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sábado, 12 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19396: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (1): em construção. para rever, aumentar, melhorar, divulgar, comentar...


Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Jufunco ou Djufunco > 9 de maio de 2013 > Os dois régulos locais com as suas "turpeças" que nunca largam por nada deste mundo... Dois tipos agarrados ao poder, deve ter pensado o régulo da Tabanca de Matosinhos, Zé Teixeira... Sentar-se no banquinho,. tipo tripé,  do régulo é punível com a pena... capital!... Os felupes não fazem a coisa por menos... Mas há um provérbio (dos tugas) que diz: "Quem tropeça, também cai!"... Os senhores dicionaristas do Priberam e outros não nos ligam nenhuma... Ainda não grafaram o termo, nem sabem da sua existência... Enfim, tal como ainda não descobriram que "abibe" não é uma ave pernalta, mas um novato que entra(ava) nos anos 60/70 no "ninho dos Falcões" (a BA 5, em Monte Real).

Foto (e legenda): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. São cerca de meio milhar de:

(i) abreviaturas, siglas, acrónimos e termos técnico-militares usadas pelas NT (Nossas Tropas) / Forças Armadas Portuguesas:

(ii) abreviaturas, siglas e acrónimos e termos técnico-miliatres usadas pelo IN (inimigo) (guerrilha / PAIGC):

(iii) topónimos da Guiné, vocábulos e expressões etnográficas e/ou em crioulo e línguas gentílicas

(iv) vocábulos e expressões da gíria ou calão tanto do IN como das NT...

É um pequeno património linguístico que já não nos pertence... Alguns destes vocábulos já estão grafado pelos dicionaristas... Outros poderão vir a sê-lo, se não caírem em desuso.. São quinze anos a blogar, o que dá sete comissões no TO da Guiné... Pequeno dicionário, de A a Z, em construção, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné (*) que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até até têm um livro de estilo (**)... Mas falta-nos "a gíria e o calão" de outras armas como as da Marinha...Infelizmente temos poucos marinheiros e fuzileiros na Tabanca Grande.

Quanto ao resto (e nomeadamente ao uso de um "calão" mais grosseiro), é bom lembrar que o nosso blogue não é politicamente correto, justamente porque é plural, é um rio com muitos afluentes... Aos nossos amigos e camaradas mais "sensíveis", incluindo os nossos  amigos guineenses, pedimos desculpa de "qualquer coisinha"... LG


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande,   de  A a Z... Em construção, desde 2007:


1º Cabo Aux Enf – 1º cabo auxiliar de enfermagem

2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (Marinha)

5ª Rep - Café Bento, o ‘mentidero’ de Bissau

A/C - Mina anticarro

A/D - Autodefesa (tabanca em)

A/P - Mina antipessoal

AB - Alfa Bravo ou alfabravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)

Abibe - Novato na BA 5 (Monte Real) (FAP)

Abo - Você, tu (crioulo)

ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP) 

AD - Acção para o Desenvolvimento - ONGD guineense que teve a marca histórica da liderança do Pepito (1949-2014)

ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (posterior ao 25 de Abril)

Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim

Afilhado - Militar que tinha uma madrinha de guerra

Água de Lisboa – Vinho (da intendência) (gíria)

Água do Geba (Beber a) - Apaixonar-se pela Guiné

Agr - Agrupamento

AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm (PAIGC)

AL II - Alouette II, helicóptero, de origem francesa (FAP)

AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)

Alf - Alferes

Alf Mil - Alferes Miliciano

Alf Mil Med - Alferes miliciano médico

Alfa Bravo - Abraço

Alfero - Alferes (crioulo)

AM - Academia Militar (antecessora: Escola do Exército)

Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do Com-Chefe; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau

AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões

AN/PCR-10 - Rádio transmissor-receptor

Animistas - Povos (balantas, manjacos e outros) que praticam o culto dos irãs

Anti-Aérea ZPU-4 - Anti-aérea  quádrupla, de 14,5 mm (PAIGC)[Também tinham peças AA de 37 mm e, depois, o Strela, em 1973]


Anti-G - Fato que ajudar a suportar os Gês (FAP)

AOE - Associação de Operações Especiais

Ap - Apontador

Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)

Ap Dil - Apontador de Dilagrama

Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas-foguete

Ap Met - Apontador de Metralhadora

Apanhado - Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; cacimbado (em Angola)

Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)

Arv - Arvorado (Soldado)

ASCO - Aly Souleiman & Ca - Casa comercial, de origem sírio-libanesa, com sede em Bissau e filiais no interior, incluindo Gadamael.

Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano

At Art - Atirador de Artilharia

At Cav - Atirador de Cavalaria

At Inf - Atirador de Infantaria

ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta; ataque em alerta (FAP)

ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada; ataque independente (FAP)

ATIR - Ataque e reconhecimento (FAP)

BA12 - Base Aérea nº 12 (Bissau, Bissalanca)

BAC1 – Bataria de Artilharia de Campanha nº 1, mais tarde GA7

Bacalhau - Aperto de mão

Badora – Regulado da região de Bafatá; morteiro 120 mm (PAIGC)

Baga baga – Termiteira (crioulo)

Baguera - Abelha (crioulo); ‘Baguera, baguera’!!!, era a expressão de aflição dos africanos quando atacados por abelhas, no mato

Bailarina – Mina A/P que rebentavam acima do solo, a meia altura.

Bajuda - Rapariga, donzela, moça virgem (crioulo; lê-se badjuda)

Balafon - Instrumento da música afro-mandinga, antecedor do xilofone (crioulo)

Balaio - Cesto grande (crioulo)

Balanta Mané - Balanta islamizado

Banana - Rádio, equipamento de transmissões, AVP-1

Bandalho – Membro do “Bando do Café Progresso”, do Porto, tertúlia de ex-combatentes da Guiné

Bandim - Mercado de Bissau

Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo

Barraca - Acampamento temporário no mato (PAIGC)

BART - Batalhão de Artilharia

Básico - Soldado dos serviços auxiliares (afeto sobretudo à cozinha)
Batata - Nome de guerra do ten pilav António Martins de Matos (BA12, Bissalanca, 1972/74), autor de "Voando sobre um ninho de Strelas" (Lisboa: 2018)

Bate-estrada - Aerograma, carta, corta-capim

Bazuca (i)- LGFog (lança-granadas foguete, 8,7 cm); cerveja de 0,6 l (gíria)

Bazuca (ii) - Alcunha, na Academia Militar, do cap cav Fernando José Salgueiro Maia



Guiné > Região de Bafatá > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 171/74)

Binta, a bajuda mais bonita de Galomaro e arredores. Foto da coleção de Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem".

