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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23648: (In)citações (223): Reflexão sobre ética (uma visão pessoal) (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

© Desenho de Manel Cruz


REFLEXÃO SOBRE ÉTICA

(Uma visão pessoal)

adão cruz

Existe uma ética inscrita no nosso código genético, válida só por si, existe uma ética baseada na história da vida e das sociedades humanas ou existem ambas, fundidas e inseparáveis?

Para mim é muito difícil dizer o que é a Ética, até porque não sou, propriamente, uma pessoa sabedora nestas áreas. No entanto, a vida sempre me deu a entender que a Ética é a mais bela construção do ser humano, assente em quarto pilares fundamentais.

A Ética é, penso eu, a vivência da verdade, o lugar certo do Homem dentro de si mesmo, o fio-de-prumo do Homem no interior da sua cumplicidade. A ética compreende a disposição do Homem na vida, interfere com o seu carácter, os seus costumes, a sua moral, ao fim e ao cabo com o seu modo e a sua forma de vida. O Homem faz-se por si e pelos outros, sendo a ética a autenticidade deste fazer-se.

O primeiro pilar da verdadeira morada do Homem seria constituído pelo pensamento e pela sua inseparável companheira, a razão. Podemos dizer que as plataformas que permitem a elaboração de um pensamento ético são a liberdade e a responsabilidade. A capacidade do Homem de assumir a séria orientação da sua vida determina-o como homem livre e, por conseguinte, a caminho do sujeito ético. E um sujeito ético é, fundamentalmente, um sujeito que procura a verdade. O referente da liberdade humana é a procura da verdade, porque a verdade orienta a liberdade e encaminha-a para a sua plenitude. O pensamento é o suporte mais poderoso e a mais forte armadura do Homem, a mágica força da sua criatividade.

O segundo princípio ou pilar fundamental decorre do primeiro e chama-se cultura. Não sei verdadeiramente o que é a cultura. E cada vez sei menos, neste pequeno país e neste pequeno planeta feito de inúmeros serventuários medíocres e arrogantes, incriativos plagiadores de todos os lugares-comuns inseridos nas políticas de retrocesso. Sei, no entanto, que não é a cultura espectáculo, a cultura enlatada de tanta gente cabotina, a massificação e homogeneização que apenas gera vícios consumistas, impedindo o homem de pensar, reflectir e encontrar, mas a cultura do dia-a-dia, a cultura estruturante da pessoa, a cultura do percurso, a cultura da ética dialógica que está na base da racionalidade critica, orientada para a procura do verdadeiro significado da realidade humana.

O terceiro princípio seria o respeito pelos outros. Todavia, o respeito pelos outros nunca existirá se não houver respeito por nós próprios. O respeito pelos outros é o espelho do respeito de nós próprios.

O quarto pilar desta edificação ética do Homem seria a justiça e a solidariedade. O primeiro passo da solidariedade estaria no entender da justiça social e no seu consciente reconhecimento como prioridade das prioridades. O segundo passo seria a consciência de que viver dos outros implica sempre viver com os outros e para os outros. Precisamente o contrário daqueles que aceitam o egoísmo, o individualismo e o hedonismo como fatal decorrência da onda globalizante e os desculpabilizam e valorizam. Penso que o Homem é um ser para o encontro, encontro consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com o desconhecido, a quem abre a sua curiosidade, a sua vontade de saber e a sua vital necessidade de procura da verdade.

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23637: (In)citações (222): Reflexão (complexo caminho da simplicidade da Evidência) (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10753: Convívios (484): Jantar de Natal da Tabanca de Matosinhos, dia 8 de Dezembro de 2012, na Junta de Freguesia de Bonfim - Porto

Vai realizar-se no próximo dia 8 de Dezembro de 2012, pelas 20h30, o tradicional jantar de Natal da Tabanca de Matosinhos, que será antecedido, pelas 19h30, da Assembleia Geral Ordinária da "Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau - ONGD".

Conforme o programa que se publica, os dois eventos terão lugar no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Bonfim (ao Campo 24 de Agosto), Porto.


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10703: Convívios (483): A Magnífica Tabanca da Linha: la vie en rose... Ainda dizem que há crise, pá!... (Fotos: Manuel Resende; legendas: JD/LG)

sábado, 10 de dezembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Guiné 63/74 – P8988: Convívios (383): Jantar de Natal e Assembleia Geral da Tabanca de Matosinhos, dia 3 de Dezembro de 2011, no Porto




Com a devida vénia à Tabanca de Matosinhos, reproduz-se o seu Poste 956, onde é dado a conhecer o seu tradicional Jantar de Natal e a Assembleia Geral Ordinária da sua ONGD.




Realiza-se no próximo dia 3 de Dezembro o nosso tradicional Jantar de Natal, no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim ao Campo 24 de Agosto. Este ano teremos a colaboração do Rancho Folclórico do Porto que nos irá deliciar com uma representação sobre o Romântico.

Aproveitando o facto de estarem presentes inúmeros associados da nossa ONGD iremos anteceder o Jantar com a Assembleia Geral Ordinária para se proceder à eleição da Lista dos Orgãos Sociais para o biénio 2012/2013.

NÃO FALTES E TRAZ A FAMÍLIA


Envia a tua inscrição até ao dia 26 de Novembro para o Zé Teixeira

tabancapequena@gmail.com

telm 966 238 626
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 – P8923: Convívios (375): XVI Encontro/Convívio Anual dos ex-Combatentes da Guiné, da Vila de Guifões – Matosinhos (Albano Costa)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7210: Convívios (282): Jantar de Natal da Tabanca dos Melros e da Tabanca de Matosinhos, dia 10 de Dezembro de 2010 em Fânzeres, Gondomar

CONVÍVIOS

Numa organização conjunta da Tabanca dos Melros e da Tabanca de Matosinhos, vai realizar-se no próximo dia 10 de Dezembro de 2010, no Restaurante Choupal dos Melros/Quinta dos Choupos, Fânzeres, Gondomar, um Jantar/Convívio de Natal.

