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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22775: O meu sapatinho de Natal (2): E eu ainda não era eu: conto de José Teixeira



Lourinhã > Praia da Areia Branca > 6 de junho de 2019 > A duna em flor...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Belíssimo conto que o Zé Teixeira mandou ao nosso editor LG e à Alice, no passado dia 12 de novembro, "neste tempo de festa da vossa Clarinha" (que fez dois anos, celebrados no Funchal)... Resposta do LG:

"Belíssimo conto, Zé, o que mandaste, a mim e à Alice, no passado dia 12 de novembro, 'neste tempo de festa da vossa Clarinha' (que fez dois anos, celebrados no Funchal)...

Embora não fosse essa a tua intenção como autor, o editor LG fez questão de o partilhar com os amigos e camaradas da Guiné, na certeza de que o vão ler e apreciar. Obrigado, Zé, em meu nome e da Alice, avós da Clarinha. E quando ela for maiorzinha, prometo lê-lo, em voz alta. Ficará a saber então que tem mais um "tio-avô" com grande sensibilidade humana e não menor talento, capaz de escrever um conto como este, tão cheio de ternura e tão "natalício". Um balaio cheio das melhores coisas da vida e do mundo, para ti, esposa, filhos e netos, coisas que não têm peso nem medida: saúde, paz, amor, esperança...Um abraço fraterno, Luís".


 
Conto: E eu ainda não era eu…


por José Teixeira

[ex-1.º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá Empada , 1968/70; fundador e um dos régulos da Tabanca de Matosinhos; "senador" da Tabanca Grande, tem mais de 360 referências no nosso blogue]

 

Fui gerada antes de existir, em sonhos de amor, espelhados num berço de oiro fino, talhado a quente pelos meus pais, em noites de luar.

Caminhavam pela praia de Matosinhos fora, em passada suave, para não assustarem a leve brisa outonal que esvoaçava pelo ar e lhes roçava a face com carinho, alimentando o doce sonho que emergia dentro dos seus corações, vigiados por milhares de gaivotas em descanso, mais a norte, junto ao belo edifício do Terminal de Passageiros, enquanto outras esvoaçavam sobre as suas cabeças numa deleitável dança, animada por melodiosos cantos de acasalamento.

De mãos unidas pelos dedos firmemente entrelaçados, deixavam-se embalar pela música das ondas, que ajoelhavam a seus pés cobrindo-os de beijos, e sem querer lhes perturbavam a linha de pensamento que os unia, ao mesmo tempo que deixavam as doces gargalhadas de prazer e felicidade ecoar no espaço sideral que os envolvia.

Milhões de lâmpadas celestes projetavam tímidos raios de luz, deambulando pelo cosmos às escondidas da lua em fase de quarto crescente, até se cruzarem com aqueles olhos que irradiavam centelhas de felicidade. Retiravam-se, então, intimidados com o brilho que saltava alegremente daqueles olhares, como os raios do néon do mais belo reclame sobre o dom da vida.

Sonhavam o meu futuro num livro aberto cujas páginas estavam virgens. Imaginavam-me sentada na areia a escrevê-lo com tinta indelével da água azul do mar que lhe beijava os pés. E eu ainda não era eu. Eu era apenas o sonho que comandava as suas vidas. Era a estrela que brilhava no horizonte sem idade, caminhando ao encontro da luz da humanidade, trazendo na bagagem mil coisas belas. As mais belas que o mundo pode ter, para os encantar.

Por vezes, surgiam pequenas nuvens que escondiam o luar e as estrelas lá no alto dos céus e eu, que ainda não era eu, ficava triste. Tão triste como eles. Fantasmas cavalgando incertezas. Sombras agoireiras sobre o meu futuro, logo dissipadas pela esperança do amor que os unia e pela fé que transforma montanhas.

De repente, num estremecimento, que eles recordam a cada momento, deram corda à paixão que os unia, recolheram-se nas rochas plantadas na praia e eu nasci do mais belo ato de amor que o Planeta Terra conheceu. Cheguei transportada aos ombros, pelos ventos da ternura que os unia. Ousei bater, de mansinho, à porta da vida, e entrei sem pedir licença, na certeza de que seria bem-vinda e escondi-me silenciosamente no ventre de minha mãe. Estavam entrelaçados numa conversa animada e não deram pela minha chegada. Os gestos de carinho e afeto, que partilhavam entre si foram para mim o feliz prenúncio de que era ansiosamente desejada e senti-me uma felizarda por ter uns pais que se amavam tão profundamente.

E continuavam a sonhar. Acalentavam o sonho da minha vinda e eu estava no meio deles. Ainda pensei em transmitir-lhes um sinal. Talvez um pequeno enjoo à minha querida hospedeira, mas decidi acompanhá-los no sonho. Que sublime sonho!

Um belo dia, a minha mãe, notando a falta dos sinais da sua feminilidade, deduziu que eu tinha ousado aflorar dentro de si e guardou em silencioso anseio um sinal mais concludente da minha presença.

Durou pouco tempo o seu silêncio. A sua expectante alegria foi tão intensa que meu pai deduziu que algo de bom estava para acontecer. Também ele sonhava poder acolher-me nos seus braços, sem saber que eu já estava bem escondidinha no coração de minha mãe. Um terno e profundo abraço, que só os verdadeiros amantes sabem dar e saborear, foi a forma que a minha mãe encontrou para lhe transmitir a sua ansiedade. Senti-os a correr à procura de uma médica amiga, a Suzana, que confirmou a minha chegada.

Só sei que meu pai ficou tão “tonto” com a notícia que escreveu um lindo poema, que guardo como o primeiro e o mais belo presente que recebi, e o dedicou à minha mãe.



Estrela que brilhas no horizonte sem idade,
Ousaste bater à porta da vida,
De mansinho,
E entrar suavemente,
Caminhando ao encontro da luz da humanidade.

Trazes na bagagem mil coisas belas
As mais belas que o cosmos tem
Para nos encantar.
Serás sol ao amanhecer,
Lua cheia ao anoitecer.

Vem, meu bem,
Nosso caminho alumiar
Com o teu sorriso de bonança.
Flor em botão,
Rosa ou cravo, não importa,
Tu nasceste antes de ti
Em sonhos de amor,
Espelhados em berço de oiro,
Carregado de esperança.

Tu recebeste o sopro da vida
Em ninho de amor-perfeito.
Tu projetas amor em teu redor
O amor que nasceu contigo.
Tu levas amor a quem te ama,
Tu enriqueces de amor quem te protege,
Tu acolhes o amor puro
Do amor que te gerou,
Porque tu és amor,
Tu és o amor da nossa vida.



