sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2066: Em busca de... (9): Malta da CART 1746, a unidade do Alf Mil Gilberto Madail e do 1º Cabo Manuel Moreira (J. M. OIiveira Pereira)

1. Mensagem do nosso camarada José Maria de Oliveira Pereira, que presumo seja oriundo de e/ou residente em Ourém:

Sou um ex-combatente da CART 1746 e procuro, há muito tempo, contactos de ex-camaradas.

Ao ver este site e reparar que falavam no Gilberto Madail, que pertenceu à CART 1746 (1), e que era meu superior, fiquei com alguma esperança de que me pudessem enviar contactos de camaradas da minha companhia.

Fico a aguardar uma resposta. Desde já agradeço a disponibilidade prestada.

O ex-Combatente

José Maria de Oliveira Pereira

Contacto telefónico : 917794330
E-mail: paula.dias@mail.cm-ourem.pt

2. Comentário do editor do blogue: Camarada Oliveira Perereira:

Embora de férias, li a tua mensagem na minha caixa de correio. Apresso-me a deixar aqui o teu pedido na esperança de que a malta da CART 1746 te contacte directamente ou através do nosso blogue.

Infelizmente não temos tido muitas notícias nem publicado muitas estórias sobre a tua unidade. Temos, pelo menos, três posts sobre a tua CART 1746, sendo dois com referências ao então Alf Mil Gilberto Madaíl (1). Também já aqui publicámos uns versos do teu camarada Manuel Moreira, que é natural de Águeda. Volto a qui a reproduzi-los (2).

O Manuel Moreira é amigo e conterrâneo do camarada Paulo Santiago, membro da nossa tertúlia . Talvez o Paulo te possa ajudar a entrar em contacto com o Manuel Moreira. Se quiseres, podes fazer parte deste grupo de antigos combatentes e amigos da Guiné. Basta mandares duas fotos tuas (digitalizadas, em formato.jpg, sendo uma actual e outra do tempo da tropa) e dizeres algo mais sobre ti e a tua comissão na Guiné. Desejo que tenhas boas notícias da malta da CART 1746 através dos nossos amigos e camaradas da Guiné. És, naturalmente, bem vindo até nós. Luís Graça.


CANÇÃO DA FOME

Estamos num destacamento,
A favor de sol e vento,
Na Ponta do Inglês (3).
Não julguem que é enorme
Mas passamos muita fome,
Aos poucos de cada vez.

A melhor refeição
Que nos aquece o coração,
É de manhã o café;
Pão nunca comi pior
Nem café com mau sabor
Na Província da GUINÉ.

Ao almoço atum a rir
E um pouco de piri-piri,
Misturado com Bianda,
E sardinha p'ró jantar
E uma pinga a acompanhar
Sempre com a velha manga.

Falando agora na luz
Que de noite nos conduz
As vistas par' ó capim:
Se o gasóleo não vem depressa,
Temos Turras à cabeça,
Não sei que será de mim.

Quando o nosso coração bole,
Passamos tardes ao Sol
Junto ao Rio, a esperar,
De cerveja p'ra beber
E batatas p'ra comer
Que na lancha hão-de chegar.

A fome que aqui se passa
Não é bem p'ra nossa raça,
Isto não é brincadeira
E com isto eu termino
E desde já me assino:

MANUEL VIEIRA MOREIRA.

Xime, Ponta do Inglês, 28/01/1968.
________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail

23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P979: O Gilberto Madail pertenceu à CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) (Paulo Santiago)

(2) Vd. post de 31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)

(3) A CART 1746 (1967/69) veio de Bissorã para o Xime. Aqui tinha um destacamento na Ponta do Inglês . Este ponto estratégico, sito na margem direita do Rio Corubal, foi abandonado pelas NT em Novembro de 1968. Na altura era guarnecido por forças da CART 1746, a unidade de quadrícula do Sector L1 (Bambadinca): vd post de 19 de Março de 2006 >Guiné 63/74 - DCXLI: Ponta do Inglês, Janeiro de 1970 (CCAÇ 12 e CART 2520): capturados 15 elementos da população e um guerrilheiro armado

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2065: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (8): Furriel Amorim, morto em combate

1. Mensagem do Raul Albino, ex-Alf Mil, CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 (, Mansabá e Olossato, 1968/70) em 22 de Agosto:

Caro Luís e editores
Espero que as tuas férias estejam a ser repousantes. Qualquer um de vocês merece dois meses de férias (pagas a peso de ouro).
Aqui vai o 8.º texto das Memórias da CCAÇ 2402.
Espero que chegue em boas condições ao destino.
Um abraço a todos
Raul Albino


2. Furriel Amorim – Morto em Combate

Em 6 de Novembro de 1968 teve lugar uma operação, sem nome, de patrulhamento conjugado de emboscadas na região de Igate/Peconha, onde estava referenciada uma base do IN, a partir da qual, quase diariamente, saíam elementos que atacavam os trabalhos na estrada Bula-Có, logo ao nascer do dia.



