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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24555: Por onde andam os nossos fotógrafos ? - Parte I: Luís Graça


Lourinhã > Praia da Areia Branca >  14 de agosto de 2020 >  Pôr do sol com uma traineira da pesca da sardinha a regressar ao porto de Peniche.




Lisboa > Beira Tejo > 5 de novembro de 2011 > Pôr do sol no Atlântico, no momento em que passava um porta-contentores na linha do horizonte... Uma foto feliz, tirada no estuário do Tejo, em Belém, junto ao Museu do Combatente (Forte do Bom Sucesso)...


Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 8 de maio de 2020 > Uma "foto feliz", um bom sítio para, em pleno confinamento imposto pela pandemia de Covid-19,  revermos, ao ralenti, os fotogramas dos filmes que de vez em quando passam (e repassam) na tela da nossa memória, ajudando porventura a exorcizar os nossos fantasmas da guerra...



Lourinhã >Praia do Areal Sul > 27 de março de 2021 > 19h15 > Pôr-do-sol


Lourinhã > Praia da Areia Branca > 14 de fevereiro de 2019 >  Pôr do sol às 17h42



Portugal > Lourinhã > "Formação da Lourinhã" > Aspiring Geopareue do Oeste : Praia de Vale de Frades, entre a Praia da Areia Branca e a Praia do Paimogo > Agosto de 2018 >  "Pedras jurássicas" (c. 150 milhões de anos).



Lourinhã, entre a Praia da Areia Branca e a Praia de Vale de Frades > Agosto de 2011 > Pedras do meu caminho...


Torres Vedras > União das freguesias de A dos Cunhados e Maceira > Maceira > 2014 >  Estrada (particular) das Termas do Vimeiro (Fonte dos Frades) até à Praia de Porto Novo; ao lado passa o  Rio Alcabrichel (topónimo de origem árabe: o rio nasce na Serra de Montejunto e desagua na Praia de Porto Novo, Maceira).




Lourinhã > 22 de abril de 2017 > Frente à igreja do convento de Santo António (finais do séc. XVI), com a sua torre sineira e o relógio (que esteve muitos anos avariado),  uma réplica de "Stegosaurus" (7 m de comprimento, 3,4 de altura)... Este e outros dinossauros da Lourinhã evoluiram  no Jurássico  Superior (c. 150 milhões de anos).


Lourinhã > 2012 > Bandeira Nacional pintada numa parede lateal de uma casa.  Autoria: PM, 10.06.06. Por essa altura, realizava-se o Campeonato Mundial de Futebol, na Alemanha, de 9 de junho a 9 de julho de 2006, em que Portugal participou. A pintura mural lá continua, 13 anos depois, cada vez mais desbotada.




Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > "Homenagem da Zambuejira e Serra do Calvo aos seus combantentes"... Monumento inaugurado em  5 de outubro de 2013,. Foi uma patriótica iniciativa do Clube  Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira de Serra Local.

Desconhece-se o autor do painel de azulejos que representa a partida, no T/T Niassa, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, de um contingente militar que parte para África. Ao canto inferior esquerdo a quadra: "Adeus, terras da Metrópole, / Que eu vou pró Ultramar, / Não me chorem, mas alegrem [-me], / Que eu hei-de regressar"... No chão, em calçada portuguesa, lê-se: "Em defesa da Pátria". Abaixo do panel, há um livro metálico com os nomes de todos  os nossos camaradas, naturais das duas povoações, que combateram no Ultramar.



Lourinhã, Praia da Areia Branca, 29 de julho de 2017 > Horse Model Beach



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 24 de setembro de 2011 > Autorretrato com vinha ao fundo.




Cadaval > Vilar > Vila Nova > Serra de Montejunto > 20 de agosto de 2015 > O "Moinho de Avis",  belíssimo moínho de vento do Miguel Nobre, no alto da serra... Daqui de avista o Atlântico (a ponte) e o estuário do Tejo (a nascente)... Dizem que é que é "o mais alto" da península ibérica, dos moinhos  de vento ainda a funcionar.


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 31 de março de 2018 >Muros de solcalcos



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 31 de março de 2018 > Sobreiro




Lourinhã > Moledo > Arte Pública > 25 de agosto de  2015 > Inês, peça de Joana Alves: "Love Captives" [Prisioneiros do amor], de Sana Hashemi Nasl (Técnica: cordal de sisal enrolada: dimensão: 260 x 100 x 100 cm)




Lisboa > Rua de São Bento > 18 de abril de 2018 > Arte urbana

Foto: © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Fotobox é um Programa,  na RTP 3,  sobre fotografia. Aos sábado 11h45. Autor: Luiz Carvalho. Realização: Luiz Carvalho. Tem página no Facebook.  O autor e realizador é um fotojornalista conhecido, professor de fotografia e arquitecto. 