Foto (e legenda): © Juvenal Amado (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Bazuca China - Lança Granadas-Foguete RPG-2 (PAIGC, gíria)

BCAÇ - Batalhão de Caçadores

BCAV - Batalhão de Cavalaria

BCP - Batalhão de Caçadores Paraquedistas (o BCP nº 12 esteve na Guiné, o nº 21 em Angola e os nºs 31 e 32 em Moçambique)


Bêbeda - Alcunha dada à viatura Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas; esteve em Guileje desde 1965 a 1973.
BENG - Batalhão de Engenharia

BENG 447 – Batalhão de Engenharia nº 447, Bissau

Bentém - Banco, baixo, onde os homens grandes se sentam, a conversar, em geral, sob um poilão (crioulo)

Biafra - Clube de Oficiais, no Quartel General, em Santa Luzia, Bissau; Bar dos pilotos, na BA12, Bissalanca (gíria)

Bianda - Comida; arroz, base da alimentação da população na época (crioulo)

Bicha de pirilau - Progressão, em fila, no mato, mantendo cada homem uma distância regulamentar (gíria)

Bideiras - As vendedeiras ambulantes, que andam nas ruas Bissau (crioulo)

Bigrupo - Força IN equivalente a c. 40 homens (PAIGC)

BINT - Batalhão de Intendência

Bioxene – Álcool; estar com os copos (gíria)

Blufo - Rapaz balanta não circuncidado; rapaz inexperiente (crioulo)

Boinas Negras - Fuzileiros

Boinas Verdes - Paraquedistas

Boinas Vermelhas - Comandos (depois de 1974); na Guiné, usavam a boina castanha do exército

Bolanha - Terreno alagadiço, próprio para a cultura do arroz (cioulo)

Bombolom - Intrumento musical, feito a partir do tronco de uma árvore; instrumento tradicional de comunicação entre aldeias balantas e manjacas (crioulo)

Bonifácio - Obus 11,4 cm, TR m/917, da I Guerra Mundial (termo da gíria dos artilheiros)

BOP - Bombardeameno a picar (FAP)

BOR - Embarcação civil, que navegava no Geba, com umas estranhas pás na popa

Brandão - Família da região de Tombali (Catió), mas também de Bambadinca (região de Bafatá)

Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola; não se usava no nosso tempo) (gíria)

Bunda - Cú, traseiro (crioulo)

Burmedjus - Mulatos, mestiços, crioulos, cabo-verdianos (crioulo)

Burrinho - Viatura automóvel Unimog 411, a gasolina (mais pequena que o 404, a gasóleo) (NT) 





Guiné > Região de Tombali > Guileje > A Fox MG-36-24, que pertenceu aos Pipas, foi sendo sucessivamente rebaptizada: Bêbeda, Diabos do Texas... (Bêbeda, porque possivelmente gastava... "cem aos cem"!)...

Segundo Nuno Rubim, "a matrícula da Fox é a mesma que consta numa fotografia tirada por elementos do PAIGC em 25 de maio de 1973, quando ocuparam o quartel, três depois depois do seu abandono por ordem do comandante do COP 7. Portanto a Bêbeda ( que  fica para a história, representada com essa mesma inscrição no diorama de Guileje, que foi construído por Nuno Rubim para o Núcleo Museológico Memória de Guiledje ....) terá servido desde 1965 até 1973, integrada nos sucessivos Pel Rec Fox que por lá passaram"... A foto de baixo  foi gentilmente cedida pelo Teco (Alberto Pires), da CCAÇ 726.

Fotos (e legendas): © Nuno Rubim (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]



Cá bai - Não vai (crioulo)

Cabaceira - Árvore e fruto do embondeiro (não confundir com Poilão) (crioulo)

Cabaço - Hímen, virgindade (crioulo)

Cabeça Grande - Bebedeira (crioulo)

Cabo Aux Enf - 1º Cabo Auxiliar de Enfermeiro

Cabo Enf - 1º Cabo Enfermeiro

Caco / Caco Baldé - Alcunha do Gen Spínola (mas também 'Homem Grande de Bissau', 'O Velho', 'O Bispo'; caco, de monóculo; Baldé, apelido frequente entre os fulas)

Cães Grandes - Oficiais superiores

Chabéu – Dendê (fruto); prato típico da GB, de peixe ou carne, feito com óleo de palma (etimologia: do crioulo "tche bém")

Cal - Calibre

Camarigo - Camarada e Amigo (por contracção); criada na Tabanca Grande

Cambar - Atravessar um rio (crioulo)

Candongas - Transporte colectivo privado, usado hoje no interior da Guiné Bissau

Canhão s/r - Canhão Sem Recuo

Canhota - A espingarda automática G3

CAOP - Comando de Agrupamento Operacional

CAOP1 - Comando de Agrupamento Operacional nº 1

Cap - Capitão

Cap Mil - Capitão Miliciano

Cap QEO - Capitão do Quadro Especial de Oficiais

Cap QP - Capitão do Quadro Permanente

Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro (gíria)

Capitão-proveta - Cap QEO (gíria),  que  passava a poder transitar para os quadro permanente das armas combatentes (infantaria, artilharia e cavalaria), depois de frequentar o "curso intensivo", previsto pelo D.L. nº 353/73, de 13 de julho.
 
Carecada - Castigo disciplinar, imposto pelo superior hierárquico, e que consistia no corte de cabelo à máquina zero (gíria)

CART - Companhia de Artilharia

Casa Gouveia - Principal empresa colonial, fundada por António da Silva Gouveia em finais do Séc. XIX: em 1927 é adquirida pela CUF.

Catota - Orgão sexual feminino; partir catota = ter relações sexuais (crioulo, calão)

Cavalos duros - Feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus, sintomas de doença venérea (calão)

Cavalos moles - Sintomas de sífilis, doença venérea (fendas no pénis) (calão)

CCAÇ - Companhia de Caçadores

CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas

CCAV - Companhia de Cavalaria

CCM - Curso de Capitães Milicianos

CCmds - Companhia de Comandos

CCP - Companhia de Caçadores Paraquedistas

CCS - Companhia de Comando e Serviços

CEME - Chefe do Estado Maior do Exército

CEMGFA - Chefe do Estado Maior General da Força Aérea

Cento e vinte - Morteiro pesado, de 120 mm

Cesca - Pistola de 7,65 mm, de origem checoslovaca (PAIGC)

CFA - Franco da Communauté Francofone Africaine, moeda actual da GB (1 Euro = 655,597 CFAA)

CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (Marinha)

Chão - Território étnico (vg, chão fula)

CHASE - Em formação, atrás de (FAP)

Checa - Pira, periquito (em Moçambique), maçarico (Angola)

Checklist - Livro de notas do piloto (FAP)

Chipmunk - Avião de treino, de dois lugares, monomotor, de origem canadiana (FAP)

Choro - Conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa, parente ou vizinho (sobretudo entre os animistas) (crioulo)

Cibe - Palmeira; utilizam-se rachas de cibe como barrotes na construção; é resistente à formiga baga-baga (crioulo)

Cilinha - Nome de guerra de Cecília Supico Pinto, a fundador e líder histórica do MNF – Movimento Nacional Feminino

Cipaio - Elemento nativo da polícia

Circuncisão - Vd. Fanado. Havia/há a circuncisação masculina e a feminina. Vd. MGF.

CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria (Tavira)

CM - Cabo de Manobra (Marinha)

Cmd - Comando

Cmdt - Comandante

COE - Curso de Operações Especiais

COM - Curso de Oficiais Milicianos

Com-Chefe - Comando-Chefe

Conversa giro - Fazer amor, ter relações sexuais (crioulo)

COP - Comando Operacional

COP7 - Comando Operacional 7

Cor - Coronel

Corpinho - Sutiã, soutien (crioulo)

Corpo di bó - Como estás ? (crioulo)


Corta-capim - Aerograma, carta, bate-estrada (gíria)

Costureirinha - Pistola metralhadora PPSH (PAIGC) (gíria)

CPC - Curso de Promoção a Capitão do Quadro Complementar

CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CSM - Curso de Sargentos Milicianos

CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné

CUF - Companhia União Fabril (representada, na Guiné,  pela Casa Gouveia)

Cupilom - Pilão, bairro popular atravessado pela estrada para o aeroporto; Cupelon, Cupilão

Dari - Chimpanzé (da mata do Cantanhez) (crioulo)

DC 3 - Avião de trasporte (FAP)

DC 6 - Avião de transporte (FAP)

DCON - Missão de acompanhamento (FAP)

Degtyarev - Metralhadora ligeira 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)

Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC)

Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria)

Dest - Destacamento

Dest A - Destacamento A

DFA - Deficiente das Forças Armadas

DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais

Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje)

Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo)

Djila - Vd. Gila

Djubi - Olha! (crioulo), mas também criança, menino

DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte (Fap

Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP)

Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP)

ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)


EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal)

Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)

Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria)

Enf - Enfermeiro

Enf Para - Enfermeira paraquedista

Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP)

EP - Exército Popular (PAIGC)


EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)

EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém) 

EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica
EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]

Esp - Espingarda

Esp Aut - Espingarda Automática

Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP)

Esq - Esquadrão

Esq Mort - Esquadrão de Morteiro

Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP)

Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP)

Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP)

Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP)

Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão)

Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria)

F86 Sabre  - Avião a jato, supersónico, que chegou a operar na Guiné, entre 1961 e 1965. Foi retirado por pressão dos norte-americanos. Foi substituído em 1966 pelo Fiat G-91.


Fala mantenha - Partir mantenha, cumprimentar, saudar (crioulo)

Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta (crioulo)

Fanateca - Mulher que pratica a MGF – Mutilação Genital Feminina (crioulo)

FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a elite combatente do PAIGC

FBP - Fábrica Braço de Prata; também nome dado a uma pistola metralhadora portuguesa, usada no início da guerra, feita na FBP

Ferrugem - Serviço de Material; termo depreciativo, para o pessoal não-operacional, ligado ao SM) (gíria)

Festa, festival - Ataque aparatoso, ou flagelação, do PAIGC a aquartelamento ou destacamento das NT (gíria)

Fiju (lê-se: fidju) - Filho (crioulo)


Fiju di tuga - Filho de português (crioulo)(Há uma associação, em Bissau, com este nome)

Filhos do Vento - Filhos de militares portugueses, sem reconhecimento da paternidade nem da nacionalidade  


Firma - Estar, ficar, morar (crioulo)

Firminga - Formiga (crioulo)

Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe (gíria)

Fornilho - Armadilha com cordão de tropeçar

Fotocine - Operador de imagem (fotografia e cinema); destacamento


Fur - Furriel

Fur Enf - Furriel Enfermeiro

Fur Mil - Furriel Miliciano

Fuzos - Fuzileiros especiais

FZE - Fuzileiro Especial (Marinha)

G3 - Espingarda Automática G-3

Gaita à bandoleira (Andar de) - Ter uma doença sexualmente transmissível, em geral blenorragia (ou 'esquentamento') (calão)

GB - Guiné-Bissau

Gen - General

Genti di mato - Turras, população sob controlo do IN (crioulo)

Gês - Força da gravidade (FAP)

Gila (lê-se djila) - Comerciante, vendedor ambulante, contrabandista (que circula pela Guiné e países vizinhos)

GMC - Viatura automóvel pesada, de rodado duplo atrás, de fabrico americano

GMD - Granada de Mão Defensiva

GMO - Granada de Mão Ofensiva

Gorro Novo - Metralhadora Pesada Goryounov, Cal 7,62 mm M-943 SG (PAIGC, gíria)

Gosse, gosse - Depressa (vg, retirar no gosse, gosse) (crioulo)

Gouveia - Casa comercial ligada ao grupo CUF

Gr Comb - Grupo de Combate; pelotão

Gr Comb (-) - Grupo de Combate desfalcado

Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado

Gr M Of - Granada de mão ofensiva

Grã-tabanqueiro - Membro da Tabanca Grande (blogue)

Heli - Helicóptero

Helicanhão - Helicóptero armado com canhão de 20 mm (vd. Lobo Mau)(FAP)

HK 21 - Metralhadora Ligeira

HM 241 - Hospital Militar nº 241, Bissau

HMP - Hospital Militar Principal (Estrela, Lisboa)

Homem Grande - Chefe de Família (crioulo)

IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional

IN - Inimigo; guerrilheiros e população sob o seu controlo

INT - Intendência

Ir no mato - Fugir (ou ser levado) para uma zona controlada pelo PAIGC (crioulo)

Irã - Ser sobrenatural que, para os animistas (balantas, papéis, manjacos, etc.) habita as florestas (e em especial os poilões) (crioulo)

Jacto do Povo - Foguetão 122 mm; Graad (PAIGC, gíria)

Jagudi - Abutre (crioulo)


Jamara (lê-se:djarama) - Obrigado (fula)

Jambé (lê-se djambé) - Instrumento de percussão africano, em forma de cálice invertido (crioulo)

Kacur - Cachorro (crioulo)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589/BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68). > Uma Kalash, ou Aka, capturada ao PAIGC...

Foto do álbum fotográfico do nosso camarada Manuel Caldeira Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68).