E assim se iniciou a minha aventura neste mundo. Convidaram os meus avós para virem, no domingo seguinte, almoçar cá a casa. Nesse dia, foram à florista comprar as mais belas flores e coloriram as janelas, mesas e prateleiras da casa. Puseram sobre a mais rica toalha de mesa o faustoso serviço de jantar, oferecido como prenda de casamento pelos meus tios Zeca e Linda. A minha mãe aprimorou um cabritinho assado no forno para dar um prazer ao meu avô, enquanto o meu pai, que não é adepto de doçuras, preparava uma salada de fruta com todos os ingredientes, para a sobremesa.

Era meio-dia quando os convidados, que até parece terem combinado a hora de chegada, o que não creio ser verdade, apareceram, felizes e contentes por poderem partilhar em comum um dia de convívio com os seus filhos. Creio que a minha avó Sofia já suspeitava, e tanto assim que trazia um belo ramo de rosas brancas para oferecer à filha querida.

Quando os meus pais lhes abriram a porta da rua, os acolheram de sorriso aberto e eles descobriram a pulcritude que transpirava no interior da casa, foi-lhes fácil deduzir que havia felizes novidades para contar. Não foram precisas palavras para anunciar que eu tinha chegado.

Uniram-se, os seis, comigo no meio, num abraço do tamanho do universo para festejar a minha vinda a este mundo. A felicidade que transbordou dos seus corações encheu o meu ego. Ah! Como eu gostava de ter perninhas, por mais frágeis que fossem, para poder expressar em pulinhos de alegria a felicidade que se apossou de mim, ao sentir-me assim bem-vinda! Mas eu era apenas um pequenino botão!

Ali mesmo andei de colo em colo. Fui elevada aos píncaros do céu pela minha mãe. Senti os abraços repartidos, os sorrisos espelhados da alegria que os animava. Os mil conselhos que as queridas avozinhas teimavam em dar à minha mãe foram guardados em livro de oiro. Todos eram precisos. Bem! Todos não. Alguns, já tinham barbas brancas como as do avô Tomás, outros, eram tão lógicos e de senso comum, que minha mãe apenas dava um sorriso de aceitação e os enviava para a pasta do esquecimento que acauteladamente trazia consigo desde o momento em que sentira minha chegada.

O meu avô paterno ficou tão comovido que pegou na mão da minha mãe, encostou-a ao coração e deixou cair uma lágrima de felicidade pela minha chegada, mas a minha avó, logo recolheu a lágrima num lenço de papel cor-de-rosa e pediu para chamarem o INEM. Foi tamanha a confusão que até eu fiquei assustada. Minha avó só gritava: "Chamem o INEM! Chamem o INEM!"

O meu avô, com a sua voz grossa, disse: "Qual INEM qual carapuça! Então não posso deitar uma lagrimazita de comoção que já estou doente?! Não te preocupes mulher, que o meu coração está forte e sobretudo feliz por saber que vou ser avô. Descansem e desfrutem este momento, tanto quanto eu!"

Fiquei então a saber que o meu avô sofria do coração, mas afinal estava apenas comovido e logo passou o susto, para eles e para mim, que ainda não estava preparada para estas coisas.

Estranhamente, os meus pais ainda não me tinham dado um nome. Fora tão curto o tempo, desde o momento em que me geraram, que nem se tinham lembrado de um nome para mim. Talvez se tivessem lembrado: creio que minha mãe tinha pensado em Constança e o meu pai sempre gostou do nome Gabriel; mas para quê pensar num nome para mim se nem sequer sabiam se eu era rapaz ou rapariga?! Nem eu sabia!

O mais importante para eles, segundo deduzi das suas palavras e pensamentos, era criarem as condições ideais para eu ser bem recebida. Meus avôs é que não descansaram e logo se puseram numa disputa acesa, perante o gáudio dos meus pais, pelo interesse demonstrado em me batizarem. No prolongado almoço que se seguiu, em que eu fui o centro das atenções, ouvi chamarem-me Miguelito, Dani, Tecas, sei lá! Tantos nomes me deram que já me esqueci, mas nada ficou decidido.

Talvez Constança! …Talvez Gabriel ou Rafael…talvez Tomás em honra do meu avô paterno… defendiam os meus pais, com afinco.

E assim passámos um belo dia!

A meio da tarde, bem comidos e bem bebidos, fizerem um tchim! tchim! à minha saúde e à minha mãe, como portadora do tesouro mais querido da vida deles, e eu senti-me um pequeno príncipe no reino que eles estavam a construir, de sonho e de esperança.

Agora já sei que era uma princesa e me vou chamar Constança.

Despediram-se com abraços e beijos e muitos desejos de felicidades para a minha mãe e para mim. O meu pai até se deixou envolver por algum ciúme que logo desapareceu na ternura de um beijo que minha mãe lhe deu.

Meus pais, mal fecharam a porta da rua, entrelaçaram-se um no outro e deram-me muitos beijinhos. Estavam tão felizes e eu sentia-me tão bem no meio deles! Viver deve ser uma coisa fantástica!

Depois, muita coisa boa me aconteceu...

A minha mãe trata-me com mil cuidados. Até já aprendi com ela a gostar de música! Sempre que está em casa a descansar, porque eu estou a crescer e devo pesar muito na sua barriguinha, ela deita-se a ouvir música e eu deleito-me com ela. Ficamos as duas muito quietinhas em silêncio. Bem, eu porto-me mal, porque já tenho o prazer de brincar e de lhe fazer cócegas. Aproveito os momentos em que ela está deitada, para brincar com os pés, mas ela parece gostar e vai logo pôr a mãozinha dela por cima. Até chama o meu pai para ele sentir o meu pé a fazer-lhe cócegas. E riem-se muito!... É tanta a sua alegria que até eu rio de prazer.

Sei que já tenho um bercinho junto do leito onde meus pais descansam, para quando eu sair da barriga da minha mãe, dormir aconchegada ao lado deles. Passam a noite abraçados um no outro. O meu pai ressona um pouco, mas não me incomoda. A minha mãe é que por vezes acorda e ficamos as duas sonhar o meu futuro. 