Luiz Carvalho tem-se mostrado interessado em levar alguns dos fotógrafos do nosso blogue ao seu programa Já lá levou, por exemplo,  o nosso veteraníssimo Jorge Ferreira (ex-alf mil da 3ª CCAÇ, Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63)-

Por razões de agenda (de ambas as partes)  e de saúde (do nosso editor), ainda não foi possível concretizar o seu desejo de fazer um ou mais programas com os nossos colaboradores que precisam de ser contactados e autorizarem a divulgação das suas imagens (e eventualmente serem entrevistados).  

O autor e realizador do Fotobox prefere a fotografia a preto e branco. Na expetativa desse colaboração do nosso blogue com o Luiz Carvalho, vamos dar início a esta série, com o título "Por onde andam os nosso fotógrafos ?", listando alguns dos nossos fotógrafos ou donos de álbuns fotográficos com fotos no nosso blogue. 

Queremos saber se continuam a fazer fotografia e, se sim, quais são as áreas temáticas preferidas. Vamos tambem selecionar algumas das suas melhores fotos da  Guiné.  Estamos ainda disponíveis para publicar algumas das suas fotos atuAIS mais interessantes, com valor estético e/ou documental. 

Para começar (ou dar simplesmente o pontapé de saída), publicamos algumas imagens da fotogaleria do nosso editor Luís Graça que na Guiné, durante a sua comissão de serviço em 1969/71,  infelizmente não tinha máquina fotográfica nem mostrou interesse pela fotografia.... 

Só começou a fazer fotografia por volta de 1978. Houve um amigo que lhe trouxe de Macau uma Minolta, analógica. Hoje só faz fotografia digital. Já teve, pelo menos, mais três mãquinas digitais, superzoom, que chegaram ao fim de vida.... Tem atualmente uma Nikon D5300, que o seu filho lhe ofereceu, trazida do Japão, ainda antes da pandemia de Covid-19.

2. Lista  (provisória...) de alguns dos nossos fotógrafos ou donos de  álbuns fotográficos. membros da Tabanca Grande,  com fotos publicadas no blogue (2004-2023):

Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11 (Nova Lamego, Paunca, 1969/1970);

Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71):

Adolfo Cruz, ex-fur mil inf, CCAÇ 2796 (Gadamael e Quinhamel, 1970/72);

Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74);

Albano Costa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150 (Bigene e Guidaje, 1973/74);

Alfredo Dinis, ex-1.º cabo aux enf, CCS/CART 6523 (Nova Lamego, 1973/74);

Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690 (Geba, 1967/69);

Amaral Bernardo, ex-alf mil med, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, Cacine, Bedanda, Guileje, Gadamel, Tite, Bolama, 1970/72);

Américo Estanqueiro, ex-fur mil, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72);

António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66);

António Acílio Azevedo, ex-cap mil, cmdt da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74);

António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74

António J. Pereira da Costa, cor art ref, ex-alf art, CART 1692 (Cacine, 1968/69); ex-cap art, CART 3494 (Xime( e CART 3567 (Mansabá, 1972/74);

António Murta, ex-alf mil inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74);

António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71);

Arlindo Roda, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1971/73): 

Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/74);

Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381 (Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70);

Augusto Silva dos Santos, ex-fur mil, CAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73);

Belmiro Tavares, ex-zlf mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66; 

Carlos Alberto Rodrigues Cruz, ex-fur mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió e Cachil, 1964/66);

Carlos Fortunato, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros (Bissorã, 1969/71);

Carlos Milheirão, ex-alf mil,  CCAÇ 4152/73 (Gadamael e Cufar, 1974);

César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71);

Daniel Matos, ex-fur mil, CCaç 3518 (Gadamael, 1971/74):

Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71);

Fernando Andrade Sousa, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Fernando Barata, ex-alf mil, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72); 

Fernando Gouveia, ex-alf mil re
c inf,  Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70);

Fernando Súcio, sold condutor auto, do Pel Mort 4275 (Bula, 1972/74);

Florimundo Rocha, ex-sold cond auto (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74);

Francisco Gamelas, ex-alf mil cav., cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73);

Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72 (Biambe e Bissorã), e CCAÇ 13, (Bissorã, 1972/74);

Hugo Costa, filho do nosso camarada Albano Costaex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74);

Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAQÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71);

Ídállio Reis, ex-alf mil inf, CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69):

J. Crisóstomo Lucas, ex alf mil op esp, CCÇ 2617, "Magriços de Guileje" (Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71);

Jacinto Cristina, ex-sold at inf, CCAÇ 3546 (Puche e *onte Caiukm, 1972/74);

Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70);

João Alves, ex-fur mil inf, CCAÇ 5 (Canjadude, 1970/72);

João Calado Lopes, ex-alf mil art (BAC1, Bissau, 1967/69);

João Carvalho, ex-fur mil enf, CCAÇ 5, Canjadude, 1973/74;

João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67); 

João Martins, ex-alf mil art, BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69);

João Rebola (1945-2018), ex-fur mil, CCAÇ 2444 (Bula, Có, Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70):

João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como, Cachil, 1964/66);

Joaquim Mexia Alves,  ex-alf mil op esp/ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73;

