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sexta-feira, 13 de março de 2015

Guiné 63/74 – P14357: Divagações de reformado (Pacífico dos Reis) (7): Vivo num país que não me faz chorar, faz-me enraivecer

1. Em mensagem do dia 8 de Março de 2015, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), envia-nos mais uma Divagação de um Reformado, no caso o Cor Cav Ref Pacífico dos Reis, ex-Capitão Cav e Comandante da CCAÇ 5 entre 1968 e 1970:

Bom dia
Tive ontem noticias do "meu comandante" e nosso camarigo Pacifico dos Reis.
Junto o texto recebido, depois de complementado com fotos.

Bom Domingo para todos.
Zé Martins

Divagações de Reformado

7 - Vivo num país que não me faz chorar, faz-me enraivecer


Já estou na idade da “lágrima fácil“. Vivo no entanto num país que não me faz chorar, faz-me enraivecer. Li que 26% dos portugueses não ”mexeriam uma palha” se tivessem que defender o seu País. De quem é a culpa? Deles? Não! Dos muitos pseudo políticos que inculcaram nos jovens uma vida de facilitismo, das famílias que não souberam passar valores à nova geração, dos progenitores que pretendiam que os filhos não passassem as dificuldades que eles passaram.
Nas décadas de 60/70 muitos milhares defenderam o Portugal de então. Nessa altura o nosso Portugal estava espalhado por três continentes. Íamos para o Ultramar com Portugal no Coração. Agora os políticos pavoneiam-se com Portugal na lapela.
Morria-se a defender o País. Neste momento a gente séria morre de vergonha com a catadupa de escândalos de corrupção, lavagens de dinheiro, subserviência ao poder estrangeiro, etc., etc.
À, Eça tanto material que terias agora para as tuas escritas.

Secção de Comando Dragão 
© Foto: José Martins

Por isso prefiro relembrar as saudades que tenho da Guiné e dos tempos que passei em Canjadude, a comandar homens com H grande, guinéus mas portugueses completos, que tinham Portugal no Coração. Sofremos, mas todos em conjunto. Combatemos lado a lado. Sentimos a dor dos feridos (felizmente nunca tivemos mortos debaixo do meu comando) que caíram ao nosso lado.

Prefiro recordar as bolanhas, os espaços livres, a vida simples da população, todo um conjunto de pequenas coisas que sociedade europeia já esqueceu preferindo viver sem valores, formatada pelos grandes banqueiros, secundados pelos políticos corruptos e por um sistema que prepara todo um envolvimento para facilitar a vida a uma corja de privilegiados.

Recordo que muitas vezes saí em operações somente com a secção de Comando (10 homens), todos africanos, sem qualquer problema. Porque eles eram e sentiam-se portugueses. Tinham algo para mostrar ao Mundo. Queriam ser portugueses para todo o sempre. Tinham valores que respeitavam. Muitos depois do 25/4 morreram por manterem esses ideais.

2.º Sargento Enfermeiro Cipriano Mendes Pereira, tombado em 16 de Novembro de 1970, durante um ataque a Nova Lamego 
© Foto: José Manuel Corceiro

Prefiro recordar com saudade o meu Sargento Enfermeiro, também guinéu, que me salvou a vida por duas vezes. A primeira quando adoeci com paludismo cerebral, que geralmente é fatal, mas que conseguiu debelar pelo seu enorme conhecimento das doenças tropicais e grande dedicação.
A segunda quando um dos militares da Companhia se etilizou e meteu na cabeça que queria matar o Comandante. Estava à espera na Parada que chegasse ao pé de mim. Era fundamental para a minha credibilidade na Unidade. Já tinha visto que a Madsen que ele trazia estava em segurança. Não havia perigo iminente. No entanto o sargento Cipriano com risco para si próprio injectou-lhe um calmante que o pôs a dormir.
Este homem bom, cidadão português, corajoso, foi morto em Nova Lamego conjuntamente com a família pelos “libertadores“, já depois de eu ter saído da Companhia

É isto que, já no final desta passagem por este mundo louco, pretendo recordar.
É por isso que nesta ”idade do condor“ esqueço as dores nas articulações e recordo com saudade as dores em todo o corpo ao fim de 4 a 5 dias de operações.
Recordo com saudade a “granada de 60“ vulgo garrafa de cerveja que me vinham trazer mal chegava. Nunca mais bebi uma cerveja tão gelada e tão boa. Recordo emocionado o dia em que retornei a Canjadude para desactivar um campo de minas e toda a Companhia me levou em ombros até ao meu antigo gabinete julgando que ia regressar ao Comando da Unidade. Foi difícil e pungente desenganá-los. E mais tarde, já no ”Puto“, tive o prazer de receber muitos daqueles portugueses africanos que removeram céus e terra para me encontrarem. Muitos com marcas do que sofreram às mãos dos “libertadores”, com histórias daqueles que fugiram e agora eram mercenários noutras terras, aqueles cujas famílias desapareceram, etc..

