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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22770: Efemérides (359): o 1º de Dezembro, as bandas filarmónicas e o patriotismo de ontem e de hoje...



Lisboa > Av da Liberdade > 1 de dezembro de 2017 >   6.º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas > Uma representação da banda da AMAL - Associação Musical e Artística Lourinhanense, cuja origem remonta a 1878: da esquerda para a direita, Pedro Margarido, presidente da União das Freguesias da Lourinhã e Atalaia; Paulo José de Sousa Torres,  diretor da AMAL (e meu primo em 3.º grau)  e a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro... O puto é o "porta-estandarte" da AMAL que tem uma escola de música e um grupo de teatro...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Brasão da SEA - Sociedade Euterpe Alhandrense, Alhandra. Diversas bandas filarmónicas por esse país fora foram criadas no 1º de dezembro (ou em homenagem ao 1º de dezembro): por exemplo,  Alhandra, Alpiarça, Atouguia da Baleia (Peniche), Azinhaga do Ribatejo (Golegã), Cuba, Encarnação (Mafra), Moncarapacho (Olhão), Montijo, Nossa Sra. das Misericórdias (Ourém), Pragança (Cadaval) ...  As bandas filarmónicas foram (e ainda são) "sociedades de recreio" mas também escolas de educação musical, artística e cívica... Em 2013 existiam 720 bandas filarmónicas, muitas delas centenárias.

1. Este ano, e devido ao agravamento da situação sanitária provocada pela 5ª vaga da pandemia de COVID-19, não haverá o já tradicional "Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas 1º de Dezembro", integrado nas comemorações do Dia da Independência, e que estava previsto para Lisboa.  Já o ano passado não se realizara, pelos mesmos motivos.

Estava previsto realizar-se hoje o 9.º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas, mesmo com um número  reduzido de bandas participantes (19, por comparação com as 37 que atuaram em 2019, espectáulo que teve transmissão direta pela RTP), e juntando músicos de várias gerações e dos mais diversos pontos do país. A saúde pública falou mais alto.

É uma evento organizada pelo Movimento 1º de Dezembro, Câmara Municipal de Lisboa e EGEAC, em parceria com a RTP. O 1º Desfile foi em 2012. Recorde-se que nessa altura  houve diversas reações da sociedade civil  em resposta à eliminação do feriado civil do dia 1 de Dezembro, determinada pela Lei nº 23/2012, de 25 de Junho de 2012.Dessas reações nasceu, por exemplo,  o Movimento 1º de Dezembro.

O desfile, entre a Avenida da Liberdade e a Praça dos Restauradores, juntando sempre para cima de 1500 músicos e mais de 3 dezenas de bandas, acaba com a interpretação final e conjunta, na Praça dos Restauradores, dos 3 hinos patrióticos, o Hino da Restauração, o Hino da Maria da Fonte e o Hino Nacional.

2. O nosso editor LG tem acarinhado, no nosso blogue, esta iniciativa (e outras mais antigas), sobretudo pelas suas recordações desta efeméride, que remontam à sua infância. Mesmo sem música, podemos recordar aqui alguns comentários que foram sendo deixados nos diversos postes (*):

(i) Tabanca Grande Luís Graça (Poste P18033)

Era uma festa, o 1º de dezembro, na minha vila da Lourinhã . Primeiro, porque era feriado, não se ia à escola, e segundo, porque a filarmónica local  (, fndadada em 2 de janeiro de 1878) percorria as ruas principais, com o povo e os putos atrás... Era um tradição que já vinha da Monarquia Constitucional, da República e que se manteve no tempo do Estado Novo... Como não sabíamos a letra do hino da restauração, cantarolávamos: "Ó Tí Zé da pêra branca"...

1 de dezembro de 2017 às 11:24

Vou ter o prazer de ver a banda da minha infãncia, a AMAL Associação Musical e Artística Lourinhanense, participar hoje. na Av da Liberdade, em Lisboa, na 6ª Desfile Nacional de Bandas Filarmónica...

É um banda centenária, fundada em 1878... Creio que é a 1ª vez que vemn a este desfile...

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2017/11/guine-6174-p18029-agenda-cultural-614.html

1 de dezembro de 2017 às 12:04

(ii) Mário Vitorino Gaspar (Poste P18033)

O 1.º de Dezembro na vila de Alhandra é celebrado desde as 6/7 horas. A Banda Filarmónica da SEA (, Sociedade Euterpe Alhandrense, fundada em 1/12/1861) percorre toda a vila e presta Homenagens a todas as colectividades da terra. Curiosamente,  quase todas foram fundadas a 1 de Dezembro. Em cada sede tocam e sobem os músicos para beberem um copo. 

Todo o trabalhador acorda, tenha estado ou não de serviço durante a noite.  E os putos acompanhavam a Banda. Para a criançada da minha época a letra era: - "Tu não queres é trabalhar... Tum, tum, tum...". Gostaria de ter sido acordado em Gadamael com esta letra...

1 de dezembro de 2017 às 18:22 

(iii) César Dias  (Poste P18033)

Tinha 12/13 anos, no dia 1º de dezembro lá estavam as escolas da Grande Lisboa, representadas nos Restauradores, devidamente perfiladas com os uniformes da Mocidade Portuguesa, cantando o hino da Restauração.

Eram 4 horas difíceis para a rapaziada que nem podia arredar pé para as necessidades, daí os charcos q
ue se viam na Praça depois do toque de destroçar. Outros tempos.

(iv) Luís Graça (Poste  P18047)

Estive, como é habitual, nos Restauradores no desfile nacional de bandas filarmónicas, no 1º de dezembro, gosto que me vem da infância, quando seguia, atrás da banda local, agarrado ao capote do meu pai, pelas ruas da então vilória da Lourinhã, parodiando a letra do hino da 

Restauração: "Ó ti Zé da Pera Branca..., pum, pum, pum..."

Ao meu lado estava um casal de turistas, dinamarqueses, com ar de reformados, pessoas viajadas, instalados num hotel da Av da Liberdade... Metemo-nos à conversa, em inglês... Eles estavam encantados com toda esta movimentação de bandas filarmónicas e sobretudo com as crianças, os putos, muito compenetrados do seu papel, que compunham muitas das bandas... Foi um festival de alegria, juventude e saudável patriotismo... Os dinamarqueses, que adoram Portugal mais do que Espanha, diziam-me que no seu país (que eu, de resto, admiro) não havia nada disto...