Este jantar, desta vez, alargado a todos os ex-combatentes do ultramar, seus familiares e amigos, tem também o objectivo de angariar fundos para a Tabanca de Matosinhos, destinados aos seus projectos de apoio em curso na Guiné-Bissau.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 31 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7197: Convívios (198): 6º Encontro da Tabanca do Centro, em Monte Real (Jero/Miguel Pessoa)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4664: Blogoterapia (116): Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são (José Martins)

1. Comentário do José Martins (na foto, o primeiro da direita), a comentário de um leitor do nosso blogue, estranhando o espaço que foi dado à manifestação da nossa solidariedade na dor e no luto, por ocasião da morte da Maria da Glória (*):

Não tenho Ordens nem Formação Eclesiástica. No entanto, entendo o que se passa nas Celebrações da Igreja Católica Romana, e quais os objectivos das mesmas.

A nossa presença numa missa de exéquias, sufragando alguém, é, sendo praticantes e crentes, uma manifestação de Fé; se somos católicos, porque nessa fé fomos baptizados mas não a seguimos de perto, é um acto de solidariedade.

Porque é que se encontravam presentes membros da nossa tertúlia? Porque o Mário e a Cristina (**) pisaram a mesma terra que nós – a Guiné – e, como já foi dito e fez escola, “os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são”. A Glória também é nossa filha!

Mas, o acaso proporciona algumas surpresas.

Se a nossa atenção acompanhou as leituras – a do Antigo e do Novo Testamento – e superiormente comentadas pelo Cónego Feytor Pinto, que para quem conheça a sua eloquência, não é estranho, ouviu a “história dos Doze”. Do AT [Antigo Testamento] os 12 filhos de Israel, do NT [Novo Testamento] os 12 Apóstolos, ou seja, o trabalho desenvolvido propõe a esses “eleitos” trazer ao Seu convívio, o maior número de elementos.

Haverá alguma relação, por muito estranha e/ou forçada que pareça, com o aparecimento e crescimento do nosso blogue? Poucos, no princípio apenas um, mas que hoje, efectivamente declarados, somos mais de 350, além dos que se intitulam “apenas leitores”? Fica a pergunta.

Também não quero deixar de referir que, imediatamente antes do final da missa, na altura em que o Ministro abençoa os presentes e deles se despede, subiu ao Ambão uma senhora que, pensava eu, iria alertar os paroquianos para qualquer evento ou facto que fosse motivo de aviso.

Mas não. Com voz suave e firme, apesar embargada pelo momento, soaram palavras de alguém que conheceu a Glória desde sempre e de muito perto, como vim a saber mais tarde, que nos transmitiu “um pedaço de si mesma e com muita saudade” mas que foi uma autêntica oração e elogio à Locas.

José Martins

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 9 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4660: In Memoriam (26): Fazendo o luto pela Maria da Glória e agradecendo a todos a solidariedade (Mário Beja Santos)

(...) Não vejo qualquer interesse público no exercício desta elegia que me parece excessiva, tanto por não saber de quem se trata como por não entrever qualquer dimensão da defunta (rip). Sede comedidos, senhores. (...)

Comentário de um leitor, anónimo, e posteriormente assumido e assinado por Salvador Nogueira.

(**) O Beja Santos tem uma vastíssima e regular colaboração no nosso blogue. A Cristina Allen, por sua vez, publicou os seguintes postes:


9 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3713: Os meus 53 dias de brasa em Bissau (Cristina Allen) (1): Just married...

8 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3850: Os meus 53 dias de brasa em Bissau (Cristina Allen) (2): Quarto, precisa-se, por favor!

19 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3913: Os meus 53 dias de brasa em Bissau (Cristina Allen) (3): Quanta chuva, Mário ?


24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3933: Os meus 53 dias de brasa em Bissau (Cristina Allen) (4): Cenas, pouco edificantes, de caserna, que não contarei...

24 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3667: As Nossas Mulheres (2): De Bissau a Lisboa, com amor (Cristina Allen)

terça-feira, 3 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3974: Por falar em solidariedade (Jorge Teixeira)

1. Mensagem de Jorge Teixeira(*), ex-Fur Mil (Guiné, 1968/70), com data de 19 de Janeiro de 2009, dirigida ao nosso Blogue:

Caro Luís,
Vão aqui mais uns apontamentos de memórias dos tempos idos, com fotos.
Fica ao teu critério publicar.

Por falar em solidariedade

Cheguei a Bolama no dia 7 ou 8 de Maio de 1968, directamente do Niassa numa LDM ou LDG, já não lembro.

Foi uma estadia de cerca de 15 dias sem nada para fazer, enquanto esperávamos que nos levassem para Catió, o que aconteceu num batelão, numa viagem que durou cerca de 12 horas. Mas esses pormenores não interessam.

Durante a estadia em Bolama, na companhia do meu grande amigo e camarada David Santos (já falecido), que iria para Cufar, aproveitámos para conhecer a ilha e fazer amizades com o pessoal que guarnecia as várias unidades. Entre eles estavam os fuzas, em cujo aquartelamento conhecemos um menino, filho dum fuzileiro que morreu em combate, e duma senhora nativa da ilha.

Por solidariedade com o camarada morto, este menino foi criado pelos fuzas. Conhecêmo-lo já com 3 ou 4 anos. Aqui ficam as fotos dele com o David Santos e com um fuza de quem não lembro o nome. Quiçá, eles vendo o blogue se venham a reconhecer.

Um abraço de amizade

Menino Fuza com um Fuzileiro

David Santos com o menino Fuza
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Nota de CV:

(*) Vd. postes de:

29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3682: Os Combatentes e a responsabilidade do Estado. (Jorge Teixeira)
e
11 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3722: Fauna & flora (4): Tudo o que sabemos sobre o macaco-kom (Jorge Teixeira / António Costa)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3959: Nuvens negras sobre Bissau (2): Notícias da malta (Vasco da Gama)

1. Vasco da Gama deixou um novo comentário na sua mensagem Guiné 63/74 - P3958: Nuvens negras sobre Bissau (1)

Caros Camaradas e Amigos,

Acabei neste preciso instante,12h50minutos, de telefonar ao nosso camarada Pimentel. A malta do grupo dele está toda bem e neste momento estão em João Landim. O Zé Manel, o Carvalho, o Nina e o Lobo estão para os lados de Aldeia.

