quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22768: Efemérides (358): Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes, Lisboa, 19 de outubro de 2021 (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Foto nº 1 > Lisboa > Panteão Nacional > 19 de outubro de 2021 > Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes > No final da cerimónia tive ocasião de me associar e dar os meus parabéns à família (descendentes) de Aristides de Sousa Mendes, na pessoa dum dos seus netos, Silvério de Sousa Mendes que aqui liderou a representação da família.



Foto nº 2 > Lisboa > Panteão Nacional > 19 de outubro de 2021 > Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes > A arquitecta Luisa Pacheco Marques tem sido uma das pessoas que muito tem trabalhado para a reabilitação da memóia de Aristides de Sousa Mendes. Entre os seus trabalhos contam-se as grandes exibições "Portugal, last hope” em Nova Iorque; no Luxemburgo: "Portugal, país de esperança em tempos difíceis"; o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes e o Museu em Vilar Formoso, um trabalho conjunto com a jornalista Margarida Ramalho, maioritariamente sobre Aristides e refugiados salvos por ele.

No meu lado direito está Leah Sills, cuja família foi salva por Sousa Mendes e esteve aí representando a “Sousa Mendes US Foundation”.


Foto nº 3 > Lisboa > Panteão Nacional > 19 de outubro de 2021 > Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes > Um grupo de "participantes/activistas” presentes na cerimónia. No meio do grupo pode-se facilmente reconhecer Gerald Mendes, neto do nosso humanista, presente frequentemente, senão mesmo em quase todos as cerimónias em honra de seu avô. Já no ano 2001 eu tive oportunidade de realçar o seu muito interesse em trabalhar pelo reconhecimento de seu avô, dando-lhe, em nome da International Raoul Wallenberg Foundation, a medalha “Aristides de Sousa Mendes” que esta na altura mandou cunhar para o efeito
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Foto nº 4 > Lisboa > Panteão Nacional > 19 de outubro de 2021 > Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes > A placa alusiva a Aristides de Sousa Mendes, honrando a sua presença no Panteão.


Foto nº 5 > Carregal do Sal > Cabanas de Viriato > Cemitério local > c. setembrro de  2021 > Ainda recentemente tinha visitado o jazigo da família de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato onde, por decisão da família, os restos mortais de Aristides de Sousa Mendes continuam, não obstante a  Concessão de Honras de Panteão Nacional  que foi dada pelo Parlamento Português a este nosso herói. No cimo do jazigo pode-se ver o brasão de Aristide de Sousa Mendes. 

Fotos (e legendas) : © João Crisóstomo  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de João Crisóstomo, um dos activistas que, desde 1996, mais contribuiu em todo o mundo para a reabilitação da memória de Aristides de Sousa Mendes (*). A residir em Nova Iorque desde 1975, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67). É membro da nossa Tabanca Grande.

Data - segunda, 15/11/2021, 14:16


Assunto - 
Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes



Caro Luís Graça,

Fiquei de te enviar umas fotos que tirei no Panteão em Lisboa em 19 de Outubro, no dia em que o nosso grande humanista Aristides de Sousa Mendes recebeu finalmente o reconhecimento e tributo que desde sempre lhe devemos: um lugar entre alguns dos verdadeiramente grandes na nossa história que no Panteão Nacional assim são reconhecidos. A um mês do evento saiu mais um artigo numa grande revista, neste mês de Novembro, que não posso deixar de mencionar.

Devo confessar que para mim este foi para mim, e verifiquei com muita satisfação para alguns outros presentes que comigo têm trabalhado nesta causa e aí se encontravam, um momento emocionante.

Em 1996 uma pessoa amiga, Anne Treseder, uma advogada americana amiga de Portugal e dos portugueses que vivia na Califórnia e que quando tentava aprender português tinha sabido da vida de Aristides por um dos seus netos, Carlos de Sousa Mendes, falou-me de Aristides de Sousa Mendes. E constatei na altura que, como eu até aquele momento, ninguém em Nova Iorque conhecia este homem e o que ele tinha feito em 1940. 

Ao contactar pessoas em Portugal para mais informações verifiquei surpreendido que também aqui poucos o conheciam. Isto levou-me a querer conhecer mais. Contactei então alguns dos seus familiares, em Portugal e nos Estados Unidos, especialmente John Paul Abranches, o seu filho mais novo que residia então na Califórnia. E quando me apercebi da sua grandeza e da grande injustiça de que havia sido vítima, não pude ficar parado e comecei imediatamente a trabalhar para que este nosso grande humanista deixasse de ser um ilustre desconhecido dentro e fora de Portugal.

Este reconhecimento agora vinha ao encontro e era resultado dos muitos esforços de muitos indivíduos e de longos anos também. Alguns deles, como Jaques Riviere em França e Anne Treseder nos Estados Unidos até já não se encontram entre nós; e outros, estando longe, como Manuel Dias em França, não puderam estar presentes. Mas para os presentes este não podia deixar de ser um momento muito especial. Mesmo que, como muito apropriadamente me fez notar um dos presentes, a maioria dos que por muitos anos tinham trabalhado a sério para a reabilitação deste nosso herói, se encontrassem naquele momento em "lugares discretos" no meio da audiência "fora das luzes”, enquanto indivíduos que, em comparação pouco tinham feito, se encontravam agora na frente nas "filas importantes”… Como sucede sempre em casos assim.

Mas isso não interessava no momento. O importante era que Aristides de Sousa Mendes estava finalmente entre alguns dos muitos que contribuiram para o melhor da história de Portugal.

E digo “alguns" porque nem todos os grandes e insignes da nossa história constam aí. Encontram-se aí sepultados (ou transladados) os restos mortais de alguns (não de todos os que deviam, mas compreende-se a dificuldade!) dos nossos grandes como Almeida Garret (1799- 1854) o primeiro por ordem cronológica, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, Humberto Delgado, e outros de lembrança relativamente recente. Aristides de Sousa Mendes, cujos restos mortais continuam no jazigo da família em Cabanas de Viriato fica aqui homenageado com uma placa. Mas está bem acompanhado, como se pode ver por outros também representados aqui em semelhantes circunstancias: D. Nuno Álvares Pereira, Luís de Camões, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral.

A modo de reflexão se me permites: Este momento em que Aristides de Sousa Mendes entrou no nosso Panteão Nacional foi, de alguma maneira também um momento de alívio. Ainda recentemente vimos a sua memória lembrada e reconhecida no Vaticano quando o Papa Francisco a 17 de Junho de 2020 mencionando nesta data Aristides de Sousa Mendes e o seu agir em 1940 consagrou este dia como o “Dia da Consciência” (**). 

 E por toda a parte, mundo fora, o seu nome deixou de ser desconhecido, como atestam os muitos trabalhos e reportagens mediáticas a seu respeito. Entre os que merecem destaque permito-me salientar um grande e bem escrito artigo na conceituada revista “Smithsonian” que neste mês de Novembro: a revista dedica catorze páginas ao nosso grande humanista. A partir deste momento o invocá-lo agora não é mais uma necessidade para desfazer uma injustiça, antes uma maneira de, em momentos difíceis, dele recebermos inspiração e motivação. O meu “envolvimento" será pois muito diferente depois deste acontecimento. (***)

É neste contexto que espero a sua memória venha a ser invocada e objecto de foco e ênfase a partir de agora: que o seu exemplo em seguir a sua consciência em momentos e situações de difícil escolha seja agora inspiração para todos. Situações e casos não faltam na situação de perigo e ansiedade em que o nosso planeta, devido à nossa irresponsabilidade em todos os campos e sentidos se encontra já neste momento. 

 Agora que estamos todos já a experimentar e a sofrer os efeitos das "mudanças de clima”, vamos focar os nossos esforços neste sentido: que a nossa consciência nos leve a envolvermo-nos todos para salvarmos o nosso planeta, enquanto ainda há tempo e possibilidade de o fazer. Na ocasião da COP 26 em Glasgow, o Cardeal Pietro Parolin fazendo-se eco do Papa Francisco, dizia: “estamos a presenciar a mudança duma época e um desafio à nossa sobrevivência como civilização”;... “não podemos deixar um deserto aos nossos filhos".

António Guterres foi igualmente bem claro na sua mensagem: ”O nosso planeta frágil está por um fio. Ainda estamos a bater à porta da catástrofe climática. É tempo de entrarmos em modo de emergência…”

Para ti e Alice (e a Vilma associa-se mim neste) um grande abraço, extensivo a todos os meus caros "camaradas da Guiné". 

João Crisóstomo, Nova Iorque
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Notas do editor:

(*) Vd poste de 13 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22623: Convite (18): O nosso camarada João Crisóstomo vai estar presente na Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes, no próximo dia 19 de Outubro pelas 11 horas

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