(v) Luís Graça (excerto do poste P18047)

(...) Afinal, o que é ser hoje português? E o patriotismo, ainda existe e faz sentido? Pode ser uma reflexão (idiota) de um homem que um dia vestiu a farda do exército português para ir "defender a Pátria" a milhares de quilómetros de casa... Na Guiné, em 1969/71...

Qual a diferença e semelhança entre mim e os meus antepassados que lutaram na "guerra da restauração" (1640-1668), na sequência da rutura com a "monarquia dual" sob a qual Portugal viveu (entre 1580 e 1640), o mesmo é dizer sob o domínio do ramo espanhol da casa de Habsburgo.

Se a geração que fez a guerra colonial (1961/74) tivesse nascido por volta de 1620, teria lutado contra a Espanha dos Filipes em inúmeras batalhas por ex., Cerco de São Filipe (1641-1642); Montijo (1644); Arronches (1653); Linhas de Elvas (1659); Ameixial (1663); Castelo Rodrigo (1664); Montes Claros (1665); Berlengas (1666)... Mas também contra os holandeses no Brasil, em Angola, em São Tomé e Príncipe].

Que custo tem a independência de um país? O que é hoje ser independente? O que ganharam os aliados que nos apoiaram, e nomeadamente os ingleses? Sabemos que os ingleses ganharam um império e a autoestrada da globalização que lhes permitiu ser o 1.º país industrial do mundo... E os holandeses ocuparam boa parte das posições portuguesas na Ásia...

Não há alianças grátis...nem inimigos de borla... E nesse tempo, os portugueses tiveram mais sorte do que os catalães, debaixo da pata dos Filipes, como nós... Sorte?... Foi apenas a sorte 
das armas? (...) (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


1 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16784: Agenda cultural (525): comemoração do 1º de dezembro: 5º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas: Lisboa, av da Liberdade, hoje , a partir das 15h: 1600 músicos, 35 bandas e agrupamentos de todo o país... Desfile culmina com a interpretação conjunta de 3 hinos patrióticos, Maria da Fonte, Restauração e Nacional

1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12374: Agenda cultural (297): Comemorações do 1º de Dezembro, em Lisboa, na Av Liberdade, 14h30: 18 bandas filarmónicas e mais de mil músicos em desfile, culminando na interpretação conjunta de 3 hinos patrióticos, Maria da Fonte, Restauração e Nacional

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21599: Efemérides (345): Foi em 1 de Dezembro de 1640, há 380 anos, executada a "Operação da Restauração da Independência" (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

1. Em mensagem do dia 30 de Novembro de 2020, o nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66, autor do livro "Guerra da Guiné: a Batalha de Cufar Nalu"), enviou-nos este texto lembrando a Restauração da Independência de Portugal em 1 de Dezembro de 1640,  que hoje se comemora.


Há 380 anos, em 1640: duas mulheres, D. Luísa de Gusmão, duquesa de Bragança, e a moça Constância de Faria, noiva de 17 anos, provocaram os nossos camaradas conjurados à execução da “Operação da Restauração”…

Manuel Luís Lomba

Tornei-me recorrente na partilha com os Camaradas da minha hermenêutica (herética) dos compêndios de História.

Naquele tempo, os reinos eram enformados por dinastias, de jure pela “Graça de Deus”, a “via urinária” ou a “manu militare” a sua legitimação.

Rei Filipe II de Espanha
(1527-1598)

Em Abril de 1580, pela Graça de Deus e legitimação por “via urinária”, o rei Filipe II de Espanha, neto do nosso rei D. Manuel I, logrou que as Cortes realizadas no Convento de Cristo, Tomar, o aclamassem rei de Portugal, Filipe I, jurando-lhe um compromisso, à maneira de bom discípulo de Maquiavel: dinastia a mesma, mas independentes os reinos, os impérios separados e a obrigação de alçar o seu primogénito a rei de Portugal em exclusividade.

Nenhum dos primogénitos dos seus 4 casamentos sobreviveu, o filho e neto seus sucessores não só não se quiseram diminuir a rei de Portugal em exclusividade, como cuidaram de corromper o que restava da nossa traumatizada nobreza (dizimada em Alcácer-Quibir) e a nossa alta burguesia. Mas o povo ficou de fora dessa corrupção.



Estava o rei Filipe IV (e nosso III da dinastia filipina) a acudir à guerra dos Países Baixos, à Guerra dos Trinta Anos e o ex-Cónego Católico Gaspar de Gusmão, Duque de Olivares, seu potente Primeiro-Ministro, arranjou-lhe mais duas, ao convencê-lo a decretar a “castelhanização” dos reinos da Espanha - a Catalunha reagiu com a sublevação e fez chegar à Resistência portuguesa a informação do seu decreto secreto da anexação pura e simples de Portugal e do seu império à Espanha -, e ao decretar a mobilização das Forças Armadas Portuguesas para combater a Catalunha e a cometer essa missão ao então seu Chefe do Estado-Maior General (Governador de Armas de Portugal), o Duque de Barcelos e Bragança D. João I, que, por ser trineto de D. Manuel I, se perfilava como o candidato de maior potencial ao trono de Portugal.

Com esses decretos e seu proceder, inaugurava a contagem decrescente da nossa Restauração.
A Resistência portuguesa começou a organizar caçadas conspirativas nas herdades de Vila Viçosa com o futuro rei D. João IV, a Duquesa sua mulher (espanhola de naturalidade e grande portuguesa de coração) dispensou-lhes a melhor hospitalidade e apoio, a sua contra-informação despistou a “secreta” castelhana com a “revolta” popular encabeçada pelo Manuelzinho, um jovem deficiente, começada com o fogo posto às repartições públicas em Évora, ganhou escalada e passou a ir apedrejar as janelas e os telhados do palácio de Vila Viçosa, a vociferar que o Duque era pró-castelhano.

A eclosão da Restauração pertence a D. Luísa de Gusmão, ao animar o marido com a afirmação, solene, o que os conjurados já sabiam dela: “Prefiro ser rainha por uma hora que duquesa toda a vida!”