Vou ter muitas bonecas e outros brinquedos. Depois vou para a escolinha brincar com outros meninos e meninas e vou ter uma bicicleta oferecida pelo meu tio Zeca. Eu vou ser uma mulher alta como a minha mãe e tão bonita como ela. Não! Acho que minha mãe será sempre mais bonita que eu. Mas serei uma boa estudante e vou aprender a tocar piano como ela. Parece que o meu pai gostava que eu aprendesse a nadar. Ele ainda não mo disse, porque quem fala comigo é a minha mãe. Ela fala-me muito do meu pai e do amor que os une. O amor deve ser uma coisa muito boa, porque foi no amor que eles me geraram e, segundo ela diz, eu vim alimentar esse amor. Como eu me sinto feliz e orgulhosa!

Agora que sinto a quentura do tempo de verão a enlaçar-me e a convidar-me a ir ao encontro do mundo que me espera de braços abertos, com sorrisos acolhedores e corações cantando de júbilo, é tempo de aceitar o desafio para sair do cantinho acolhedor que minha mãe construiu dentro do seu coração e partir para a vida, levando comigo uma vontade tremenda de construir um mundo novo, de mão dada com todas as pessoas de boa vontade.

José Teixeira
____________

Nota do editor:

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21448: Em busca de... (307): Camaradas do Celestino Augusto Patrício Madeira, ex-fur mil, CCAÇ 2316 / BCAÇ 2835 (Bissau, Mejo, Gandembel, Guileje, Gadamael, Ganturé, 1968/69) (Rui Pedro Madeira e Silva, neto)



Foto nº 1


Foto nº 2

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2316 (19658/69) > Fotos do fur mil Celetino  A. P. Madeira, tirada provavelmente em 1969, em Guileje, na parada Alf[eres] Tavares Machado.



Foto nº 3

O Celestino A. P Madeira, que felizmente ainda está entre nós... Convidamo-lo, através do neto, a integrar a nossa Tabanca Grande... 

1, Mensagem do nosso leitor Rui Pedro Madeira e Silva, neto do fur mil, CCAÇ 2316 / BCAÇ 2835 (Bissau, Bula, Mejo, Gandembel, Guileje, Gadamael, Ganturé, Bissau, 1968/69):


Date: sábado, 3/10/2020 à(s) 21:04
Subject: Celestino Augusto Patrício Madeira - Batalhão de Caçadores 2835; Companhia de Caçadores 2316, Guiné - Mensagem do neto.

Exmos. Senhores,

É com um completo fascínio que descobri o vosso blogue.

Falo-vos como Neto do vosso Camarada, o Furriel Celestino Augusto Patrício Madeira, que pertenceu ao Batalhão de Caçadores 2835, da Companhia de Caçadores 2316 e serviu na Guiné (salvo erro) em 1968/1969.

Procurei extensivamente no vosso blogue sobre o Batalhão e sobre a Companhia, mas a única menção dele que descobri foi um print de um documento que representa a Relação Nominal do Pessoal da Companhia de Caçadores 2316. (*)






Em anexo, junto algumas fotos dele, de modo a que o possam reconhecer, ou conhecer outros camaradas, vossos e dele, que o conheçam.

O meu avô nunca falou muito à família sobre a sua experiência da Guerra, e eu, um pouco no espírito de curiosidade dele, gostava de obter algum relato, registo fotográfico, ou qualquer outra informação que V. Exas. possam ter sobre ele, se assim me for permitido.

Só nos últimos anos é que se foi abrindo sobre o assunto e possui agora em casa uma prateleira dedicada a essas memórias da passagem dele na Guerra, incluindo fotografias e outros adornos, nomeadamente a insígnia do Batalhão 2835.

Além do mais, também lhes pedia, se for possível, que me fizessem um pequeno sumário do percurso do Batalhão ao longo da campanha em que estiveram na Guiné, para perceber melhor por aquilo que passou.

Em jeito final, agradeço muito o vosso trabalho, em meu nome e da minha Mãe, filha do Furriel Madeira, por permitirem que saibamos mais sobre o meu Avô.

Os veteranos da Guerra foram esquecidos, mas vocês não se esquecem uns dos outros e isso inspira-me.

Esperando ler de V. Exas.,
Os melhores cumprimentos,
Rui Madeira e Silva
+351 967 10 20 40

 


Brasão da CCAÇ 2316 / BCAÇ 2835. Cortesia do Rui Madeira e Silva


2. Resposta do nosso colaborador permanente, José Martins;

Date: terça, 6/10/2020 à(s) 15:35 

Boa tarde

Acerca do solicitado, pouco mais podemos acrescentar ao que o Rui Madeira já tem.

Do Arquivo Histórico Militar já tem a relação nominal dos graduados da CCaç 2316 [, donde consta o nome do seu avô] [*)

Em UTW - Ultramar TerraWeb, tem 
os crachás do Batalhão e das companhias orgânicas, que já deve conhecer.

Dos livros da CECA [, Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974] pode ver, no 7º volume, tomo 11, pp. 107 a 119 a composição do comando do Batalhão e a atividade operacional, condensada [, Reproduzimos alguns excertos abaixo, da cópia em pdf, disponível na Net].

Estas são as dicas que podemos disponibilizar, utilizando o que já se encontra disponibilizado na Net.

Pode consultar o processo individual do avô, presencialmente, no Arquivo Geral do Exército, em Chelas, tendo necessidade de ter a data e local de nascimento, e o local em que foi recenseado, caso não tenha sido o local da naturalidade.

Fui contemporâneo do Celestino Madeira, uma vez que a minha CCaç 5 [, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70,] estava dependente, operacionalmente, do BCAÇ 2835 [
Bissau, Nova Lamego, 1968/69] .

Apesar da CCaç 2316 ser uma companhia orgânica do BCAÇ 2835, nunca esteve dependente operacionalmente dependente daquele, como se pode ver pela leitura do resumo da companhia.

Em http://ultramar.terraweb.biz/index.htm, clicar em "pesquisa no portal UTW" e colocar na página que surgir, em baixo no quadro "pesquisar", o marcador  "ccac 2316", sem pontos virgulas,  cedilhas, etc.

Algo mais que possa ajudar, disponham.

Abraço para todos e um abraço ao "nosso neto" Rui, já que os netos dos nossos camaradas, nossos netos são.

Zé Martins



Actividade operacional da CCAÇ 2316



Fonte: Portugal. Estado Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 107-110 (excertos). 

3. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro Rui, obrigado, antes de mais, pelo elogio que faz ao nosso blogue, e pelo seu caloroso contacto, que nos obrigou a uma pesquisa adicional sobre o batalhão e a companhia a que pertenceu o seu querido avô e nosso saudoso camarada Celestino Madeira.

