Jornal "Nô Pintcha" > Bissau > Sítio na Net > Folha de rosto, da edição de 1 dezembro de 2016
1. Um dos nossos amigos da Guiné-Bissau chamou-nos a atenção para um artigo de homenagem à memória de Fidel Castro (1926-2016), por ocasião da sua morte, no passado 25 de novembro, publicado no jornal "Nô Pintcha", e que seria da autoria de Fernando Delfim Silva, conhecido ex-governante, professor universitário e influente analista político.
[Julgo que terá sido diretor do liceu de Bafatá, a seguir á independência, segundo informação do nosso amigo Cherno Baldé, na altura aluno do ensino secundário em Bafatá; licenciado em filosofia na antiga URSS, é autor de "Guiné-Bissau: páginas de história política, rumos da democracia, Bissau, 2003 vd. aqui "nota de leitura" do Mário Beja Santos, capa do livro à esquerda].
Recorde-se que esta publicação, "Nô Pintcha" (, primeiro sob a forma de semanário e agora bissemanário) tem hoje mais de 40 anos, tendo sido criado em 1975. Tem um sítio na Net desde 2010. É considerado um jornal oficial ou oficioso (, não percebo muito bem qual é o seu estatuto editorial atual...). A leitura das suas páginas é,todavia, imprescindível para se conhecer a moderna história da Guiné-Bissau.
O nosso interesse focou-se na "ajuda internacionalista" cubana ao PAIGC, sobre a qual temos publicado aqui vários postes nos últimos tempos, e nomeadamente os da autoria do Jorge Araújo.. É um "tema mal amado" e sobretudo ainda muito pouco conhecido dos antigos combatentes portugueses que estiveram no TO da Guiné. Alguns de nós estivemos em situações de combate com os cubanos (médicos, artilheiros, instrutores, etc.), que passaram pelo TO da Guiné (um total que não deve ter ultrapassado a centena.)
A principal fonte citada ainda é a cubana, neste caso o livro do antigo embaixador de Cuba na Guiné-Conacri, Oscar Oramas (e que é mais uma hagiografia do que uma biografia de Amílcar Cabral, não sendo o autor propriamente um historiador e um académico).
Pode ser que, entretanto, surjam outras fontes independentes. O que é difícil... Tanto em Cuba como na Guiné-Bissau só agora, muito lenta e tardiamente, e nalguns casos tarde de mais, é que se começa a recolher, tratar e divulgar informação até há pouco classificada sobre a "luta de libertação".
Acrescente-se, em todo o caso, que a .lista (referida pelo "Nô PIntcha") dos mortos cubanos (em combate, por acidente ou por doença) está incompleta: por esemplo, em 6 de janeiro de 1969. não morreu apenas um cubano, mas sim três (conforme quadto abaixo, que de resto precisa de ser revisto e completado, adicionando-se as baixas naté 1974)),
Os subtítulos e os negritos são da responsabilidade do autor [, Fernando Delfim Silva], bem, como os parênteses curvos. Os parênteses retos da nossa responsabilidade (LG).
Quadro elaborado pelo Jorge Araújo (2016)
2. Recortes de imprensa > O apoio de Cuba à luta de guerrilha do PAIGC > Parte II
Excertos de: "Nô Pintcha", Bissau, de 1 de dezembro de 2016 > "Morrel El Comandante". [com a devida vénia...]
Guiné- Conacry > Conacri > PAIGC > Fevereiro de 1967 > O comandante 'Moya' ou 'Moja' (para os guineenses) (Victor Dreke, n. 1937) assume o comando da missão militar cubana. Ei-lo aqui com Amílcar Canarl.. Foto do "Nô Pintcha" (edição em papel) (com a devids vénia).
Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral >
Pasta: 07057.012.006 | Título: Relatórios da missão dos internacionalistas cubanos na Guiné-Bissau | Assunto: Relatórios da missão dos internacionalistas cubanos na Guiné-Bissau, assinados pelo Comandante R. Moya [Victor Dreke]. Relação dos militares preparados pelos técnicos cubanos na frente do Boé (até 30 de Abril de 1967), relação do pessoal cubano distribuído pelas diversas frentes e hospitais do PAIGC. Apontamentos manuscritos de Amílcar Cabral. | Data: Domingo, 30 de Abril de 1967 - Quarta, 6 de Dezembro de 1967 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar.
[Reproduzida a 1ª págima, com a devida vénia]
Citação:(1967-1967), "Relatórios da missão dos internacionalistas cubanos na Guiné-Bissau", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40209 (2017-1-10)[...] Um esforço de guerra notável, sem falhas, histórico.
1964
O PAIGC solicita ajuda ao Encarregado de Negócios de Cuba, em Conacri, para que cinco dos seus membros recebam treinamento militar em Cuba.