Foto (e legenda): © Manuel Coelho (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Kalash - Espingarda Automática AK 47 (PAIGC)

Kasumai - Saudação em dialecto felupe

Kora - Instrumento musical mandinga, de cordas, tipo cítara, inventado pelos antepassados do mestre Braima Galissá (músico do Gabu, a viver em Portugal) (crioulo)

Lassas - Abelhas selvagens; alcunha por que era conhecido, pelo PAIGC, o pessoal da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)

LDG - Lancha de Desembarque Grande (Marinha)

LDM - Lancha de Desembarque Média (Marinha)

LDP - Lancha de Desembarque Pequena (Marinha)

Lerpa - Jogo de cartas, geralmente a dinheiro (gíria)

Lerpar - Perder (à lerpa), apanhar um castigo, morrer (gíria)

LFG - Lancha de Fiscalização Grande (Marinha)

LGFog - Lança-granadas-foguete, bazuca

Lifanti - Elefante (crioulo)

Lion Brand - Conhecida marca de repelente de mosquitos

Lobo Mau - Helicanhão (FAP) (gíria)

Lubu - Hiena (crioulo)

MA - Minas e Armadilhas

Macacada - Tropa, forças do Exército, tropa-macaca (gíria)

Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo)

Macaréu - Vaga impetuosa que, no Rio Geba, precede o começo da praia-mar. É mais sentida no Geba Estreito, a partir da foz do Rio Corubal.

Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola

Mach - Velocidade do som (FAP)

Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar

Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo)

Máfrica - Escola Prática de Infantaria, em Mafra (gíria)

Maj - Major

Maj gen - Major general [antes equivalia o posto de brigadeiro, desde 1999, o primeiro posto permamente de oficial general, imediatamente inferior a tenente-general; tem 2 estrelas]
 

Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo)

Mancarra - Amendoím (crioulo)

Manga de ronco – Grande festa; sucesso militar (crioulo e gíria)

Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo e gíria)

Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata (gíria)

Mantenha(s) - Saudades, lembranças, cumprimentos (crioulo); fala mantenha, partir mantenhas = saudar.
[Da locução portuguesa (que Deus te) mantenha)]

"mantenha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/mantenha [consultado em 12-01-2019].


Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte

Mário Soares - Famoso comerciante de Pirada, de quem se dizia que trabalhava para os "dois lados"


Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa)

Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)

Mato (i) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato') (gíria)

Mato (ii) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC

Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis

Med - Médico (vg, Alf Mil Med)

Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial

Metro e oito - Alcunha do Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)

MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos)

MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado

MiG 17 - Avião de combate de origem russa, supersónico (que o PAIGC nunca chegou a ter)

Mil - Miliciano; milícias [vd. Pel Mil]

Mindjer - Mulher (crioulo) 


Mindjer Garandi - Mulher grande (crioulo)
Minino - Menino, rapaz (crioulo). Vd. também djubi ou jubi. 

Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo)

ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira

MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha)

Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura (crioula) 




Guiné> Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (1964/64 >  O temível morteiro 81, o "botabaixo" (, em manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km).

Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Mort - Morteiro

Mort 81 - Morteiro 81 mm; alguns tinham 'nomes de guerra' como o 'Bota Abaixo'

Mort 82 - Morteiro 82 mm (PAIGC)

Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato

MP - Met Pes / Metralhadora Pesada

MSG - Mensagem

Mudar o óleo - Ir às... putas (calão)

Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas) (calão)

Mun - Municiador

Mun Mort - Municiador de morteiro

N/M - Navio da Marinha

Nharro - Africano; preto (crioulo, calão, na altura com sentido pejorativo, racista)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protector da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que foi o logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé. 

"O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usado na festa do fanado. Representa uma cbeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse colectivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte" (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33). 


Foto (e legenda): © Luís Graça  (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Nhinte-Camatchol - O grande irã dos nalus na Floresta do Cantanhez

Ninhos - Entrada gastronómica com camarão, ovo e tomate, servida no Pelicano (gíria)

NM - Número mecanográfico (do militar)

NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas



Nord Atlas - Avião de Transporte (FAP)

NRP - Navio da República Portuguesa

NT - Nossas Tropa

OB - Oscar Bravo, obrigado (gíria)

Obus 14 - Obus, de calibre 14 cm

Oitenta - Morteiro de calbibre 81 (o PAIGC tinha o 82)

ONG - Organização não-governamental

Onze quatro - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm

Op - Operação (vg., Op Lança Afiada); operador)

Op Cripto - Operador Cripto

Op Esp - Operações especiais ou ranger

P2V5 - Avião de luta anti-sumarina, também usado no Guiné, no início da guerra, para ataque ao solo

Pachanga - Pistola-Metralhadora SHPAGIN Cal 7,62 mm M-941 (PPSH) (PAIGC);  costureirinha (gíria)

PAI - Partido Africano para a Independência, fundado em 1956

PAIGC - Partido Africano Para a Indepência da Guiné e Cabo Verde

Panga bariga - Caganeira (crioulo)

Parafusos - Familiares, amigos ou vizinhos de paraquedistas ou de fuzileiros, convivendo com ambos

Páras - Paraquedistas

Parte peso - Dá-me dinheiro (crioulo)

Partir catota - 'Dar o pito' (expressão nortenha); ter relações sexuais (a mulher com o homem) (calão)

Partir punho - Ser masturbado por outrem, à mão (crioulo, calão)

Pastilhas - Enfermeiro (em geral, Fur Enf) (gíria)

Patacão - Dinheiro, pesos (crioulo)

Pau de Pila - Lança Granadas-Foguete Pancerovka P-27 (PAIGC, gíria)

PC - Posto de Comando

PCV - Posto de Comando Volante 


Peça 11,4 - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm

Peça M-130 - Peça de artilharia de longo alcance, da Guiné-Conacri, usada em ataques fronteiriços pelo PAIGC-

Pel Caç Nat - Pelotão de Caçadores Nativos

Pel Can s/r - Pelotãod e Canhão sem recuo

Pel Mil - Pelotão de Milícias

Pel Mort - Pelotão de Morteiros

Pel Rec Daimler - Pelotão de Reconhecimento Daimler (Cavalaria)

Pel Rec Fox - Pelotão de Reconhecimento Fox (Cavalaria)

Pel Rec Info - Pelotão de Reconhecimento e Informação

Pelicano – Café. restaurante e esplanada de Bissau, junto ao estuário do Geba, na marginal do tempo colonial

Peluda - Vida civil (depois da tropa)(gíria) 


Perintrep - Periodic Intelligence Report

O Perintrep era uma documento classificado, elaborado pela 2ª Rep/QG/ComChefe/Guiné (, chefiada, no final da guerra, por Artur Baptista Beirão, ten cor inf) (1925-2014). Era elaborado a partir de notícias recebidas (Relim) durante um período semanal, indicando-se sempre a origem ou o órgão da fonte da notícia. O documento, classificado, chegava até aos comandantes operacionais (nível de companhia), que o tinham de incinerar no prazo de 72 horas... As informações nele contidas, devidamente selecionadas, podiam ser (ou não) partilhadas depois com os subordinados, individualmente ou em grupo.