Temos cerca de duas de dezenas de referências à CCAÇ 2316,  que passou por Bissau, Bula, Mejo, Guileje, Gadamael, Bissau, e alguns dos capitães que a comandaram, como o Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos e o [Octávio Manuel] Barbosa Henriques (***).

Como já vimos acima, o BCAÇ 2835 (Nova Lamego, 1968/69), constituido pela CCS, e pelas unidades de quadrícula, CCAÇ 2315, 2316 e 2317, teve como unidade de mobilização o RI 15, Tomar.  Partiu para o TO da Guiné em  17/1/68, e regressou a  4/12/69. 

O nosso colaborador permanente, José Martins que conhece bem o Arquivo Histórico.Militar, já lhe disse o essencial e já satisfez, em parte, a sua legítima curiosidade como neto.  Costumamos dizer no nosso blogue, que os filhos e os netos dos nossos camaradas nossos filhos e netos são.

Ficamos muito semsibilizados pelo seu gesto. Transmita as nossas melhores saudações ao seu avô, à sua querida mãe e, a esta em particular,  diga-lhe que o pai dela e os seus camaradas da CCç 2316 foram, seguramente, homens e militares que honraram a sua Pátria e estiveram em "sítios duros de roer" como, no sul da Guiné, a região de Tombali: Mejo, Gandembel, Guileje, Gadamael, Ganturé... Temos muitas referências no nosso blogue sobre estes topónimos, que foram lugares de "sangue, suor e lágrimas".

Infelizmente não dispomos, ainda, em papel ou em suporte digital a história da CCAÇ 2316. Pode ser que o Rui a consiga obter. fotocopiada, a partir do exemplar existente no Arquivo Histórico Militar. 

Mas entretanto dê- nos  mais dados biográficos sobre o seu avó, incluindo o ano e o local do nascimento, onde mora, o que tem feito...

Pode ser, por outro lado, que haja alguns dos seus camaradas de companhia (e até do batalhão) que tenham privado mais com ele, e que nos mandem fotos e histórias passadas com ele. 

Se não achar inconveniente, divulgamos o seu nº de telemóvel para eventuais contactos dos nossos leitores. Vá-nos dando notícias. Fica aqui o seu (e nosso)  apelo. (****)

___________

Notas do editor:

 
(**) Vd. poste de 30 de junho de  2012 > Guiné 63/74 - P10093: In Memoriam (120): Cor inf ref e escritor Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938 - Lisboa, 2012), comandante das CCAÇ 727 (1964/66) e CCAÇ 2316 (1968/69) (António Costa / Carlos Vinhal) 


(*****) Último poste da série > 7 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21052: Em busca de... (306): 1º Cabo Apontador de Metralhadora, nº 03122666, José Manuel Espínola Picanço, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68) (Mário Gaspar)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19299: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (111): "Estou muito feliz com a minha nota e foi graças a vocês" (Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver no norte de França, junto à fronteira com a Bélgica, em Wattrelos; neta do nosso camarada José Alves Pereira, CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66)





1. Mensagem de Adelise Azevedo, de 14 anos,  luso-francesa, filha de Isabel Pereira, neta de José Alves Pereira, ex-militar da CCAÇ 727, família que vive no norte de França, junto à fronteira com a Bélgica, em Wattrelos:

Bom dia Senhor Luis Graça,

após a entrega dos diplomas e boletins de notas em novembro, eu queria agradecer a vocês todos de me ter ajudado no meu projeto. (*)

Eu tive 90/100, os membros do júri apreciaram minha escolha de projeto. Era uma professora de História/Geografia e uma professora de Francês. A professora de Francês conhecia as obras do Senhor Mário Beja Santos, as duas ficaram emocionadas com a história dos combatentes da Guinée e a história de meu Avô.

Estou muito feliz com a minha nota e foi graças a vocês.

Aproveito para lhe desejar boas festas de fim de ano.

Beijinhos para todos.

Adelise

2. Comentário do nosso editor LG:

Querida Adelise, mamã Isabel e vôvô Pereira:

Mas que bela prenda de Natal!...A Adelise não pára de nos surpreender... E vemos que tem por detrás um grande família que é farol e porto de abrigo... 

Ficamos felizes por saber que o TPC ("Trabalho Para Casa") (sobre a guerra da Guiné, de 1961 a 1974) está feito e  a Adelise teve uma excelente nota. E vem agora mostrar a sua gratidão pela nossa modesta ajuda

A gratidão é um dos mais nobres sentimentos humanos. Ficamos sensibilizados pelo gesto da nossa amiguinha.  Aqui fica também o agradecimento dos editores do blogue aos nossos vários camaradas (Mário Beja Santos, José Martins, Manuel Luís Lomba, Virgílio Teixeira, António J. Pereira da Costa, Carlos Vinhal...) que responderam ao gentil pedido de ajuda da nossa "neta" Adelise... (Ela entende o português, mas escreve com a ajuda da mãe, Isabel Pereira.)

Deste nosso feliz encontro, fica uma marca (sob a forma de postes publicados). Mas gostaríamos também que o nosso camarada José Alves Pereira, avô da Adelise, que pertenceu à CCAÇ 727, ficasse mais tempo connosco, integrando formalmente a nossa Tabanca Grande... Bastaria, para tanto,  que a filha Isabel ou a neta Adelise nos mandasse duas fotos dele, uma do tempo da Guiné e outra atual, com uma pequena apresentação da sua pessoa... Sabemos que felizmente está vivo e já se tem encontrado, em Portugal, com os seus antigos camaradas de armas. 

Vou pedir também ao Manuel Luís Lomba, de Barcelos, que nos ajude no "acolhimento" deste nosso camarada. O Manuel Luís Lomba foi fur mil da CCAV 703/BCAV 705 (Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), é da mesma altura do avô da Adelise, e também passou pelo Leste.

Sabemos que a CCAÇ 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), só teve um comandante, o já falecido cap inf Joaquim Evónio Rodrigues Vasconcelos, e sofreu 18 mortos na guerra... Infelizmente não temos aqui ninguém que a represente.  Com a entrada do avô da Adelise, os bravos da CCAÇ 727 ficarão mais perto do coração de todos nós. (**)

 ____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18392: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) pede-nos bibliografia e outra documentação para um trabalho escolar, "Passeurs de Mémoires", sobre a guerra colonial na Guiné

(...) Bon dia, Senhor Luis Graça,

Meu nome é Adelise Azevedo, sou a neta do Senhor José Alves Pereira (CCAÇ 727). Tenho 14 anos e estou no Colégio "Saint Joseph La Salle" em Wattrelos, no norte da França, perto da fronteira belga.