1965
Maio – Chega o barco “Uvero” à Guiné-Conacri com ajuda cubana para o PAIGC, com alimentos, armas e medicamentos.
1966
Abril – Chega a Conacri o grupo avançado de três artilheiros e dois médicos, comandado pelo Tenente António Lahera Fonseca;
Junho (1966) – Chega por via marítima, ao Porto de Conacri, o grupo de 25 combatentes cubanos chefiado pelo Tenente Aurélio Riscard Hernandez
1967
Fevereiro – O comandante “Moja” (Victor Dreke) assume o comando da missão militar cubana;
Abril – Chega a Conacri o barco “Andrés Gonzalez Lines”, levando pessoal militar e meios materiais;
24 bolseiros do PAIGC chegam a Cuba para realizar estudos superiores, devendo 4 deles fazer treinamento militar.
Dezembro – Chega a Conacri o barco cubano “Pinar del Rio” com pessoal militar e meios materiais;
Abrem-se, na Guiné-Bissau, três escolas para superação militar dos combatentes sob a direção de instrutorescubanos.
Em Boké, território da Guiné Conacri, cria-se a escola de enfermagem.
1968
Agosto – Abre-se na Guiné-Bissau, a primeira escola para o fabrico de explosivos, sob a direção de instrutores cubanos.
1969
Chegada a Conacri da motonave cubana “Matanzas” com pessoal e meios materiais;
1970
Novembro, chega a Conacri o barco “Conrado Benítez” com meios materiais e pessoal militar.
1972
Maio (3-8 de maio) – Realiza-se a primeira visita do Comandante em Chefe Fidel Castro à Republica da Guiné. Fidel tem uma importante entrevista com Amílcar Cabral em que tratam temas relacionados com a ajuda cubana.
Junho – Uma delegação militar chefiada pelo Comandante Raúl Diaz Arguelles visita os territórios libertados da Guiné-Bissau.
Chega a Conacri o barco cubano “Las Villas” com pessoal militar cubano e ajuda material ao PAIGC;
Uma delegação militar conduzida pelo Comandante Raul Diaz Arguelles, chega a Conacri para planificar e executar uma operação contra o quartel de Guiledje. Chegada de um grupo de oficiais cubanos para participar na planificação da operação contra Guiledje.
Sangue cubano derramado pela independência da Guiné-Bissau
Assinalo aqui não o conjunto das (dezenas de) operações militares em que participaram combatentes cubanos, mas apenas aquelas em que se registaram perdas humanas do lado cubano ou algum revés que tivesse ocorrido nesse âmbito.
1967
Julho – Realiza-se um ataque de artilharia e infantaria ao quartel de Binar, na Frente Norte e outro ao quartel de Mejo, na Frente Sul. No último ataque morre o combatente cubano Feliz Barrientos Laporté [, em 3 de julho]
Julho – [A 19] morre o soldado cubano Radamés Sanchez Bejarano no ataque de artilharia à Bedanda.
Agosto – [ A 8] morre o soldado cubano Eduardo Solís Renté no ataque de artilharia ao quartel de Binta.
1968
Novembro – [A 14]: A Morre o combatente cubano Radamés Despaigne Lubert no ataque ao quartel de Gadamael
1969
Janeiro – Ataque de artilharia ao quartel de Ganturé. Durante as ações morre o combatente internacionalista 1° Tenente Pedro Casimiro Llopins durante o bombardeamento da aviação portuguesa.
Novembro (dia 16) – É capturado o Capitão Pedro Rodriguez Peralta numa emboscada das tropas portuguesas.
1970
Novembro – Chega a Conacri o barco “Conrado Benítez” com meios materiais e pessoal de relevo militar. O barco é atacado por um avião não identificado (…) e um médico e um marinheiro são feridos.
Em jeito de conclusão
[...] O objetivo deste texto foi apenas o de render uma homenagem à memória do Comandante Fidel Castro, grande amigo do povo guineense.
Como já o disse, este texto vai dedicado à juventude guineense que precisa de conhecer os momentos mais altos da nossa luta de libertação nacional, da nossa história, os seus protagonistas – e talvez o mais admirável – , saber que houve gente que veio de longe, correndo todos riscos, bater-se por nós, pela nossa dignidade nacional.
Quanto a mim, decidir publicar estas linhas, foi um dever indeclinável de reconhecimento, de gratidão, de memória. Na verdade não há palavras que cheguem para expressar toda a nossa gratidão ao povo cubano. Obrigado El Comandante. Hasta siempre…[...]
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 10 de janeiro de 2017 > Guiné 63/74 - P16940: Recortes de imprensa (83): Na morte de Fidel Castro, o apoio de Cuba ao PAIGC é relembrado pro Fernando Delfim Silva e oscar Oramas ("Nô Pin«tcha", Bissau, 1 de dezembro de 2016) - Parte I