Jorge Ferreira, ex-alf mil, 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego e Buruntuma, 1961/63),

Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74);

José Augusto Ribeiro (1939-2020), ex-fur mil da CART 566 (Cabo Verde, Ilha do Sal, outubro de 1963 a julho de 1964, e Guiné, Olossato, julho de 1964 a outubro de 1965);

José Carvalho, ex-alf mil inf, CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72);

José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65);

José Crisóstomo Lucas, ex-alf mil op esp,  CCAÇ 2617, "Magriços de Guileje" (Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71);

José da Câmara, ex-fur mil at inf, CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73);

José Nascimento, ex-fur mil da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71);

José Parente Dacosta, ou 'José Jacinto', ex-1º cabo cripto, CCAÇ 1477 (Sangonhá e Guileje, 1965/67);

José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69);

José Saúde, ex-fur mil op esp/ranger, CCS do BART 6523 (Nova Lamego, 1973/74);

José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70);

José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71);

Leonel Olhero, ex-fur mil cav, Esq Rec 3432 (Panhard) (Bula, 1971/73):

Libério Lopes, ex-2.º srgt mil inf, CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65);

Luís Carlos Cadete, ex-Cap Inf, cmdt da CCAÇ 1591 (Fulacunda, Mejo, Aldeia Formosa e Buba, 1966/68);

Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf, CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74);

Manuel Carvalho, ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845 (Jolmete, 1968/70);

Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68);

Manuel Mata, ex-1º cabo apontador AP, Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71):

Manuel Resende, ex-alf mil, CCaç 2585 (Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71);

Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70)

Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 / BCAÇ 1932 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68);

Mário Gaspar, ex-fur mil at art minas e armadilhas, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68);

Renato Monteiro, ex-fur mil, CART 2439 / CART 11, (Contuboel e Piche, 1969), e CART 2520 (Xime e Enxalé, 1969/70);

Rogério Cardoso, ex.fur mil art, CART 643 (Bossorã, 1964/66);

Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1972/74);

Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico  BCAÇ 3872 e 4518 ((Galomaro, 1973/74);

Santos Oliveira, ex-2.º srg mi9l, Pel Mort Ind 912 (Como, Cufar e Tite, 1964/66);

Tomás Carneiro, ex-1º cabo cond auto, CCAÇ 4745, Binta, Cumeré e Farim, 1973/74); 

Torcato Mendonça, ex-alf mil, CART 2339, "Os Viriatos" (Fá anding
a e Mansambo, 1968/69);

Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69);

Vitor Garcia, ex-1º cabo at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71);


Zeca Macedo,ex-2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22812: (De)Caras (184): Sene Sané, régulo de Pachisse, com capital em Canquelifá, tenente de 2ª linha, vogal do Conselho Legislativo, falecido em 1969


Sené Sané, régulo de Canquelifá, eleito pelas autoridades tradicionais para o Conselho Legislativa da Província Portuguesa da Guiné. Sané Sané, régulo de Canquelifá, Tenente de 2ª linha, pertencia *a nobreza mandinga, sendo descendente do último rei do império do Gabu (morto na batalha de Cansalá, em 1867). Publicada em "O Arauto", diário da Guiné, edição de 14 de junho de 1964.

Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do do livro de fotografia "Buruntuma: algum dia serás grande, Guiné, Gabu, 1961-63". (Edição de autor, Oeiras, 2016).] (*): o fotógrafo, em 1961, ao lado do então régulo Sené Sané, que era tenente de 2ª linha. junto ao marco fronteiriço ("República Portuguesa: Província da Guiné"), na fronteira com a República da Guiné. Cortesia do autor-

O autor, Jorge Ferreira, ex-alf mil da 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63), é membro da nossa Tabanca Grande, é um fotógrafo amador com mais de meio século de experiência, tem um página pessoal no Facebook, além de um sítio de fotografia, Jorge da Silva Ferreira; as suas fotos de Buruntuma inserem-se na categoria da etnofotografia.


1. O PAIGC teve vários militantes (e guerrilheiros), de apelido Sané, provavelmente aparentados com o Sené Sané (**), um dos mais poderosos régulos da Guiné, na época colonial, ao ponto de ter sido eleito para o Conselho Legislativo da Província (criado pela Portaria n.º 19921, Diário do Governo n n.º 150/1963, série I. 

Os outros dois eleitos foram o régulo de Badora, Mamadu Bonco Sanhã, e o régulo de Cachungo, Joaquim Baticã Ferreira, fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência. O Conselho começou a funcionar em 1964 sob o "consulado" de Schulz. Sené Sané teve "a sorte" de morrer... em 1969. Mas a sua cabeça devia estar... "a prémio", a par do Bonco Sanhá e do Baticã Ferreira.  Para o PAIGC, era "um dos cães dos colonialistas". (***)

Ironia da história, o actual régulo de Pachisse (vd. carta de Canquelifá 1957, escala 1/50 mil) que abrange as aréas de Canquelifa, Camajaba e Buruntuma, é o José Bacar Sané, um dos filhos do velho régulo Sene Sané (imformação confirmada pelo Cherno Baldé e pelo Patrício Ribeiro).(*)

Em 27/11/2019, o Patrício Ribeiro escreveu-nos (*): 

"Falámos com filho mais velho, do antigo régulo Sene Sané, José Bacar Sané, telemóvel nº 00254...119, morador em Canquelifa, é o actual régulo de Canquelifa e Buruntuma, já com alguma idade. (Foi antigo militar português do grupo de Marcelino do Mata).