D. Antão Vaz de Almada, mentor da conjura aos 80 anos de idade, então Governador de Lisboa, convocara os 40 operacionais, dos cerca de 60 conjurados, para jantar, em 30 de Novembro, no seu Palácio de S. Domingos (actual Palácio da Restauração da Independência), reunião de concertação da “ordem das operações” previstas para o dia 9 de Dezembro, data simbólica, fazia 60 anos que Filipe I entrara em Portugal por Elvas, em armas, onde passara 2 meses a preparar a sua aclamação de nosso rei. António Telo, Capitão-Mor das Naus das Índias, o mais decidido e fogoso desses operacionais, falhou a janta, compareceu alta noite, a bufar e afogueado, declarou o seu juramento da eliminação às suas mãos e nesse mesmo dia, o valido do rei de Espanha e Primeiro-Ministro Miguel de Vasconcelos e Brito. Estava a chegar de livrar a sua noiva da tentativa de rapto pela sua guarda e à sua ordem.

António Telo estava noivo de Constância de Faria, moça de 17 anos, aparentada com D. Antão, órfã de pai, um herói da nossa História Trágico-Marítima, a residir com D. Joana de Faria, a viúva sua mãe, na sua quinta de Almada, e quisera o acaso de Miguel de Vasconcelos comprar a quinta confrontante. Entrado no alcoolismo, começara a assediar a mãe e a filha, o seu insucesso levou-o à anexação por expedientes ilícitos da quinta delas à dele e a fazer-lhes um ultimato: ou a Constância aceitava consolar-lhe a solidão decorrente do seu alto cargo, ou perdiam a quinta e eram postas na rua, por despejo.

Dado o seu comprometimento como conjurado, António Telo foi-se limitando à vigilância, e então o apelo da noiva falou mais alto – e “é pra hoje e não para o dia 9”!

A “ordem de operações” terá sido mais ou menos assim: o Paço do Governo (da Ribeira) e o Castelo de S. Jorge (comando das forças espanholas) os objectivos principais, o confinamento de personalidades espanholas ou pró, objectivos secundários.

Às 9H00 daquele 1 de Dezembro de 1640, o comando encabeçado por António Telo neutralizou com um golpe de mão a sua conhecida guarda desse Paço, a mesma que tentara o rapto da sua noiva, lançou-se na procura de Miguel de Vasconcelos, escapado para a outra ala, matou um criado tudesco por engano, enquanto outro grupo assaltava a ala de D. Margarida de Sabóia, viúva do Duque de Mântua e Vice-Rainha de Portugal. 

Encontraram o Miguel de Vasconcelos escondido num seu armário-arquivo, liquidaram-no com uma estocada, apresentaram-se como oficiais e cavalheiros ante a Vice-Rainha, esta assinou o auto de rendição da guarnição espanhola, como representante do rei de Espanha, António Telo ficou senhor do Paço, o cadáver do Miguel foi atirado pela janela, o peito vazado pela sua espada, em vingança da honra da sua noiva, o outro grupo foi executar outro golpe de mão, este incruento, ao Castelo de S. Jorge, e o general espanhol subordinou-se à rendição da sua superiora hierárquica.
Aclamação de D. João IV como rei de Portugal, pintado por Veloso Salgado 
(Museu Militar de Lisboa).


Restauração da Independência Nacional – em memória e celebração dos nossos camaradas de antanho, quase desconhecidos, que conjugaram na “Operação Restauração” o amor pátrio com o amor mátrio:

- D. Afonso de Meneses, Capitão-Mor de Monção
- D. Álvaro Abranches da Câmara, Governador Militar das Beiras e de Entre Douro e Minho
- D. Antão Vaz de Almada, Governador de Lisboa
- D. António de Alcáçova, Alcaide-Mor de Campo Maior e Ouguela
- D. António Luís de Meneses, General de Cavalaria
- D. António de Mascarenhas, Comendador da Ordem de Cristo
- António de Melo e Castro, Capitão de Sofala e da Índia
- António Teles da Silva, Capitão-Mor das Naus da Índia
- António Saldanha, Almirante
- D. António Telo, Capitão-Mor das Naus da Índia
- Aires de Saldanha, Comandante da Infantaria do Alentejo
- D. Carlos de Noronha, Presidente da Mesa de Consciência e Ordens
- Estevão da Cunha, Prior de S. Jorge, Lisboa
- D. Fernando Teles de Faro, Mordomo de D. Luísa de Gusmão
- D. Filipa de Vilhena, viúva de D. Luís de Ataíde, Capitão-Mor de Leiria
- D. Francisco de Vilhena, filho que ela armou Cavaleiro, para participar
- Francisco de Melo, Monteiro-Mor e o primeiro a angariar conjurados
- Francisco de Melo e Torres, Alcaide-Mor de Terena
- D. Francisco de Noronha, Coronel do Terço de Ordenanças
- Francisco de São Paio, Governador de Armas de Trás-os-Montes
- D. Francisco de Sousa, Governador de Armas de Setúbal
- Gaspar de Brito Freire, Morgado da Baía - Brasil
- D. Gastão Coutinho, General de Cavalaria
- Gonçalo Tavares de Távora, Capitão de Cavalos
- Gomes Freire de Andrade, Capitão de Cavalos
- D. Jerónimo de Ataíde, Capitão-General da Armada
- D. João da Costa, Alcaide-Mor de Castro Marim
- D. João Pereira, Prior de S. Nicolau
- João Pinto Ribeiro, Administrador da Casa de Bragança
- João Rodrigues de Sá, Capitão da Índia
- João Rodrigues de Sá e Meneses, Comendador da Ordem de Santiago
- João Saldanha da Gama, Capitão de Cavalos
- João Saldanha e Sousa, Tenente-General de Cavalaria
- Jorge de Melo, Almirante
- D. Luís de Almada, Cavaleiro e filho de D. Antão
- Luís Álvares da Cunha, Morgado dos Olivais
- Luís da Cunha, Cavaleiro
- Luís da Cunha de Ataíde, Presidente da Junta de Cavalaria
- Martim Afonso de Melo, Governador de Mascate – Índia
- D. Miguel de Almeida, Alcaide-Mor de Abrantes (94 anos de idade)
- Nuno da Cunha Ataíde, General de Artilharia
- D. Paulo da Gama, Cavaleiro e bisneto de Vasco da Gama
- Pedro Mendonça Furtado, Alcaide-Mor de Mourão
- D. Rodrigo da Cunha, Bispo de Lisboa e Inquisidor-Mor
- Rui Figueiredo de Alarcão, Comendador da Ordem de Cristo
- D. Rodrigo de Meneses, Governador da Relação do Porto
- Rodrigo de Resende Nogueira, Capitão-General de Angola
- Sancho Dias de Saldanha, Capitão de cavalos
- Tomé de Sousa, Comendador da Ordem de Avis
- D- Tristão da Cunha Ataíde, Comendador da Ordem de Cristo
- Tristão de Mendonça, Almirante

