Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
Guiné 61/74 - P23989: Parabéns a você (2138): António José Marreiros, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3544 e CCAÇ 3 (Buruntuma, Bigene e Guidaje, 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de15 de Janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23983: Parabéns a você (2137): Manuel dos Santos Gonçalves, ex-Alf Mil Mec Auto da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)
sábado, 6 de março de 2021
Guiné 61/74 - P21974: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte VI: O Ramadão (2/3)
Foto nº 6 > Um cego é conduzido ao local da cerimónia por um familiar ou vizinho
Foto nº 7 > O grupo dos homens
Foto nº 9 > O almami conduz as orações (1)
Foto nº 10 > O almami conduz as orações (2)
Foto nº 11 > O almami conduz as orações (3)
Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 > O Ramadão (2 e 3)
Fotos: © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]2. Legendagem do Cherno Baldé ao poste P21971 (*)
Caros amigos,
O António Marreiros postou mais uma série de excelentes fotos falantes sobre a comunidade de Buruntuma no ano de 1972, por ocasião da celebração do fim do mês sagrado do Ramadão.
A seu pedido, aqui vão os meus comentários [às fotos nºs 1, 2, 3, 4 e 5]
Um homem grande no seu traze de festa a caminho do local da celebração que normalmente se realiza no centro da aldeia debaixo de uma árvore, a mais importante, que tradicionalmente recebe este acto de submissão a Alá, o criador, o benevolente e misericordioso, simbolizando a união e conc+ordia entre os habitantes da aldeia.
Em segundo plano e do lado direito vê-se um abrigo (bunker) contra flagelações e bombardeamentos de artilharia. Este tipo de abrigos feitos para protecção das populações civís existiam nas (fronteiras) zonas mais expostas as flagelações inimigas. Eram relativamente frescas durante o dia e insuportáveis durante a noite. Deviam ser limpos regularmente e bem resguardados sob pena de servir de covíl de cobras e outros répteis que abundam nas regiões tropicais.
O Almami (à frente) e o grupo dos seus auxiliares (seguindo atrás), a caminho do local da realizaçao da cerimónia, passam pelo grupo dos rapazes que estão sentados não atrás mas à frente das mulheres na ordem hierárquica da cerimónia de reza muçulmana que requer silêncio, calma e grande concentração.
Foto nº 5 [em baixo, ao centro] :
Cherno Baldé
PS - Fizemos uma pequena correcção à legenda das Fotos nº 2 e nº 3: O grupo dos rapazes vem a seguir ao dos homens adultos e não atrás das mulheres...
2. Legendas complementares do Cherno Baldé às fotos deste poste (Ramadão, 2/3)
As legendas estão perfeitas, gostaria de acrescentar alguns elementos sobre as fotos nºs 10/11 e 12.
Nas fotos nº 10/11 podemos ver do lado direito do Almami, no chão, uma pedra e o bastão que ele trazia na mão que têm significado histórico e que evoca a ligação e herança cultural e religiosa dos Hebreus/Judeus.
No fundo o Ramadão é a repetição ritual e simbólica de uma tradição judaica. Logo a seguir a esta cerimónia vão realizar uma recitação de algumas horas, lendo e traduzindo na lingua local a história resumida da história e da tradição da religião desde os primórdios com Abraão até ao legado (Sunna) do Profeta Mohamed, revisitando outros Profetas importantes como o Moisés (Annab Mússa) e Jesus (Annab Issa, na versão islâmica).
Na foto nº 12, o grupo das crianças já se dispersou, pois a eles não interessa a parte litúrgica da recitação que demora algumas horas, hoje é dia de festa e é esse o espírito que os anima. Em casa vão tomar o pequeno almoço e preparar o carneiro que será sacrificado logo que a cerimónia é finda e que vai juntar toda a família.