"Nomeou o seu irmão mais novo, Mama Sané ( telemovel nº 00 245...330), residente em Buruntuma, seu representante do seu regulado em Buruntuma."

E a propósito o Chermo Baldé comentou no poste P20384 (*):

(...) "Como se costuma dizer, pode-se facilmente conquistar um território pela violência, mas é extremamente difícil continuar a governar as pessoas na base na mentira e na propaganda. Começaram, logo após a independência, por destituir todos os Régulos e Regulados (quando não eram fuzilados) e nomeado seus Comitês de tabancas. Com o tempo constataram que nada funcionava como queriam e a população não reconhecia as autoridades impostas de cima para baixo. Com o golpe de estado de Nino Vieira, voltaram a reconhecer as antigas chefias da época colonial para melhor controlar e manipular as populações."

E esclarece o nosso colaborador permanente, que vieve em Bissau: "O Regulado que tutela a cidade de Pitche chama-se Manna e tem a sua sede em Dara, localidade a cerca de 15/17 Km de Gabu cidade na estrada para Pitche. Este Regulado confina com o de Chanha a sul e o Paquessi a Nordeste/Leste."

O nosso editor LG,  por sua vez,comentou:

"Era voz concorrente que os elementos do grupo "Os Vingadores", comandados por Marcelino da Mata, teriam sido todos fuzilados, a seguir à Independência, com uma ou duas exceções (a começar pelo Marcelino, oportunamente refugiado em Portugal)...

"Se o José Bacar Sané, filho do antigo régulo Sene Saná, da época colonial (e amigo do Jorge Ferreira), foi um antigo militar português, e esteve integrado no grupo de Marcelino do Mata, "Os Vingadores" (de acordo com a informação do Patrício Ribeiro), e está vivo, mora em Canquelifa, e é hoje o atual régulo de Canquelifá / Buruntuma... bom, só temos que nos congratular com esse facto... Espero que seja um sinal, sincero e irreversível, da reconciliação dos guineenses que outrora foram 'inimigos', combatendo uns sob a bandeira do PAIGC e outros sob o estandarte do exército português, naquilo que foi não apenas uma 'guerra pela independência' ou de "libertação' mas também uma 'guerra civil' "


Guiné > Região de Gabu > Canquelifá > s/d  > O régulo Sene  Sané, tenente de 2ª linha, com uma das filhas, e um militar português. Alguém é capaz de identificar este camarada e a subunidade a que pertencia? - Pergunta a Lucinda Aranha. O régulo morreu em 1969.

Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Gabu > Carta de Canquelifá (1957) > Escala 1/50 mil > Pormenor > Posição relativa de Canquelifá, capital do regulado de Pachisse.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


2. Reproduz-se  a seguir um documento, do Arquivo Amílcar Cabral, datado de Kundara, República da Guiné,  16 de janeiro de 1962, e onde é patente o temor que o régulo Sene Sané inspirava em Canquelifá: 

Em carta, datilografada a Amílcar Cabral, José Ferreira Crato faz o balanço das informações obtidas na sua sequência da sua viagem de  reconhecimento da região fronteiriça. Ele e o  seu companheiro, Alphouseni [Sané], natural do regulado de Pachisse,  não conseguiram transpor a fronteira e chegar ao coração da região de Gabu, como pretendiam, e conforme missão que lhes fora confiada pelo Secretário Geral do PAIGC. Todavia, terão recolhido informação relevante sobre Canquefilá.  Na povoação fronteiriça da Guiné-Conacri, que o remetente  não identifica, chama-lhe apenas "a última tabanca dos pajadincas", haveria já muitos "simpatisantes" do PAIGC... Repare-se, estamos o início do ano de 1962...

Pode ler-se: "Encontrámos muitos simpatisantes do nosso partido, porque quase todos os pajincas ali residentes são de Canquelifá, que fugiram por causa do régulo Sené Sané (sic)"... 

E arremata: "Eu não garanto, mas pelos vistos havemos de vencer o Sené Sané, sem dificuldades como muitos julgam".





Citação:
(s.d.), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_37630 (2021-12-15)

Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares |  Pasta: 04604.038.014 | Assunto: Informa que já se encontra em Koundara. Missão na fronteira com Alfosseine. Dificuldades na tabanca dos Pajadincas. Can-Quelifá. Declarações da população local. Régulo Sene Sané. | Remetente: José Ferreira Crato, Koundara | Destinatário: Secretário Geral do PAIGC [Amílcar Cabral] | Data: s.d. | Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Correspondência 1962 (...)  |  Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.

