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terça-feira, 25 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2681: CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje (Guileje, Mar 1970 / Fev 1971) (José Crisóstomo Lucas / Abílio Pimentel)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... As boas vindas... Na foto, no lado esquerdo, o Fur Mil Abílio Pimentel, de seu nome completo Abílio Alberto Pimentel Assunção.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... A chegada da avioneta com o correio (e, às vezes, alguns víveres)... Na foto, em primeiro plano, da esquerd para a direita, o Fur Mil Abílio Pimentel, um alferes e o piloto da aeronave, cuja identidade desconhecemos. O Álbum Fotográfico do Pimentel não tem legendas... Mas segundo informação posterior do Jorge Félix, ex-Alf Pil Av, a aeronave (um Cessna vermelho) pertencia aos TAGCV - Transportes da Guiné e Cabo Verde e o piloto era o Castro, "naquele tempo já na aviação civil" (LG).

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... O Fur Mil Abílio Pimentel junto a uma das peças de artilharia 11,4 que guarneciam o aquartelamento (LG).



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... As boas vindas... Na foto, junto a um abrigo (creio que o do morteiro), do lado direito, o Fur Mil Abílio Pimentel, tendo a seu lado, em tronco nu, o Alf Mil José Carlos Mendes Ferreira, falecido há ano e meio, amigo do Humberto Reis, do Tony Levezinho e de mim próprio (furriéis milicianos da CCAÇ 12). Era natural da Amadora ou vivia na Amadora, desde miúdo (já não estou certo). Visitou-nos em Bambadinca, a caminho da região do Gabu para onde foi inicialmente o seu batalhão (BCAÇ 2893) e a sua companhia (CCAÇ 2617). Ainda convivi com ele na Amadora, depois do regresso da Guiné (LG).

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... O Fur Mil Abílio Pimentel num jipe (LG).

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... O Fur Mil Abílio Pimentel com o Alf Mil José Carlos Mendes Ferreira (LG).


Fotos : © Abílio Pimentel / AD - Acção para o Desenvolvimento (2006). Direitos reservados. (Editadas por L.G. Reprodução com a devida vénia...)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971... O emblema dos valorosos Magriços do Guileje, que pertenciam ao BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71)

Foto: © Tino Neves (2006). Direitos reservados



1. Mensagem do José Crisóstomo Lucas, com data de ontem:



Meu nome : José Crisóstomo Lucas, ex alferes miliciano [, de operações especiais], de uma companhia residente em Guileje (Guiledje) entre 1969 e 1971, conhecida pelos MAGRIÇOS DE GUILEJE, de que muito me orgulho [, a CCAÇ 2617] (1).

Sou amigo pessoal do vosso cartógrafo de serviço (Humberto Reis ) que conheci só em Lisboa através de outro alferes Magriço, já falecido, [o José Carlos Mendes Ferreira,] bem assim como do Hélder de Sousa, que hoje descobri também ter estado na Guiné sendo um antigo combatente, embora não tenha lá voltado.

Eu, pelo contrário, já voltei a Bissau. Fui muito bem recebido nomeadamente por diversos ministros e pelo Sr Presidente na altura (Nino Vieira, que é o mesmo de hoje). Alguns dos que estavam nessa reuniões, eram antigos combatentes ( um deles, de que não me lembro do nome, na época de 69/71 era o comandante da zona Sul)... Posso dizer que, após alguns momentos de silencio e de eventual desconfiança, a abertura e os risos de boa disposição foram totais.

Ao contrário de algumas notícias que li sobre Guileje e não só, sou dos que tenho orgulho do trabalho que executámos em Guileje, independentemente da tradicional frase do Sangue, suor e lágrimas. Faço notar que foi mais suor do que o resto.

Durante todo o tempo, além de termos resistido a muitos ataques, alguns ao arame - faz anos na Páscoa, tivémos 3 ataques ao quartel no mesmo dia - , ainda fizemos alguns roncos e peripécias de que me abstenho neste momento de contar mas que constam de um diário de guerra que, segundo li, está em vosso poder, basta ler.

Quero chamar a atenção que nem as gentes da Guiné são uns coitadinhos nem as nossas tropas foram uns malandros. Pensem que no meio estará o ponto de equilíbrio.

Enviei 2 emails sobre Guileje sobre a questão dos morteiros existentes na altura, mas não tive o prazer de os ver publicados

Uma abraço

J. C. Lucas


2. Comentário do editor L.G.:

Obrigado, camarada, por nos teres dado notícias dos teus Magriços do Guileje, uma unidade de quadrícula de Guileje da qual sabemos pouco. O único contacto que até agora tínhamos era do Abílio Alberto Pimentel Assunção, que eu vim a descobrir ser Fur Mil At Inf, e residir no Seixal. Em tempos, ele forneceu umas dezenas de fotos de Guileje ao Pepito, da AD - Acção para o Desenvolvimento, a ONG que liderou a organização do Simpósio Internacional de Guileje, em que eu tive o privilégio de participar, juntamente com outros camaradas nossos, além de antigos combatentes do PAIGC, investigadores e outros interessados pelo tema da guerra colonial / luta de libertação da Guiné-Bissau.

Os amigos dos amigos nossos amigos são... Refiro-me ao Humberto Reis (da CCAÇ 12, a mesma unidade a que eu pertenci, Bambadinca, Junho de 1969 / Março de 1971) e ao José Carlos, teu camarada, que infelizmente a morte já apartou do nosso convívio. Foi com emoção que o identifiquei ao rever o álgum fotográfico do Abílio Pimentel (que me chegou em CD-ROM via Pepito).

Os emails que referes não chegaram a bom termo, por razões que desconheço (possível erro de endereço...). Podes fazer-me o favor de os reencaminhar para o endereço de correio electrónico do nosso blogue ? Entretanto, querias-te referir ao calibre das peças de artilharia e não propriamente dos morteiros... Era isso ?

Quanto à história da tua unidade, vou ver se tenho algum documento em arquivo que me tenha chegado às mãos. No nosso blogue, há apenas umas breves referências à tua unidade (2). Entretanto existe uma página sobre o teu batalhão, criada e mantida pelo nosso amigo e camarada Constantino Neves.

Ficas automaticamente a pertencer à nossa tertúlia. Tens assim a honra de ser, se eu não me engano, o 1º Magriço do Guileje a franquear a entrada da nossa Tabanca Grande. Manda-me as duas fotos da praxe (uma antiga e outra actual), que é para acrescentar à nossa fotogaleria (que anda desactualizadíssima...). E escreve, por favor, mais coisas sobre a tua companhia e o tempo que vocês passaram em Guileje que, felizmente, como dizes, foi mais de suor do que sangue e lágrimas...

Sê bem vindo, em meu nome, em nome dos meus co-editores, Carlos Vinhal e Virgínio Briote, em nome do cartógrafo de serviço, o Humberto Reis, bem como dos demais amigos e camaradas da Guiné. Vê se trazes também o Abílio para a nossa companhia. Não tenho sequer o email dele para o poder contactar.

____________

Notas de L.G.:


(1) Lista das unidades de quadrícula de Guileje (1964/1973):

CCAÇ 495 (Fev 1964/Jan 1965)
CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) (contactos: Teco e Nuno Rubim)
CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966) (contacto: Nuno Rubim )
CAÇ 1477 (Dez 1966/Jul 1967) (contacto: Cap Rino)
CART 1613 (Jun 1967/Mai 1968) (contacto: Cap Neto) [infelizmente já desaparecio, José Neto, 1929-2007]
CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos)
CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata)
CCAÇ 2617 (Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio Pimentel)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: Jorge Parracho);
CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio);
CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho )


(2) vd, poste de 5 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1404: Um pequena estória dos Magriços de Guileje (CCAÇ 2617) (Tino Neves)

(...) "Estavam instalados em Pirada [, zona leste, junto à fronteira com o Senegal], mas em Março de 1970 (apenas 4 meses depois do início da comissão), foram substituídos pela CCAÇ 2571, e destacados para o Guileje, por castigo.

"Na altura, Guileje era flagelada quase todos os dias.Os Magriços ficaram famosos pelo facto de, enquanto estiveram no Guileje (10 meses e 18 dias, conforme, vi num gráfico), limparam a zona, por 10 km ao redor do aquartelamento, e por esse facto, o restante tempo de comissão foi passado em Bissau, como prémio desse feito.Tiveram um único morto e não foi em combate, foi electrocutado, agarrado à lâmpada da caserna, após ter tomado banho. Vivam os Magriços !" (...)