(Fontes: Casa Real Portuguesa e Wikipédia)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21508: Efemérides (344): No dia de Finados, lembro os meus camaradas Manuel Gaio Neto, Joaquim Pinto de Sousa, Gabriel Pereira Bagaço e João Fernandes Caridade (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18047: Fotos à procura de... uma legenda (97): O que é ser português hoje na "ponta mais o(a)cidental da Europa"? As coroas de flores, de muitas cores e feitios, das comemorações (oficiais) do 1.º de dezembro de 2017...


Foto nº 1 > Exército Português


Foto nº 2 > Força Aérea Portuguesa (FAP)


Foto nº 3 > Marinha Portuguesa


Foto nº 4 > Polícia de Segurança Pública


Foto nº 5 > Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA)


Foto nº 6 > Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Lisboa


Foto nº 7 > Presidente da República Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas


Foto nº 8 > 1º Ministro, António Costa


Foto nº  9 > Assembleia da República


Foto  nº 10 > > General CEMGFA (Comandante do Estado Maior General das Forças Armadas)


Foto nº 11 > Lisboa, 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenor)


Foto nº 12 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenor)





Foto nº 13 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenores)


Foto nº 14 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Praça dos Restauradores > 6º Desfile de Bandas Filarmónicas (pormenor)


Foto nº 15 > Lisboa > Av da Liberdade > 1 de dezembro de 2017 >   6.º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas > Uma representação da banda da AMAL - Associação Musical e Artística Lourinhanense, cuja origem remonta a 1878: da esquerda para a direita, Pedro Margarido, presidente da União das Freguesias da Lourinhã e Atalaia; Paulo José de Sousa Torres,  diretor da AMAL (e meu primo em 3.º grau)  e a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro... O puto é o "porta-estandarte" da AMAL que tem uma escola de música e um grupo de teatro...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Não fui  (aliás, nunca fui...) às comemorações oficiais do 1.º de dezembro, que voltou a ser feriado nacional na nossa terra em 2016. Mas fui à tarde, a Lisboa, à Av da Liberdade e à Praça dos Restauradores, ver as bandas e o desfile de mais de 1900 homens, mulheres e crianças das bandas filarmónicas do meu país... que é uma forma popular, agora em 6.ª edição, de comemorar esta data histórica da nossa pátria...

Mas interrogo-me sobre o significado de tudo isto: as cores e os feitios das vistosas coroas de flores, deixadas de manhã pelas instituições que nos representam, da Presidência da República à autarquia, passando naturalmente pelas Forças Armadas... E que ainda estavam viçosas, à tarde, quando por lá passei...

Afinal, o que é ser hoje português? E o patriotismo, ainda existe e faz sentido? Pode ser uma reflexão (idiota) de um homem que um dia vestiu a farda do exército português  para ir "defender a Pátria" a milhares de quilómetros de casa... Na Guiné, em 1969/71...

Qual a diferença e semelhança entre mim e os meus antepassados que lutaram na "guerra da restauração" (1640-1668), na sequência da rutura com a "monarquia dual" sob a qual Portugal viveu (entre 1580 e 1640), o mesmo é dizer sob o domínio do ramo espanhol da casa de Habsburgo.

Se a geração que fez a guerra colonial (1961/74) tivesse nascido por volta de 1620, teria lutado contra a Espanha dos Filipes em inúmeras batalhas   por ex., Cerco de São Filipe (1641-1642); Montijo (1644); Arronches (1653); Linhas de Elvas (1659); Ameixial (1663); Castelo Rodrigo (1664); Montes Claros (1665); Berlengas (1666)... Mas também contra os holandeses no Brasil, em Angola, em São Tomé e Príncipe].

Que custo tem a independência de um país? O que é hoje ser independente? O que ganharam os aliados que nos apoiaram, e nomeadamente os ingleses? Sabemos que os ingleses ganharam um império e a autoestrada da globalização que lhes permitiu ser o 1.º país industrial do mundo...  E os holandeses ocuparam boa parte das posições portuguesas na Ásia...

Não há alianças grátis...nem inimigos de borla... E nesse tempo, os portugueses tiveram mais sorte do que os catalães, debaixo da pata dos Filipes, como nós... Sorte?... Foi apenas a sorte das armas?...

Para o menino da foto n.º 14, que toca caixa na banda da sua terra (, já agora gostava de saber qual...), ter vindo a Lisboa neste dia, é  coisa que ele nunca mais vai esquecer na sua vida... Como eu, quando vim pela primeira vez à "cidade grande", à "capital do império", com os meus 7 ou 8 anos... Mas eu não toquei, como ele, os 3 hinos: o da Restauração, o da Maria da Fonte e o Nacional, ao lado da Banda da Armada e mais 32 bandas civis, num total de 1900 músicos... (Tenho vídeos dessa atuação conjunta, que prometo pôr "on line")... Este menino estava na fila da frente, a 20 metros de mim, e é por estes meninos que temos de pensar que ser português hoje ainda vale a pena e faz sentido... Ele representa a geração dos nossos netos... (LG)

2. Ainda hoje temos um tremendo défice de patriotismo... Ou talvez melhor, de educação cívica e de conhecimento da nossa história pátria. Sem conhecimento da história da Pátria não há amor da Pátria... (Diga-se que, para mim, o patriotismo é incompatível com muitos outros "ismos", tais como etnocentrismo, chauvinismo, imperialismo, colonialismo,  racismo, xenofobia; o patriotismo é inclusivo: eu sou patriota na exata medida em que eu e o meu vizinho espanhol coexistimos, pacífica e solidariamente)...