Eu tenho que preparar um exame chamado "Passeurs de Mémoires" ("Passadores de Memórias") para o mês de maio de 2018. Eu escolhi de falar sobre a guerrilha na Guiné de 1963 a 1974.

Tenho sorte de ter o testemunho do meu avô, mas você poderia, por favor, me enviar documentos, fotos ... deste período da história da Guiné e de Portugal e me comunicar títulos de livros, documentários ...

Com antecedência, agradeço sua ajuda.

Atenciosamente, delise Azevedo (...)



Vd. também postes de:

15 de março de  2018 > Guiné 61/74 - P18420: Consultório militar do José Martins (35): elementos para a história da CAÇ 727 (Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), que teve 18 mortos em campanha, incluindo o alf mil inf António Angelino Teixeira Xavier, natural de Carrazeda de Montenegro, Valpaços

sábado, 24 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19229: Consultório militar do José Martins (38): Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466 / BCAÇ 2861, Bula e Encheia, 1969/70, a que pertenceu o meu avô (Cristiana Duarte)

1. Mensagem do nosso colaborador permanente José Martins [ex-Fur Mil Trms,  CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Data: quarta, 14/11/2018 à(s) 21:43
Assunto: Resposta a pedido de informações sobre a CCAÇ 2466

Caríssimos:

Estive hoje no AHM [, Arquivo Histórico-Militar,]  e consultei a História do BCAÇ 2861, processo bastante extenso. [Cota: 2/4/109/1)

Capítulo I – Mobilização, Composição, Deslocamento

Historia o início do batalhão, em 4 páginas.

Do Anexo 1, ao Capítulo I, constam 17 páginas com a composição de todo o batalhão. Em relação à CCAÇ 2466 [, Bula e Encheia, 1969/70,], estão nas páginas 13 a 17 (5 páginas).

Capítulo II – Actividade operacional

São 194 páginas, cujo resumo se encontra nos livros da CECA, volume 7, páginas 124 a 126.

Capítulo III – Baixas – Punições – Louvores – Condecorações.

São 41 páginas com os respectivos registos que, sem saber o nome do nosso camarada, o avô da Cristiana Duarte,] não é possível detectar algum registo.

Arquivo Histórico Militar

Telefone 218 842 415

Largo do Outeirinho da Amendoeira

1100-386 Lisboa

Horário: 2ª a 6ª feira, das 10H00 às 12H15 e das 13H45 às 16H45.

Não sei se o mail «ahm@mail.exercito.pt» ainda está activo.

Se necessitarem de algo mais, ao serviço de V. Exªs.

"Saúde e Fraternidade" e "A Bem da Nação"

Abraço

Zé Martins


2. Mensagem da nossa leitora Cristiana Duarte:

De: Cristiana Duarte  [email: cristianaduarte1425@gmail.com]

Data: terça, 11/09/2018 à(s) 14:48

Assunto: Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466

Boa tarde.

Tenho estado a ver o vosso blogue "Luís Graça & Camaradas".

O meu avô esteve na Guiné, no BCAÇ 2861,  CCAÇ 2466, tenho procurado informações sobre esse batalhão e essa companhia.

Gostaria de saber se por acaso o senhor não tem informações do mesmo ou se não me consegue disponibilizar um site que contenha por exemplo a listagem dos militares presentes nesse batalhão.

Aguardo resposta

Cumprimentos
Cristiana

PS - O nome do meu avô é José Henriques Ferreira [mensagem de 25/11/2018]
_________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18653: Consultório militar do José Martins (37): Monumento aos Combatentes de Vila Chã da Beira

segunda-feira, 19 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18437: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (53): agradecimento da nossa "neta" luso-francesa de Wattrelos, Adelise Azevedo, a todos quantos a estão a ajudar no seu trabalho escolar sobre a nossa guerra...

1. Duas mensagens, em português e francês,  da nossa "neta", luso-francesa, Adelise Azevedo, que mora em Wattrelos, na fronteira com a Bélgica (*):


(i) Data: 19 de março de 2018, 16h38

Bonjour Monsieur Luis Graça,

Je vous remercie pour vos félicitations qui me vont droit au cœur. Mes racines sont très importantes à mes yeux et je suis très fière d’être portugaise.

C’est vraiment très gentil de votre part de m’aider dans mon projet. J’espère aussi que Madame Fourrier saura apprécier mon travail et qu’elle m’attribuera une bonne note.

Encore un grand MERCI pour tout ce que vous faites pour moi.

Bisou pour vous et une bonne journée.

Adelise

Bom dia Senhor Luis Graça,

Agradeço-lhe dos seus parabéns que me vão direito ao coração.

Minhas raízes são muito importantes para mim e estou muito orgulhosa de ser portuguesa.

É realmente muito gentil da sua parte de me ajudar no meu projeto. 
Espero também que a minha professora a Sra. Fourrier apreciará o meu trabalho 
e que ela me dará uma boa nota.

Um grande OBRIGADO por tudo o que você faz para me ajudar.

Beijinhos para você e um bom dia.
Adelise

(ii) Data: 19 de março de 2018 às 17:06


Bom dia Senhor Luis Graça,

Estou muito alegre de ver que a minha ideia de trabalho é apreciada pelos antigos combatentes da Guiné.

Vou entrar em contato com o Senhor Virgilio Ferreira para pedir sua ajuda e agradecer-lhe por seu interesse do meu pedido.

Eu vou me conectar no seu blog para ver todas as fotos do Senhor Virgilio Ferreira.

Sua ideia de gravação ou filmagem é uma boa ideia, é uma boa maneira de ter uma lembrança com o meu avô. Obrigado por partilhar a ideia dos momentos que você gravou com seu pai, que também viveu um tempo terrível.

Comprei o livro de Gérard Chaliand, "La pointe du couteau",  que aconselhou-me o Senhor Mario Beja Santos. Este é um livro interessante, é o testemunho de Gerard Challiand, que passou mais de vinte anos da sua vida em 75 países da África (incluindo a Guiné), Ásia e América.

Meu avô lembra se muito bem do capitão dele, o Senhor Joaquim Evónio Vasconcelos.

Em relação a Joaquim Esteves Ferreira, meu avô já o viu diversas vezes. Meu avô esteve presente no encontro anual dos antigos combatentes em Barcelos. É sempre com grande emoção que o meu avô fala sobre o Senhor Joaquim Esteves Ferreira.