Tudo isto faz uma vida.
Tudo isto recordo com saudade.

Pacífico dos Reis
Gato Preto
“Faca de Mato “
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6911: Divagações de reformado (Pacífico dos Reis) (6): TAP ou TAPioca…? (José Martins)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12479: Notas de leitura (545): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Julho de 2013:

Queridos amigos,
Pela minúcia, pela carga confessional, o diário de Martins Gago é um documento incomum, digno não só da nossa atenção como do estudioso. É facto que o sofrimento físico o vai diminuir ao fim de alguns meses e ele dificilmente se restabelecerá. Vemo-lo dedicado ao inventário da cantina, às pequenas e às grandes obras, impõe-se como comandante e é respeitado.
Bolama irá aparecer como um complemento dos tempos de risco que viveu em Canjadude, percorrendo o Corubal, foi este o rio da sua vida, que o maravilhou, tece loas a toda esta paisagem impressionante, e mesmo quando se empolga na descrição das belezas naturais não esquece a guerra e a vigilância.
Recomenda-se a sua leitura, sem hesitação.

Um abraço do
Mário


O diário de Canjadude e Bolama, por José Martins Gago (3)

Beja Santos

O que singulariza o diário da Guiné escrito por José Martins Gago? Primeiro, a disciplina da escrita diária, lançar para o papel as questões da sua sensibilidade, as minudências, o corriqueiro, tudo num enquadramento de grande sinceridade. Segundo, o diarista é frequentemente impelido a poetar, não é incomum que escreva: “Estou precisando da calma da poesia, vou fazer um soneto”. Terceiro, revela uma afinada relação com a descoberta dos espaços, está autodeterminado para uma grande disciplina, que igualmente incute aos subordinados. Quarto, escreve um documento que poderá ser encarado como um excelente input para o conhecimento da região Leste, após o abandono do Boé, quando Canjadude e Cabuca ficaram literalmente expostos.

“Guiné, Guerra e Poesia, Canjadude e Bolama”, por José Martins Gago, Chiado Editora, 2012, tem todos estes predicados de um diarista permanentemente exposto: como vê os patrulhamentos, o prazer em cultivar uma horta, remendar, alterar estruturas do aquartelamento, sabe conter a saudade, fala amiudadas vezes dos seus problemas gástricos, da sede, das colunas de reabastecimento. É um diário assente nos seus cadernos e confirmado e desenvolvido pelos aerogramas que enviou diariamente à mulher. Chegou em Março à Guiné, foi prontamente despachado para a CCAÇ 5 em Canjadude, no final de Setembro partiu para férias. No regresso a Canjadude, em 3 de Novembro, está ufano: “Esperava-me a mais ruidosa manifestação que jamais alguém teve na guerra e muito menos em Canjadude. Toda a companhia na pista para me saudar e com tal alegria de me verem de novo que me queriam levar aos ombros”. O capitão Pacífico dos Reis foi transferido para Bolama, veio em sua substituição o capitão Correia. Quando entra no seu abrigo tem duas cobras à sua espera. Resolveu o problema com a G3. Dois dias depois voltou à intensidade operacional, patrulhamentos, colunas e emboscadas perto do quartel. Há diferenças na tropa, acha que esta anda abandalhada no mato, o novo capitão não se importa que façam barulho. Os soldados guineenses estão à beira de um motim, acham que o capitão lhes bate por qualquer coisa, vão partir a pé para Nova Lamego, querem a substituição imediata do capitão. O alferes Gago apela ao bom senso, fá-los regressar a promete ir falar imediatamente ao capitão. Este acaba por ceder. Recomeçam as noites de suplício, os problemas de estômago regressaram em força. O incomum ganha permanentemente naturalidade: “Ontem à noite tive de me levantar por causa de um soldado que, bêbado, queria matar o capitão. Tive que sanar o problema. Esta gente é humilde, generosa, valente, mas reagem muito mal à injustiça e custam a esquecer o que injustamente os agride. Esta humilhação de levarem porrada vai demorar a desaparecer dos seus espíritos”.