Diz-me o Pimentel que está tudo bem. A rádio foi encerrada e vão sabendo notícias pela R.T.P. África.D eixei mensagem à malta que está para os lados de Aldeia.

Vasco da Gama

2. Segunda mensagem:

Acabei de falar com a Luísa. Já falou com o Zé Manuel. O grupo dele está todo bem. Estão a almoçar um cabrito.

Vasco

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3535: Blogues da Nossa Blogosfera (8): Portal Guerra do Ultramar, do António Pires, de novo em velocidade de cruzeiro


1. Às 4h47 da manhã, o António Pires mandou-nos uma mensagem a dizer que o portal Guerra do Ultramar: Angola, Guiné e Moçambique, estava de novo on line... O que já hoje de manhã confirmámos... Foram seguramente muitas horas de sono que o António Pires (a eu...quipa do Terraweb) perdeu, para poder pôr de novo a 'máquina' em movimento... Reproduz-se aqui a sua mensagem:

Caros Antigos Combatentes, Companheiros, Camaradas e Amigos,

Depois de termos procedido à reparação de algumas 'mazelas' no sistema informático, voltámos ao nosso posto, pelo que ficamos a aguardar as vossas notícias.

Aproveitamos para agradecer a todos aqueles que expuseram nos seus blogues ou sites o nosso problema e, também, àqueles que nos escreveram ou nos telefonaram a manifestarem a sua solidariedade e nos incentivaram a continuar.

Obrigado e um Bem Hajam.

A equipa do Terraweb



Da nossa parte, resta-nos dar-lhe os parabéns e desejar que o portal entre rapidamente em velocidade de cruzeiro, em segurança. (Convém aqui lembrar que a segurança inmformática é um problema de todos nós, utentes, e não apenas dos criadores e editores de páginas e de blogues na Internet; também aqui é preciso usar camisinha, perdão, ter nos nossos computadores um bom software de segurança; no caso dos blogues, é preciso ter cuidado com o IN que usa software do tipo com adware, malware ou spyware)...

Reproduzimos a seguir mais algumas mensagens que nos chegaram, de solidariedade (*) com os camaradas do Ultramar Terraweb.

2. Mensagem do Albano Costa, com data de 26 de Novembro:

Caros Editores

Hoje levei um murro no estômago!... Mas que grande maldade!...

E eu sempre a teimar comigo mesmo, que nada era como dantes!...

Não vou discutir as razões que levaram o autor a suspender o seu, e nosso «terraweb», mas que fiquei muito defraudado, aí isso fiquei, só tenho pena que a história ainda ia no princípio, e já teve que se ir embora, lamento muito o sucedido, mas meus amigos estou esperançado que estas coisas não podem morrer assim, a história sobre a guerra (do ultramar ou colonial) vai ter de continuar, afinal andamos nela e mesmo obrigados não tivemos medo de morrer.

Desejo-vos boa saúde para todos, Albano Costa


3. Do José Martins, com data de hoje, de manhã:

Caro António Pires e restante equipa

Foi com imensa alegria que tomei conhecimento do REGRESSO DA PÁGINA.

Como te disse, telefonicamente, estou solidário contigo e com a equipa. Ainda ontem falei no caso da Ultramar.Terraweb, no encontro que houve na Biblioteca Museu Republica e Resistência sobre o livro Braço Tatuado de Cristóvao de Aguiar.

Mais uma vez saúdo o regresso da página que agrega, não só TODOS OS COMBATENTES, mas tambem os amigos da verdade.

Força e em frente.

Um abraço

José Martins


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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:

24 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3513: Blogues da nossa blogosfera (5): Quem quer calar o portal Guerra do Ultramar ? (José Martins / Luís Graça)

26 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3523: Blogues da Nossa Blogosfera (6): Solidários com o portal Guerra do Ultramar, do António Pires

27 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3530: Blogues da Nossa Blogosfera (7): Intervalo na democracia, já?...(António Matos)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2975: Ser Solidário (11): Sugestões de colaboração (José Teixeira)


José Teixeira
ex-1.º Cabo Enfermeiro
CCAÇ 2381
Buba, Quebo, Mampatá e Empada ,
1968/70



1. Em 5 de Junho de 2008, o nosso camarada José Teixeira enviou-nos esta mensagem com sugestões de colaboração. Deixamo-la à consideração de todos os nossos leitores.

Luís:_ Saúde, paz e felicidade, para ti, tua esposa e familia e, colaboradores no Blogue e bloguistas.

No Encontro da Tabanca Grande em Monte Real, a tua esposa e querida amiga levantou-me esta questão: Como ajudar aquela gente a sair da situação difícil em que se encontra?

Deixou-me a pensar e agora aí estou eu - o chato do costume - a provocar mais um desafio.

Gostava de te pedir para colocares no blogue os indicativos das Associações, na sua maioria criadas por antigos combatentes, e que estão a juntar-se outras gentes, mais novas, mas sensíveis. Segue também uma carta, desafio, que pedia para ser publicada, se assim o entenderes.

Fraternal abraço para udo djenti da Tabanca Garandi

2. Caros tertulianos.

A Guiné Bissau, que nós tão bem conhecemos e onde deixámos um pouco do nosso coração, tem actualmente profundas carências nas mais diversas áreas. Políticas mal orientadas, como a de trocar a produção do arroz pela produção da castanha de cajú, aconselhada pelo Banco mundial, aliadas à falta de experiência politica dos seus governantes e outras, têm conduzido aqueles povos a uma miséria extrema, da qual é preciso retirá-los.

Creio que, com a nossa ajuda, por mais pequena que seja, pode ser uma alavanca de crescimento nas áreas do ensino, cultura, saúde, economia, etc.

Desafiei-vos há algum tempo a lançarmos uma campanha de recolha de sementes em atendimento ao griiiiiiiiito das mulheres de Cabedú, na inauguração do seu fontenário, na qual eu tive imenso prazer em estar presente juntamente com outros antigos combatentes e comungar da sua enorme alegria.

