948-2009).


Viana do Castelo > Convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 16 de maio de 2009 > Da esquerda para a direita, o Benjamim Durães (ex-fur mil do Pel Rec Inf);  o Arsénio Puim (ex-alf mil capelão) e o Jorge Cabral (ex-alf mil art, Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969). O Arsénio Puim veio propositadamente dos Açores, para esta 3ª edição do convívio, mas já não pôde abraçar o seu amigo e camarada Carlos Rebelo, acabado de falecer uns dias antes. (*)

Fotos (e legendas): © Benjamim Durães (2009).Todos os  direitos reservados. [Edição e legendagem comnplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


ROMANCE DO PADRE PUIM
OU UM EPISÓDIO DA GUERRA COLONIAL (***)

por Carlos Rebelo

(Para o Padre Puim,
onde quer que se encontre, tantos anos depois)


Foi mais ou menos assim
que se passou com Puim,
padre daquela fornada
do Vaticano Segundo
e capelão militar:
criticou a hierarquia
por usar e abusar
dos prisioneiros de guerra,
velhos, mulheres e crianças,
que a tropa em suas andanças
trazia ao aquartelamento.

Padre Puim predicava
contra o facto e apontava
certos atos desumanos
que o exército praticava.

Isto caiu muito mal
no goto de um general
que pôs a PIDE em ação:
Puim foi notificado
e, digamos, convidado
a calar-se, ou então...

... Então foi o que aconteceu:
padre Puim foi detido
e de imediato trazido
desde o mato à capital
para falar com o tal,
no seu quartel general.

Reafirmou o que disse
e até disse inda mais:
que não gostava da guerra
e pouco de generais.
E disse querer saber
qual a razão de ter sido
demitido.

Aqui o tal general
escusou-se a dizer tal,
mas perante a insistência
e o tom de veemência
dos protestos de Puim,
retorqui-lhe assim:
 - Digamos que o senhor foi
considerado  indesejável
ao CTIG (*)

Padre Puim perguntou:
- Sim ? Mas..., porquê ?
Ao que o general repetiu
o que antes já dissera,
e assim, 
uma, outra e outra vez.

Ficou à espera Puim
da explicação que não vinha,
até que disse o que disse:
 - Se eu sou indesejável ao CTIG,
O CTIG é indesejável para mim.
Boa tarde!

Virou as costas, saiu,
nunca mais ninguém o viu
a falar com generais
e outros assim que tais.

Eu, que fui seu amigo,
sei dos cuidados e dores,
quando entrou no avião
de regresso aos Açores,
donde era natural,
 e então um simples padre,
antes de ser capelão
no exército de Portugal.

(1) Comando Territorial Independente da Guiné

[Revisão / fixação de texto para esta edição no blogue: L.G.] (****)


Carlos [Augusto Travassos] Rebelo

(i) ex-fur mil sapador, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72);

(ii) faleceu em 6 de Maio de 2009, em Gueifães, Maia, onde morava (**);

(iii) escreveu este "romance" em 2007 e entregou-o ao seu camarada e amigo Benjamim Durães para ser lido no 1º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 que se realizou em Setúbal;

(iv) o texto foi publicados no Jornal dos Serviços Sociais da CGD - Caixa Geral de Depósitos, e reproduzido posteriormente no nosso blogue (***).

_________________


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4410: Cancioneiro de Bambadinca (4): Romance do Padre Puim (Carlos Rebelo † )

Lisboa > 24 de Maio de 2009 > O Arsénio Puim, na casa dos seus filhos, estudantes universitários, à conversa com uma antiga paroquiana e amiga do Padre Mário de Oliveira (também conhecido por Padre Mário da Lixa), a Maria Alice Carneiro, esposa do Luís Graça. Durante a guerra colonial, foram seguramente os dois casos mais conhecidos, pelo menos públicos e notórios, de conflito de ruptura, por razões de consciência, de capelães militares com Exército...

Em Maio de 1971, "por volta do 13 de Maio, talvez antes, a 10, 11 ou 12", o Alf Mil Capelão da CCS do BART 2717 (Bambadinca, 1970/72) foi intimado a comparecer em Bissau para receber a guia de marcha, de volta à sua terra, por ter sido considerado uma figura indesejável no CTIG... O seu quarto e os seus objectos pessoais foram revistados, não por agentes da PIDE/DGS, mas por dois oficiais superiores do comando do batalhão.... O seu diário foi, abusiva e ilegalmente confiscado... (É uma história a ser recontada, muito proximamente, aqui no nosso blogue).