Eu vou mantê-lo informado sobre o resto do meu trabalho.

Obrigado pela sua ajuda, sem você, eu não teria tido todos esses elementos de trabalho.

Beijinhos para você e também para o Senhor Virgilio Ferreira.

Adelise

Bonjour Monsieur Luis Graça,

Ça me fait vraiment plaisir de voir que mon idée de travail est appréciée 
par les anciens combattants de Guinée.

Je vais contacter Monsieur Virgilio Ferreira pour lui demander son aide 
et le remercier de son intérêt envers ma demande.

Je vais me connecter sur votre blogue 
pour voir toutes les photos de Monsieur Virgilio Ferreira.

Votre idée d'enregistrement ou de filmer est une très bonne idée, 
c'est un bon moyen d'avoir un beau souvenir avec mon grand-père. 
Merci d'avoir partagé l'idée des moments que vous avez gravés avec votre papa, 
qui a connu aussi une période terrible. 

J'ai acheté le livre « La pointe du couteau » de Gérard Chaliand 
que m'a conseillé Monsieur Mario Beja Santos. 
C'est un livre intéressant, c'est le témoignage de Gérard Challiand 
qui a passé plus de vingt ans de sa vie 
dans 75 pays d'Afrique (dont la guinée), d'Asie et d'Amérique.

Mon grand-père se souvient très bien de son capitaine Joaquim Evónio Vasconcelos.

Concernant Monsieur Joaquim Esteves Ferreira 
mon grand-père l'a déjà rencontré plusieurs fois. 
Mon grand-père était présent à la rencontre annuelle des anciens combattants à Barcelos.

C'est toujours avec beaucoup d'émotion que mon grand-père parle 
de Monsieur Joaquim Esteves Ferreira.

Je vous tiens informé de la suite de mon travail.

Merci de votre aide, sans vous je n'aurais pas eu tous ces éléments de travail.
Bisou à vous et à également à Monsieur Virgilio Ferreira.
Adelise

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 e março de 2018 >  Guiné 61/74 - P18430: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (52): Evocação da minha guerra no Leste da Guiné, para uso da jovem luso-francesa Adelise Azevedo, pela sua dedicação à memória da saga de combatente do seu avô, José Alves Pereira, da CCaç 727 (Manuel Luís Lomba)

quinta-feira, 15 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18417: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (50): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) agradece a nossa ajuda para a realização de um trabalho escolar sobre a história do conflito que opôs o PAIGC e as Forças Armadas Portuguesas entre 1963 e 1974



França > Wattrelos > Colégio "Saint Joseph  La Salle" > Proposta de trabalho escolar para efeitos de avaliação em EPI  [Ensinamentos Práticos Interdisciplinares] "Passeurs de Memoire", apresentada a (e aceite por) os professores das disciplinas de Geografia e História. Nome da aluna: Adelise Azevedo [, 14 anos]. Ano/turma: 3D

Título do projeto: "A guerrilha na Guiné-Bissau (1963-1974)". 

Descrição detalhada: criação de um livro ilustrado com fotos sobre o conflito que opôs o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde [PAIGC] e as forças armadas portuguesas; inclui o testemunho do meu avô que foi soldado na Guiné, então portuguesa, de 1964 a 1967".

Apresentação, oral, individual,marcada para 16 de maio de 2018.  Assinatura da aluna. Assinatura dos pais. Data: 19/11/2017



França > Wattrelos > Colégio "Saint Joseph  La Salle" > Informação para a aluna / estrutura da prova e critérios de avaliação. O trabalho,  a ser avaliado por  um júri de pelo menos 2 docentes, consiste numa prova oral de 15 minutos: apresentação (5 m) e discussão do trabalho (10 minutos). A avaliação (100 pontos) é assim distribuída: 50 pontos para o domínio da expressão oral (neste caso em francês)  + 50 pontos para o domínio do assunto.

Infografia: Adelise Azevedo / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1. Resposta da nossa leitora Adelise Azevedo (*), com data de 11 do corrente:

Agradeço-lhe da atenção que você tem concedido ao meu pedido. Você não pode imaginar a alegria que senti quando eu vi que você respondeu a minha mensagem.

Eu queria agradecer também o seu camarada e critico literário, Senhor Mário Beja Santos. O livro que ele me enviou em pdf será um elemento de trabalho essencial para a realização do meu projeto de exame. Apenas lendo as primeiras frases do livro encontro o tema principal do exame « PASSEURS DE MEMOIRES » (« à memória de Ruy Cinatti, a quem prometi, logo em 1970, que trataria com carinho este dever de memória, incluindo os testemunhos literários de combatentes e estudiosos. »).

Quando ele evoca o amigo dele que possui uma biblioteca surpreendente em tesouros da história e da literatura guineenses, faz me lembrar quando eu era pequena e ainda hoje, que a minha mãe [, Isabel Pereira,] me dizia « Adelise, toma cuidado dos teus livros porque eles são tesouros. »

Eu vou seguir os seus preciosos conselhos, fazendo pesquisa no link que você me comunicou e no blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné.

Eu li a sua mensagem ao meu avô, ele ficou muito emocionado… e ele não era o único, toda a minha família ficou afetada por sua gentilidade [gentileza] e consideração…

O meu avô já me tem contando alguns episódios de momentos que ele passou na Guiné, são sempre momentos fortes em emoção… E com muita alegria que vamos lhe mandar, o meu avô e eu, uma foto de nós os dois.

Meus professores validaram a escolha do meu projeto (ver anexo) [, acima reproduzidos, com a devida vénia...]. Eu vou ter que passar uma prova oral na frente de um júri. Eu tenho que explicar como é que eu fiz para con[se]guir obter informações sobre o meu tema. Tenho que realizar a prova oralmente, com recurso a suporte. Minha professora de História Geografia (Madame Fourrier) está ansiosa de descobrir o conteúdo da minha realização, descobrir este período da história da Guiné, que não é muito conhecido dos meus professores na França.

Eu vou fazer um livro que incluirá toda a história da guerrilha na Guiné ilustrado com imagens e fotos…Vou também incluir uma parte, que se referirá a história da Guiné antes de ser uma colónia portuguesa. Este livro vai ser o meu suporte durante a minha prova.

Eu escrevo para você em português com a ajuda dos meus pais. eles dizem que às vezes eu falo e escrevo PORTUGNOL (meio português e meio espanhol). E você tem razão, falar e escrever português, é muito importante para o meu futuro e também é um grande tesouro.