Pretendi dar seguimento ao apelo do Zé Carioca, antigo combatente em Guileje, que comigo viveu o acto e mais que eu se comoveu com o pedido daquelas mulheres. Ele já está a trabalhar nesse projecto. Possivelmente, sentir-se-á muito sozinho, pois ninguém de nós deu sinais de querer ajudar.

Outros desafios se nos põem: A Associação dos Padrinhos de África - http://www.padrinhosdeafrica.org/ - tem um projecto em desenvolvimento de apoio escolar para crianças sem pais, ou pobres para que tenham condições de estudar.

Eu estou em ligação com este projecto e posso dar orientações a quem estiver interessado.

Deixai-me apresentar uma proposta às vossas esposas e filhos para que assumam o apradrinhamento de uma criança da Guiné. Pede-se por mínimo de 60,00€ por ano, mais 12,00€ de filiação na Associação. Acham muito?

Outros desafios:

i - http://saude-alerta.blogspot.com/.
Um dos projectos actuais é melhorar as condições do Centro de Saúde de Buba.

"O CS-Buba, recebe diariamente problemas com a saúde infantil, desde diarreias, problemas gástricos, paludismo, problemas respiratórios, etc. A população não tem culpa, de uma saúde doente e em colapso na Guiné. Ao passarmos por esta vila, em 20 de Fevereiro de 2008, 5 mil pessoas sairam à rua implorando-nos ajuda. Levámos roupa, calçado, brinquedos, livros e manuais escolares, dicionários e gramáticas, material de apoio à escola, mas... não imaginávamos que algo mais grave e preocupante estava ali diante dos nossos olhos.
Uma gente carinhosa, respeitadora, afável e hospitaleira. Este povo de Buba, merece um pouco da nossa atenção".




ii - http://humanitarius.roxer.com/.

"Em Outubro de 2007, produzimos uma campanha nacional, para levar à Guiné, especialmente ao seu interior, o produto da recolha de material escolar, entre muitos outros donativos, que foram chegando para essa campanha. Em Fevereiro, a expedição partiu rumo à Guiné, atravessando o sul de Espanha, Marrocos, Sahara Ocidental, Mauritânia, Senegal e finalmente a Guiné. Uma viagem de 6 dias que permitiu a este grupo de expedicionários conhecer outras culturas e, sobretudo, outras realidades distanciadas do europeísmo, e sua forma de vida. A expedição humanitária levou consigo 3 projectos de expressiva relevância: o "Ler e Conhecer" com Vanda Germano e Jorge Baptista; o "Teatro vai à Escola" com João Bota e Tania Nascimento, do TIPO (Teatro Infantil de Portimão); e o "Escola para todos" com João Almeida, Helena Duarte, António Camilo, e Artur Cruz.
Roupas, brinquedos, 3 cadeiras de rodas, material ortopédico, calçado, mochilas, bolas e camas para bebé, que fizemos chegar a instituições várias, como a Missão de Nhouma, e Casa Emanuel um dos prestigiados orfanatos da Guiné-Bissau.
Por 16 escolas de Tabancas (aldeias) distantes da capital, entregámos o mais diverso material escolar, sendo que algumas dessas escolas receberam dos nossos voluntários, roupa e calçado, e alguns equipamentos desportivos.
No Hospital Simão Mendes, em Bissau, entregámos ao serviço de pediatria, muitos brinquedos que fizeram por certo aquelas crianças mais felizes. No mesmo hospital, foram entregues ao Administrador e médico Dr. Agostinho Semedo, duas (2) cadeiras de rodas, que foram doadas à associação, pelos Rotários de Loulé e Karting de Almancil. Uma das três cadeiras, ficou justamente na Cooperação Portuguesa em Bissau, para que este equipamento possa, caso seja necessário, servir os cooperantes portugueses em serviço na Guiné.
Excedentes desta campanha, foram ainda destinados a Bubaque, uma das 88 ilhas que compõem o arquipélago dos Bijagós, onde são notórias as dificuldades a todos os níveis, especialmente no sector da educação

iii - Associação Humanitária Memórias e Gentes




"O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores"
(Paulo Quintana)




Associação sem fins lucrativos/Matriculada na C.R.C. de Coimbra NIPC 508 343 461, Parceiro especializado da Liga dos Combatentes para acções humanitárias.

Contacto: E-mail j.moreira@sapo.pt / Telem 96 402 80 40

Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008> Guiné 63/74 - P2531: Ser solidário (4): Coimbra encaixotou o maior contentor de apoio humanitário à Guiné-Bissau

3. Caros tertulianos, um desafio novo vos apresento - Tenhamos a coragem de ajudar a Guiné.

Peço aos gestores para colocarem na página do Blogue estes endereços para que todos nós possamos consultar sempre que desejarmos.

Na esperança de que se abram os vossos corações.
O camarada
José Teixeira

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1865: Blogoterapia (22): Adelaide Gramunha Marques, tem aqui em Monção um amigo e um irmão (António Pinto)

1. Mensagem do nosso camarada António Pinto, enviada ontem a Adelaide Gramunha Marques:


Dª. Adelaide Crestejo:


Deixe-me tratá-la por minha Irmã Adelaide, porque se eu considerava o MARQUES (1) como meu Irmão e o meu melhor Amigo que tive na Guiné, considero não ser abuso fazer tal pedido.


Estou bastante emocionado pois, quando abri as mensagens ou vou ao blogue da Tertúlia, o que faço constantemente, vi uma mensagem desse grande Senhor, que se chama LUÍS GRAÇA (que já tive o privilégio de conhecer pessoalmente) cujo assunto se referia ao nosso Irmão, que sofregamente li e reli.


Ao ler veio-me à memória, já um bocado gasta, tanta coisa que, com certeza, não vou poder descrevê-las todas. Mas isto é sem dúvida um princípio.


Mal possa vou procurar no meu pequeno espólio de guerra e ver se encontro algumas fotos, para além das que eu já enviei para o blogue. No entanto com as várias mudanças de residência muita coisa se perdeu.