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(*) Último poste da série > 5 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21971: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte V: O Ramadão (1)
sexta-feira, 5 de março de 2021
Guiné 61/74 - P21971: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte V: O Ramadão (1)
domingo, 7 de fevereiro de 2021
Guné 61/74 - P21862: Fotos à procura de... uma legenda (143): "Macaco verde" [Chlorocebus sabaeus], dizem eles, depois do sueco Lineu (em 1766), que nunca esteve em Buruntuma ou em Bafatá e muito menos no Cantanhez... (António Marreiros / Fernando Gouveia / António Levezinho / Virgílio Teixeira)
Fotos (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Fotos (e legenda): © Fernando Gouveia (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guis dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, da autoria de Nicolas Bout e Andrea Ghiurghi (2018, 189 pp., AD - AIN - IBAP - IUCN, ISBN: 9788890894923).
Vê se o teu DI [, Diogo , o neto, com 14 anos] me/nos ajuda a identificar esta espécie animal (*)...
Como prenda de anos atrasada, segue um guia de observação de mamíferos da Guiné-Bissau, Parque Nacional do Cantanhez (que visitei em 2008; e o João em 2009)...
Pode ser que ele aprecie...embora agora seja mais ornitólogo do que primatólogo...
Grande abraço para os dois "guardiões da Ponta de Sagres".. Luís
3. Resposta do António Levezinho, meu camarada e amigo do peito, desde os tempos da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71):
Pede-me o Di que te agradeça o guia do parque do Cantanhez. Ao visualizá-lo disse logo que gostava de lá ir. Confesso que não lhe dei qualquer esperança em ajudá-lo a satisfazer o seu desejo.
Quanto à pergunta sobre a espécie do macaco, ele disse desconhecer. A praia dele, neste momento, são mesmo as aves.
Um abraço cá do Sul.
Aproveitei uma aberta sem chuva para continuar a limpar o quintal porque há sinais de Primavera ...mas também uma frente ártica vem a caminho que pode ser má, se descer a -7 C... Na pradaria Canadiana está mesmo frio, de -30 a -40 C para este fim de semana! Em Sagres são 14 positivos!!!
Encontrei duas fotos a cores do mesmo macaco que adorava dormir no meu peito quando tinha a camisa vestida e lhe abria dois botões (*).
Pelo que li no Guia, parece que é o "macaco verde"...
Coitado com certeza sentia falta do bando pois estava amarrado e só tinha um cão pequeno como companheiro...Um e outro davam-se bem e dormiam juntos, normalmente o macaco em cima do cão!
PS - Quando visitaram esse novo parque nacional conseguiram ver alguns animais ou não foi possível?
(ii) Fernando Gouveia, 7 fev 2021, 1h04 [ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, Cmd Agr 2957, 1968/70), autor de, entre outras séries notávais, "A Guerra Vista de Bafatá (Fernando Gouveia)" de que se publicaram cerca de 9 dezenas depostes;arquitecto reformado, transmontano, vive no Porto; tem mais de 165 referências no nosso blogue]
Fernando G.
(iii) Virgilio Teixeira, sábado, 6/02/2021, 22:40
Grande obra que tiveste a lembrança de me enviar. Sei muito pouco sobre fauna, quer na Guiné ou outro local qualquer. Dei uma vista de olhos e gostei, vou ler com atenção e curiosidade.
Onde estavam estes animais durante a Guerra de 61/74?
Obrigado pela lembrança, e espero que haja um bom titulo para estas curiosidades fantásticas.
Abraço, Virgilio Teixeira
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional de Cantanhez > Iemberém > 9 de dezembro de 2009 > 15h50 > Macaco fidalgo vermelho (ou fatango, em crioulo). Espécie, nome científico: Procolobus badius. Em inglês, western red colobus.
Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Nota do editor:
(*) Vd. Último poste da série > 6 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21861: Fotos à procura de...uma legenda (135): Que espécie de macaco é este ? (Foto: António M arreiros; texto: Luís Graça)
sábado, 6 de fevereiro de 2021
Guiné 61/74 - P21861: Fotos à procura de... uma legenda (142): Que espécie de macaco é este? (Foto: António Marreiros; texto: Luís Graça)
Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 > Miúdo com um macaco, de espécie não identificada (*)
Foto (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Ora cá uma imagem que hoje o António Marreiros não gostaria, por certo, de tirar nem nós de ver: um primato (como nós), um macaco do Velho Mundo, no cativeiro, como "animação de estimação" de uma criança...
De qualquer modo, é um "documento de época"...Mas não sabemos ao certo, até porque a foto é "preto e branco", de que espécie seria este primata...
Fica aqui o desafio aos nossos leitores, sobretudo àqueles que se interessam mais pela Fauna & flora da Guiné-Bissau (**).
(ii) Também pus a hipótese, mais remota, de ser um "macaco vermelho " ou "santcho fula",,, . "Erythrocebus patas (Schreber"), maior, mais corpoiento do que o "macaco verde".
Inclino-me mais para a primeira hipótese... Aconselho a consulta do Guis dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, da autoria de Nicolas Bout e Andrea Ghiurghi, editado em 2018, 189 pp. (AD - AIN - IBAP - IUCN ISBN: 9788890894923).
Aconselho vivamente este guia, disponível em formato pdf.
(*) Vd. poste de 5 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21853: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte IV: Crianças de Buruntuma
(**) Último poste da série > 29 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21822: Fotos à procura de... uma legenda (134): Afinal, nem Jabadá nem Gampará... A cena do banho e da "canoa turra" passou-se na "Tabanca Velha", a caminho do cais de Lala, Nova Sintra (Contributos de Carlos Barros, Virgílio Valente, Amílcar Mendes, Eurico Dias)
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
Guiné 61/74 - P21853: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte IV: Crianças de Buruntuma
Fotos (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:
Date: domingo, 31/01/2021 à(s) 20:38
Subject: Álbum de fotografias: Crianças de Buruntum
Olá, amigos,
As notícias que me chegam de Portugal são tristes e preocupantes. Aqui também não está risonho e temos de continuar vigilantes por muito mais tempo do que era previsto!
Como está de chuva e não posso ir procurar trabalho no quintal , venho enviar mais fotos, desta vez imagens de crianças em Buruntuma .
Desde 2015 que participo com o Plano Internacional na campanha de desenvolvimento e ajuda a crianças na área do Gabu. Por razões de segurança eles nunca revelam exactamente o lugar onde a criança mora.
Recentemente fui informado que esta organização não tem tão grande reputação junto da população como eu esperava e isso deixou-me surpreendido e desapontado. Vou tentar saber mais.
Cuidem-se e até à próxima colecção!
A. Marreiros
Último poste da série > 20 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21784: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte III: População de Buruntuma, 1972
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21784: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte III: População de Buruntuma, 1972
Fotos (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Date: segunda, 18/01/2021 à(s) 19:41
Subject: Álbum de fotografias
Olá a todos,
Festejei ontem is 70 anos e hoje envio mais um grupo de fotos de Buruntuma em 1972.
Um abraço,
Antonio Marreiros
(Canada)
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domingo, 17 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21775: Fotos à procura de... uma legenda (137): Pistas de leitura para uma festa do fanado mandinga, em 1973, em Bigene, região do Cacheu (Texto: Cherno Baldé; fotos: António Marreiros)
1. Mais um precioso comentário do nosso amigo e colaborador permanente Cherno Baldé, desta vez às fostos do António Marreiros, inseridas no poste P21760 (*) .
Voltamos a reproduzir, embora em formato mais reduzido, as belas imagens captadas pelo nosso camarada António Marreiros em Bigene, em 1973. O Marreiros, um algarvio que vive há muito no Canadá, foi alf mil, CCAÇ 3544, Buruntuma, 1972, e CCAÇ 3, Bigene, 1973/74.
Legendas para as fotos de uma festa do fanado,
Caro amigo António,
As fotos nºs, 1, 3 e 4 são do mesmo dia e da mesma festa de animação de um fanado mandinga de rapazes que já devem estar no mato h+a cerca de uma semana.
Os guardiões do fanado, lambés, voltam à aldeia com um ou dois kankurans ou cancurans (o tal ser mascarado com um tecido vegetal) que não é suposto ser conhecido e cuja origem e destino são desconhecidos tal como a origem do bem e do mal que ele vem exorcizar e extirpar a fim de proteger os jovens fanados (iniciados) que, supostamente, no preciso momento se encontram num estado de vulnerabilidade face às forças ocultas.
A festa é da comunidade, incluindo homens e mulheres, mas a animação é sobretudo dos mais novos entre jovens e raparigas, familiares dos iniciados ou fanados, que cantam e dançam dando conhecimento a todos que a vida e a saúde das crianças que se encontram na barraca do fanado estão bem protegidas pelo espirito do kankuran.
De casa em casa vão recolhendo alguns donativos em produtos alimentares que servirão para o sustento da barraca durante alguns dias e assim por diante.
A duração média de um fanado (periodo iniciático) é variavel entre 1 a 3 meses. Há casos extremos, verificados entre certos grupos (Balantas e Nalus) que podem durar até 6 meses.
A festa do fanado é um ritual de iniciação que já existia antes da chegada das grandes religiões dos livros ou abraâmicas e continuam a ser feitas já com alguma influência destas com a eliminação dos aspectos mais feticistas das religiões tradicionais africanas.
A foto nº 2 não deve estar relacionada com as outras, pois que se trata de jovens blufos, balantas em migração. Nesta fase das suas vidas são capazes de tudo, porque consideram-se livres das restrições da sociedade e é também a fase da moldagem do seu espírito e capacidades de guerra e de resiliência que os prepara para a vida futura onde a astácia, a camuflagem e a coragem sero os elementos mais apreciados e valorizados.
Durante a minha infância, e tão idiota que era, participei em três fanados diferentes no mesmo ano (1969).
Primeiro levaram-me para o fanado dos fulas, tipico dos Fulas-forros a que pertencia que durou mais ou menos um mês.
Duas semanas após a minha saida, eis que os jovens Fulas-pretos, por sua vez, deviam ser submetidos ao mesmo ritual, mas como diziam que o nosso era tão leve que mais parecia fanado de mulheres, lá fui outra vez para ver com os meus próprios olhos em que é que era, de facto, diferente. Desta vez não fui submetido ao corte físico [do prepúcio] como da primeira vez e, no fim, depois de dois meses, constatei que não era muito diferente daquilo que ja conhecia do meu primeiro fanado.
Passado um més após a saida deste último, era a vez de os mandingas celebrarem o seu fanado e, eis senão que o menino Cherno, sempre insatisfeito e curioso, queria ver com os próprios olhos como era o tão propalado fanado mandinga.
Apos três meses de vai e vem entre a barraca no mato e a aldeia para transporte de comida e água para os fanados-novos, incluindo os preparativos e as festas semanais dos kankurans na aldeia, finalmente fechamos a barraca, voltamos a aldeia num ambiente de grande frenesim festivo.
Mas, a constatação final era que tudo não passava de pura propaganda para a valorização de grupo e a única diferença a considerar, de facto, era a animação dos kankurans e o incomparável talento e capacidade de alardear e fazer propaganda e folcore sócio-cultural, típico dos (artistas) mandingas.
Factos e evidências que justificam o nascimento e sobrevivência do provérbio guineense que diz, em crioulo:"Duno di boca mas duno de mala".
Em tradução livre: Mais vale ter uma boca refinada do que uma mala cheia de dinheiro", ou seja, a aparência (a propaganda) quando bem utilizada, vale mais do que a riqueza (conhecimento, trabalho, o saber fazer). [O provérbio popular português diz o contrário: "Antes sê-lo que parecê-lo", LG. ]
Este conceito, também, é universal, acho eu e hoje mais que nunca. (**)
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21760: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte II: A festa do fanado
(**) Último poste da série > 3 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21731: Fotos à procura de...uma legenda (129): Pistas de leitura para um casamento Balanta-Mané, em 1973, em Bigene, região do Cacheu (Texto: Cherno Baldé; fotos: António Marreiros)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21767: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos de Buruntuma", 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte III: Lembro-me deles, os "Roncos", mas não dos nomes... Quem me ajuda ?
1. Mensagem do nosso camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:
Assunto - Álbum fotográfico