José Martins Gago junto de rochas da região do Boé

É chamado a Bissau para frequentar um curso sobre reordenamentos. O nível desagrada-lhe, detetou imediatamente o postiço: “É triste ouvir pessoas falar de coisas em que não acreditam, as suas singulares expressões traem as palavras que proferem em voz alta”. E no dia seguinte: “A ensinarem-nos coisas do senso comum que toda a gente sabe e a falarem de outras que pelo seu caráter complexo é impossível aprender em oito dias e que ainda por cima não fazem falta nenhuma. Mas isto é tropa e aqui nada é impossível". As insónias levam-no a procurar um médico. Este diagnostica-lhe stresse de guerra, sugere-lhe a neuropsiquiatria, ele recusa. A sua situação física piora. Volta a Canjadude e regressa a Bissau. As noites sem dormir prosseguem. No hotel, e na neuropsiquiatria, vive o pitoresco: “O meu companheiro de quarto, se eu não tivesse acordado, teria puxado fogo ao hospital, adormeceu com um cigarro aceso e foi já o cheiro a queimado que me despertou”. O seu estado piora, mas ele pede alta, isto depois de uma arruaça, foi ao bar, pediu uma cerveja fresquinha, o cabo mandou-o para a cama, desatou a partir tudo no bar, vieram três enfermeiros, recorreu aos seus conhecimentos de judoca, despachou-os. O médico deu-lhe alta. Regressa a Canjadude e à rotina, prosseguem as colunas e os patrulhamentos, o serviço ao quartel, incluindo o da justiça. Dorme muito mal. Parece que anda automaticamente nas operações. Os seus registos referentes à alimentação começam a tornar-se obsessivos, sempre que vai a Nova Lamego pede bifes enormes. Não fosse a sua redação de ser tão convincente e a prosa tornava-se uma chumbada, uma enxúndia de trivialidades. E assim ao longo dos meses vamos assistindo à sua debilitação, mas ele arranja sempre coragem e persistência, trabalha agora no reordenamento na região de Canjadude. No fim de Abril, acabou a sua comissão em Canjadude, vai para o Centro de Instrução Militar em Bolama. A guerra mais feroz já acabou. Reencontrou o capitão Pacífico dos Reis, agora vai dar recrutas a soldados guineenses, anda no mato, ensina na carreira de tiro, sente-se mais desprendido mas faz todo o possível para se manter ativo nesta atmosfera de guerras aproximadas às reais.

O seu diário, nesta fase, torna-se muito monótono, são descrições por vezes enfadonhas, por vezes sem graça nenhuma, parece tudo dominado pela obrigação da escrita. De Junho para Julho parte novamente para férias. Quando regressa, sabe que Bolama fora atacada com foguete 122. Ele próprio começa a facilitar os seus resumos diários, parece escrever a contragosto: “A instrução fez-se nos termos habituais e assim o dia foi absolutamente normal”. Chegam-lhe notícias de Canjadude, ali morreu um furriel e um cabo numa mina. As provas finais da recruta estão a chegar ao fim, tudo isto se passa em finais de Setembro de 1970. Agora foi envolvido em reordenamentos nos Bijagós, escreve deslumbrado que encontrou o paraíso terrestre. Alguém lhe dá a saber em Outubro que na ilha de Soga, ali bem perto, estão a ser preparados comandos africanos e possíveis resistentes à ditadura de Sékou Touré. Tem notícia que há novas armas, aliás prevê um ataque a Bolama a um qualquer momento, não esconde que está feliz que em breve vai terminar a sua “contribuição para este desastre”. Continua a dar instrução, estuda alguns livros referentes a disciplinas do seu curso interrompido (economia). Experimenta novos tratamentos, o médico impôs um tratamento com comprimidos e uma injeção diária. Diante dos seus olhos, Bolama torna-se cada vez mais um centro de instrução de todas as tropas. Em breve, a sua comissão terminará. Anda irritado, cansa-se deliberadamente a trabalhar. Em termos formais, e contando a partida de Lisboa, já terminou a comissão, mas continuará a dá-la até chegar o seu substituto. Em 25 de Março, escreve: “Difícil me será falar do que senti ao chegar finalmente a Lisboa. Agora sim, estava distante da Guiné e sobretudo da farda. A minha mulher esperava-me e com ela o sabor da liberdade e da própria vida. Acabaram aqui os dois anos mais longos da minha existência e ao olhá-los, de frente para trás, parece-me agora que passaram depressa, que ontem parti e hoje voltei. Mas quando penso naqueles intermináveis dias de sede, de fome, de perigo, de cansaço e de isolamento, aí é que eu vejo bem a dimensão do tempo que me foi roubada à vida!”.

 E assim termina o diário de José Martins Gago, repete-se que é peça documental para estudar o que se passou no Leste, depois da retirada de Madina do Boé e de Cheche.
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Nota do editor

Vd. postes da série de:

13 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12443: Notas de leitura (543): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (1) (Mário Beja Santos)
e
16 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12457: Notas de leitura (544): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (2) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12457: Notas de leitura (544): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Julho de 2013:

Queridos amigos,
A obra de José Martins Gago é um diário minucioso, ele fala dos cadernos de apontamentos que vai enchendo, seguramente que confrontou todo esse material com a correspondência que ia enviando à sua mulher.
Há camaradas nossos, como o José Martins, que poderão iluminar alguns dos episódios descritos por Martins Gago, valia a pena. É um homem massacrado por dores de estômago, fala e repisa sobre a qualidade da comida, entusiasma-se com as tarefas da horta, o serviço de justiça, o inventário da cantina, as permanentes reparações. Ele descreve Canjadude nesse momento crucial em que a zona do Boé, desertificada, torna este quartel bem como o de Cabuca, muito mais expostos.
Assombra a minúcia, o detalhe, a sinceridade, trata-se de um diário na plena aceção do termo.