Os portugueses, depois da "decadência nacional", com o fim da breve "época de ouro" dos finais dos séc. XV e princípios do séc. XVI, passaram a ter uma baixa autoestima coletiva... Acontece com outros povos... E a "restauração da independência" em 1640 foi um longo processo que ainda hoje continua... Afinal, o que é ser "independente", numa economia globalizada e num planeta ameaçado?...

De qualquer modo, orgulho-me de pertencer a um povo (uma comunidade, um território, uma história) que fala e escreve uma língua como o português... Pensar que há uma linha de continuidade de mil anos, ajuda-nos a ligar o passado, o presente e o futuro, e a lidar melhor com os altos e baixos da nossa história... A coletiva e a individual.

PS - Há mais de 4 décadas a trabalhar e a viver em Lisboa, tive a agradável surpresa de ver desfilar (e depois encontrar) os meus amigos da Lourinhã e os jovens músicos da AMAL, começando pelo Pedro Margarido, generoso e popular autarca que acompanhou a banda, e - surpresa das surpresas - o Paulo Torres, meu 3.º primo, na qualidade de diretor da AMAL... 

O mundo é pequeno e em português nos entendemos... O Paulo  pertence a uma família de grandes tradições musicais, com ligações à banda filarmónica local: estou-me a lembrar  do seu avô materno (o meu tio-avô Francisco  Sousa, o "Fofa") e o seu tio Carlos Sousa, sem esquecer o outro seu tio, o António Sousa, fundador e músico do conjunto "Dó-Ré-Mi" nos anos 50/60, todos já falecidos... O Carlos passou a paixão da música a um dos filhos, talentoso percussionista e promissor maestro... (Creio que faz parte da banda sinfónica do Exército, não tenho a certeza).

Por sua vez, a mãe do Paulo, a minha prima Milu, é uma pessoa que me é muito querida... Confesso que não o reconheci de imediato, ao Paulo, aparecido ali de repente na Av da Liberdade, junto ao autocarro que levaria os músicos de regresso a casa. E no entanto eu tinha estado muito recentemente com ele e a mãe, na Lourinhã. Disse-me que tem dois filhos na banda... É portanto a quarta geração dos Sousa!...

Um pouco de genealogia: a minha bisavó paterna, Maria Augusta Maçarico (Ribamar, 1864 - Lourinhã. 1932) casou com o José de Sousa, da Lourinhã, de quem tece 7 filhos nados-vivos, incluindo a minha avó, Alvarinha de Sousa, que irá morrer jovem, em 1922, de tuberculose, tinha o meu pai 2 anos... O meu avô paterno, Domingos Henriques, viúvo, casou pela terceira vez. O meu pai foi criado pelo Francisco Sousa, o "Fofa"... 

Esse casal, Maria Augusta Maçarico e José de Sousa, eram, pois, os nossos bisavós, meus e do Paulo Sousa Torres...
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18045: Estórias do Juvenal Amado (58): os meus heróis do 1º de dezembro


Foto nº 1 >  Vários escriturários sendo o penúltimo,  do lado direito, o Silva


Foto nº 2 > Aqui o cap Pamplona a dar conhecimento básicos do morteiro 81 mm a dois escriturários entre eles o Fortes. (O outro camarada não é o Narciso, mas o Silva, 1º cabo escriturário, manda dizer o autor da foto, com pedido de correção da legenda...)


Foto nº 3 >  O André (Russo), maqueiro

Guiné > Região de Bafatá > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

Fotos: © Juvenal Amado (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto enviado em 3 do corrente  pelo o nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º cabo condutor auto rodas, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74),  a propósito da efeméride do 1º de dezembro (*)


HISTÓRIAS DO JUVENAL AMADO (**)

58 - Os meus heróis do 1º de dezembro 



A defenestração do Miguel de Vasconcelos
em 1/12/1640. Imagem de banda desenhada,
cuja autoria não  conseguimos apurar.(M. Gustavo?)
Durante a minha vida passei este dia em diferentes circunstâncias como toda a gente ou quase toda porque o que é importante para uns não é para outros.

Também para mim esta data teve grande importância numas alturas,  e noutras era só mais um feriado aproveitado para descansar .

Serviu de mote a discursos inflamados de nacionalismos, onde altos médios ou pequenos dignatários do pode  despejavam verborreia de palavras num português rebuscado e, muitas vezes ficávamos sem saber o que é que eles tinham dito na verdade. 

Não me lembro de ter retido nada do que se disse a não ser, que falavam da restauração da independência mais do conde de Andeiro e da famigerada Leonor Telles [, na crise de 1383-1385], mas lembro-me bem do frio que passava em calções, de bata branca, no largo junto ao Mosteiro de Alcobaça sob o olhar severo da nossa professora, que de maneira nenhuma aceitaria, que algum de nós faltasse na formatura . Mas o pânico dela seria de que nós fossemos sujeitos a reparo por falta de atenção e garbo infantil na parada onde estavam fardados os membros da Mocidade Portuguesa e da Legião Portuguesa, mais os bombeiros etc.

Juvenal Amado
As diferenças de opinião entre esta professora e minha mãe, que a conhecia de ginjeira por ter sido aluna dela, levou o meu pai agarrar nos parcos haveres mais família e vai dai fomos morar para a Vestiaria, terra onde a efeméride teve sempre pouco que contar. Acabei lá a 1ª  e fiz a 2ª e 3ª classes.

Só regressei à escola de Alcobaça para fazer a 4ª classe e aí tive como professor um já alto graduado da Mocidade Portuguesa, que ia fardado para a escola nos dias importantes e sempre aos sábados.

Como ele tinha já filhos da nossa idade, não percebia como que ele era da Mocidade Portuguesa, mas há uns anos apareceram as juventudes partidárias em que, são jovens militantes ou jotas até quase serem avós e aí estabeleci a comparação finalmente. 