  [Reproduzido com a devida vénia...]  

3. Comentário do Cherno Baldé, acabado de chegar,  ao poste P22808 (**)

A acentuação em alguns nomes não está correcta, assim escreve-se Sané e não Sené (nome próprio das etnias mandinga e fula); escreve-se também Alage e não Alagé (titulo honorifico de quem fez a peregrinaçao a cidade "santa" de Meca, transfigurado para nome próprio nos grupos muçulmanos).

O caso da família dos Sané, régulos de Pachisse com capital em Canquelifa e descendentes directos de Djanké Waly, o último rei de Gabu ou Kaabu, ilustra o facto de que, na realidade, nunca houve uma guerra entre fulas e mandingas, como sempre se propalou durante o regime colonial, pois se isso fosse o caso os Sané de Paqhisse (Canquelifa) não seriam régulos após a derrota dos mandingas. 

A história da África Ocidental está repleta de casos de guerras pelo poder em que os derrotados eram sempre obrigados a se submeter ao grupo maoritário de entre os vencedores e o surgimento de novas alianças estratégicas, facto que muitas vezes levava a mudanças radicais entre os vencidos, inclusive o abandono da sua língua e parte de práticas culturais e adopção de uma outra lingua, usos e costumes.

Neste caso concreto, os Sané de Canquelifa, para continuarem a fazer parte do poder foram obrigados a se converter a favor da língua fula, grupo maioritário e mais forte dentro do grupo que conquistou o poder, de tal maneira que as últimas gerações, vivendo no meio de uma maioria fula, já nao falavam a lingua mandinga e muitos nem se consideravam mandingas. 

Quem diz mandingas, diz também padjadincas, saracolés, landumas, bajaras, jacancas etc; da mesma forma que os fulas durante todo o periodo de mais de 6 séculos que estiveram sob o dominio mandinga de Mali, primeiro e Gabu, mais tarde, foram obrigados a falar a língua do dominador, apesar da resistência passiva em curso.

Era esta a realidade no terreno e em espaços humanos ainda em construção e em constantes mutações sócio-politicas e territoriais. Todavia, os novos acontecimentos no território após a independência (1974) tiveram o efeito e a tendência inversa ao curso dos anos anteriores, obrigando a novas situações e novos posicionamentos de adaptação ao novo contexto político e social.
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Notas  do editor:


(**) Vd. postes de: 


15 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22808: Fotos à procura de... uma legenda (157): Os quatro membros da comitiva guineense (a saber Sené Sané, Sampulo Embaló, Duarte Embaló e Alagé Baldé, amigos do meu pai, Manuel Joaquim dos Prazeres,) às Comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique, agosto de 1960 (Lucinda Aranha, escritora) - II ( e última) Parte

(***) Último poste da série > 24 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22748: (De)Caras (183): Revivendo e partilhando (João Crisóstomo, Nova Iorque, de Visita a Portugal)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22806: Fotos à procura de... uma legenda (156): Os quatro membros da comitiva guineense (a saber Sene Sané, Sampulo Embaló, Duarte Embaló e Alagé Baldé, amigos do meu pai, Manuel Joaquim dos Prazeres,) às Comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique, agosto de 1960 (Lucinda Aranha, escritora) - Parte I


Foto nº 1  > Sane Sané, régulo de Canquelifá, tenente de 2ª linha, descendente do último rei do império do Gabu (morto na batalha de Cansalá, em 1867), em traje cerimonioso. (Vd. foto dele com o nosso camarada Jorge Ferreira, em 1961, junto ao marco fronteiriço em Buruntuma).

Segundo o nosso calaborador permanente, Cherno Baldé, em mensagem de 27/11/2019, "o actual régulo de Paquessi ou Pakessi que abrange as aréas de Canquelifa, Camajaba e Buruntuma, é o Bacar Sané, um dos filhos do velho régulo dos anos 60."

Por sua vez, o Patrício Ribeiro informou-nos, na mesma data, que o José Bacar Sané, telemóvel nº 00254...119, morador em Canquelifa, é o actual régulo de Canquelifa e Buruntuma, já com alguma idade. (Foi antigo militar português do grupo de Marcelino do Mata)."

 
Foto nº 2 > Lisboa > Agosto de 1960 > Os quatro membros da comitiva guineense, a saber Sene Sané (, aqui trajado à europeia), Sampulo Embaló, Duarte Embaló e Alage Baldé ( este último,  padre muçulmano), à varanda da casa do Manuel Joaquim dos Prazeres (que foi o fotógrafo). O religioso  é o segundo a contar da esquerda, portador de um amuleto. O último, com cinto de 
fivela, seria um alferes de 2ª linha,  um dos Embaló. Segundo imformação do Patrício Ribeiro com data de 27/11/2019, atualmente "o Regulado de Piche é desempenhado pelo marido de Djana Embaló, residente em Dara. Em Piche, não há nenhum régulo."