Região do Cacheu > Pelundo > Có > CCAÇ 2402 (1968/70) > Coluna em deslocação de Bula para Có.



Teve a duração de um dia e um efectivo de dois grupos de combate (nesta operação específica, o 1.º e 4.º grupos).
A missão era emboscar o IN, no seu regresso à base na Peconha.
Porque o 3.º Grupo de Combate que eu comandava ficou nesse dia de serviço ao aquartelamento, não serei o mais habilitado a descrever o que aconteceu neste dia infeliz para a nossa Companhia, tendo recorrido a alguns testemunhos de quem esteve presente na Operação e quis participar nesta narrativa.

Logo no início, esta Operação teve algo pouco habitual. Por razões que desconheço, o nosso Capitão Vargas Cardoso decidiu sair com os dois grupos de combate nesta Operação, passando a comandá-la no terreno. Digo pouco habitual, porque não era pressuposto o nosso Comandante de Companhia sair em operações no exterior, nem a isso estava obrigado pela sua hierarquia. Foi portanto da sua inteira iniciativa esta saída para o mato.




Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > De pé, da esquerda para a direita: Aspirantes Francisco Silva e Raul Albino, e Capitão Vargas Cardoso (assinalado com um círculo a amarelo).

Fotos: © Raul Albino (2007). Direitos reservados.


As únicas imagens que retenho na memória com grande consternação, foi o regresso das nossas tropas na sua chegada à porta de armas. Era uma fileira de militares esgotados e abatidos, não tanto pelos contactos com o inimigo, mas principalmente pelo seu estado de saúde. Entravam em pequenos grupos amparando-se mutuamente, com os rostos irreconhecíveis, deformados pelo inchaço provocado pelas ferroadas das abelhas. Em alguns nem se viam os olhos e tinham de ser conduzidos por companheiros como se fossem cegos.

Durante toda a comissão poucas coisas me impressionaram tanto como esta visão do efeito causado pelo ataque das abelhas nas feições e no moral dos combatentes.

Como esclarecimento fica aqui a informação de que o Furriel Amorim, que recebera formação nos Comandos, tinha vindo em rendição individual dois ou três dias antes desta Operação, para substituir um furriel meu que fora evacuado por doença.

Como havia um grupo mais desfalcado do que o meu, não me foi atribuído, indo reforçar o 4.º Grupo de Combate. Foi efémera a sua passagem pela Companhia.

Era casado com uma professora primária em A-Ver-O-Mar/Póvoa de Varzim e esperava ser pai pela primeira vez em Dezembro.

Mas passemos à descrição sucinta da Operação propriamente dita.

Pelas 10,40 horas um pequeno grupo IN caiu na emboscada montada pelas NT, junto à antiga tabanca da Peconha. Reza a descrição oficial que logo aos primeiros tiros foi gravemente ferido o Furriel Amorim, pertencente ao 4.º Grupo de Combate.

Simultaneamente uma rajada terá atingido um enxame de abelhas que investiu furiosamente, pondo em debandada o grupo IN e as NT que estavam emboscadas. Pior coisa não podia ter acontecido e isso marcou esse dia fatídico e tudo aquilo que se seguiu.

Com o furriel ferido e a emboscada abortada pelo ataque das abelhas, foi pedida de imediato, por rádio, a evacuação por helicóptero do Furriel Amorim. A evacuação demorou bastante a ser feita e pelas 12,05 horas o furriel viria a falecer.

Já de regresso, as NT, já com manifestações nítidas de inchaço nos rostos, foram por sua vez emboscadas pelo IN, calculado entre 20 a 30 elementos ainda segundo a versão oficial, utilizando Morteiro 60, Lança Granadas Foguete, Metralhadoras Ligeiras e armas automáticas, durante cerca de 20 minutos. As NT reagiram pondo o IN em fuga.

Neste segundo contacto saiu ligeiramente ferido o nosso Capitão Vargas Cardoso, tendo sido evacuado de helicóptero com o falecido Furriel Amorim, pelas 14,15 horas. Segundo notícia posteriormente obtida pelo BCAV 1915, o inimigo terá sofrido na 2.ª emboscada dois mortos e vários feridos.

Seguem-se os depoimentos de alguns intervenientes nesta operação. Curiosamente o testemunho mais importante, o do Cap Vargas Cardoso, só recentemente chegou à minha posse. Está a ser trabalhado e irá ser incluído no 2.º volume das Memórias de Campanha da CCAÇ 2402. Será posteriormente enviado ao blogue se ele assim o autorizar.