Não merece a pena aqui exemplificar com nomes em que essa juventude partidária prolongada acabou com o dito feriado para desgosto de republicanos, monárquicos e do povo em geral, que passaram a lastimar o facto.

Mas lá diz o ditado, que não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe e assim, como Portugal viu a sua independência restaurada no 1º de dezembro de 1640, a tão insigne data foi restaurada como feriado nacional em 2016, com a curiosidade de que até quem acabou ou ajudou a tirar o feriado, vir hoje a terreiro congratular-se com a reposição do mesmo e dizer Muito bem! Muito bem!! Muito bem!!!

E dizem em alto e bom som, como se a verdade os tivesse iluminado e viesse de como um raio só para eles; “Era um direito do povo português ver este dia começar ainda deitado, como num feriado que se preze”. Sim porque em pleno inverno, não se podendo ir fazer ski (ou sku) à Serra Nevada, resta-nos o prazer de ficar no quentinho mais uma ou duas horas.

Não há nada mais certinho e direitinho , que os direitos do povo … bem, nem sempre como se sabe.

Mas a data passou a ter para mim outro significado, há 45 anos, pois precisamente neste dia o meu destacamento foi violentamente atacado ao arame pelos guerrilheiros do PAIGC, felizmente só com algumas escoriações e muita valentia, que não tinha nenhum patriotismo mas sim vontade de sobreviver.

Ontem faltavam 10 minutos para as 22 horas, relembrei aquela noite em que estando tão perto da malvada, constatei de quanto é estreita a linha que nos separa da vida e da morte.

Veio-me à memória os nomes dos camaradas que estavam comigo e os que, mais prontamente, reagiram ao ataque bem como os que estavam no mato, que podiam ser atingidos quer por fogo inimigo como amigo .

Ao Lourenço,  1º cabo mecânico auto, que deu as rajadas que obrigou o inimigo a denunciar-se cedo de mais, ao André, maqueiro, mais o Silva, escriturário, que usaram o morteiro 81 de forma evitar o pior, mais os que, de uma forma ou outra o melhor que puderam, reagiram com G3 e puseram em fuga os guerrilheiros,  renovo com muito obrigado. Para mim, foram os heróis desse 1º de dezembro...

Mais tarde uma pessoa muito importante para mim, também faz da data um dia de comemoração bem mais agradável.

Um grande abraço para todos tabanqueiros

PS - Na CCS foi ministrado um frugal treino de manuseamento dos dois morteiros 81, bem com da MG 42, a cozinheiros e corneteiros e escriturários já que os pelotões operacionais saíam em colunas ou patrulhas ora uns, ora outros, e os seus abrigos eram longe das referidas armas. Possivelmente terá sido assim noutras CCS.
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 16 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17866: Estórias do Juvenal Amado (57): A minha avó Deolinda Sacadura, uma mulher do 5 de Outubro

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18033: Manuscrito(s) (Luís Graça) (131): o 1º de dezembro no teu tempo de menino e moço


Foto e texto: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [. Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O 1º de dezembro
no teu tempo de menino e moço


por Luís Graça (*)



E no 1º de dezembro, 
a banda da tua terra a tocar
o 'Ó ti Zé da Pera Branca',
que era o hino da Restauração (**), 
e que um punhado de patriotas, monárquicos e republicanos, 
fazia seu, na tua aldeia,
quiçá para acicatar o Franco de Espanha 
e o Salazar de Portugal, 
e todos os traidores da pátria, 
os lacaios que tinham servido os Filipes! 

(Sabias lá tu quem era o Franco, 
o Salazar e os demais grandes deste mundo!)

Fazia frio, de tremer o queixo, 
nas efemérides do 1º de dezembro de 1640, 
e ias agarrado ao capote do teu pai, 
com outros meninos e outros pais, 
atrás da banda,
Rua Grande acima,
a gritar morte ao traidor Miguel de Vasconcelos (***):
- Vais Com Cuspo e Selo, Vasconcelos, 
Vais
Morte a Castela e aos seus serviçais!

(Sabias lá tu, meu menino, quem era a pátria, 
e o pai e a mãe da pátria?! 
E os seus heróis, os seus filhos, 
mais do que homens, menos do que deuses, 
sabias lá tu quem era eles, os heróis,
e os traidores, 
e os progenitores da pátria, 
os pais-fundadores!)

Sabias lá tu quem era 
o senhor, professor, doutor, Salazar,
que nos tinha salvo da guerra,
só conhecias o rapa-tudo, a espátula 
que a tua mãe usava na cozinha quando fazia bolos!
Não sabias, pois claro, 

nem nunca tinhas saído da tua terra,
mas tinhas-lhe medo, ao cara de pau, 
de nariz aquilino, 
especado na parede da tua escola do Conde de Ferreira,
olhando-te de soslaio,
vigiando-te e punindo-te, 
que os símbolos do poder eram
como o código de barras da zebra:
ou memorizas ou morres, logo à primeira,
mal nasças, ó zebrinha!

De um lado, o Craveiro Lopes, 
que irá a marechal de opereta, 
e do outro o Salazar,
ou era ainda o Óscar Carmona,
esse sim, o marechal de bigodes farfalhudos ?!

Não te esqueças dos nomes dos altos magistrados da Nação 
que te pode perguntar, 
lá em Lisboa, no exame da admissão,
algum senhor professor de óculos de aros
de casca de tartaruga,
e de nariz aquilino!

(Madruga, meu rapaz, madruga, 
para um dia chegares a ser homem!)

Não te perguntaram por eles, 
pelos altos magistrados da Nação,
lá no liceu Dom João de Castro,
mas pelos reis de Portugal:
nomes, cognomes... e moradas!


Excerto:

In: Luís Graça - Autobiografia: com Bruegel, o Velho, domingo à tarde, 2005, c. 50 pp. (inédito)

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Notas do editor:



(**)  Letra do Hino da Restauração:

Portugueses, celebremos
O dia da Redenção,
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.

P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.

Avante! Avante!
É voz que soará triunfal
Vá avante, mocidade de Portugal!
Vá avante, mocidade de Portugal!