Um abraço do
Mário


O diário de Canjadude e Bolama, por José Martins Gago (2)

Beja Santos

“Guiné, Guerra e Poesia, Canjadude e Bolama”, por José Martins Gago, Chiado Editora, 2012, é um diário íntimo, vibrante, a conta-corrente de alguém que fala recorrentemente do seu sofrimento físico, da sua vontade de fazer coisas, de saber cumprir e fazer os seus soldados cumprirem. Obriga o leitor a entrar na intimidade, a viver silêncios e a perceber o que se estava a passar num ponto remoto do Leste da Guiné, muito exposto às deambulações dos guerrilheiros.

É preciso ser muito sincero para escrever, como ele faz em 23 de Abril de 1969 que mal chegam de um patrulhamento lhe entregam o correio e ele, sôfrego, abre. “Nas cartas vinham duas fotografias da minha filhota, uma delas acompanhada da minha mulher. Senti-me senhor da Guiné e do mundo e com ânimo para suportar tudo até voltar. Como não sentir isto depois de um dia de tantas privações e incertezas? Aquilo não eram fotografias, eram elas em pessoa, a dar-me a coragem necessária para terminar o que agora começava, nem que para isso tivesse que lutar sozinho contra aqueles inimigos que nem sequer conhecia”. A horta entusiasma-o, mandou aprofundar o poço, mas todas as obras o empolgam, como arranjar o cano falso da cozinha para escoar a água dos resíduos. Olha à sua volta e também vê desgaste psicológico, a sua relação com os soldados reforça-se e dá-lhe um sentido para esta sua vivência militar. Os problemas de saúdem, os problemas alimentares, são uma opção constante. As semanas passam, as patrulhas prosseguem, os guerrilheiros não estão à vista, não emboscam, não minam, não flagelam. O serviço de justiça e o inventário da cantina também o absorvem. Nutre uma grande admiração pelo comandante da companhia, capitão Pacífico dos Reis. De vez em quando fala no refúgio na leitura, não esclarece o que lê. Aparecem dois indivíduos a vender arroz, veio a descobrir-se terem sido enviados pelo PAIGC. Logo se prepara uma operação em que os dois capturados irão como guias. Foram levados até um acampamento, estava vazio, havia para lá lanternas, marmitas, latas de conserva, livros de escola. Deitou-se fogo ao acampamento. A patrulha seguiu em direção ao rio Corubal, nenhum indício da presença do IN. Em Maio, já sofre de dores violentas do estômago, o enfermeiro admite a possibilidade de se tratar de uma enterite. Ele procura não desfalecer, mas começaram as noites sem dormir, são insónias que se irão repetir, haverá mesmo uma baixa à neuropsiquiatria. Estamos ainda na época seca, há sedes imensas, todos bebem nos charcos água imunda, as consequências vêm depois.

Em Maio, dá-se uma ocorrência inesquecível, ele vai pisar uma mina, seguiam por um trilho quando o guarda-costas lhe disse: “meu alferes não se mexa, pisou uma mina!”. O alferes fica petrificado, raciocinou: se a mina não tinha rebentado rebentaria se tirasse o pé. Mandou instalar o pessoal e afastar os homens, estudou bem a posição do pé sobre a mina. “As minas antipessoal são compostas de uma caixa de madeira retangular de dez centímetros de largura por cerca de vinte centímetros de cumprimento. A caixa tem um disparador na extremidade oposta à que liga a parte de cima à parte de baixo e quando pisado nesta parte a pressão do pé aciona o disparador que faz rebentar a carga que tem junta. Ora eu tinha posto o pé ao lado contrário ao do disparador e por isso não o acionei logo. Mas eu não sabia se tirando o pé, mesmo rapidamente, a mina não rebentaria, era um risco enorme que eu não podia correr. Só havia uma possibilidade de sair dali incólume: mandei cortar um ramo de árvore com uns três metros de cumprimento e logo a seguir apareceu o meu guarda-costas com uma vara que teria cerca de cinco metros, mandei coloca-la junto ao pé, para ver se ela podia exercer a pressão necessária para equilibrar a do meu pé”. E começou aqui um exercício de alto risco que podia ter tido um desfecho trágico. Ele atirou-se para o lado contrário, não houve detonação, os soldados mantinham-se com a vara na mão. A mina não rebentou. E depois foram levantar a mina, ninguém se molestou.