Por sua vez, o Padre Mário de Oliveira, da diocese do Porto, foi capelão militar do BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69). tendo sido expulso em Março de 1968, menos de cinco depois da sua chegada ao CTIG, uma história já aqui contada, na I série do nosso blogue (*)...

O Puim considera-se duplamente maltrado pela instituição militar e pela hierarquia religiosa. À data era capelão-mor, no CTIG, o Padre Gamboa, que tinha o posto de major, coordenando e supervisionando todo o trabalho de capelania (Vivia, em instalações próprias, em Bissau, conhecidas por Vaticano). Em Fevereiro de 1971, o Puim ainda tinha participado, em Bolama, num retiro espiritual, com os demais capelães da Guiné, dirigido pelo Major Capelão Gamboa. Houve discussão acesa, foi discutido o papel dos capelães na guerra colonial, a posição da Igreja, etc.

O mais importante é dizer, aqui no nosso blogue, que o nosso camarada Arsénio Puim, com os seus 73 anos, está vivo e recomenda-se. O novo membro da nossa Tabanca Grande, já começou a (re)organizar as suas memórias. Promete publicar algumas notas do seu famoso diário (que lhe foi devolvido pelo Exército a seguir ao 25 de Abril, embora censurado, rasurado e amputado de uma ou mais páginas)...

Tive o grande prazer de o abraçar no domingo à tarde, como prometido... Ele regressa a São Miguel, na 3ª feira. E fez-nos uma sugestão: que um dos próximos convívios da malta de Bambadinca ou do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné seja realizado nos Açores, onde de resto há muitos antigos combatentes que estiveram no CTIG... Também ele, durante muito anos, se recusou a falar do seu tempo da Guiné e só este ano veio, propositadamente, ao 3º convívio da CCS do BART 2917 (**), onde tinha/tem muita gente que o admira(va) e acarinha(va)... Como era o caso do nosso malograo camarada Carlos Rebelo, falecido em 6 do corrente, e que passa a figurar, de pleno direito, a partir de hoje, na lista dos amigos e camaradas da Guiné. Juntamente com o Zé Neto, é o segundo membro do blogue, já falecido (***).

Foto: © Luís Graça (2009). Direitos reservados


1.
Mensagem do Benjamim Durães (ex-Fur Mil, Pel Rec Inf, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72):

Luís, depois de ler a mensagem do Puim no nosso blogue (****), a mesma me fez recordar uns versos feitos pelo ex-Furriel Mil Sapador Carlos Rebelo (falecido no passado dia 6 de Maio), que ele escreveu em 2007 e me entregou para ser lido no 1º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 que se realizou em Setúbal, os quais foram já publicados na revista dos Serviços Sociais da CGD - Caixa Geral de Depósitos.

Assim, e em memória do Carlos Rebelo, aqui transcrevo os versos, intitulado Romance do Padre Puim.

Um Abraço
DURÃES
_____________

ROMANCE DO PADRE PUIM
OU UM EPISÓDIO DA GUERRA COLONIAL
(PARA O PADRE PUIM, ONDE QUER QUE SE ENCONTRE, TANTOS ANOS DEPOIS) (*****)


FOI MAIS OU MENOS ASSIM
QUE SE PASSOU COM PUIM,
PADRE DAQUELA FORNADA
DO VATICANO SEGUNDO
E CAPELÃO MILITAR:
CRITICOU A HIERARQUIA
POR USAR E ABUSAR
DOS PRISIONEIROS DE GUERRA,
VELHOS, MULHERES E CRIANÇAS,
QUE A TROPA EM SUAS ANDANÇAS
TRAZIA AO AQUARTELAMENTO.

PADRE PUIM PREDICAVA
CONTRA O FACTO E APONTAVA
CERTOS ACTOS DESUMANOS
QUE O EXÉRCITO PRATICAVA.

ISTO CAIU MUITO MAL
NO GOTO DE UM GENERAL
QUE PÔS A PIDE EM ACÇÃO:
PUIM FOI NOTIFICADO
E DIGAMOS CONVIDADO
A CALAR-SE, OU ENTÃO…

ENTÃO FOI O QUE ACONTECEU:
PADRE PUIM FOI DETIDO
E DE IMEDIATO TRAZIDO
DESDE O MATO À CAPITAL
PARA FALAR COM O TAL
NO SEU QUARTEL GENERAL.