Reprodução (parcial) do Perintrep nº 12/74, relativo ao período de 17 a 24 de março de 1974. Documento (digitalizado) por Nuno Rubim (2016) / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)

Periquito - Militar novato; pira, piriquito (sic)

Peso - Unidade da moeda local; escudo guineense (no tempo colonial) (crioulo)

PG - Prisioneiro(s) de Guerra

Piçada - Repreensão de um superior (gíria)

Picador - Soldado ou milícia que faz a picagem

Picagem - Deteção de minas e armadilhas num trilho ou picada

PIDE/DGS - Polícia política portuguesa

PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas

Pil - Piloto (miliciano)

Pilão - Bairro popular de Bissau, muito frequentado pelas NT nas horas de lazer

Pilav - Piloto aviador, saído da Academia Militar (Os milicianos são apenas Pil) (FAP)

PINT - Pelotão de Intendência

Pira - Periquito, militar recém-chegado à Guiné; maçarico (Angola); checa (Moçambique)

Piurso - Pior que um urso, zangado (gíria)

Poilão - Designação comum a algumas árvores da família das bombacáceas. Ceiba Pentandra (crioulo)

Ponta - Herdade, exploração agrícola (crioulo)

Pop - População

Porrada - Contacto com o IN; punição disciplinar (gíria)
PPSH - Metralhadora ligeira, 7,72 mm (PAIGC; a famigerada 'costureirinha' (gíria)

Psico - Acção psicológica e social das NT junto da população (também Psique)

QG - Quartel General

QG/CCFAG - Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné), na Amura

QG/CTIG – Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné, em Santa Luzia 


QEO - Quadro Especial de Oficiais

QP - Quadro Permanente (Pessoal)

Quarteleiro – 1º cabo de manutenção de material

Quebra-costelas - Abraço, AB, Alfa Bravo (gíria, de origem alentejana)

Quico - Boné especial da tropa

Rabecada - Vd. piçada (gíria)

Racal - Equipamento portátil, de origem americana, podendo ser usado em viaturas e aviões, transmitindo em fonia entre as frequências de 38 a 54,9 Mc/s.

RAL - Regimento de Artilharia Ligeira

RCacheu - Rio Cacheu

RCorubal - Rio Corubal

RCumbijã - Rio Cumbijã

RDM - Regulamento de Disciplina Militar

Ref - Militar na Reforma

Reforço - Aumento das medidas de segurança dos nossos aquartelamentos

Reordenamento - Aldeia estratégica, construída pelas NT, reagrupando uma ou mais tabancas

Rep - Repartição (do Quartel-General)

REP / ACAP - Repartição do QC / Assuntos Civis e Acção Psicológica

Res - Militar na Reserva

RFOTO - Reconhecimento fotográfico (FAP)

RGeba - Rio Geba

RI - Regimento de Infantaria

RN - Reserva Naval (Marinha)

Rockets - Granadas lançadas pelo RGP 2 ou RPG 7 (PAIGC)

Rôz kuntango - (ou simplesmente Kuntango) Arroz cozinhado (bianda) sem máfé (crioulo)

RPG - Lança-granadas-foguete (PAIGC): havia o 2 e o 7

RVIS - Voo de reconhecimento aéreo (FAP)

SA-7 - Míssil Sam-7, Strela, de origem russa (PAIGC)

Sabe sabe - Gostoso (crioulo)

Sakalata - Confusão, conflito, chatice (crioulo)

Salgadeira - Urna funerária, caixão (gíria)

SAM - Serviço de Administração Militar

Sancu - Macaco (crioulo)

Sec - Secção; equipa (Um Gr Comb ou pelotão era composto por 3 Sec)

Setor L1 - Setor 1 da Zona Leste (Bambadinca, Região de Bafatá)

Sexa - Sua Excelência, mas também Sexagenário

SGE - Serviço Geral do Exército; oficiais oriundos da classe de sargentos

Siga a Marinha - Embora, vamos a isto! (gíria)

Sintex - Pequena embarcação, de fibra, com mortor fora de bordo, de 50 cavalos, usado para cambar um rio; parecia uma banheira (NT)

SM - Serviço de Material (vd. Ferrugem)

SNEB - Rocket antipessoal, de calibre 37 mm, que equipava o T-6 e que também era usado pelos paraquedistas e demais tropas como LGFog

Sold - Soldado

Sold Arv - Soldado Arvorado

Solmar - Cervejaria de Bissau, do tempo colonial

SPM - Serviço Postal Militar

Srgt - Sargento

STM - Serviço de Transmissões Militares

Strela - Flecha, em russo (стрела); míssil russo terra-ar SAM 7

Suma - Como, igual (crioulo)
Supintrep - Relatório de informação suplementar (Vd. Perintrep)

Supositório - Granada de obus (gíria) 





Guiné > Bissau > Bissalanca > BA 12 > Fiat G-91 R4: linha da frente da esquadra 121, "Os Tigres"


Foto (e legenda): © Mário Santos (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


T/T - Navio de Transporte de Tropas (v.g., T/T Niassa, T/T Uíge)

T6 - Avião bombardeiro, monomotor; equipado c/ lança-roquetes e metralhadora (NT)

Tabanca - Aldeia (crioulo); mas também morança, cubata, casa: mas também tertúlia (v.g., Tabanca de Matosinhos)

Tabanca Grande – A mãe de todas as tabancas ou tertúlias de antigos combatentes da Guiné (v.g., Tabanca de Matosinhos, Tabanca do Centro, Tabanca da Linha, Tabanca dos Melros, Tabanca da Maia, Tabanca do Algarve, Tabanca da Lapónia, etc.) 

Tarrafe - Vegetação aquática, típica das zonas ribeirinha

Taufik Saad - Casa comercial, de origem libanesa, em Bissau


Taxy Way - Caminho de rolagem (FAP)

Tchora - Chorar (crioulo)

Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso (crioulo)

Ten - Tenente

Ten Cor - Tenente-Coronel

Ten Gen - Tenente General, antigo general de 
3 estrelas [Posto reintroduzido no Exército Português em 1999, em substituição do posto de general de 3 estrelas; é a mais alta patente de oficial general no ativo, já que os postos superiores são apenas funcionais ou honoríficos: por exemplo, chefe do estado maior general].