Depoimento de António Coutinho da Silva:

Quando o Furriel Amorim chegou à nossa Companhia, via-se que era um homem activo, falava com o pessoal e estava sempre ansioso por saber situações de guerra, até que chegou o dia de ir para o mato com o meu pelotão (4.º) fazer uma patrulha na estrada de Có para Bula, na região da Peconha.

Estávamos emboscados, quando um milícia nativo subiu a uma árvore para vigiar a zona. Quando viu o inimigo, desceu da árvore e avisou o pessoal de que o inimigo estava perto.
Preparámo-nos para o contacto e quando o Furriel Amorim se levantou com a arma em posição de fogo, o inimigo foi mais rápido e uma rajada veio a atingi-lo gravemente. Apesar de todos os esforços dos nossos enfermeiros nada pôde ser feito, acabando por morrer perto de mim. Foi um momento que nunca mais esquecerei.
Paz à sua alma!

Depoimento de José Manuel Rodrigues Ferreira:

Quando do ataque das abelhas, também passei um mau bocado, perdi a arma G3 e duas granadas de bazuca, na aflição do momento.

Depois de deitarem fogo ao capim e quando tudo se acalmou, fui com um guia à procura da arma e das granadas, mas acabei por encontrar a arma com a coronha toda retorcida pelo fogo.

Depoimento de Armando Cruz Pimentel Pereira:

Há recordações que não posso esquecer, como por exemplo, aquela operação em Có onde o Furriel Amorim veio a morrer.

Ele tinha a mania de não se deitar e isso foi-lhe fatal ao receber uma rajada no corpo e como se isso não bastasse mandaram uma roquetada para uma árvore onde se encontrava um enxame de abelhas, que a muitos deixou a cara inchada pelas ferroadas. Alguns deixaram de ver e tivemos de os trazer pela mão.

Fomos novamente atacados e eles nem viam sequer o suficiente para se atirarem ao chão e protegerem-se.

Teve de vir um helicóptero para levar o morto e também o Capitão. Só aí ficou confiante o Capitão de que era verdade o que eu dizia que as divisas e o lenço verde no mato luzia ao longe. E ali ficou ele, perplexo, sem saber o que fazer, já nem sequer reagia com a poeira que não o deixava ver. Fui então socorrê-lo porque ali podia morrer.

Já no quartel foi-me ver para me agradecer, abraçando-se a mim e chorando por o ter ido socorrer, mas eu não fiz mais que a minha obrigação, foi isso que lhe disse e na verdade senti.

Depoimento de António Joaquim Rodrigues:

Além do segundo ataque a Có, o outro momento que mais me marcou foi a operação que fizemos à Peconha.

Eram dois pelotões e andámos toda a noite para chegarmos ao local de manhã cedo. Aí montámos uma emboscada em forma de L.

Detectei um enxame de abelhas numa árvore grossa e disse ao Alferes Caseiro: - Vamos ficar aqui? Se houver algo estamos tramados com as abelhas!

Assim aconteceu, a minha Secção foi mais para a frente, como era a primeira ficámos à beira do carreiro onde os turras passavam. Nesse dia a minha Secção era comandada por um furriel que era a primeira operação que fazia connosco. Infelizmente ficou ferido.

Nós tínhamos uma sentinela em cima de uma árvore para ver ao longe. No momento em que foi rendido, os turras surgiram, o Capitão só teve tempo de dizer pela rádio: - Caseiro, põe-te à tabela!

Eles mandaram uma roquetada para a árvore onde estava o enxame de abelhas que, espavoridas pelo fogo, picaram todos os que se encontravam ao redor, a ponto de alguns colegas desmaiarem.

O Bilito só dizia: 
- Rodrigues vai chamar o enfermeiro!

Ao que eu lhe respondia:
 - Tem calma, eu também estou mordido e há colegas piores do que tu!

Tive então de ir buscar o enfermeiro para fazer curativo ao furriel ferido, que, salvo seja, apanhou uma rajada no corpo, devido à qual acabou por falecer.

Depois fomos fazer um reconhecimento, porque muitos deixaram no terreno granadas, cartucheiras, barretes, etc.

Momentos depois fomos atacados de novo já em regresso ao quartel. Foi pedido apoio aéreo, mas o helicóptero chegou muito tarde, acabando por evacuar o já falecido Furriel e o nosso Capitão para Bissau.

Depoimento de Manfredo José Abrunhosa da Silva:

Eu estive presente no momento em que o Furriel morreu e assisti à grande tragédia que foi a sua morte.

Nós estávamos no meio da mata, quando fomos avisados por um vigia de que o IN se dirigia para nós. De imediato tentámos estar numa posição que nos defendesse do ataque dos inimigos e ao mesmo tempo estarmos prontos para o atacar.