Em Junho, voltam a aproximar-se de Cheche, continua a não haver sinais de vida. Mas a 27 ele vai escrever no seu diário: “Vou começar a narrativa do dia em que pela primeira vez o meu corpo esteve exposto a milhares de balázios”. Saíram de Canjadude e foram até Samba Gana, nada se encontrou. É nisto que aparece um heli de onde sai Spínola. Prepararam uma emboscada noturna numa extinta tabanca de nome Burmeleu. Aqui chegados, deparasse-lhes um trilho, de passagem muito recente. Ele está a inspecionar o sítio quando se ouvem vozes, aí uns cinquenta metros, preparava-se o dispositivo para iniciar um ataque quando surgem dois guerrilheiros, pronto começou o tiroteio. Ora os guerrilheiros estavam a montar uma emboscada em duas frentes, o que significa que dispunham de uma maior flexibilidade no potencial de fogo. Mas aquele pelotão da CCAÇ 5 avançou, o IN recuou. “Apanhámos mais uma arma e gostei de ver o meu grupo em combate, foram uns leões, valeu a pena a preparação que lhes dei”. E passam mais uma noite emboscados no mato. Viram um grupo de oito a dez elementos a caminhar por um trilho próximo da posição em que se encontravam, mandou a prudência em guardar silêncio absoluto. Pelo amanhecer, vieram avisá-lo que ia a passar um grupo de cerca de trinta elementos. Começaram a avançar e cerca de 500 metros à frente caíram numa emboscada. Alguém em espanhol lhe perguntou quem vinha lá. E um tiroteio mais violento do que na véspera acompanhou a resposta deste alferes de Canjadude. Lançaram-se a correr, quem estava a emboscar fugiu. Destruíram várias canoas junto do rio. E os despojos da batalha foram bem magros: alguns carregadores, cartucheiras e barretes. Cedo fez-se sentir, mas tiveram que caminhar muito até chegar ao pé das viaturas, que os aguardavam: “Pus um garrafão à boca e bebi para além dos limites, até o estômago não suportar mais”. A época das chuvas tudo alaga. As insónias prolongam-se. As obras dentro do quartel nunca param. Em Julho, há uma grande operação com tropas especiais, a companhia de Canjadude parte como dispositivo à retaguarda, o inimigo não se apresentou por uma razão muito simples, estava a atacar Canjadude, quem se revelou um herói foi o apontador de morteiro 81, conhecido por 115.

Fazem-se patrulhamentos debaixo de chuva diluviana, continua a não haver sinal do IN. Voltam para as missões de rotina dentro do quartel, ele sofre dores de cabeça horríveis. O registo do diário fala de chuvas, relâmpagos faiscantes, trovões de enlouquecer, a atmosfera a desfazer-se em água. Os sapos, pelo seu coaxar, fazem um barulho de enlouquecer. As colunas a Nova Lamego são obrigatórias, todo o abastecimento é sempre periclitante. Em Agosto, vão novamente em direção a Cheche, passam por Samba Gana, percorrem uma boa extensão da margem direita do Corubal, nada. A 12 de Setembro, o demónio anda à solta, uma GMC acionou uma mina anticarro num sítio que até agora era considerado tranquilo. Dez homens ficaram ensanguentados, nenhum morreu mas alguns deles irão ficar em tratamento vários meses. “Desde que cheguei, ainda não tinha visto a cor do sangue, mas hoje já e da maneira que mais me custou, que foi a dos meus homens, dos meus melhores homens”.

O comandante Pacífico dos Reis preparou uma boa reação, nova patrulha, o IN não frequenta por ora aquelas paragens. Ao fim de seis meses, parte para férias, regressará em Outubro.

(Continua)

Da esquerda para a direita: Capitão de Cavalaria Pacifico dos Reis (armado com Mauser), 2.º Sargento Manuel Farinha Marques, Furriel Miliciano José Martins e Alferes Miliciano José Martins Gago 
(Fotografia já publicada no blogue).
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Nota do editor

Poste anterior da série de 13 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12443: Notas de leitura (543): "Guiné - Guerra e Poesia - Canjadude e Bolama", de José Martins Gago (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9044: Parabéns a você (339): Orlando Pinela, ex-1.º Cabo da CART 1614 (Cabedú, 1966/68) e Pacífico dos Reis, Coronel de Cavalaria (R), ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 5


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Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) para o seu Comandante, o ex-Capitão Pacífico dos Reis:


Parabéns, meu Comandante!