REAFIRMOU O QUE DISSE
E ATÉ DISSE INDA MAIS:
QUE NÃO GOSTAVA DA GUERRA
E POUCO DE GENERAIS.

E DISSE QUERER SABER
QUAL A RAZÃO DE TER SIDO
DEMITIDO.

AQUI O TAL GENERAL
ESCUSOU-SE A DIZER TAL,
MAS PERANTE A INSISTÊNCIA
E O TOM DE VEEMÊNCIA
DOS PROTESTOS DE PUIM,
RETORQUIU-LHE ASSIM:
- DIGAMOS QUE O SENHOR FOI
CONSIDERADO INDESEJÁVEL
AO C.T.I.G. (1).

PADRE PUIM PERGUNTOU:
- SIM? MAS, PORQUÊ?
AO QUE O GENERAL REPETIU
O QUE ANTES JÁ DISSERA,
E ASSIM,
UMA, OUTRA E OUTRA VEZ.

FICOU À ESPERA PUIM
DA EXPLICAÇÃO QUE NÃO VINHA,
ATÉ QUE DISSE O QUE DISSE:
- SE EU SOU INDESEJÁVEL AO C.T.I.G.,
O C.T.I.G. É INDESEJÁVEL PARA MIM.
BOA TARDE!

VIROU AS COSTAS, SAIU
NUNCA MAIS NINGUÉM O VIU
A FALAR COM GENERAIS
E OUTROS ASSIM QUE TAIS.

EU, QUE FUI SEU AMIGO,
SEI DOS CUIDADOS E DORES,
QUANDO ENTROU NO AVIÃO,
DE REGRESSO AOS AÇORES
DONDE ERA NATURAL,
E ENTÃO UM SIMPLES PADRE,
ANTES DE SER CAPELÃO
NO EXÉRCITO DE PORTUGAL.


(1) Comando Territorial Independente da Guiné


CARLOS REBELO (†)
ex-Fur Mil Sapador da CCS/BART 2917

[Revisão / fixação de texto para esta edição no blogue: L.G.]
____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCL: Capelão militar por quatro meses em Mansoa (Padre Mário da Lixa)

Vd. também poste de 27 de Junho de 2005 > Guiné 60/71 - LXXXV: Antologia (5): Capelão Militar em Mansoa (Padre Mário da Lixa)

(**) Vd. postes de:

18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4372: Convívios (131): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

(***) Vd. poste de 7 de Maio de 2009> Guiné 63/74 - P4301: In Memoriam (22): Carlos Rebelo, a última batalha (Abilio Machado, ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

(****) Vd. poste de 23 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4404: CCS do BART 2917: a emoção do reencontro, 38 anos depois (Arsénio Puim)

(*****) Vd. postes anteriores da série Cancioneiro de Bambadinca:

8 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3586: Cancioneiro de Bambadinca (3): Mais versos de O Bando, a CCAÇ 12 do Srgt Piça (Tony Levezinho / Gabriel Gonçalves)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3582: Cancioneiro de Bambadinca (2): Brito, que és militar... (Gabriel Gonçalves, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)

24 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1695: Cancioneiro de Bambadinca: Isto é tão bera (Gabriel Gonçalves)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4372: Convívios (133): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

Viana do Castelo, 16 de Maio de 2009 > Convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, , 1970/72).

Legenda das fotos, de cima para baixo:

(i) Medalhão do BART 2917, cujas subunidades estiveram em Bambadinca (CCS), Xime (CART 2715), Mansambo (CART 2714) e Xitole (CART 2716);

(ii) o Ex-Alf Mil Capelão Arsénio Puim, que veio propositadamente dos Açores, para esta 3ª edição do Convívio;

(iii) a foto do grupo;

(iv) o Durães, com o cunhado e os fillhos o Carlos Rebelo (que recentemente nos deixou);

(v) o Benjamim Durães, o Arsénio Puim e o Jorge Cabral, ex- Alf Mil Art, Pel Caç Nat 63);

Fotos: © Benjamim Durães (2009). Direitos reservados



1. Mensagem do Benjamim Durães, ex-Fur Mil do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72:

Luís Graça e Camaradas da Guiné:

Teve lugar no passado dia 16 de Maio em Viana do Castelo o 3º Encontro - Convívio da CCS/BART 2917 (*), onde foi apresentado, para quem quis adquirir, um medalhão em bronze do BART 2917 (edição reduzida) com o diâmetro de 80 mm.