O Furriel estava no meu grupo e levantou-se um pouco para ver se o IN estava próximo. Ele foi atingido de imediato por uma rajada de metralhadora. O seu lado esquerdo tinha sido completamente atingido, o sangue saltava cada vez que ele respirava, os nervos pareciam que lhe saíam do braço onde ele tinha empunhada a sua arma. Foi terrível assistir a tal sofrimento.

Depois do Furriel ter sido atingido, nós levámo-lo para a sombra de uma árvore onde esperámos pela ajuda do helicóptero. Neste entretanto, o Furriel foi assistido por militares-enfermeiros que fizeram tudo para o salvar. O esforço dos enfermeiros foi inglório, pois os ferimentos eram muitos e profundos. O seu estado era muito grave, mas tudo foi feito, dentro dos possíveis, para o salvar. O Furriel morreu antes de o helicóptero chegar.

Decidimos então levar o corpo do Furriel para o acampamento, mas caímos noutra emboscada. A mim não me mataram porque Deus protegeu-me. Eu rastejei e virei-me para trás para dar indicação a um colega que estava a 5 metros de mim, para lançar o dilagrama que era uma granada lançada pela própria espingarda G3. Ele lançou a granada e depois reinou o silêncio. Depois ouviram-se insultos, fomos chamados de assassinos, de bandidos e mandaram-nos embora para Lisboa.

Pouco tempo depois chegou o helicóptero que transportou o corpo do Furriel. A acompanhar o corpo do Furriel foi o nosso Capitão Vargas Cardoso.

Foram maus tempos, mas felizmente já passaram. Feliz fico eu por tudo ter ficado para trás.

Raul Albino
________________________

Nota do co-editor CV

Vd. último post da série de 16 de Agosto> Guiné 63/74 - P2053: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (7): O Pelotão dos Bravos na Ilha de Jete

Guiné 63/74 - P2064: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (12): Evocando todos os militares do 53




1. O nosso camarada Paulo Santiago, ex-Alf Mil do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72, em mensagem de 18 de Agosto, dizia:

- Segue mais uma memória. Hoje evocando, já o devia ter feito, todos os militares do 53 que tive o orgulho e a honra de comandar.



Foto do Pel Caç Nat 53> Comandada pelo ex-Alf Mil Paulo Santiago

2. Como já escrevi há tempos atrás, o Pel Caç Nat 53 era bastante heterogéneo quanto a etnias, o que não impedia haver um excelente espírito de corpo. Tenho grandes saudades daqueles homens, principalmente dos africanos, imaginando os que ainda vivos e vivendo na Guiné, as imensas dificuldades a enfrentar no dia a dia. Felizmente encontrei alguns em Fevereiro de 2005.

Comecemos pelo Fur Mil Duarte, já no 53, quando da minha chegada, era o meu braço direito, meu substituto no comando, natural de S.Pedro do Sul e actualmente residente em Viseu. Era também conhecido, alcunha apradinhada pelo Julião da CCAÇ 2701, por Passarinho e ainda esteve no Saltinho com a CCAÇ 2406. Ajudou-me imenso na minha integração no Grupo de Combate e na minha adaptação à Guiné. Extrovertido e excelente jogador de futebol, sendo que, no 53, exceptuando o comandante e poucos mais, havia os melhores jogadores e a melhor equipe das redondezas. O Duarte foi rendido pelo Fur Mil Mário Rui, em fins de 71, quando me encontrava em Bambadinca. Continuamos a encontrar-nos, tendo-me convidado para o casamento, a que fui com prazer, da filha mais velha.

O Fur Mil Mário Rui, tinha sido colocado na 2701 dois meses antes da minha chegada à Guiné, pertencendo ao 4.º Pelotão, comandado pelo meu saudoso camarada e amigo Alf Mil Valentim Oliveira, tendo transitado, como disse atrás, para o 53 em fins de 71. Onde páras Mário Rui? O número de telemóvel que tinha, há muito que está emudecido.Tenho um carinho especial por este meu camarada. Era uma pessoa alegre, simpática e exímio tocador de viola, guitarra, para os puristas. Foi extremamente afectado pela tragédia do Quirafo, o auxilio aos sobreviventes, a recolha dos mortos, marcou-o para sempre, paralisou-lhe os dedos provocando o calar da guitarra. Quando cortámos com o proveta Lourenço e mudámos para o Reordenamento de Contabane, ocupando a 1.ª casa, para quem vinha da fronteira, o Rui era meu companheiro de quarto. Tomava vários calmantes durante o dia, terminando, ao deitar, com uma dose de Vallium. Eu, cheio de wisky, ouvia os pesadelos que tinha durante a noite, o que não impedia a sua operacionalidade, como contarei noutra memória, quando de um ataque a uma tabanca perto do Saltinho. Fiquei com muita pena, quando fui rendido e o Rui, que já tinha mais tempo de comissão, continuou à espera de substituto. Se algum camarada souber do paradeiro do Mário Rui Rodrigues, natural de Cebolais de Baixo (ou de Cima), Castelo Branco, dê-me uma apitadela.