[Diz o blogue Avenida da Liberdade:  "A autoria do hino, com data de 1861, é de Eugénio Ricardo Monteiro de Almeida (música) e de Francisco Duarte de Almeida Araújo e Francisco Joaquim da Costa Braga (poema original). Monteiro de Almeida era um compositor e professor do Conservatório Nacional (1826 - 1898). Almeida Araújo e Costa Braga eram os autores da peça de teatro musical em que o hino se incluía."...

A letra inicial, que fazia parte da peça "1640 ou a Restauração de Portugal”, estreada e publicada em 1861, já não é a mesma, sofreu alterações, no tempo da República, para se tornar "politicamente correta"... O hino (patriótico) tornou-se "viral", como díríamos hoje, e sobreviveu até agora, a 4 regimes...


(***) "Miguel de Vasconcelos (1590-1640):

Miguel de Vasconcelos foi nomeado escrivão da Fazenda do Reino em 1634 pelo Conde-Duque de Olivares. Um ano depois, a vice-rainha Margarida de Saboia (Duquesa de Mântua) nomeia-o Secretário de Estado [, equivalente a 1º ministro]. 

A deficitária economia do país e o constante favorecimento de Castela em detrimento dos interesses portugueses, fizeram eclodir em várias localidades do país revoltas e motins populares. O desprestígio das ações de Miguel de Vasconcelos neste contexto levou ao levantamento das massas em Évora e no Algarve em 1637, com ecos noutras zonas do país.

O culminar desses distúrbios deu-se a 1 de dezembro de 1640 (Restauração da Independência), quando um grupo de fidalgos invade o palácio real de Lisboa e mata a tiro o Secretário de Estado, lançando em seguida o seu corpo pela janela, para junto da multidão que se aglomerava no Paço da Ribeira."

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18029: Agenda cultural (614): Comemorações do 1º de Dezembro: 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas, Av Liberdade, Lisboa, 15h00-17h00: 1 grupo de percussão, 1 banda nacional militar e 32 bandas filarmónicas civis, c. 1900 músicos


1. Evento > 1 Dezembro de 2017 > 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro" > Convite e programa

O Movimento 1º de Dezembro lançou a ideia deste grandioso desfile e mobilizou por todo o país, com o apoio dos seus delegados e da Confederação Musical Portuguesa, diferentes bandas e municípios.

É possível realizá-lo graças ao apoio da Câmara Municipal de Lisboa e à capacidade de organização da EGEAC. A iniciativa conta também com o endosso da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal, que o incluiu no Programa Oficial das Comemorações do 1º de Dezembro, e com a parceria da CMP – Confederação Musical Portuguesa. Agradecemos também o apoio facultado pelo "Recheio" e pelo "Amanhecer".

O Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro" foi um êxito em 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. Será êxito maior em 2017.

13h30 - Concentração junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, na Avenida da Liberdade (ao Cinema S. Jorge)

15h00 - Início do Desfile

16h30 - Concentração final, na Praça dos Restauradores, e Apoteose Final com interpretação conjunta por 1.900 músicos dos três hinos: Hino da Maria da Fonte, Hino da Restauração e Hino Nacional.

17h00 - Fecho e desmobilização das bandas


Nesta 6ª edição, desfilarão as seguintes bandas e grupos, aqui ordenados por géneros e por ordem alfabética dos distritos e concelhos respectivos:


GRUPOS DE PERCUSSÃO:

Tocá Rufar (Seixal)

BANDA NACIONAL:

Banda da Armada

BANDAS FILARMÓNICAS:

· Banda Musical de Figueiredo (Arouca)

· Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro de Castro Verde (Castro Verde)

· Banda da Sociedade Filarmónica União Mourense "Os Amarelos" (Moura)

· Banda de Música da Carvalheira (Terras de Bouro)

· Associação Filarmónica Retaxense (Castelo Branco)

· Associação Recreativa Musical Covilhanense | Banda da Covilhã (Covilhã)

· Sociedade Filarmónica Oleirense (Oleiros)

· Banda Filarmónica da União de Aldeia de João Pires (Sociedade Recreativa e Musical) (Penamacor)

· Sociedade Filarmónica Aurora Pedroguense (Sertã, Pedrógão Pequeno)

· Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficência Fratelense (Vila Velha de Ródão)

· Sociedade Musical Recreativa de Alqueidão / Filarmónica do Alqueidão (Figueira da Foz)

· Filarmónica Instrução e Recreio de Abrunheira (Montemor-o-Velho)

· Sociedade Filarmónica Sangianense (Oliveira do Hospital)

· Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre (Montemor-o-Novo)

· Sociedade Filarmónica Portimonense (Portimão)

· Sociedade Recreativa e Musical Loriguense (Seia)

· Sociedade Filarmónica Avelarense (Ansião)

· Sociedade Artística Musical 20 de Julho de Santa Margarida do Arrabal (Leiria)

· Sociedade Filarmónica Pedroguense (Pedrógão Grande)

· Associação Musical e Artística Lourinhanense (Lourinhã)

· Banda da Escola de Música da Juventude de Mafra (Mafra)

· Banda Juvenil do Município de Gavião (Gavião)

· Sociedade Musical Nisense (Nisa)

· Sociedade Recreativa Musical Alegretense (Portalegre)

· Sociedade Filarmónica de Crestuma (Gaia)

· Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (Tomar)

· Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba (Alcácer do Sal)

· Banda Municipal do Barreiro (Barreiro)

· Banda Nova de Barroselas (Associação Banda Escuteiros de Barroselas) (Viana do Castelo)

· Banda Marcial de Tarouquela e Municipal de Cinfães (Cinfães)

· Banda de Música de São Cipriano “A Nova” (Resende)

· Sociedade Filarmónica Fraternidade de São João de Areias (Santa Comba Dão)


Será um total de 34 entidades, integrando 1 grupo de percussão, 1 banda nacional militar e 32 bandas filarmónicas civis.

Serão cerca de 1900 músicos, provenientes dos mais diversos pontos do país, que irão descer a Avenida da Liberdade para celebrar Portugal, a Independência e a Restauração, através de uma merecida homenagem a esta prática musical e à importante acção formativa e cívica das bandas filarmónicas.

Tendo como ponto de partida o monumento aos Mortos da Grande Guerra, o desfile descerá até à Praça dos Restauradores, para uma interpretação conjunta final das Bandas participantes, sob a direcção do Maestro Capitão-Tenente Délio Gonçalves, da Banda da Armada.