Tertúlia – Tabanca Grande

TEVS - Transporte em evacução (FAP)

Tigre de Missirá - Nome de guerra (Alf Mil Beja Santos, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)

Tigres - Esquadra de Fiat G-91, na BA 12

TN - Território nacional

TO - Teatro de Operações

Toca-toca - Transporte colectivo, privado, nas zonas urbans da Guiné-Bissau (carrinha tipo Hyace, de cores azul e amarela) (crioulo)


Guiné > Regoão de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) + CART 2520 (1969/70) > Op Safira Única, 21 de janeiro de 1970, no subsetor do Xime, nas proximidades da Ponta do Inglês

Uma pistola de origem soviética, Tokarev, de 7,62, igual ou parecida à que que foi apreendida ao guerrilheiro Festa Na Lona, na Ponta do Inglês, no decurso da Op Safira Única ... Pelo que me recordo, esta pistola ficou à guarda do alf mil Abel Maria Rodrigues, comandante do 3º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (onde eu muitas vezes me integrei, conforme as faltas de pessoal...) , que a tomou como ronco... Não sei se a conseguiu trazer para a Metrópole e legalizá-la... Ao que parece, esta arma teve a sua estreia na Guerra Civil de Espanha, em 1936, nas fileiras do exército republicano, estando distribuída a pilotos e tripulações de tanques, entre outros... (LG). 

Fonte: Kentaur, República Checa (2006) [página já não disponível]

(...) Por volta das 15. 30h, já nas proximidades do objectivo, foram notados indícios de presença humana: trilhos batidos, moringas nas palmeiras para recolha de vinho e um cesto de arroz.

Seguindo um dos trilhos, avistou-se um homem desarmado que seguia em direcção contrárias às NT. Capturado, informou que ia recolher vinho de palma, que a tabanca ficava próxima, que não havia elementos armados e que a maior parte da população estava àquela hora a trabalhar na bolanha.

Feita a aproximação com envolvimento, capturaram-se mais 2 homens, 5 mulheres e 6 crianças. Um dos homens capturados disse chamar-se Festa Na Lona, de etnia Balanta, estar alí a passar férias e pertencer a uma unidade combatente do Gabu. Foi-lhe apreendido uma pistola Tokarev (7,62, m/ 1933) e vários documentos.

Havia 2 tabancas, cada uma com 4-5 casas, afastadas umas das outras cerca de 200 metros. Cada casa era revestida de chapa de bidão e coberta de capim. Para o efeito foram aproveitados os bidões existentes no antigo aquartelamento da Ponta do Inglês que as NT haviam retirarado  em novembro de 1968.

Foram destruídos todos os meios de vida encontrados e incendiadas casas, a excepção das que ficaram armadilhadas. Os 2 Dest executaram toda a acção sem disparar um único tiro. A  retirada fez-se igualmente a corta-mato em direcção de Gundagué Beafada, tendo-se chegado ao Xime pelas 18.30h. Durante a noite, a Artilharia fez fogo de concentração sobre os acampamentos IN do Baio/Buruntoni e Ponta Varela/Poindon. (...)

Fonte: Extractos de: História da CCAÇ. 12: Guiné 1969/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores 12. 1971. Capítulo II. 24-26.


Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (PAIGC)

TPF - Transmissões Por Fios

Trms - Transmissões

Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)

TSF - Transmissões Sem Fios

Tuga - Português, branco, colonialista (termo na altura depreciativo) (crioulo)

Turpeça - Banquinho, de três pés, onde se sentam em exclusivo os régulos felupes

Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo n a altura depreciativo)

Ultramarina - Sociedade Comercial Ultramarina, ligada ao grupo BNU; rival da Casa Gouveia.

Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel

UXO - Unexploded (Explosive) Ordenance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)

Velhice - Militares em fim de comissão (gíria)

Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato

ZA - Zona de Acção

Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros

ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)

ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea

____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


30 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2389: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (6): Racal (José Martins)

29 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2388: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (5): Periquito (Joaquim Almeida)

26 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1887: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (3)... (Zé Teixeira)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16160: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (5): Mais três fotos do tempo do "capitão fula", cmdt da CCAÇ 1424 (jan 1966 / dez 1966)


Foto nº 1  > Nuno Rubim, "o "capitão fula"


Foto nº 2 > O malogrado  mil inf, António Joaquim Alves de Moura, sentado nas alegadas ruínas de uma escola, em Guileje, que nunca terá chegado a ser construída


Foto nº 3 > Material capturado ao PAIGC em Salancaur

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 1424 (1966) 

Fotos (e legendas): © Nuno Rubim (2016). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, 12 de maio último, do Nuno Rubim, cor art ref: 

[ Foto à esquerda, Nuno Rubim (2007); tem duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major. na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966); trabalhador incansável, é também um bom amigo e um grande camarada, a que pedimos informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné; é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de junho de 2006]

Caro Luis: Sobre os Perintreps de 1974, já sabes,  não estão ainda trabalhados, tal como sucede com outros anos. Além disso ando cheio de trabalho. De futuro necessito saber : (i) data do acontecimento; (ii) local, (iii) sector do Batalhão; (iv) designação da Companhia cujas forças se envolveram na acção.

Não me agradeças, faz-se o que se pode, mais a mais para um camarada e amigo de longa data... Pena não ter menos uns vinte anos ....

Junto mais umas fotos da CCaç 1424, tiradas no que me diziam (duvido ) serem ruínas de uma antiga escola que nunca foi construída. Talvez algum camarada da CCaç 726 possa fornecer alguma achega,

Na foto nº 1,  o sobredito "capitão fula". Na foto nº 2 as alegadas ruínas com o malogrado Alferes Moura [alf mil inf, António Joaquim Alves de Moura].  Por detrás está o médico, de que não recordo o nome, que veio a Guileje apenas uma vez, vindo da sede do Batalhão em Buba.  Na foto nº 3, tens uma perspectiva geral do material capturado em Salancaur.

No próximo email. vou falar dos “Postes Français" no rio Cacine, que o Pélissier me deu a conhecer e eu consegui identificar.

Abraço
Nuno Rubim

2. Comentário do Virgínio Briote (*)

Meu "Capitão" Rubim, que foi assim que o conheci e juntos andámos pelo Oio mais que uma vez, fomos ao Piai (Canquelifá), eu sei lá que sítios mais. Passaram mais de 50 anos, a memória é como um filtro, ficaram-me imagens, algumas até menos importantes. Mas agora que recordou esse episódio de Chinchim Dari, subitamente veio-me à memória de que ouvi falar na morte do Alves de Moura. Por volta desse dia, estava eu já em Bissau, a entregar no QG o Guião da Cª Comandos do CTIG.

Fico-lhe grato, Coronel Rubim, por avivar factos que foram a nossa vida.
V Briote
 _______________

Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 17 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16098: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (4): A um mês do 25 de abril de 1974, o IN ataca Canquelifá durante 4 dias, com um grande potencial de fogo, e faz violenta emboscada no itinerário Piche-Nova Lamego a coluna auto (Perintrep 12/74, relativo ao período de 17 a 24/3/1974)

terça-feira, 17 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16098: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (4): A um mês do 25 de abril de 1974, o IN ataca Canquelifá durante 4 dias, com um grande potencial de fogo, e faz violenta emboscada no itinerário Piche-Nova Lamego a coluna auto (Perintrep 12/74, relativo ao período de 17 a 24/3/1974)


Foto nº 1



Foto nº 2

Foto nº 3


Foto nº 4

Guiné > Zona leste > Região de Piche > Setor de Piche > Canquelifá >  Março de 1974 > A desolação da guerra: a tabanca, depois das violentas e prolongadas flagelações, diárias,  do PAIGC, à tabanca e ao aquartelamento,  à luz do dia, com morteiros 120,  foguetões 122 e canhões s/r,  entre 18 e 22 de março de 1974, e partir de várias direções (, e sobretudo Norte e Leste).