Conheci o Capitão de Cavalaria José Manuel Marques Pacifico dos Reis, num Domingo de Junho de 1968, quando se apresentou em Nova Lamego, a sempre GABU SAARA, com destino ao comando da Companhia de Caçadores n.º 5, que se encontrava dispersa por vários destacamentos – Nova Lamego (sede), Canjadude, Cheche e Cabuca – vindo a reunir-se, posteriormente em Canjadude em 14 de Julho de 1969, mantendo pelotões em Cabuca e Nova Lamego. O Destacamento de Canjadude, foi reforçado com a Formação e três Grupos de Combate da Companhia de Artilharia n.º 2338, sendo o Capitão Pacifico dos Reis o Comandante Militar de Canjadude.


Com a reunificação da Companhia, adquire-se uma nova identidade da mesma. É possível criar um “Espírito de Corpo” que é reforçado pela “criação de alguns símbolos”, físicos ou sonoros: É o celebérrimo grito de GATO PRETO AGARRA À MÃO. É o ex-líbris da Unidade, o emblema, que realça o GATO PRETO sobre as armas da Província da Guiné; as Flâmulas dos diversos Pelotões e formação, e o lenço preto, usado com orgulho por todos os militares, fossem africanos ou europeus. Enfim, depois de muitos anos, contando os anos em que se denominou 3.ª Companhia de Caçadores Indígenas, em que a Unidade de militares africanos guarnecem inúmeras localidades no leste da Guiné, reunificou-se e fez história “desde o Gabu ao Boé”.


O que é que os retratados – Grupo de Comando Dragão – dariam para, neste dia, poderem dar um abraço no “seu Capitão Faca de Mato”? Este grupo é mais uma “imagem de marca” dos Gatos Pretos, que se manteve até à extinção da Unidade em 20 de Agosto de 1974.


Sem desprimor para todos os Capitães que estiveram no comando da Companhia de Caçadores n.º 5, tendo sido eu próprio comandado por quatro, dos sete que a Unidade teve entre Abril de 1967 até Agosto de 1974, que conheço pessoalmente, dos quais além de camaradas de armas e dos quais me considero amigo, tenho de reconhecer, também, que além do militar, tenho no meu “Capitão” Coronel Pacifico dos Reis, não só o amigo como o conselheiro.


Sabendo que o “nosso capitão” tem especial carinho por São Jorge, que foi Patrono da Cavalaria Portuguesa, é a este santo que recorremos para, hoje e sempre, e por muito anos, nos proteja neste combate que, nestes tempos que correm, bem precisamos.

Os nossos desejos são, na medida em que a “geografia” o permita, o dia seja passado com a família e os amigos íntimos, porque aqui na Tabanca Grande há sempre um enorme abraço para todos aqueles que se sentam à sombra do poilão.

José Marcelino Martins
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9040: Parabéns a você (338): César Dias, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) e Maria Arminda Santos, ex-Tenente Enfermeira Paraquedista (1961/1970)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7283: Parabéns a você (174): Coronel Pacífico dos Reis, ex-Comandante da CCAÇ 5 (José Martins / José Corceiro)

1. Neste dia 15 de Novembro de 2010, data de aniversário do Coronel Pacífico dos Reis, dois antigos militares da CCAÇ 5 (Canjadude), José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms) e José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS) quiseram deixar o seu testemunho, em jeito de homenagem ao seu antigo Comandante.

O Coronel de Cavalaria Pacifico dos Reis, antes de deixar o serviço activo.

2. Comecemos por José Martins:

Apesar de ter conhecido o nosso amigo Pacifico dos Reis em Junho/Julho de 1968, há mais de 42 anos, nunca lhe enviei saudação alguma por ocasião do seu aniversário. Razões para tal? Muito simples: em Novembro de 1968 encontrava-me em gozo de licença na metrópole; em 1969 o nosso aniversariante, já se encontrava em Bolama, a comandar a Companhia de Instrução.

É por isso que, hoje e agora, lhe envio um abraço de parabéns, não só como bloguista, mas também como seu Sargento de Transmissões, que fui, e seu amigo incondicional.

O Capitão Pacifico dos Reis, junto da Fox resgatada.
© Foto: Colecção de José Martins

Como Oficial de Cavalaria que é, custava-lhe que, ao fazer operações ou colunas na direcção ao Cheche, verificar que se encontrava “abandonado” no trilho, uma auto metralhadora FOX, que tinha rebentado uma mina anticarro com o rodado. Aproveitando a presença de um reboque que tinha sido incorporada na coluna que foi levar as canoas ao Cheche para a execução da jangada de má memória, a retirou e, passado algum tempo, a mesma viatura já estava no serviço operacional.

Chegar a um Teatro de Operações e ir comandar uma Companhia Africana, não é fácil. Se se acrescentar que a CCAÇ 5 se encontrava dispersa por quatro locais diferentes – Nova Lamego, Canjadude, Cabuca e Cheche – tendo de gerir a substituição do pessoal que, ao mudar de local trazia a família e os parcos haveres que sempre os acompanhava, originando que no novo destino fosse necessária a construção de nova morança, que face ao baixo pré que recebiam (torna-se necessário recordar que a maioria dos militares africanos eram soldados de 2.ª classe, que equivalia a pré mais baixo), conseguiu manter a operacionalidade e, logo a seguir, é reunida a Companhia em Canjadude, com a constituição de um novo subsector.