Hoje só quero mandar uma mensagem para a Adelaide saber que existe aqui em Monção ( sou de V. N. de Gaia, fiz toda a minha vida no Porto, mas depois de reformado, eu e minha Mulher, refugiámo-nos neste sossego) um Amigo, que gostaria imenso de a conhecer para falarmos e recordar esse grande Homem, que a maldita guerra, que fomos obrigados a fazer, ceifou duma maneira cruel.


Para já deixo aqui os meus contactos:


António de Figueiredo Pinto
Lugar da Cova
Valadares
Apartado 100
EC Monção
4950-909 Monção


Telefone fixo > 251 531 855
telemóvel > 911 029 056


e-mails: >
antoniopinto67@sapo.pt
ninhodavo@sapo.pt


Amanhã não prometo entrar em contacto pois tenho que fazer vários exames médicos, pois a idade (68) já não perdoa, mas breve voltarei.


Uma boa noite e um abraço do


Pinto


2. Comentário de L.G.:


Obrigado, António. São de grande nobreza as tuas palavras. Fico de algum modo feliz por o nosso blogue proporcionar momentos de solidariedade e grandeza humanas, como este. Ao mesmo tempo, é espantoso como, mais de 40 anos volvidos sobre os acontecimentos, tudo isto ainda mexe profundamente com as nossas emoções e os nossos sentimentos. À nossa amiga Adelaide, dirijo-lhe formalmente o convite para ficar na nossa Tabanca Grande o tempo que entender e precisar… Continuaremos a lutar pelo nosso direito à memória.


Mantenhas (como dizíamos lá na Guiné), para os dois.




3. Mensagem da Adelaide, enviada esta madrugada:


Meu caro amigo Luís, obrigada pelas suas palavras de conforto e pela rapidez com que me pôs em contacto com o Sr. António Pinto.


Vou tentar ainda hoje responder ao email que ele me enviou e que me deixou muito confortada pois vejo e sinto nas palavras dele que o meu irmão teve na Guiné se mais não foram, pelo menos UM grande amigo, UM irmão.


Pelo vosso trabalho um bem hajam e que Deus os acompanhe sempre assim como ás vossas familias.


O Luís diz que o Martinho já nos deixou há 42 anos e é verdade, mas para mim esse dia está tão presente na minha memória como se tivesse sido ontem.


A única diferença é que nos habituamos a viver com a ausência e a valorizar os momentos que tivemos de convivio como os mais preciosos deste mundo.


Obrigada meu caro amigo e bom trabalho para todos.


Adelaide G. M. Crestejo
_________


Nota de L.G.:


(1) Vd. post de 20 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1862: 42 anos depois, com emoção e revolta, sei das circunstâncias horríveis em que morreu o meu irmão... (Adelaide Gramunha Marques)

Guiné 63/74 - P1863: Convívios (18): Como a cidade que nos acolheu, foi nobre a confraternização da CCAÇ 2317, Os Gandembelenses (Idálio Reis)

Porto > 9 de Junho de 2007 > Confraternização da CCAÇ 2317, os Gandembelenses. Visita ao Museu Militar do Porto, pela mão do nosso camarada A. Marques Lopes, dirigente da Associação 25 de Abril - Delegação Norte.

Porto > 9 de Junho de 2007 > Confraternização da CCAÇ 2317, os Gandembelenses. Almoço de convívio: aspecto geral. Este ano vieram mais seis (!), incluindo o João Franco e o Fernando Oliveira, naturais de Vila Praia de Âncora, que vieram e regressaram de comboio. Uma grande alegria para o Idálio Reis (em primeiro plano, na imagem)

Fotos: © Idálio Reis / M. Almeida (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Idálio Reis (1), com data de 10 de Junho de 2007:

Meu caro Luís:

Junto a esse velho casario do Carlos Tê/Rui Veloso, mais uma vez nos reunimos em sólida e franca jornada de camaradagem, num grande encontro de convívio. A ele, se dignaram juntar o A. Marques Lopes, da CART 1690, e o José Teixeira, da CCAÇ 2381. Este para reencontrar vivências de um passado partilhado, de calcorrear trilhos de um chão comum, tão traiçoeiro; o nosso tertuliano Marques Lopes, porque para além de diligenciar que o Museu Militar do Porto nos franqueasse as suas portas para uma visita guiada, quis conhecer-nos de perto e ouvir as nossas estórias, em que os ânimos mais se esbraseiam com as recordações a jorrarem em catadupa, pois que teimosamente não pretendem ser sumidas.

Como sempre, há os que persistem numa presença assídua; outréns, que deixaram o espaço por preencher, devido a razões de força maior. Também há, infelizmente, os que jamais aparecem, e aqui se aglutinam motivos da mais variada índole. Alguns, dolorosamente, não lhes sabemos do paradeiro.

Contudo, das indagações a que me propus encetar nestes últimos tempos, apareceram mais 6. São momentos de rara felicidade e contentamento, rever estes companheiros após uma larga delonga de quarenta anos.

Dentre estes, esteve o ex-cabo Fernando Oliveira, de um lugar da freguesia de Vila Praia de Âncora. A vida deste homem, de há tempos a esta parte, não lhe tem sido fácil, mercê de um conjunto de vicissitudes de ordem familiar. Feridas difíceis de superar, e ele não foi suficientemente forte para vencer tais contrariedades da melhor forma, pois de repente começou a entrar no abuso desregrado da bebida que perturba tão perniciosamente e que fatalmente degenera no vício.

Tive o privilégio de encontrar um seu conterrâneo, este morador na sede da Freguesia e que viveu as peripécias da campanha da Índia, que após me confirmar do paradeiro do Oliveira, se veio a tornar o seu principal apoio e que me vem referindo que aquele guerrilheiro de rija têmpera, começa a dar indícios de uma franca melhoria na sua conduta do dia-a-dia.