Houve mortos e feridos e graves danos materiais: pelo menos, 1 morto e 5 feridos graves entre as  NT; 3 mortos, 2 feridos graves e 4 feridos ligeiros entre a  População. Essas acções, que devem ter sido dirigidas pelo comandante do PAIGC Manuel dos Santos (Manecas),  revelam um certo "sentimento de impunidade", com o IN escudado nos Strela russos, tentando "engodar" a nossa aviação... Nesta altura, Canquelifá corria o risco de tornar-se a Guileje da zona leste.

Sempre presumi que a base de fogos tivesse instalada do outro lado da fronteira. O Perintrep é omisso fosse este ponto. Mass não, ao que parece era na antiga tabanca de Chauara, a escassos 10 km de X Canquelifá, com o PAIGC entrincheirado, e sua artilharia defendida por sapadores e infantaria... a escassos 4 km a norte, havia outra posição. Sinchã Jidé. No caso de Chauara, o reabastecimento era feito por estrada próxima que vinha do Senegal e atravessava a Guiné-Conacri.


Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné . Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Mapa de Canquelifá (1957) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Canquelifá (NT) e das bases de fogos do PAIGC, em março de 1974: Sinchã Jidé, a 4 km a norte, junto á fronteira com o Senegal, e Chauara, a menos de 10 km, a leste, junto à fronteira com a Guiné-Conacri.


Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)


Para aliviar a pressão sobre Canquelifá o batalhão de comandos africanos, a 3 companhias,  realizou a Op Neve Gelada (vd. vídeo no You Tube, da série A Guerra, realizado por Joaquim Furtado), a partir de 21 de março e até ao fim do mês, o  que levou à captura de grande quantidade de material, e provocou 26 baixas mortais entre o PAIGC (incluindo combatentes caucasianos ou não africanos, e nomeadamente enfermeiras, segundo testemunho de Carlos Matos Gomes, que comandou uma das companhias do Batalhão de Comandos Africanos).

Os comandos africanos tiveram 6 mortos e 1 desaparecido. Foi a última grande operação da guerra da Guiné, comandada por Raul Folques. esse bravo e lendário 'comando',  na altura, major.

Em 31/1/1974, tinha sido abatido por um Strela o Fiat-G pilotado pelo ten pilav Victor Manuel Castro Gil, a última aeronave abatida no TO da Guiné, antes do fim da guerra. O pilotop ejectou-se e conseguuiu chegar até tabanca de Dunane. Nesse dia Canquelifá foi flagelada com 50 foguetões, durante 2 horas, que causando sérios prejuízos no aquartelamento: um jipe com canhão s/r foi destruido.
























Documento (digitalizado) por Nuno Rubim (2016) / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné




Foto: Nuno Rubim (2007). Tem duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major. Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966); trabalhador incansável, é também um bom amigo e um grande camarada, a que pedimos informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné; é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de junho de 2006 (*)

1. Reprodução (parcial) do Perintrep nº 12/74, relativo ao período de 17 (domingo)  a 24 (domingo) de março de 1974.

O Perintrep era uma documento classificado, elaborado pela 2ª Rep/QG/ComChefe/Guiné (chefiada então  por Artur Baptista Beirão, ten cor inf) (1925-2014). Era elaborado a partir de notícias recebidas (Relim) durante um período semanal, indicando-se sempre a origem ou o órgão da fonte da notícia.

Repare-se no nível de segurança: o documento, classificado,  chegava até aos comandantes operacionais (nível de companhia), que o tinham de incinerar no prazo de 72 horas... As informações nele contidas, devidamente selecionadas, podiam ser (ou não)  partilhadas depois com os subordinados, individualmente ou em grupo.

Este documento (cópia nº 36, parcial) chegou-nos às mãos, a nosso pedido, por gentileza do cor art ref Nuno Rubim, investigador, especialista em história da artilharia, e nosso grã-tabanqueiro da primeira hora. O Nuno Rubim tem a coleção toda, digitalizada,  dos Perintrep relativos ao CTIG (*).

Como se pode depreender da leitura deste Perintrep, a um mês do 25 de abril de 1974, no conjunto do TO da Guiné, e deum modo geral,  "atividade de iniciativa IN sofreu quebra considerável tanto no número de ações como na agressividade", se excetuarmos a zona leste, e em particular a parte nordeste do território,  "onde o IN fez incidir o esforço":

(i) flagelação da tabanca e aquartelamento de  Canquelifá (posto administrativo de Piche), diaramente, e durante várias horas, durante o dia, a partir de 18 e até 22 de março,   de várias direções, utilizando foguetões 122, canhão s/r, morteiro 120 (fonte: CCAÇ 3545);

(ii) emboscada a 22 de março, às 7h45, a coluna auto, no itinerário Piche-Nova Lamego, no troço entre  Bentém e Cambajã, por um grupo estimado em 200 elementos; as NT tiveram 5 mortos   5 feridos graves e 11 feridos ligeiros;  foram destruídas 3 viaturas: 1 Chaimite, 1 White, 1 Berliet (fonte: BCAÇ 3883)(**) .

A 22 de março de 1974, um grupo IN, na região de Canquelifá, também abriu fogo sobre sobre dois helis AL III, sem consequências.

Nos restantes zonas (oeste e sul), a atividade IN foi mais reduzida, em nº de ações e agressividade: assinalam-se ações, de iniciativa IN, em Binta (zona oeste) e em Gadamael (zona sul).

______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16077: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (3): Mais três fotos da "minha" CCAÇ 1424... Numa delas o alf mil inf António Joaquim Alves de Moura, natural de Padronelos, Montalegre, que morreu em combate, "a meu lado com um tiro no coração", a 4/9/1966, em Chinchim Dari, entre Mejo, a sul, Nhabocá, a norte, e Salancaur, a oeste... mais 4 topónimos do nosso martirológio de Guileje

(**) Vd. poste de  12 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16079: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (45): A brutal emboscada do dia 22/3/1974, na estrada (alcatroada, construida pela TECNIL ) Piche-Nova Lamego: só por negligência, propositada ou intencional ou casual, estes casos podiam acontecer... É coincidência apenas, ou as Forças Armadas só já estavam preocupadas com outros valores?...

sábado, 16 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15980: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (2): Há 50 anos, em Guileje, quando a CCAÇ 726 trocava de setor com a CCAÇ 1424...