O Fur Mil Martins, transmontano, natural de Bragança, era um tipo muito certinho, muito introvertido, não bebia, convivíamos pouco, mas é um camarada que não esqueci.

Por último havia o Fur Mil Dinis, açoriano da Terceira, com aquela pronúncia caracteristica, conheci-o em Bambadinca, ao iniciar a instrução da minha 2.ª Companhia de Milícias, na primeira quinzena de 1972. Em 6/01/72, dia em que fiz 24 anos, apareceu um heli no Saltinho, estando já previsto o meu regresso a Bambadinca, em coluna, via Galomaro, mas como ainda tinha tempo, com a cumplicidade do Clemente e a boleia oferecida pelo piloto, regressei a Bambadinca, via Bissau, onde andei três dias nos copos e no Pilão, indo de DO 27 para aquela Sede de Batalhão acompanhado pelo Major Anjos de Carvalho, que tinha vindo ao QG tratar de um qualquer assunto. O Fur Mil Dinis chegara ao Saltinho no dia 7 e de imediato, foi enviado para Bambadinca como instrutor de um dos pelotões de milícia. Era um óptimo camarada, gostava de ouvir aquela pronúncia. Tal como o Martins, nunca mais soube dele, mas gostava de os encontrar.

Vamos aos 1.ºs Cabos.

O Mamadu Sanhá, beafada, ainda hoje Cabo da Guarda Fiscal, tive muita pena de não o encontrar em Bafatá, em Fevereiro de 2005. Foi ferido em combate, em 4 de Dezembro de 1971, em Galomaro, quando uma das secções do 53 se encontrava destacada, naquela Sede de Batalhão, comandada pelo Fur Mil Martins. Escreveu-me há tempos uma carta, que muito me emocionou, agradecendo uns euros que lhe enviei através do Sado.

O Verdete de Maiorca, Figueira da Foz, temo-nos encontrado.

O António Cosme de Vilarinho do Bairro, Anadia, que pouco tempo depois de chegar à Guiné, soube da trágica notícia da morte da irmã e cunhado, quando uma noite, andando a regar milho, cairam num poço, deixando dois filhos menores, criados e educados pelo tio, após o regresso da Guiné. Foi em Junho de 2006, juntamente com o Carlos Clemente, minha testemunha abonatória, num processo por agressão corporal, que malevolamente me levantaram e do qual, felizmente, saí absolvido. Já por duas vezes, nos juntámos em casa do Cosme, eu, o Verdete e o Pina, outro dos meus 1.ºs Cabos, infelizmente falecido há pouco mais de um ano.

O Umaru Baldé, também 1.º Cabo, fula.

Fechando com o Cristóvão Mantudo dos Santos, papel e o mais instruído do Pel Caç Nat 53, tendo frequência do 5.º ano do liceu.

Evocando agora os soldados, começando pelo Putchane Obna, balanta, também conhecido por Cunha, bebedor inveterado, o único a quem dei um forte murro (o Martins Julião assistiu) encontrei-o a dormir no posto de sentinela mais sensível do quartel.
O Fieme, mandinga, o Morna, balanta, por quem tinha também uma especial amizade, grande bebedor, mas contava-me histórias deliciosas.
O Bari, penso que mandinga, o Samba Jau, fula, o Tuai Camará, fula, o Quebosse Embonda, outro bebedor, balanta como é óbvio, o Bobo Embaló, fula, o melhor futebolista do Saltinho, tinha uma Cruz de Guerra.
O Bubacar Só, fula, mais conhecido por Buba, encontrei-o em Fevereiro de 2005 em Bambadinca, o Queta Mané, mandinga, o Dauda Camará, fula, o Baró Turê, mandinga, sei que vive em Lisboa, mas não tenho contacto.
O Iero Seidi, fula, ferido em combate na mesma data e local com o Sanhá, já morreu, estive com o filho em Bambadinca em 2005.
O Samba Seidi, fula, o Fodé Sané, fula, não fazia na altura serviço operacional, fora gravemente ferido, anos antes, para os lados do Xime. Tinha uma Cruz de Guerra. Era bom alfaiate, reparava-me as fardas, limpava-me a arma, mesmo sem pedir e a mulher era a minha lavadeira, irmã do Jamanta da 1. ª CCOMS.
O Bacari Baldé, fula, o Iaia Dabó, mandinga, protagonista de uma história de amor proibido, contada em memória anterior, o Bobo Djaló, fula, o Abdulai Uaga, balanta, mais conhecido por Bagaço, o homem do morteiro 60, usava um boné de bombazine cor creme, quando ía para o mato, mesmo com algum álcool, colocava a granada onde queria.
O Queta Embaló, fula, o Correia, balanta, o Suleimane Baldé, mais tarde 1.º Cabo, actual Régulo de Contabane, ainda há poucos meses esteve em minha casa. Continua a tratar-me por meu comandante. Jamais esquecerei a recepção que a Fatema, mãe dele, me fez e ao meu filho, em Fevereiro de 2005 em Sincha Sambel.
Mamadu Jau, uma força da natureza, um dos meus guarda-costas, tratava uma MG 42, como eu uma G3. Encontrei-o em Bambadinca em 2005.
O Abdulai Baldé, fula, o meu mais encarniçado guarda-costas, tive muita pena de não o ter encontrado em 2005, só em Bissau na véspera do regresso, soube que tinha passado ao lado da tabanca onde agora vive. Disseram-me que tinha sido um dos fiéis aliados do Brigadeiro Ansumane Mané e, que este se dirigia para a zona do Saltinho, quando foi assassinado à paulada. Procuraria refúgio junto daquele meu ex-soldado e de outros amigos que tinha para aqueles lados.
Outro dos meus guarda-costas era o Amadú Baldé, fula, passou depois para comandante de um pelotão de milícias . Também me desencontrei dele em Fevereiro de 2005.

Para terminar, faltam dois homens, o Fali Dembo, fula e o Jorge, alfacinha de gema, era o transmissões do 53.


Fevereiro de 2005> Paulo Santiago em Bambadinca> Na foto: Mamadu Jau, Paulo Santiago, Bubacar Só e, de cócoras, o filho do Iero Seidi

Fotos: © Paulo Santiago (2007). Direitos reservados

Acho que tinha de falar de todos estes homens, que durante muitos meses me acompanharam, 24 sobre 24 horas. Com eles aprendi muito e também lhes devo muito, há uns que pela sua personalidade ou por qualquer outro motivo, recordo com mais facilidade, mas todos estão presentes no meu coração.

Paulo Santiago
ex-Alf Mil
CMDT Pel Caç Nat 53
______________________________

Nota do co-editor CV

Vd. último post da série de 8 de Agosto, Guiné 63/74 - P2036 - Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (11): Dr Brocas, o contador de estórias, que era gago.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2063: Álbum das Glórias (24): O pretoguês Queta Baldé, uma memória de elefante e um grandecíssimo camarada (Beja Santos)


Lisboa > Julho de 2007 > O Queta Baldé e o Beja Santos.

Foto: © Beja Santos (2007). Direitos reservados.



Região de Bafatá > Xime > 1997 > Tabanca de Amedalai, de onde é natural o Queta Baldé. Foi, no nosso tempo, sede um destacamento de milícias, alvo de frequentes ataques do IN. Pertencia à Zona de Acção do Xime. Situa-se entre o Xime e a ponte do Rio Udunduma na estrada para Bambadinca.

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados


1. Texto enviado em 26 de Julho último pelo Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):


Viva Queta Baldé, uma memória indefectível, 
um grandecissímo camarada da Guiné!


Comentários: Como vêem, o Queta, a memória que me falta e me ilumina as minhas recordações sombrias, existe. É português, nasceu há 71 anos atrás em Amedalai, que é também o chão do meu querido Mamadu Djau. Foi milícia na Ponta do Inglês e Finete, depois da aprendizagem em Bolama foi com o pEL cAÇ nAT 52 para Porto Gole e depois Missirá, e depois Bambadinca, e depois Fá Mandinga.

Pertenceu à 2ª Companhia de Comandos Africana, andou fugido a seguir à independência, vive agora na Amadora, depois de ter sofrido muito até se ter feito reparação da sua lealdade. Não conheço ninguém que diga "bandeira portuguesa" como ele, é um pacto de sangue que excede a gratidão que tem a Deus por estar vivo. E, meu Deus, o que é que eu seria a desfiar as minha memórias sem os aerogramas à Cristina e a memória do Queta?

Como é que estas coisas se agradecem? Tirámos esta fotografia no Luís Soares, ele entregou-me embaraçado a fotografia dizendo que o Queta está muito escuro... Respondi-lhe que não é por acaso que falamos dos pretos da Guiné que são igualmente os soldados mais leais à face da terra.

domingo, 19 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2062: Da Suécia com saudade (5) (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (5): O General que não gostava de bigodes

O nosso camarada José Belo, ex-Alf Mil que pertenceu a Os Maiorais da CCAÇ 2381 (1968/70), Buba, Quebo, Mampatá e Empada , retrata nesta estória a mentalidade dos Combatentes de Gabinete que não compreendiam como no mato o pessoal se sujava tanto e cheirava tão mal. Seria por não haver ar condicionado?

Usar bigode e barba era arrojado, porque o Comandante da Unidade tinha autoridade para consentir ou não o seu uso.

Como sempre, a estória chegou até nós por intermédio do Zé Teixeira (CV) (1).

O General que não gostava de bigodes,
por José belo

Tenho tentado redescobrir alguma da papelada que, mais de trinta anos atrás, escrevi sobre alguns detalhes da passagem pela Guiné. Aqui mando mais um testemunho do que por lá se chafurdou!

O Império caía de podre. Não eram os nossos camuflados tão sujos, enlameados e suados que cheiravam mal.

Certo Oficial-General do Estado Maior do Exército (EME) encontrava-se de visita à Guiné. Passeou-se de helicóptero por vários Comandos de Batalhões e, entre eles, o de Buba. Depois de almoço de ronco, o senhor General botou discurso. O tema eram os esforços dos que, como ele, nas repartições de Lisboa, tudo faziam e principalmente sacrificavam, para que a tropa do mato dispusesse das melhores condições para o desempenho das suas missões de guerra (sic).

Ouvem-se ruídos na parada do aquartelamento. Chegava a coluna de reabastecimentos de Aldeia Formosa, escoltada por uma Companhia de Atiradores. Não eram muitos os quilómetros que separavam Buba de Aldeia Formosa. Eram muitas as minas, fornilhos e emboscadas.

Demorava-se dois dias. Dois infernais dias! Mortos, feridos, viaturas destruídas, eram o preço dos géneros transportados. Comandava normalmente aquelas colunas, um Capitão de Artilharia, já na sua terceira Comissão de guerra e segunda no mato da Guiné. Era um Oficial destemido e cumpridor, que pelo seu exemplo, tinha para além da admiração e respeito, a amizade dos que serviam sob as suas ordens.

Como habitualmente, as forças da escolta formaram na parada. Cobertos de lama, rotos, esgotados, mas em impecável formatura militar. Era necessário saber-se comandar, para naquelas circunstâncias se obter aquele resultado.

Ao ver o General, que entretanto chegara à porta da Messe, situada em edifício alto com domínio sobre a parada, o Capitão fez as tropas formadas prestarem as honras devidas ao Oficial Superior.

Impecável manejo de armas.

Após a Companhia dispersar, o Capitão acompanhado pelos Alferes, dirigiu-se à Messe para merecida cerveja fresca. Quando já aí se encontrava, conversando com os oficiais do Batalhão que pretendiam saber notícias sobre as peripécias da coluna, o senhor General levantou-se da mesa, onde, a sós, conversava com o Comandante do Batalhão e dirigiu-se ao grupo dos recém-chegados. Olhando o Capitão com expressão fria e superior, em contraste com o ambiente de calor amigo que se fazia sentir à volta do grupo, disse em voz razoavelmente elevada:
- Oh homem, vocês estão bem porcos. E francamente, quanto ao seu bigode... olhe que não gosto nada dele!

Fez-se profundo silêncio. Ainda hoje me pergunto, que complexos, que frustrações, que poder de impotente, existiam em conflituosos choques dentro daquele homem, em tão inoportuna manifestação de hierárquica estupidez, considerando as circunstâncias.

O Capitão, poisando o copo de cerveja no balcão e colocando-se frontalmente, em rígida posição de sentido, disse:
- É óbvio que vossa excelência não gosta de bigodes pois, pelos vistos, não os usa! Quanto ao estarmos emporcalhados, saiba vossa excelência que por estes matos da Guiné aparece e passa muita lama!

Estávamos então, AINDA, em fins de 1969!

Este REAL Capitão (*) de Artilharia já faleceu, com o posto de Coronel.

São recordações como esta, que nos ajudam a dar as verdadeiras perspectivas do que por lá andámos a chafurdar!

Um grande abraço.
J. Belo
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Nota de J.Teixeira:

(*) Tratava-se do Capitão Rei, Comandante da CCAÇ 1792
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Nota do co-editor CV:

(1) Vd. post anterior Guiné 63/74 - P2041: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil CCAÇ 2381, 1968/70) (4): Aventuras de Maiorais

Guiné 63/74 - P2061: A odisseia esquecida de Gandembel / Balana (Nuno Rubim / Idálio Reis)

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > 1968 > Início da construção do aquartelamento > No comments! (As grandes fotografias dispensam legendas)

Foto: © Idálio Reis (2007). (Editada por L.G.). Direitos reservados.