A grafia correta do reliogos deve ser Alage (El-Hadj) Baldé ou Embaló. (Recorde-se que Alage ou El Hadj é um título honorífico reservado ao crente muçulmano que, em vida, consegue ter a felicidade de fazer, com sucesso, pelo menos uma peregrinação anual, Hajj, a Meca).

 
Foto nº 3 > Agosto de 1960 > Os nosos convidados à porta da casa... O dignitário religioso, é o primeiro da esquerda; o Sene Sané é o terceiro.


Foto nº 4 >Agosto de 1960 > Almoço dos quatro guineenses em casa do Manuel Joaquim dos Prazeres. Eram seus convidados, mas o pai da Lucinda Aranha não os acompanhou nas cerimónias. 



Foto nº 5 > Os quatro membros da comitiva guineense, com dois brancos que não sabemos identificar (podiam ser acompanhantes) junto às instalações da antiga Exposição do Mundo Português de 1940, que entretanto foram demolidas. As Comemorações do V Centenário da Morte do Infante Dom Henrique realizaram-se em Lagos e em Sagres, em 6, 7 e 8 de agosto de 1960, com desfile naval e a  presença dos chefes de Estado de Portugal e do Brasil. Mas realizaram-se outras cerimónias noutros pontos do país.  A Lucianda Aranha que já era aluna do liceu, em 1960, não se lembra se os convidados do seu pai deslocaram-se a Sagres e a Lagos.


Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Piche > 1969 > Os outros três membros da comitiva guineense em "trajes tradicionais", Sampulo Embaló, Alage Baldé e Duarte Embaló e  (, não sei se por esta ordem). 

Eram de Piche, pequena cidade da região do Gabú, onde o meu pai dava cinema a caminho de Canquelifá. Lembro-me de um deles ter dito que era padre e das abluções antes dos almoços. Segundo me explicaram, e penso que correctamente, usavam cinto de alferes  (Foto nº 5) e um deles uma "medalha" que o identica como religioso.



Foto nº 7 > Guiné > Região de Gabu > Piche > 1969 > Legenda no verso da foto nº 6: "Meu caro amigo Manoel Joaquim Prazeres, mando-te esta foto, a fim de lhe cervir (sic) como recordação. Sou eu, Sampulo Embaló e o Alage Baldé e Duarte Embaló. Piche, 11-12-969"


Fotos (e legendas): © Lucinda Aranha (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Lucinda Aranha, 7 de setembro de 2021:

Lucinda Aranha, foto à esquerda: (i) escritora, filha do Manuel Joaquim dos Prazeres, o homem do cinema ambulante no nosso tempo, na Guiné, (ii) autora de uma biografia ficcionada do pai, a que chamou "romance": "O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim", Alcochete, Alfarroba, 2018, 165 pp.; (iii) autora também dos livros "Melhor que Cão é ser Cavaleiro" (Colibri, 2009) e "No Reino das Orelhas de Burro" ( Colilibri, 2012), este último recheado de histórias e memórias dos tempos em que o seu pai viveu, em Cabo Verde e na Guiné, desde os anos 30 até 1972; (iv) tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue; (v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 15/4/2014;  (vi)  tem página no Facebook, Lucinda Aranha - Andanças na Escrita.

Bom dia, Luís e Carlos.

Espero que tudo esteja bem convosco e família. Aproveito ter de escrever para cumprimentar também o Carlos de quem há muito não tenho notícias.

Luís, infelizmente gravei mal o número de telemóvel da Lena
 [Carvalho], minha amiga de infância que vive nas Caldas, e perdi ainda o cartão dela. 

Acontece que com a morte da minha irmã Ju encontrei uma série de fotografias que estavam perdidas. A Lena está em várias delas e gostava de falar com ela a propósito. 

Encontrei também fotografias de África que me parecem muito interessantes, penso que algumas dizem respeito a sessões cinematográficas e outras de uns certos Sené Sané, Sampulo Embaló, Duarte Embaló e Alagé Embaló, algumas com uma "carta" no verso.

Enfim, acho um material interessante, vou pesquisar junto de amigos e conto com vocês os dois para me ajudarem porque penso que não ficariam mal no nosso Blogue.

Desculpem estar sempre a aborrecê-los. Beijos e saudades. Lucinda

2. Nova mensagem de Lucinda  Aranha

Data - Quarta, 8/12/2021, 19:22 
Assunto - Comemorações do quinto centenário da morte do infante D. Henrique

Boa tarde, Luís. Espero que estejas melhor dos teus achaques ósseos.

Como já te disse, encontrei umas fotos que penso podem interessar ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 

Envio-te só uma parte; há outras que penso serem de uma sessão de cinema mas ainda tenho muitas dúvidas. Se vires que não interessam tudo bem.


Comemorações henriquinas de 1960

Em Agosto de 1960, o Estado Novo comemorou os cinco séculos passados sobre a morte do Infante D. Henrique que a política nacionalista da ditadura guindou a figura primeira dos Descobrimentos portugueses. 