No sábado, um cidadão de nome João Elias Domingues Franco, aparece-me no restaurante com o Fernando Oliveira, vindos ao Porto por via ferroviária. Silente, fechei os olhos por breves instantes, sustendo a forte emoção do momento, inigualável. A presença ali daqueles 2 conterrâneos, era o testemunho duma ilimitada amizade.
Almoçaram connosco, mas às 15 horas tiveram que se retirar para apanhar o comboio até Vila Praia de Âncora.

Também eu conquistei, em definitivo, uma relação de grande afecto e estima, por um grande homem de corpo e alma, inteiro. Bem-haja, amigo João Franco, por esta maravilhosa missão de auxílio, desinteressada e altruísta, profundamente humanitária que vem tendo com este meu ex-companheiro. Muito grato por tudo.

Um cordial abraço à Tertúlia do

Idálio Reis
Ex- Alf Mil da CCAÇ 2317
BCAÇ 2835
Gandembel e Ponte Balana (1968/69)

___________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1823: Camaradas que já nos deixaram (2): O Picão, da CCS do BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), que morreu há dias na miséria (Amaral Bernardo)

Lourinhã > Praia Vale de Pombas (1) > 2005 > "Um homem e a a sua cruz"... O Picão faleceu no hospital de Leiria no dia 28 de Maio último, de madrugada, tendo o funeral sido em S. Martinho do Porto no dia 29 às 16 horas. Gravemenete ferido num ataque a Catió, com foguetões 122 mm, no 14 de Abril de 1970, nunca mais pôde trabalhar. Não tinha Segurança Social, pelo que o funeral foi às custas da sua pobre família e dos seus amigos... Mais um estória triste e revoltante.

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.


1. Mensagem do Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico da CCS / BCAÇ 2930(Catió, 197o/72) (2):

Luís,

Sábado passado, dia 2, o BCAÇ 2930, a que pertenço, realizou mais um encontro anual. O Rocha Pais, que foi enfermeiro do batalhão, pediu-me ajuda com o documento que te mando.

Podemos fazer alguma coisa? O camarada recém falecido ficou gravemente ferido numa brutal ataque com foguetões 122 a Catió em 14 de Abril de 19971. Ficou cheio de estilhaços... e parece que morreu com uma complicação pulmonar, provocada por um deles. Morreu na miséria (foi preciso arranjar dinheiro para o funeral) e deixa a viúva com a quantia que o documento refere. Haverá um processo oficial, perdido algures em qualquer repartição das Forças Armadas, a pedir o apoio a que ele tinha direito.

Se não se conseguir nada a nível oficial, tentarei sensibilizar uma TV qualquer.´É triste, mas terá que ser assim... embora não faça o meu género.

Abraço

Amaral Bernardo.

P.S. - Podes dar a publicidade que entenderes


2. Mensagem enviada pelo Luís Martins Silva , com data de 31 de Maio de 2007, para o Rocha Pais:


Pais:

Lamento ter de informar que não podemos comparecer ao Encontro. A minha sogra ficou internada no hospital de Beja, em observações, pelo que não sabemos o desfecho do assunto. Se puderes ainda avisar que são menos 2, melhor, se tivermos que pagar diz alguma coisa.

Mandou-me hoje uma mensagem a Dª Susete, viúva do Picão. Pede para darmos um abraço a cada um dos nossos companheiros, pois o Picão dizia sempre que gostava de abraçar cada um.

Sei que vais estar só, de nós os três que tivemos no funeral, mas se tiveres hipóteses, fala no assunto e se vires que há condições pede o apoio dos nossos companheiros.

Por mim a única coisa que posso fazer é escrever a seguinte mensagem que depois, se vires que há hipoteses, podes ler para os nossos camaradas.

Amigos ecompanheiros.

Por motivos relacionados com a doença súbita de um familiar, não me é possível estar este ano, presente no nosso convívio. No entanto, não quero deixar de vos saudar a todos e às vossas famílias, desejando que , apesar das contrariedades da vida, consigamos sobreviver mais alguns anos para nos continuarmos a encontrar.

Um dos que nunca esteve connosco nos Encontros, mas que nós lembrávamos bem, era o José Júlio Abreu Picão.

Nunca mais vai estar connosco, apenas em pensamento. Faleceu no hospital de Leiria no dia 28, de madrugada, tendo o funeral sido em S. Martinho do Porto no dia 29 às 16 horas. Estivemos eu, o Pais e o Lisboa. No momento do corpo descer à terra, com a autorização da família e por concordância do Pais e do Lisboa, teci algumas considerações sobre o nosso amigo que nos deixou. Realcei o facto de o Picão ter esperado 37 anos por uma pensão, dado que, tendo sido ferido como sabeis, no 14 de Abril de 1970, nunca mais pôde trabalhar . Não tinha segurança social, pelo que o funeral foi às custas da família (esposa) e dos amigos. Trata-se, como pudémos comprovar, duma familia bastante pobre e carenciada (viviam com a reforma da actual viuva, de 230 euros mensais), ele, a esposa e uma neta que criou desde o nascimento e agora com 13 anos.

Por isso, daqui faço um apelo à nossa generosidade para com aquela senhora, que está a passar por maus momentos, não só espirituais, como materiais. Se assim o entenderem, podem entregar os vossos donativos ao Pais, que lhos fará chegar. Se entenderem fazê-lo directamente, o Pais tem consigo a morada da viúva.

Pedia-me hoje por mensagem, a viúva, que no nosso Encontro eu desse um abraço a cada um de vós, em nome do Picão, pois em vida manifestou esse desejo. Faço-o através desta mensagem. Que Deus nos dê coragem para aguentarmos com mais este embate e outros mais que virão a caminho.

Tal como disse no funeral do Picão, repito-o agora:
ADEUS AMIGO, ATÉ SEMPRE.

Luís Martins Silva
ex-furriel miliciano mecânico auto.


Pais:

li igualmente as mensagens que reencaminhas-te do alferes Santos. Se ele estiver no Encontro dá-lhe um abraço bem forte.

E tu, que és um homem de coragem, ve se consegues sair desse imbróglio.