Aí conseguiu, além do respeito dos soldados, europeus ou africanos, mas sobretudo o reconhecimento e a estima que lhe devotavam, como prova a carta do Amar, depois de deixar a Unidade.


É por tudo isto que me atrevo a ser porta-voz de todos os militares que serviram na Guiné sob o seu comando – Companhia de Caçadores n.º 5 e Centro de Instrução Militar – sobretudo os Africanos que mesmo que o quisessem não teriam a oportunidade de mandar um abraço ao seu “Capitão Faca de Mato”. Por isso, e recordando esses bons tempos, apesar de difíceis, aqui fica uma das melhores realizações do Comandante:

A Secção de Comando Dragão – Dragão porque era uma autentica força de assalto que sempre acompanhava o “Oficial e Cavaleiro” nas suas incursões no mato, e que se manteve pelos anos restantes a ser a “força de elite” da Unidade.
© Foto José Martins


Feliz aniversário, Comandante e Amigo

José Marcelino Martins
10 de Novembro de 2010-11-10


3. Intervenção de José Corceiro

É com imenso prazer que aproveito a oportunidade de enviar os meus cumprimentar e parabenizar, no dia do seu aniversário, o Coronel Pacífico dos Reis, que eu conheci, há mais de 41 anos, como comandante da CCAÇ 5 em Canjadude, onde cumpri a comissão de serviço militar na Guiné.

Eu na altura era um miúdo com 21 anos, mas muito curioso, analítico e observador, sempre com a máquina fotográfica pronta para registar o acontecimento. Interessado em tudo aquilo que me rodeava, porque não descobria nos meus labirintos mentais, justificações nem causas que dessem respostas satisfatórias ao meu turbilhão de dúvidas, assim como não encontrava fundamentações, nem as razões, para a continuidade duma guerra, que no caso me parecia absurda, injusta e desajustada, estando a consumir e a destruir os melhores anos da juventude dum País!

Surpreendeu-me, em Canjadude, a atitude de total disponibilidade perante a guerra, do Capitão Pacífico dos Reis, militar sempre operacional, combativo e arrojado, para não dar oportunidade a que o IN se instalasse no nosso domínio. Sempre que havia saídas para o mato ia à frente, o destemido, mas sempre atento, Capitão Pacífico dos Reis, a comandar a operação rodeado dos seus briosos e audazes Dragões, cuja especialidade foi adquirida na escola da guerra. Palmilhavam e investigavam com olhos de lince todo o terreno circundante para detectar algum sinal que indiciasse que algo de estranho por ali acontecia, mas por vezes era necessário recorrer a lupa para destrinçar no orvalho da manhã, se terá sido humano ou macaco que há momentos ali passou! O Capitão tinha como ponto de honra cumprir a missão, de poder devolver cada homem que comandava, ao seio dos seus familiares, são e salvo!

Tive o grato prazer de me encontrar com o coronel Pacífico dos Reis, há menos dum mês, depois de terem passados 41 anos. Encontrei um homem jovial, sereno, tranquilo e orgulhoso por ter cumprido a missão de vida que abraçou. Narrou alguns dos episódios da CCAÇ 5, como quem os viveu ontem!

Ao homem e ao militar, José Manuel Pacífico dos Reis, expresso os meus sinceros desejos, que a nova etapa que hoje começa, se prolongue por muitos e virtuosos anos, conservando-lhe a força para poder caminhar com jovialidade na senda da vida, com lucidez, paz, saúde e amor, na companhia dos seus familiares e amigos.

Parabéns e Felicidade
Um abraço
José Corceiro


4. Finalmente, aqui ficam os votos dos editores e da tertúlia em geral de que o Coronel Pacífico dos Reis tenha um alegre dia de aniversário, rodeado pela família e amigos que não o esquecerão nunca, e uma longa vida repleta de saúde.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 26 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7178: Tabanca Grande (251): José Manuel Marques Pacífico dos Reis, Coronel Cav Reformado, CCAÇ 5 e CIM/Bolama (Guiné, 1968/70)

Vd. último poste da série de 15 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7282: Parabéns a você (173): Orlando Pinela, ex-1º Cabo Reab Mat da CART 1614/BART 1896, Cabedú, 1966/68 (Editores/Tertúlia)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7178: Tabanca Grande (251): José Manuel Marques Pacífico dos Reis, Coronel Cav Reformado, CCAÇ 5 e CIM/Bolama (Guiné, 1968/70)

Mensagem José Marcelino Martins, (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 23 de Outubro de 2010:

Boa noite amigos e camaradas
É com muito prazer que, em anexo ao presente mail, envio a nota de apresentação do meu Comandante e Amigo José Manuel Marques Pacifico dos Reis, que já é colaborador assíduo no nosso blogue, no qual contei oito intervenções.