Guiné > Região de Tombali > Guileje A> 1966 >  "A Maria era filha de um soldado africano do Pelotão Fox; trouxe-lhe de Bissau uma boneca, que ela transportava tal como a mãe fazia com um irmão ainda bébé".



Guiné > Região de Tombali > Guileje A> 1966 > "Outra 'mascote' de que não me recordo; talvez algum camarada do Blogue o possa identificar".



Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1966 > "Tinhamos regressado de uma operação ao “Corredor” e como sempre tomava logo um banho (dei-me sempre muito mal com o calor ) e depois de beber uma “bejeca” vestia o meu calção fula, muito fresco e que me evitava as micoses, Guileje; este vosso amigo [, o "capitão fula",]  com o Cardinali à minha direita e outro camarada de que não me lembro o nome."


Guiné > Região de Tombali > Guileje A> 1966 >  Tinhamos regressado de uma operação ao 'Corredor de Guileje' e, como sempre tomava logo um banho (dei-me sempre muito mal com o calor ) e depois de beber uma 'bejeca' vestia o meu calção fula, muito fresco e que me evitava as micoses.


Fotos (e legendas): © Nuno Rubim (2016). Todos os direitos reservados.

1. Ao Nuno Rubim,  agora com "um coração novo de rapaz de 20 anos", desafiámo-lo, há dias,   para alimentar esta nova série "O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim)"...

O Nuno tem uma documentação, em suporte digital e em papel, absolutamente fabulosa sobre o TO da Guiné, onde fez duas comissões, no princípio e no fim da guerra... Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966)...

O Nuno Rubim, hoje cor art ref, é um dos membros mais antigos do nosso blogue. Chegou até nós, no último trimestre de 2005, pela mão do  nosso querido coeditor Virgínio Briote. Estiveram ambos nos comandos, na Guiné, em 1966, sendo na altura comandante da CCmds da Guiné o Nuno Rubim.

É um dos nossos camaradas que mais sabe da história militar da guerra colonial na Guiné (1963/74). Espero que ele ainda tenha (e vai ter, porque ele merece...)  muita vida e saúde para publicar, em livro, alguns dos resultados do seu trabalho de investigação historiográfica.

Há seis anos atrás ele confidenciava-me que  já tinha identificado pelos nomes mais de 3 mil guerrilheiros do PAIGC, e mais de três centenas de acampamentos (!)... E que tinha mais de 90 GB de informação, em texto e imagens, sobre a guerra colonial na Guiné, em geral, e sobre a região de Tombali, em particular. 

Era, até então, um frequentador assíduo do Arquivo Histórico-Militar, que conhecia como ninguém, e tinha caesso, na Guiné-Bissau, a  fontes privilegiadas de informação (oral). Recordo que ele é  casado com a Júlia, de origem guineense, professora, e que é um encanto de pessoa (tive o privilégio, eu e a Alice, de conviver durante uma semana com o casal Rubim, em Bissau e no Cantanhez, no decurso do Simpósio Internacional de Guiledje, em março de 2008).

Tenho, pelo Nuno Rubim, um grande admiração, pelas suas qualidades de investigador, metódico, rigoroso, crítico, incansável, E uma grande ternura pelo bom amigo e melhor camarada que ele é, e que eu já conheço há 10 anos.

Informalmente, sem nunca me pedir nada em troca (nem sequer o retrato na coluna do lado esquerdo do blogue, ao lado dos nossos editores!), "promovi-o"  a meu/nosso assessor para as questões técnico-militares... Tem, neste domínio, um conhecimento enciclopédico avassalador. Não há dúvida ou questão  a que ele não  saiba esclarecer ou responder...

E é publicamente reconhecido como  um especialista em museologia militar e em história da artilharia. A sua obra fala por ele...

Já aqui escrevi, em tempos, que não é uma pessoa  de feitio fácil, no sentido em que  "não é homem para fazer fretes a ninguém"... E depois, é um militar de carreira, filho de militar, com um elevado conceito da artilharia e dos artilheiros, não aparece nos nossos convívios (da Tabanca Grande), detesta que o distraiam das tarefas que ele leva, quotidianamente, a peito, e que é o seu trabalho de investigação.

Pelo menos até há um  ano atrás, antes de uma grave crise de saúde, ele trabalhava estoicamente, todos os dias, com gripe ou sem gripe, arduamente, como um monge da Alta Idade Média, no seu retiro do Seixal... Durante anos só saía para ir ao Arquivo ou dar um conferência...

O Nuno reconhece o trabalho único, meritório, do nosso blogue para produção e reprodução da memória da guerra colonial: "Não há ninguém com este repositório colectivo de memórias no mundo, nem os Amercianos com o Vietname, ou os franceses com a a Argélia", disse-me ele um dia, com a honestidade intelectual que é seu timbre... 

Isso não o impedia de logo a seguir dizer que passava dias e dias "sem nos visitar"...

Respondi-lhe que isso "não era grave": afinal, há coisas muito mais importantes para fazer,, na vida,  do que visitar o blogue... De tempos a tempo ele era alertado, por amigos, para postes que lhe podiam interessar. E nisso ele continua a ter um enorme sexto sentido, um excepcional faro de rato de biblioteca, a intuição que é própria dos grandes investigadores...

2. Mensagem do Nuno Rubim:


Enviado: terça-feira, 12 de Abril de 2016 12:26
 Assunto: Guileje 1966

Amigos

Mais umas fotos que descobri recentemente num álbum esquecido...

(i) A Maria era filha de um soldado africano do Pelotão Fox; trouxe-lhe de Bissau uma boneca, que ela transportava tal como a mãe fazia com um irmão ainda bébé;

(ii) Outra “mascote” de que não me recordo; talvez algum camarada do Blogue o possa identificar.

(iii) Pessoal da CCaç 726, Guileje; este vosso amigo [, o "capitão fula",]  com o Cardinali à minha direita e outro camarada de que não me lembro o nome.

[Tinhamos regressado de uma operação ao “Corredor” e como sempre tomava logo um banho (dei-me sempre muito mal com o calor ) e depois de beber uma “bejeca” vestia o meu calção fula, muito fresco e que me evitava as micoses].

(iv)  A troca de sectores das CÇaç 726 e 1424, em julho de 1966. [Imagem abaixo]

Abraços
Nuno Rubim




Recorte de documento de fonte desconhecida... Não sabemos se é um Perintrep... Na volta do correio, o Nuno vai esclarecer.

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13 de janeiro de  2010 > Guiné 63/74 - P5639: Dossiê Guileje / Gadamael (22): Construção dos abrigos, minas AP tipo Claymore, viaturas blindadas BRDM 2, as NT, o PAIGC, o nosso blogue... (Nuno Rubim)