Estiveram presentes, para além dos ex-militares da CCS, também do PEL CAÇ 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), CART 2714 (Mansambo, 1970/72), CART 2716 (Xitole, 1970/72) e da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

Marcou também presença neste Convívio o ex-Alferes Miliciano Capelão ARSÉNIO CHAVES PUIM (**), que veio propositadamente dos Açores. Tivemos ainda a presença do Carlos e do Daniel Rebelo (filhos do Carlos Rebelo) e do cunhado Ernesto Santos, que assim satisfizeram o pedido do pai e cunhado pouco antes de falecer (***).

Junto em ficheiro anexo:

- fotografia do Grupo dos Ex-Militares;
- fotografia do Benjamim Durães, Arsénio Puim e Jorge Cabral
- fotografia do ex-Capelão Puim;
- fotografia do Durães com o Ernesto, cunhado do Rebelo e dos filhos Carlos e Daniel Rebelo; e,
- fotografia do medalhão do BART 2917.

UM ABRAÇO
DURÃES

2. Comentário de L.G.:

Tive muita pena de não poder ir a Viana do Castelo dar um abraço aos meus amigos e camaradas da CCS do BART 2917, com quem privei durante cerca de nove meses (de meados de 1970 a Março de 1971). E, muito em especial, ao Arsénio Puim, que finalmente veio a este convívio, agora reformado como enfermeiro. Gostaria também de dar um abraço de solidareidade aos filhos e ao cunhado do nosso qerido Carlos Rebelo.

Reconheço nas foto do grupo outros camaradas, que fazem parte da nossa Tabanca Grande, tal como o Almeida (na primeira fila, à esquerda, de joelhos) e o David Guimarães (na segunda fila, à esquerda, de pé, junto ao Almeida), o Durães e, a seu lado, o Abílio Machado (na primeira fila, do lado direito)... Sem esquecer o Jorge Cabral, de pé, na terceira fila, ao centro; o Luis Moreira, ao fundo, à esquerda... (Certamente por lapso meu, não identifico ninguém da CCAÇ 12)... A todos, a minha saudação, as minhas saudades... LG

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4198: Convívios (111): 3.º Encontro/Convívio do pessoal da CCS/BART 2917, dia 16 de Maio de 2009, em Viana do Castelo (Benjamim Durães)

Sobre o último convívio, vd. poste de 16 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2847: Convívios (57): CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Viseu, 26 de Abril (Jorge Cabral)

(**) Vd. poste de:

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

Vd. também outros postes com referência ao Arsénio Puim:

13 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)

28 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1631: À amizade (Abílio Machado, CCS do BART 2917/ Humberto Reis, CCAÇ 12)

29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1635: Amigos, enquando vos escrevo, bebo um Porto velho à nossa saúde (Abílio Machado, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2421: Em busca de... (15): Pessoal da companhia madeirense que esteve em Jemberem (1973/74) (Luís Candeia, amigo do Arsénio Puim)

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2433: Em busca de ... (16): Pessoal da CCAÇ 4946/73, madeirense + Arsénio Puim, ex-capelão, açoriano, BART 2917 (Luís Candeias)

16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2444: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/BART 2917, hoje enfermeiro reformado e um grande mariense (Luís Candeias)

31 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2495: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão do BART 2917: recordando a atribulada coluna logística ao Xitole, em Setembro de 1970

14 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3314: Estórias de Guileje (15): Coisas daquela guerra que era uma loucura e deixou muita gente maluca (Luís Candeias)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3579: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (7): A Toque de Caixa, com o Abílio Machado, ex-baladeiro de Bambadinca (Luís Graça)

(***) Vd. postes de:

7 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4301: In Memoriam (22): Carlos Rebelo, a última batalha (Abilio Machado, ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4291: In Memoriam (21): Faleceu hoje o nosso camarada Carlos Rebelo, ex-Fur Mil, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)

(...) Através do Benjamim Durães, a viúva do nosso querido camarada Carlos Rebelo (CC/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72), que nos deixou ainda há pouco tempo, mandou-nos a seguinte mensagem, singela mas tocante:"É muito gratificante para mim saber que o Carlos será recordado, com amizade, por tantos amigos."Aceitem os meus agradecimentos pelas vossas mensagens". Manuela Faria, mane.sfaria@gmail.com (...).