Eu também devo no dia do meu exame dizer o que esse trabalho permitiu-me de aperfeiçoar no meu conhecimento e competência em certas disciplinas.

Eu percebi que a Língua portuguesa é muito importante na realização do meu projeto. Tem outras disciplinas como a Geografia, o Francês (escrito / oral) e a História.

Um grande beijinho para você e para as pessoas que você meteu em cópia da mensagem, principalmente para o senhor Mario Beja Santos.

Obrigado novamente por sua preciosa ajuda…

Adelise


2. Resposta do editor LG / Réponse de l'éditeur LG:

Parabéns, Adelise, a ti, à tua mãe Isabel Pereira, ao teu avô e nosso camarada da CCAÇ 727, José  Alves Pereira. Pela originalidade e o desafio do projeto.  Pelo teu entusiasmo. Pelo amor que tens aos teus pais, avós e às suas raízes, a velha nação que se chama Portugal. Parabéns também pelo teu português...

Vamos ver se te arranjamos mais materiais, nomeadamente mapas, fotos e resumos cronológicos.  Não queremos que te percas com tanta informação. E estamos certos de que vais tirar uma bela nota no exame de EPI (Ensinamentos Práticos Interdisciplinares). 

Um beijinho para ti, um "alfabravo" (ABraço) para o teu avô materno Pereira. Esperamos pelas vossas fotos...

Salut, Adelise, je te félicite, à toi, à ton collège, à tes enseignants, aussi à ta mère Isabel Pereira, à ton grand-père, José Alves Pereira, notre camarade de la compagnie de chasseurs de infanterie 727 (Guinée portugaise, 1964/66),

Je te félicite pour l'originalité et le défi de ton projet, l’enthousiasme, et surtou l'amour pour ta famillie qui n'oublie pas ses racines, c'est à dire, l'ancien et beaux pays qui s'appelle le Portugal. Félicitations aussi pour ton portugais écrit.

Nous irons trouver et t'envoyer d’autres supports d’information, utiles pour toi, y compris des cartes, des photos et des résumés chronologiques. Nous ne voulons pas que tu t' effondres avec d' autant d'information. Nous sommes sûrs que Madame Fourrier te donnera une belle note, le 16 mai prochain, à la suite de l'examen d’ EPI.

Bisou pour toi, un "alfabravo" [Abraço] pour ton grand-père maternel Pereira. Nous attenderons vos photos de famille.  Luís Graça,
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18392: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) pede-nos bibliografia e outra documentação para um trabalho escolar, "Passeurs de Mémoires", sobre a guerra colonial na Guiné

quinta-feira, 8 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18392: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Adelise Azevedo, de 14 anos, a viver em Wattrelos, no norte da França, neta do ex-combatente José Alves Pereira (CCAÇ 727, Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66) pede-nos bibliografia e outra documentação para um trabalho escolar, "Passeurs de Mémoires", sobre a guerra colonial na Guiné


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério municipal > Talhão militar português > Abril de 2006 > Campa nº 1271, de Anastácio Vieira Domingos, doldado, CCAÇ 727, falecido em 13 de dezembro de 1964, por doença, no HM 241, Bissau. Era natural de Santa Clara-a-Velha, concelho de Odemira, distrito de Beja. O soldado Anastácio Vieira Domingos, nº 688/64, teve como unidade mobilizadora o RI 16, de Évora. A comissão no CTIG  foi de outubro de 1964 a agosto de 1966. O soldado Anastácio Vieira Domingos não chegou a conhecer a época das chuvas: morreu ao fim de dois meses de Guiné, mais exactamente a 13 de dezembro de 1964. O seu nome consta do memorial aos mortos das guerras do ultramar, junto à torre de Belém.

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Municipal de Bissau > 6 de Março de 2008 > Um dos três talhões atribuídos aos militares portugueses, mortos durante a guerra colonial: trata-se, neste caso, do Talhão Esquerdo, onde estão as campas não identificadas. Como já o dissémos aqui, no nosso blogue, estes serão porventura os restos mais dolorosos do que restou do nosso Império... Segundo a Liga Portuguesa dos Combatentes, na Guiné haveria mais de uma centena de cemitérios improvisados (locais de enterramento, desde Buba a Nova Lamego, passando por Cacine a Guidaje), onde repousam, sem honra, nem glória, nem dignidade, os restos mortais dos nossos camaradas cujas famílias não tinham, na época, recursos financeiros suficientes (cerca de 11 mil escudos na época, cerca de 4500 euros, hoje) para, a suas expensas, trasladar os seus corpos para Portugal.

Foto de Nuno José Varela Rubim, hoje cor art ref,  um dos comandantes da CCAÇ 726 (Quinhamel, Guileje, Cachil, Catió, 1964/66), contemporânea da CCAÇ 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), que só teve um comandante, o já falecido cap inf Joaquim Evónio Rodrigues Vasconcelos, e a que pertenceu o avô da Adelise Azevedo,

Foto (e legenda) : © Nuno Rubim (2008) . . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem da nossa leitora Adelise Azevedo (França):


Data: 3 de março de 2018 às 13:43

Assunto: Pedido de informações sobre a era guerrilheira e a independência da Guiné


Bon dia,  Senhor Luis Graça,

Meu nome é Adelise Azevedo, sou a neta do Senhor José Alves Pereira (CCAÇ 727).

Tenho 14 anos e estou no Colégio "Saint Joseph La Salle" em Wattrelos, no norte da França, perto da fronteira belga.

Eu tenho que preparar um exame chamado "Passeurs de Mémoires" ("Passadores de Memórias") para o mês de maio de 2018.

Eu escolhi de falar sobre a guerrilha na Guiné de 1963 a 1974.

Tenho sorte de ter o testemunho do meu avô, mas você poderia, por favor, me enviar documentos, fotos ... deste período da história da Guiné e de Portugal e me  comunicar títulos de livros, documentários ...

Com antecedência, agradeço sua ajuda.

Atenciosamente,

Adelise Azevedo

59150 Wattrelos

FRANCE


Bonjour Monsieur Luis Graça,

Je m'appelle Adelise Azevedo, je suis la petite-fille de Monsieur José Alves Pereira (CCAÇ 727).

J"ai 14 ans et je suis au collège Saint Joseph La Salle à Wattrelos, dans le nord de la France, à proximité de la frontière belge. 
Je dois préparer un examen qui s'appelle "Passeurs de mémoires" ("passadores de memorias") pour le mois de mai 2018. J'ai choisi de parler de la guérilla en Guinée de 1963 à 1974.