Esta tese é muito contestada por diversos historiadores, nomeadamente por Vitorino Magalhães Godinho que viu o infante como o émulo da expansão pela força das armas ao serviço dos interesses da nobreza.

1960 marca o início da ascendência dos países africanos recém-descolonizados na ONU. Um ano mais tarde, o Conselho de Segurança vota favoravelmente uma resolução condenando a política colonial portuguesa. Portugal enfrentava também ameaças na Índia e em Angola, que rapidamente se estendem a Moçambique e à Guiné-Bissau, onde crescem os movimentos autonomistas.

De nada valeu a Salazar o expediente de 1951, quando extinguiu o conceito de Império dando às Colónias o estatuto de Províncias Ultramarinas, integrando-as no território nacional. Nada fez parar o desejo de emancipação dos povos das Províncias Ultramarinas; a guerra pela independência a que a ditadura chamava guerra terrorista era imparável.

Também de nada lhe valeram outras comemorações que visavam criar a unidade, aproveitando-se datas com heróis insensados pelo regime.

Este pequeno texto procura contextualizar de forma sucinta as fotografias que se seguem pertencentes ao arquivo do meu pai, Manuel Joaquim dos Prazeres, de cuja existência tinha conhecimento, mas cujo paradeiro era desconhecido.

Por um acaso, fiquei de posse destas fontes históricas que retratam acontecimentos do quotidiano relacionadas com as comemorações em causa.

Durante estas comemorações, recebemos, em visita social, em nossa casa, por diversas ocasiões, quatro membros da comitiva guineense, a saber Sene Sané, Sampulo Embaló, Duarte Embaló e Alage Baldé (Fotos nºs 1,2,3,,4,5,6 e 7)

Dos quatro, o de maior hierarquia era Sene Sané (Foto nº 1), régulo de Canquelifá, mandinga, descendente de Mana Djanque Vali, rei do Império do Gabú, que englobava uma parte do Senegal e a Gâmbia até ao nordeste da Guiné-Bissau. Morreu na batalha de Cansalá, 1867, vencido pelos Fulas de Gabu e do Futa Djalon vindos da Guiné Conacri. Assim acabou o reinado dos Mandingas que foram islamizados.

Quanto aos outros três membros da comitiva guineense cujos nomes já referi (Fotos nºs 2, 3 e 6), sei apenas que eram de Piche, pequena cidade da região do Gabú, onde o meu pai dava cinema a caminho de Canquelifá. Lembro-me de um deles ter dito que era padre e das abluções antes dos almoços. Segundo me explicaram, e penso que correctamente, usavam cinto de alferes e um deles uma "medalha" que o identica como religioso (Foto nº 2) 

A importância do Sene Sané  fica clara no título de Régulo, Tenente de 2ª linha, tendo inclusive sido eleito, em 1963, pelas autoridades das regedorias como um dos três vogais representantes das várias etnias ao Conselho Legislativo a funcionar na Província Ultramarina da Guiné, criado pela Portaria n.º 19921, D.G. n.º 150/1963, série I.
 [Os outros dois foram o régulo de Badora, Mamadu Bonco Sanhã, e o régulo de Cachungo, Joaquim Baticã Ferreira, fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência. LG ]

O dito Conselho reuniu pela primeira vez, em 1964, já sob a presidência de Arnaldo Schulz. Uma outra medida destinada a manter a integridade de todo o império, o que fica muito claro num artigo de O Arauto ( Ano XXII, nº 5338, 14 de junho de 1964, pp 62/63) intitulado "A política da não-discriminação...." Seguem-se alguns excertos do artigo:






Fonte:  Guiné, Bissau, "O Arauto", Ano XXII, nº 5338, 14 de junho de 1964,  pp 62/63 (Excertos)



Sobre o Sene Sané,  é de referir que morreu em 1969, um ano após o final do seu mandato no Conselho Legislativo.

Quero salientar, de entre os restantos vogais,   António Augusto Esteves e James Pinto Bull por terem sido amigos de família e com as respectivas famílias habitués de nossa casa. O primeiro foi padrinho de casamento de três das minhas irmãs; a mulher e os filhos do segundo viveram, por diversas vezes, quando vinham à metrópole na nossa casa ,em Lisboa, tendo também as nossas famílias convivido numa vivenda da Parede, em férias de verão.







Fotos (com legendas): Extraídas de O Arauto, 14 de junho de 1964

(Continua) 
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Nota do editor:

sábado, 4 de julho de 2020

Guiné 61/74- P21140: E as nossas palmas vão para... (20): o veteraníssimo Jorge Ferreira, que hoje faz anos, e foi o etnofotógrafo da Buruntuma de 1961/63 que não existe mais...


Capa do do livro de fotografia "Buruntuma: 'algum dia serás grande', Guiné, Gabu, 1961-63". (Edição de autor, Oeiras, 2016).]: o fotógrafo, em 1961, ao lado do então régulo Sené Sané, que era tenente de 2ª linha. junto ao marco fronteiriço ("República Portuguesa: Província da Guiné"), na fronteira com a República da Guiné. Cortesia do autor.

