domingo, 9 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24212: Fotos à procura de... uma legenda (174): Legendas para as fotos do Ramadão de 1971, na tabanca de Saliquinhedim (K3) (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf / Cherno Baldé)

1. O nosso amigo Cherno Baldé prontamente respondeu ao nosso pedido de legendar as fotos que o camarada José Carvalho nos enviou, e que foram publicadas no poste P24207.
O nosso obrigado a ambos.
Ficam agora devidamente ordenadas e legendadas:


Foto 1 - Chegada e antes do início da reza que se inicia com a chegada do Imame acompanhado dos seus discíplos. O grupo deve posicionar-se de acordo com as regras da tradição islâmica, os mais doutos, com maior idade e experiência ficam a frente, junto do Imame. A lógica é simples, nenhum humano é perfeito e infalível, em caso de evidentes falhas ou impossibilidade, deve-se substituir o Imame sem interromper o ritual da reza. A seguir vem o grupo dos mais novos, mulheres e crianças.
Foto 2 - Após a chegada do Imame, dá-se início a reza com a leitura, pelo Imame, de alguns Surats do sagrado Corão, como recomenda a Sunna (prática) do Profeta do Islão, em fileiras unidas e bem compactas, fazendo lembrar o período conturbado do início do Islão no meio de rivalidades, guerras, traições e assassinatos, sobretudo no período que se seguiu a morte do Profeta em Medina.
Foto  3 - Após a leitura dos Surats, os participantes inclinam-se para a sua frente, imitando o Imame, em sinal de submissão e devoção a Alláh, o todo poderoso e misericordioso.
Foto  4 - A seguir à inclinação, o grupo levanta-se ao mesmo tempo para de seguida se prosternar, e com a testa no chão, numa postura de total submissão e devoção a Alláh e ao seu Profeta.
Foto 5
Foto 6
Foto 7
Foto 8
Fotos 5 a 8 A - Na parte final da reza tem lugar o que chamam de "Cutuba" ou Sermão com a participação de um grupo seleto de discíplos e pessoas dedicadas a causa da religião na comunidade, todos do sexo masculino, durante o qual é revisitada a longa história do Islão dos primórdios a actualidade, incluindo partes do periodo Judaico e dos textos do antigo testamento do Cristianismo com particular destaque as peripécias do antes, durante e após a fuga dos Hebreus do Egipto e a épica ou mitológica travessia do mar vermelho com o Profeta Moísés (Mussa para os Árabes) a frente da nação rumo ao deserto do Sinaí e que culmina com a vida e obra do Profeta Muahammad.
Esta parte é a mais importante, mas também é a mais monótona e menos interessante para a rapaziada que já está com os sentidos voltados para as comidinhas que, entretanto, estariam a preparar em casa de maneiras que, não raras vezes, só ficam os mais velhos a acompanhar esta longa narrativa prenhe de recomendações dogmáticas sobre a religião, a vida em comum e a necessidade e fundamentos da preservação dos ensinamentos e da tradição islámicas, a bem da comunidade.

Fotos: © José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753
Legendagem: Cherno Baldé

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Nota do editor

Vd. poste de 7 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24207: Fotos à procura de... uma legenda (173): O Ramadão de 1971 na tabanca de Saliquinhedim (K3) (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf)

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Zé Carvalho e Cherno Baldé... Excelente reportagem fotográfica feita a uma respeitosa distância.

Imã ou imame são duas grafias aceites pelos nossos dicionários. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Allah (do árabe) é grafado "Alá", em português.

Convém, por outro lado, conhecer(e decorar...) a locução, em árabe, "Allah akbar", Deus é Grande...

Antº Rosinha disse...

A Guine Bissau nos limites do deserto do Saara, muito islamizado, já nem se pode considerar um país sub-saariano.

Naquela região todos os paises chegaram pacificamemnte à independência, apenas a Guiné portuguesa, e Argélia precisaram de fazer guerra para conseguirem a sua independência.

Creio que após as independências o islamismo se expandiu e o cristianismo retrocedeu na África em geral.

Curioso que apesar do apoio ideológico soviético durante a guerra fria, na Guiné Bissau parece não ter diminuido o fervor religioso das pessoas.