Recebe um abraço para ti e Rosalina do

Luís e Elsa

3. Comentário do editor do blogue:

Estou fora de Lisboa, com dificuldades de ligação à Net (Eu ladrão me confesso: isto de contar com o ovo no cú da galinha, que é como quem diz, com o sinal da rede sem fios... do vizinho!)...

O Amaral Bernardo telefonou-me há dias a contar este triste caso, acima descrito. Só agora consigo pô-lo no blogue. Não podemos ficar indiferentes a situações como estas que, mais uma vez, nos chocam, envergonham e entristecem.

O nosso blogue abre o seu espaço às sugestões e comentários de todos os camaradas, em geral, e dos camaradas do BCAÇ 2930, em particular. Como demonstrar a nossa solidariedade para com o Picão e a sua família ?

Antes de mais, trata-se de dar um murro na burocracia, no cinismo e na indiferença. Há tempos comentámos aqui um caso semelhante, o de um camarada que morrreu, como um cão, na sua barraca, na Nazaré (3). L.G.

_________

Nota de L.G.:

(1) Vd. Luía Graça > Blogue Fora-Nada... E Vão Dois > Post de 9 de Novembro de 2005 Blogantologia(s) II - (15): O amor em Agosto

(...) Nem vale.
Nem pombas.
Nem praia.
Na Praia do Vale de Pombas,
À maré cheia, à praia-mar,
Há apenas um fio de água doce
Que mantém os cordões umbilicais
Do infinitamente pequeno da vida
Ligados ao infinitamente grande
Dos corpos celestiais.

Vale de Pombas:
Aqui caiu uma chuva de meteoritos.
Um dia hei-de lá levar-te.
(...)

(2) Vd. post de 2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1489: Tertúlia: Formalizo o meu pedido de entrada (Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico, Catió, BCAÇ 2930)

(3) Vd. post de 3 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1398: Poema de Natal: Só agora, camarada, te mataram (Jorge Cabral)

quinta-feira, 8 de março de 2007

Guiné 63/74 - P1573: O Victor Tavares, da CCP 121, a caminho de Guidaje, com uma equipa da TVI (Luís Graça)



Águeda > Aguada de Cima > Restaurante Vidal > 2 de Março de 2007 > O Victor Tavares e o Paulo Santiago, fazendo as honras à terra e ao leitão do Vidal (passe a publicidade...). Na foto em baixo, acompanhadas da Alice (esposa do editor do blogue) e da sua mana, Ana (logo, minha cunhada) (LG).
Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.


Na passada 6ª feira, dia 2 de Março, tive o privilégio, a honra e o prazer de ter sido convidado pelos nossos camaradas de tertúlia Paulo Santiago e Victor Tavares para almoçar na terra deles, estando eu em viagem do Porto para Coimbra.

O encontro era em Aguada de Cima, perto de Águeda. O repasto estava marcado para o conhecido Restaurante Vidal, que serve um belo leitão feito em forno de lenha. Já lá tinha ido uma vez, no verão passado. Mas confesso que me perdi, quase no fim. Infelizmente, este país está mal sinalizado, de norte a sul, pese embora também a nabice do pendura... A motorista era a minha cara-metade.

O Paulo, que é mesmo de Aguada de Cima, jogava em casa e, recebido o SOS e tirado o azimute, lá veio, a mata-cavalos, em corta-mato, em meu socorro, com o Victor. Já chegámos um pouco para o tarde ao restaurante e eu, às quatro horas, tinha que zarpar para Coimbra, onde fui dar um seminário, de três horas, na Faculdade de Ciências e Tecnologia, no Polo Universitário II, no pinhal de ... Marrocos.
Apesar destes contratempos, matámos saudades (tinha conhecido o Paulo na Ameira, Montemor-O-Novo, no 1º encontro da nossa tertúlia, em Outubro de 2006) (2) e sobretudo tive oportunidade de conhecer, ao vivo, pessoalmente, o nosso valente Victor Tavares, ex-paraquedista e agora também autarca, mais exactamente presidente da junta de freguesia de Recardães, eleito por uma lista independente.

Paulo, deixa-me agora falar um pouco mais do teu amigo e vizinho e nosso camarada. O Victor é um digno representante dessa escola de virtudes humanas e militares que foram (e são) os paraquedistas. É sobretudo um valoroso elemento da CCP 121 que, na Guiné, entre 1972 e 1974, sofreu nove baixas mortais: seis na Operação Pato Azul (Gampará, Março de 1972) e três na valorosa 5ª coluna que, entre 23 e 29 de Maio de 1973, rompeu o cerco a Guidaje. Estes espisódios já aqui foram evocados pelo Victor, com dramatismo, autenticidade e rigor (1).

Com todo o mérito, mas também graças ao nosso blogue, o Victor foi convidado a ir, in loco, a Guidaje, reconstituir o episódio da 5ª coluna, incluindo a emboscada no Cufeu, onde perderam a vida os seus camaradas Lourenço, Victoriano e Peixoto. O convite veio do jornalista Jorge Araújo que está a fazer um trabalho de reportagem para a TVI. Anteontem, 3ª feira à noite, eles partiam para Dakar, para uma viagem de cinco dias. Em tempo recorde, tratou-se do passaporte e do visto para a entrada do Victor (e dos demais elementos da equipa).

Como devem imaginar, o Victor aceitou mais este desafio com sentido de missão, com humildade, com naturalidade (e sem se queixar do prejuízo que esses cinco dias representam para a sua vida familiar e profissional, ele que é um honesto trabalhador independente)... Na conversa que com ele tive, ao almoço, deu para perceber que ele é também um grande homem, um grande português e um grande camarada, que não se envaidece pelo seu brilhante currículo como combatente e pelo facto de ainda hoje privar com os seus antigos oficiais, incluindo aquele que foi seu comandante e que atingiu o posto de major-general (se não erro, Bação da Costa Lemos, hoje na reforma), posto esse que é dificilmente alcançável entre as tropas paraquedistas... O Victor foi e continua a ser muito respeitado pela família paraquedista, camaradas e superiores hierárquicos...

Ao Victor, só posso desejar-lhe boa viagem e bom sucesso nas diligências que o levaram de novo a Guidaje, de má memória para a CCP 121 e para todas as unidades (dos três ramos das forças armadas) que conheceram o inferno de Guidaje em Maio/Junho de 1973...

Ao Paulo e ao Victor fico em dívida com um almoço (ou melhor, quatro, já que eu levava mais três penduras, a minha mulher, Alice, mais os meus cunhados, Ana e Augusto). A amizade com a amizade se paga, e eu espero retribuir a sua hospitalidade ou na minha terra de naturalidade (Lourinhã, Estremadura) ou na minha terra de nupcialidade (Marco de Canaveses, Douro Litoral)... ou quiçá, de novo, em Aguada de Cima...

Deixem-me, por fim, fazer uma inconfidência, pouco consentânea com o meu papel de editor do blogue: isto (o blogue...) tem sido uma caixinha de surpresas, e não propriamente a Caixa de Pandora que alguns poderiam imaginar e temer que pudesse vir a ser... Tenho conhecido, directa e indirectamente, portugueses, homens e mulheres, de grande gabarito humano, moral e intelectual... Digo-o sem lisonja nem exagero: é um privilégio ter, como camaradas, pessoas como o Paulo e o Victor...
E já agora, advinhem quem estava à minha espera às 20 horas de 6ª feira, em Coimbra, na FCT/UC, no pinhal de... Marrocos ? Outro camarada fantástico, o Carlos Marques dos Santos, que me veio dar um abraço e lembrar que é altura de começar a organizar o 2º encontro da nossa tertúlia (e de marcá-lo para uma data próxima, antes que venha aí a avalanche dos convívios de ex-combatentes, a partir de finais de Maio/princípios de Junho)... Recordo que o Carlos Marques dos Santos - ainda não foi desta que fui conhecer o teu Café D'Arte, na cidade de Coimbra ! - é um dos primeiro tertulianos, dos mais activos e mais fiéis, estando na altura de recuperar muitos dos seus posts e fotos publicados na 1ª série do nosso blogue...
Aqui ficam, para a memória da nossa tertúlia, duas fotos tiradas na ocasião.
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Nota de L.G.:

(1) Vd. posts de:

25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

21 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1540: Os paraquedistas também choram: Operação Pato Azul ou a tragédia de Gamparà (Victor Tavares, CCP 121)

(2) Vd. post de 15 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1339: Queta Baldé: um exemplo da solidariedade entre comandos (A. Mendes, 38ª CCmds)

Amadora > Regimento de Comandos > 1977 > Cópia do cartão do 1º Cabo Comando A. Mendes, assinado pelo Coronel Jaime Neves.

Foto: © Amilcar Mendes (2006). Direitos reservdaos.


Mensagem do Amilcar Mendes (ex-1º cabo, 38ª Companhia de Comandos, Guiné, Brá, 1972/74) (1):


Sem pretender ser um gajo chato e depois de ler o que escreveu o Beja Santos (2), gostaria de tecer algumas considerações, se mo permitirem, sobre o que li :

(i) Conheço o Queta Baldé, da 2ª Companhia de Comandos Africanos, com quem trabalhei na Guiné: pergunte-se-lhe se ele se lembra de Kadike-Yalá no Cantanhês, no Natal de 73...

(ii) Além disso, convivi com ele, aqui em Lisboa.

Sabe, amigo Beja Santos, que tal como o Queta vieram para Portugal dezenas de ex-comandos africanos e foi a Associação de Comandos (3) quem lhes conseguiu o visto para virem através do Senegal.

Foi a dita associação quem lhes arranjou as casas em Chelas que o amigo chama de "uma autêntica alfurja"... Foi a dita associação quem lhes arranjou os primeiros empregos onde alguns ainda hoje se mantêm (por ex., cemitério do Alto de São João, castelo de São Jorge, seguranças privadas etc.) ...

Quando eles chegaram a Portugal, muitos ficaram a dormir durantes meses na Associação de Comandos e também a comer...

É que nós, os ex-comandos, sempre tratámos os comandos africano, não como africanos mas como comandos... O Beja Santos pode perguntar ao Queta se o que eu escrevo faz sentido.
Se ele mostra um semblante marcado pelo sofrimento, é natural, pois o que os ex-comandos naturais da Guiné passaram, marca qualquer um, mas nós aqui à distância sempre nos preocupámos com eles.

Fui testemunha de muitos aqui, em Lisboa, para elaborar os processos de ferimentos em combate para atribuição de pensões e trabalhei com muitos aqui em Lisboa em missões de segurança .

Muito do que ficou por fazer deveria ser o Estado Português a fazê-lo. Desculpe, amigo Beja Santos, se estou a ser injusto, mas penso que o Queta não lhe contou tudo.

Um abraço a todos os bloguistas.

A. Mendes


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Notas de L.G.:






(...) "Queta Baldé: ex-comando, exilado no Senegal, segurança em Lisboa


"O Queta apareceu-me aqui há uns dias no trabalho pelas 8:30, vindo da sua noite como segurança numa empresa entre o Saldanha e o Marquês de Pombal. Conheci-o a arrastar os pés e não se tornou mais ligeiro com a idade. Às vezes, quando vem conversar aqui comigo lança-me um olhar que parece de um animal doído com os raspanetes do dono.


"Ele tem algumas razões para mostrar um semblante marcado pelo sofrimento. Em 71, saiu do Pel Caç Nat 52 e alistou-se na 2ª Companhia de Comandos Africanos. Em 74, com a independência, fugiu de Cuntima para não ser baleado num daqueles delírios de ajuste de contas. Viveu sete anos no Senegal, lá conseguiu um visto, depois adquiriu nacionalidade portuguesa, trouxe filhos do primeiro casamento, voltou a casar e foi viver para Chelas J, numa autêntica alfurja. Mas não resistiu a ser útil a nosso alfero, que lhe pediu para retorcer os subterrâneos da memória" (...).


(3) A Associação de Comandos, com sede em Lisboa, tem delegações nas seguintes localidades:












Fora do Continente, tem ainda delegações em:



O sítio (oficial) da Associação de Comandos tem um link para uma das nossas páginas > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné (12) > Brá: Comandos