Ao longo do desfile, serão interpretadas várias marchas, bem como o Hino da Restauração. O alinhamento do momento colectivo conta também, além do Hino da Restauração, com a interpretação dos Hino da Maria da Fonte e Hino Nacional.

Assim não chova! Será um grande sucesso.

Fonte: Facebook > Eventos > 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro"

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 29 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18025: Agenda cultural (613): Amanhã, 30, pelas 18h30, na famosa Livraria Filigranes, em Bruxelas, apresentação da obra "Aristides de Sousa Mendes: memórias de um neto". Convite da Embaixada Portuguesa em Bruxelas e do Camões, I.P.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16784: Agenda cultural (525): comemoração do 1º de dezembro: 5º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas: Lisboa, av da Liberdade, hoje , a partir das 15h: 1600 músicos, 35 bandas e agrupamentos de todo o país... Desfile culmina com a interpretação conjunta de 3 hinos patrióticos, Maria da Fonte, Restauração e Nacional



Lisboa, praça dos Restauradores, 29 de novembro de 2015. Comemoração do 1º dezembro 1640. 27 bandas, oriundas de todo o país tocam o hino da Restauração.

Vídeo (1' 01') Alojado em You Tube > Luís Graça




Hino da Restauração (letra)

Portugueses, celebremos
O dia da Redenção,
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.

P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.

Avante! Avante!
É voz que soará triunfal
Vá avante,  mocidade de Portugal!
Vá avante,  mocidade de Portugal!



DESFILE NACIONAL DE BANDAS FILARMÓNICAS | COMEMORAÇÕES DO 1º DE DEZEMBRO

Fonte: Sítio da Câmara Municipal de Lisboa (com a devida vénia)


O desfile vai juntar cerca de 1600 músicos, de 35 bandas filarmónicas e agrupamentos de todo o país, que se reúnem em Lisboa para desfilar na Avenida da Liberdade, terminando com uma atuação conjunta nos Restauradores.

A apresentação do 5º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas é também uma homenagem a esta prática musical com mais de 200 anos que, um pouco por todo o país, continua a desempenhar um importante papel na formação cívica e musical de crianças e jovens.
 (*)

O desfile tem início às 15 horas, na Avenida da Liberdade, junto à Estátua dos Combatentes da Grande Guerra e termina nos Restauradores, com todos os grupos reunidos para interpretar o Hino da Maria da Fonte, o Hino da Restauração e o Hino Nacional, sob direção do Maestro da Banda Sinfónica do Exército, Tenente Duarte Cardoso. Acesso livre.

Esta iniciativa é uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa, a EGEAC e o Movimento 1º de Dezembro. (**)


ALINHAMENTO 5º DESFILE NACIONAL DE BANDAS FILARMÓNICAS



Tocá a Rufar
Grupo de Bombos de Atei
Banda Sinfónica do Exército
Banda Anfitriã: Associação para o Desenvolvimento Social e Cultural de Marvila (Lisboa)


Açores: 
Sociedade Filarmónica União e Progresso Madalense (Pico – Madalena)

Aveiro: 
Banda Musical de S. Tiago de Lobão (Sta. Maria da Feira)

Beja: 
Banda da Sociedade Filarmónica União Mourense “Os Amarelos"  (Moura)

Braga: 
Banda Filarmónica de Santa Maria de Bouro (Amares)
Banda Marcial de Arnoso (Vila Nova de Famalicão)


Bragança: 
Banda Filarmónica do Brinço (Macedo de Cavaleiros)
Banda de Música 1º de Maio (Mirandela)


Castelo Branco
Filarmónica Retaxense (Castelo Branco)
Filarmónica Recreativa Cortense (Covilhã)
Sociedade Filarmónica Oleirense (Oleiros)
Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficência Fratelense (V. V. Rodão)


Coimbra: 
Sociedade Recreativa Instrutiva e Beneficente Santanense (Figueira da Foz)
Filarmónica Sangianense (Oliveira do Hospital)


Évora: 
Banda Filarmónica da Casa do Povo de Nª Sra de Machete  (Évora)
Banda da Sociedade União Alcaçovense (Viana do Alentejo)


Faro: 
Banda Musical de Tavira

Guarda: 
Banda Academia de Santa Cecília – S. Romão (Seia)
Sociedade Musical Estrela da Beira - Seia


Leiria: 
Sociedade Filarmónica Maiorguense (Alcobaça)
Banda Recreativa Pedroguense (Pedrogão Grande)


Lisboa: 

Associação Musical de Cabanas de Torres (Alenquer)
Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro da Encarnação (Mafra)


Portalegre: 
Banda Juvenil do Município do Gavião
Sociedade Musical Euterpe de Portalegre



Porto: 

Banda Musical de S. Vicente de Alfena (Valongo)

Santarém: 
Sociedade Filarmónica União Maçaense (Mação)
Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (Tomar)

Setúbal: 
Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (Almada)

Viana do Castelo
Banda Filarmónica da Associação Musical de Vila Nova de Anha (Viana do Castelo)

Viseu: 
Sociedade Filarmónica da Fraternidade de São João de Areias (Sta. Comba Dão)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15431: Efemérides (204): 1º de dezembro de 1640: 0 hino da Restauração cantado pelo Coro dos Mineiros de Aljustrel e tocado por 27 bandas de todo o país, em Lisboa. na praça dos Restauradores



Vídeo (1' 12'')  > Alojado em You Tube > Luís Graça


Lisboa, praça dos Restauradores, 29 de novembro de 2015 > Comemoração do 1º de dezembro de 1640. Atuação do coro dos mineiros de Aljustrel,  entoando o hino da Restauração.


´
Vídeo (1' 01') Alojado em You Tube > Luís Graça

Lisboa, praça dos Restauradores, 29 de novembro de 2015 >  Comemoração do 1º dezembro 1640. 27 bandas, mais de 1500 músicos, oriundos de todo o país,  tocam o hino da Restauração.


Hino da Restauração (letra)

Portugueses, celebremos
O dia da Redenção,
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.

P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.

Avante! Avante!
É voz que soará triunfal
Vá avante mocidade de Portugal!