O autor, Jorge Ferreira, ex-alf mil da 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63), é membro da nossa Tabanca Grande, é um fotógrafo amador com mais de meio século de experiência, tem um página pessoal no Facebook, além de um sítio de fotografia, Jorge da Silva Ferreira.




Vídeo (11' 03'') alojado em You Tube > Jorge Ferreira (Cortesia do autor, membro da Tabanca Grande)

Vídeo: © Jorge Ferreira (2018). Todos os direitos reservados.


1. Está disponível, desde 10 de junho de 2018, no YouTube, na conta de Jorge Ferreira, este vídeo com uma seleção das belas fotos do seu livro "Buruntuma: 'algum dia serás grande', Guiné, Gabu, 1961-63". (Edição de autor, Oeiras, 2016).


Para quem ainda o não conhece, o vídeo merece as nossas palmas e uma "visita" por uma dupla razão:

(i) o Jorge Ferreira é um  bom amigo, um grande camarada, um excelente fotógrafo e um magnífico tabanqueiro, um calmeirão de um ser humano que eu, pessoalmente,  muito prezo e estimo; as suas fotos de Buruntuma inseram-se na categoria de etnofotografia; além disso, a Buruntuma que ele conheceu e fotografou, em 1961/63, não existe mais;

(ii) o vídeo tem a excecional colaboração de um outro grã-tabanqueiro (nº 642), talentoso músico guineense, lider do grupo musical Super Camarimba, Mamadu Baio, originário da tabanca de Tabató (, região de Bafatá, Guiné-Bissau), e hoje cidadão português, pai de um "djubi", português, de nome Malick, com costela alentejana; a música que ele disponibilizou é do primeiro CD dos Super Camarimba ("Sila Djanhará", c. 2010), gravado no Mali.

O nosso editor, Luís Graça, pôs na altura o Jorge Ferreira erm contacto com o Mamadu Baio e lá chegaram os dois a um acordo sobre a utilização de uma das faixas de música, com menção dos direitos de autor, na ficha técnica, no final.

O vídeo, disponível numa rede social de impacto gobal como o You Tube, não tem qualquer propósito comercial, é uma homenagem ao povo de Burintuma (que em mandinga quer dizer justamente "Algum dia serás grande"). Merece uma visita, já tem quase 800 visualizações.

Mamadu Baio:
foto de Luís Graça (2014)
2. Em dia de anos do nosso veteraníssio Jorge Ferreira, um camarada ainda do tempo da farda amarela, juntam-se mais uns versinhos, feitos este sábado, em cima do joelho, na Tabanca de Candoz, pelo nosso editor LG-

É também uma pequena homenagem aos nossos camaradas e amigos da Guiné que têm aguentado estoicamente esta pandemia de COVID-19 e que, desde março,  vêm celebrando sozinhos, trancados em casa, o seu aniversário natalício. Fazermos votos para que as nossas tabanca possam ir reabrindo, lentamente, com total segurança e confiança.  O Jorge é assíduo freqentador dos almoços-convívios da Magnífica Tabanca da Linha.


Ao Jorge Ferreira (e aos demais aniversariantes da nossa Tabanca Grande que foram obrigados a cantar "os parabéns a você", sozinhos em casa):


Amigo Jorge Ferreira,
És dos nossos veteranos,
Mas não caias na asneira,
De dizer que fazes anos.

Não há copos p’ra celebrar,
Nem na Tabanca da Linha,
Mas logo que a crise passar,
Abre o Resende a cozinha.

Em Buruntuma, as bajudas
Foram todas retratadas,
Fossem belas ou feiudas,
Solteirinhas ou casadas.

Desse tempo tens saudade,
Até marcos tu puseste,
Não te pesava a idade,
Grande alfero lá do Leste.

Retificaste a fronteira
C’o a Guiné-Conacri,
E juraste p’la bandeira:
 “Sou eu quem manda aqui”.

Saia um  peixinho da bolanha,
Feito à maneira, no forno,
Quem não tinha arte e manha,
Apanhava com um corno.


Paludismo, hepatite,
E até bilharziose,
Não faltava o apetite,
Cada um c’o sua dose.

De Paunca até Pirada,
Do Gabu até Bolama,
Não me queixo, camarada,
Dormi no mato e na cama.

Tive farda de caqui,
E chapéu colonial,
Mas só de amores morri
Pl' aquela terra, afinal.

Convivi com  o Sané,
Senhor de Canquelifá,
Percorri meia Guiné,
Fiz amigos como os de cá.

Em resorts de muitas estrelas,
Deixei pedaços de mim,
Não me lembro das caravelas,
Mas a história foi assim.

Buruntuma, hás de ser grande,
Não importa em que ano ou dia,
Seja o povo quem mais mande,
Em passando a pandemia.

Hoje o Jorge é menininho,
Vai ter ronco na tabanca,
Toda a gente, preta ou branca,
Lhe vai dar um carinho.

Luís Graça, 
Tabanca de Candoz, 4 de julho de 2020

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