J'ai la chance d'avoir le témoignage de mon grand père, mais pourriez-vous me transmettre des documents, photos... sur cette période de l'Histoire de la Guinée et du Portugal et me communiquer des titres de livres, documentaires...

D'avance, je vous remercie de votre aide.

Cordialement,

Adelise Azevedo



2. Pedido aos nossos camaradas José Martins e Mário Beja Santos:

Zé Martins e Mário:

Duas ou três sugestões para a nossa amiga Adelise Azevedo, neta de um camarada nosso... Tenho notado uma crescente procura do nosso blogue, por parte  dos franceses (ou luso-franceses)...Vejo pelas estatisticas do Blogger.

Este mês, com um total de c. 90 mil visualizações / visitas, a França vem surpreendentemente em 2º lugar, à frente ds EUA, nas visitas ao nosso blogue... Ab, Luís



Visualizações de páginas
Portugal
24566
França
23676
Estados Unidos
15284
Reino Unido
6347
Turquia
2271
Itália
1588
Brasil
1225
Espanha
1049
Canadá
804
Alemanha
728



3. Resposta do Mário Beja Santos, com data de ontem:


Bom dia a todos, a nossa jovem amiga tem duas versões para o seu trabalho: o que escreveram os autores franceses e os testemunhos dos portugueses.

Obviamente que temos de ser parcimoniosos, para ela não se afogar em papel. Lembro os testemunhos de Gérard Chaliand (não terá dificuldade, penso, em encontrar La Pointe du Couteau, Robert Laffont, Paris, 2009), Réné Pélissier, Basil Davidson em francês. 

Se vivesse em Paris, era de sugerir consultas no Centro Cultural Português, está recheado de literatura alusiva. 

Creio igualmente que se poderia mandar referências aos vídeo franceses [ do INA] de que largamente temos aqui feito referência. Vejo com dificuldade pôr a jovem a ler o nosso blog em toda a sua extensão. 

Vou enviar-vos em PDF o meu livro “Adeus, até ao meu regresso”, neste caso, seria de a avisar que se trata do panorama da literatura da guerra da Guiné. Tenho outros PDF  de outros livros meus, vocês dirão se devemos inundar a jovem com toda esta literatura. 

Um abraço do Mário

4. Resposta do editor Luís Graça:

Em Dia Internacional da Mulher temos a obrigação de ajudar esta jovem, neta de um camarada nosso, um português da diáspora. Como a gente costuma dizer, na nossa Tabanca Grande, os filhos e os netos dos nossos camaradas, nossos filhos e netos são...

Obrigado, Mário, pelas tuas sugestões de leitura. Vou enviar inclusive o pdf do teu livro à nossa menina. Tu és, nesta matéria,  uma verdadeira autoridade, ninguén como tu tem o conhecimneto, em extensão e profundidadr, da literatura sobre a guerra colonial na Guiné. E és, de há largos anos, o  crítico literário por excelência do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

A Adelise fará, depois, uma triagem  do que lhe interessa para o seu trabalho escolar, que eu imagino seja relativamente rudimentar. O nosso blogue também é uma vastíssima e rica fonte de informação e conhecimento sobre a guerra colonial na Guiné. Mas ela não irá ter muito tempo para vascular 14 anos de blogue, com mais de 18 mil postes e 70 mil imagens e alguns vídeos, para além de outros  tantos 70 comentários. Tem as cartas ou mapas da Guiné, disponíveis em formato digital, à escala de 1/50 mil...

Temos ainda, na coluna do lado esquerdo  do nosso blogue,  una lista com links, com mais de 4 mil marcadores, descritores ou referências, que serão seguramente úteis para o seu trabalho. Veja-se, por exemplo, o descritor CCAÇ 727, que foi justamente a companhia a que pertenceu o avô José Alves Pereira. 

Ver aqui, nais especificamente. a história da unidade, os sítios por onde passou, as baixas (mortos) que teve, etc. Mas a Adelise também pode (e deve) fazer uma entrevista, semi-estruturada, ou semi-diretiva, ao avô. Ponha-o a falar, no caso, obviamente, de ele viver em França e ao pé dela... Em suma, fazer uma "petite histoire de vie",com fotos dele e dos seus camaradss, por exemplo...

Aconselho também a consulta do portal Guerra Colonial 1961-1974, organizado pela A25A - Associação 25 de Abril, em colaboração com a RTP. Sobre o Teatro de Operações da Guiné, a Adelise encontrará informação específica aqui. Inclui multimédia.

O INA - Institut National de l'Audiovisuel, da França, também tem alguns vídeos interessantes sobre a guerra na  Guiné (hoje, Guiné-Bissau). Ver em especial este "Guerre em Guiné" (, ORTF, 1969) (c. 14 minutos), de que temos um resumo analítico alargado, no nosso blogue.

No Google Imagens, encontrará centenas e centenas de documentos que lhe poderão interessar... Fazer a pesquisa deste modo: Google > Imagens > Guiné + "guerra colonoal" [, assim, com aspas]...

Na RTP Arquivos também tem algumas reportagens, mas menos interessantes...O regime político, de então, não estava nada interessado em mostrar à população a brutal realidade da guerra, em especial na Guiné...

No portal Casa Comum, organizado pela Fundação Mário Soares, tem à sua disposição o Arquivo Amílcar Cabral, de consulta também útil e interessante, nomeadamente em termos de espólio fotográfico.

Poderá ainda consultar uma obra de referência,  enciclopédica, " Os Anos da Guerra Colonial (1961 - 1975)", da autoria dos historiadores militares  e coronéis reformados, Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes (Matosinhos: Quidnovi: 2010, 838 pp., preço de capa c. 45€). O Carlos Matos Gomes foi, inclusive, combatente na Guiné.

Haveria muito mais fontes, mas para já e atendendo à natureza do trabalho em curso, para efeitos escolares, achamos que é suficiente. A Adelise poderá, de resto, consultar-nos, para tirar qualquer dúvida mais concreta.

Vamos desejar boa sorte  para o trabalho da Adelise, vamos ajudá-la a ter uma excelente nota no exame.  E no final vamos convidá-la a integrar a nossa Tabanca Grande, em representação do seu avô. Para isso, vai mandar-nos uma foto dela, e duas do avô (uma atual e outra do tempo da Guiné). Mas isso só depois de entregar o trabalho... no próximo mês de maio. Um beijinho para ela, um grande abraço para o avô.

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Nota do editor: