Um Helicóptero Allouette III > Na foto, uma enfermeira pára-quedista (cuja identidade se desconhece) >
Fonte: Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74 > Victor Barata > 16 de Julho de 2007 > "AS NOSSAS GLORIOSAS ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS" (com a devida vénia...)
1. Em relacção à questão posta no poste P3291, de 10 de Outubro de 2008 (
Guiné 63/74 - P3291: (Ex)citações (4): Pinto Leite, em Bambadinca, dois dias antes de morrer em desastre de helicóptero: Não há solução militar ), trocámos, na nossa Tabanca Grande, os seguintes mails:
(i)
José Martins:
(...) Nas consultas que tenho efectuado para organizar os meus elementos para a
Nova Crónica dos Feitos da Guiné, para o que tenho consultado vários elementos e de diversa proveniência, o que tenho registado é o que reproduzo abaixo:
25 de Julho de 1970 - Queda de um helicóptero na Guiné, de que resultou a morte dos deputados José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull.
(ii) Luís Graça:
Zé: E o pessoal do heli ? Pelo menos, dois (piloto e Melec)... Sei que ao todo morreram 6, incluindo os 4 deputados... O heli seria um Allouette III ? Os militares, da FAP, não constam na Lista dos Mortos do Ultramar...(Só vi lista da Liga dos Combatentes).
Julgo que o heli desapareceu nas águas lodosas do Rio Mansoa. Não terá havido sobreviventes. Seria muito pouco provável. A FAP deve ter feito um inquérito...
O PAIGC chegou a reivindicar, segundo o Leopoldo Amado, o abate do aparelho. Mas sabe-se hoje que isso era mera propaganda... Subsiste a tese do acidente provocada pelo tornado... A sabotagem era improvavel... Só o Leite Pinto, creio eu, era da "ala liberal" da Assembleia Nacional, e ainda por cima amigo pessoal do Marcelo Caetano (ou, pelo menos, seu antigo aluno brilhante). Mas o irmão, Vasco, do malogrado deputado, no livro de 2003 (que eu não li), acho que explora outras hipóteses... A FAP nunca terá esclarecido, publicamente, as circunstâncias do acidente... Se sim, porquê ? Pressões do poder político de então ?
Talvez o Jorge ou o Victor possam acrescentar algo mais...
Um Alfa Bravo. Luís
(iii)
Jorge Félix:
Caro Luis Graça:
Contador de Histórias e narrador de feitos gloriosos, tivemos um. O seu nome serviu para, num trocadilho bem ao jeito da época, definir o autor e os feitos.
- Fernão, Mentes ?
- Minto !!!
Antes de contar o que sei, sobre o assunto que me é pedido informar, gostaria de vissem nisto a minha
Recordação do acontecimento.
Ter estado na FAP não dá o direito, meu ou de outro qualquer, de
Latinisar sobre o que aconteceu na Força Aérea.
Sobre este assunto, acidente de Helicóptero no rio Mansoa, de onde resultou a morte do piloto e mecânico, mais quatro ocupantes, (era assim que nós viamos os acidentes), tenho duas coisas a acrescentar para o nosso Blogue.
(a) Mediante os parcos conhecimentos de metereologia que tínhamos na altura, o que acontecia na Guiné , chuvas intensas, trovoadas, ventos fortes, era, na época das Chuvas, considerado por nós como "mau tempo". Nunca se lhe deu o nome de Tornado. Voavamos dentro do mau tempo, e a fugir do mau tempo. Havia situações, se bem se lembram, em que o dia se transformava em noite. As descargas eléctricas transformavam o mais profundo breu numa África luminosa. A água jorrava de tal maneira que o céu confundia-se com o mar. Cuidados acrescidos tinham que ser tomados nestas alturas, quando era difícil saber onde acabava o céu e começava o mar. Naquele dia, foi isto que aconteceu. O
acidente deu-se porque a chuva era intensa, o rio
transbordou para o Céu.
(b) Um dia, em Julho de 1970, quando dava instrução em Tancos a futuros Pilotos de Helicópetros, disseram-me o seguinte:
- O teu substituto morreu num acidente no Mansoa!
Luis Graça, o Piloto, por artes mágicas, na altura esqueci o nome, tinha dois meses de experiência de voo na Guiné. Se foram feitos inquéritos ao acidente, este pequeno pormenor deve ter sido indicado. Pouco mais há a dizer sobre isto, a não ser que Fernão Mendes Pinto esteja a perder estatuto.
Um destes dias vamos Guiné ver os Jagudis a deambular
naqueles Tornados.
Jorge Félix
(iv) Carlos Vinhal:
Caros companheiros
Na HU [História da Unidade] da CART 2732 consta:
24JUL - Desenrolou-se a Op Fechadura destinada a fornecer a necessária segurança à deslocação de um grupo de deputados à Assembleia Nacional, entre Nhacra e Mansabá. A CART foi empenhada a 4 Gr Commb.
Digo eu: Lembro-me perfeitamente de acompanhar (eu não era operacional à época, logo estava no aquartelamento) estas personalidades que estiveram alguns momentos em Mansabá. Lembro-me de, porventura no dia seguinte, se ouvir notícias do acidente.
Consultei um livro, editado em fascículos pelo DN, e na pág. 490 refere que o acidente se deu no dia 26 de Julho de 1970. Seguiam 3 helicópteros que foram apanhados por chuva intensa. Dois conseguiram poisar nas margens do rio Mansoa e um terceiro caiu. São mostradas 3 fotos, uma delas mostra a recuperação do heli sinistrado.
É o que sei.
Um abraço para os meus amigos.
(v)
César Dias:
Sobre o post 3291, recordava-me de ter visto uma referência ao acidente dos Deputados na História da Unidade. É um facto que lhes foi preparado o terreno para se deslocarem por ali com alguma segurança.
Mas quanto à data exacta, ficamos na mesma, pois a Operação Fechadura, levada a cabo para proteger os Deputados, foi efectuada no dia 24 de Julho de 1970, pelo que seria muito possível que o acidente tivesse sido a 25.
"Em 24JUL70, desenrolou-se a Operação Fechadura, destinada a fornecer a necessária segurança à deslocação de Deputados à Assembleia Nacional, entre NHACRA e MANSABÁ. Foram empenhados 3 Gr Comb da CCAÇ 2588, 2 Gr Comb da CCAÇ 2589, 4 Gr Comb da CCAÇ 15, 4 Gr Comb da CART 2732, 3 Pel Mil e ainda um Pelotão de Autometralhadoras PANHARD atribuído como reforço ao BCAÇ 2885."
Lembrei-me de vos enviar esta informação, pois este episódio teve lugar na zona do BCAÇ 2885.
(vi) Jorge Félix
(...) Está aqui tudo. Acidente, chuva intensa, (quanta não havia) e a data. Não te falei no meu mail anterior que por vezes "encostávamos" numa bolanha até o mau tempo passar, porque podias achar "pretenciosismo". Os pilotos mais experientes mandavam-se para o chão, até o "tornado" passar.
Agora, vamos ficar por aqui. Ponto final.
Jorge Félix
(...)