1. Mensagem do Nuno Rubim, na sequência do post de 19 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1971: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis): 28 de Janeiro de 1969, o abandono de Gandembel/Balana ao fim de 372 ataques

Caro Luís

Concordo plenamente contigo !!! Vamos pensar num meio de apoiar o camarada Idálio Reis a preservar ( publicar ?) documentalmente, reunido cronologicamente, todo esse importantíssimo acervo escrito e fotográfico !

E a prova segue em attach ... Desde Janeiro deste ano que insisto com ele ...

Um abraço

Nuno Rubim

2. Mensagem do Idálio Reis para o Nuno Rubim, com data de 7 de Junho de 2007:


Assunto - Torpedos bengalórios

Meu caro Nuno Rubim

Alegrou-me esta sua ciber-visita, porque ademais mostra que está apegado a esta visceral questão (parece que cada vez mais candente) da guerra da Guiné. Porque o Luís Graça tem editado a minha estória de modo algo compassadamente (1), tenho o prazer de lhe anexar as partes que então lhe enviei.

E porque o faço para si? Peço-lhe para dar pouco valor histórico ao memorial da CCAÇ 2317, que se encontra no Arquivo [Histórico] Militar. Ele não narra a grande generalidade dos factos então passados e, quando o faz, comete omissões ou erros.

Dos 372 ataques/flagelações que Gandembel sofreu, o maior foi a 15 de Julho (de 1968) e, com consequências mais desastrosas, bem diferenciado dos 2 que tiveram lugar na 1ª quinzena de Setembro. É que quando se quer quantificar o arsenal que o IN fez utilizar, somente lhe posso reconhecer que foi variado e imenso, ter a sensação do tempo dispendido, avaliar o tipo de armamento posto nesse teatro e tentar reconhecer os resultados. Fui incapaz de reconhecer quanto armamento ou efectivos se cercaram de Gandembel.

A utilização dos torpedos bengalórios fez-se incidir muito em especial em 15 de Julho, em que se tornou bem visível que houve destruição do arame farpado em frente ao paiol.

Quanto ao comandante da Companhia, o então capitão Barroso de Moura, desculpe este meu desabafo, mas hoje julgo que foi o pior de todos nós. A Companhia de Gandembel teve um capitão em part-time, pois facilmente se esquivava para Bissau. E vencido 2/3 da comissão, regressou a Lisboa para se guindar a posto mais elevado do Exército.

Foi homem que jamais vi, nem mesmo à nossa chegada se dignou a estar presente. Nunca apareceu nos convívios e também deixou poucas saudades ao pessoal da Companhia. E que direi eu, que um certo dia me puniu com 2 dias de prisão, agravado para 7 dias, e que me impediu de gozar qualquer período de férias?

Viria a ser substituído, já a Companhia em Nova Lamego, por um capitão do quadro de nome Pinto Guedes e que fora integrado ab initio na CCS. Este tomou a atitude então mais consentânea às circunstâncias, de nunca se intrometer nos seus destinos.

Sempre ao seu dispôr. Um forte e cordial abraço do Idálio Reis.

3. Resposta do Nuno Rubim:

Caro Idálio Reis:

Muito obrigado pelos dados que me enviou.

O drama de Gandembel merece ficar para a história e o camarada poderia talvez escrever uma monografia ilustrada sobre o assunto. Seria um importantíssimo contributo para o estudo da guerra colonial.

O meu trabalho, no quadro do Projecto Guileje, limitou-se à recolha de informações (documentos e fotos) sobre as unidades que lá serviram, mas depressa realizei que não poderia dissociar essa informação das unidades envolventes. Mas não faço análises, embora uma ou outra vez tente explicar a razão de ser de alguns acontecimentos ocorridos.
Esse trabalho de interpretação há-de ser feito (julgo eu...) no futuro. Por isso todo o material que recolhi (e o que ainda espero recolher), quer de fontes nossas, quer do PAIGC, ficará depositado no centro de documentação do núcleo museológico a instalar pela AD em Guileje.
Mas já propuz ao Pepito (Carlos Schwarz ), que aceitou a ideia, de que lá fiquem expostas ampliações de algumas das mais significativas fotografias, bem como alguns mapas, para além do diorama e das miniaturas dos meios de combate.
Quanto aos Torpedos Bengalore, nenhuma das listas que possuo, quer nossas quer do PAIGC, os menciona.

Sobre o que me fala dos intervenientes no processo, pois acho que o melhor é um dia falarmos pessoalmente sobre isso. Terei muito prazer nisso.

Grande abraço
Nuno Rubim

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Nota de L.G.:
(1) Além do post supracitado, vd. os anteriores (que de facto foram saíndo no nosso blogue com bastante irregularidade, por razões que não são imputáveis ao autor, mas sim ao editor, nomeadamente devido à riqueza e à abundância do material fotográfico que é preciso, no entanto, editar).