Anexo, também, o curriculum já publicado, mas com a introdução de imagens.
Espero que desta nova adesão nos traga novas histórias e novas vivências.


Um abraço
José Martins


1. CURRICULUM

José Manuel Marques Pacífico dos Reis
Coronel de Cavalaria (reformado)

No seu curriculum, e no que respeita às Campanhas de África 1961-1974, consta:


Comando Territorial Independente da Guiné


Companhia de Caçadores n.º 5 – Recrutamento local

Capitão de Cavalaria, NMEC 50991111, foi aumentado ao efectivo da Companhia em 8 de Julho de 1968, assumindo o comando da mesma.

Foi sob o seu comando que se processou a transferência do Comando e os Serviços da Unidade para o então Destacamento de Canjadude, em Agosto de 1968,

Em 12 de Setembro de 1969, foi ferido em combate num perseguição ao IN junto de Uelingará na estrada Nova Lamego – Canjadude.

Foi abatido ao efectivo da unidade em Setembro de 1969, por ter sido transferido para o Centro de Instrução Militar / CTIG.

* da História da Companhia de Caçadores nº 5 – os Gatos Pretos de Canjadude [compilação de José Martins]


Centro de Instrução Militar – Bolama

Comandante da Companhia de Instrução – 1.º Turno de 1970. A escola de recrutas foi realizada entre o dia 26 de Janeiro e 26 de Abril de 1970, data em que os recrutas Juraram Bandeira, em Bissau. A instrução da especialidade teve início em 27 de Abril de 1970, tendo terminado em 13 de Junho as Especialidades de Atiradores, Apontadores de Metralhadora e Transmissões e continuando os Corneteiros e Clarins até 27 de Junho e os Escriturários até 04 de Julho de 1970.

Foi desta escola de recrutas e instrução de Especialidades, que saíram os militares que, em conjunto com os Oficiais, Sargentos e Praças especialistas da Metrópole, constituíram as Companhias de Caçadores n.ºs 17, de etnia Balanta.


* do Relatório sobre a Instrução, elaborado pelo Capitão de Cavalaria Pacifico dos Reis, Comandante da Companhia de Instrução.


Região Militar de Angola

 


Comandante da Companhia de Policia Militar n.º 3524, mobilizada no Regimento de Lanceiros n.º 2, em Lisboa.

Embarcou em Lisboa em 4 de Março de 1972.
Permaneceu em Luanda até 1 de Maio de 1974, data em que efectuou a viagem de regresso.





* do volume 13 de “OS ANOS DA GUERRA”, edição do Correio da Manhã, 2009.


©Emblemas da Colecção de Carlos Coutinho, com a devida vénia.



2. APRESENTAÇÃO

Depois de quase ano e meio ter sido o seu Sargento de Transmissões e seu Adjunto do Centro Cripto na CCAÇ 5 na Guiné, tomei, já há alguns anos, o papel de “secretário pessoal para assuntos blogisticos”, na metrópole. Para mim foi uma honra.

Foi desta forma que em 2006, com a devida autorização, levei ao conhecimento da Tabanca Grande, na altura era ainda uma Tertúlia, o texto sobre o Sargento Enfermeiro Cipriano.

Depois desta colaboração outras se seguiram. Agora com uma colaboração de mais de seis postes, tomo a liberdade de apresentar, como membro, o meu “Capitão” e Comandante, o Coronel José Manuel Marques Pacífico dos Reis.

Desde sempre ligado aos meios Castrenses, foi Menino da Luz no Colégio Militar e Cadete na Academia Militar. A sua passagem pela Guerra do Ultramar está sumarizada no Poste 4028 de 13 de Março de 2009.
Falta, para a “integração efectiva nas nossas fileiras” o envio de uma foto actual, o que acontece hoje.


Postes publicados:

04/06/2006 – P0839 – O valente Sargento Enfermeiro Cipriano
13/03/2009 – P4028 – O meu amigo Tartaruga

Série Divagações de Reformado

01/11/2009 – P5189 – Ida para a Guiné
02/11/2009 – P5194 – Mofunado ou não na Guiné de 68
13/03/2010 – P5987 – É a vida …
15/05/2010 – P6395 – Politicamente incorrecto
23/06/2010 – P6779 – Só á pedrada …
30/08/2010 - P6911 – TAP ou TAPioca?

E pelo que ouvi hoje ao almoço, tem muitas histórias para “nos encantar”.

José Marcelino Martins
23 de Outubro de 2010
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7173: Tabanca Grande (250): Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS Op MSG (STM/QG/CTIG, 1968/70)