Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quinta-feira, 13 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26580: Ser solidário (279): Ajude sem gastar nada! Consigne 1% do seu IRS à Afectos com Letras - ONGD
1. Mensagem da Associação Afectos Com Letras - ONGD, com data de 7 de Março de 2025:
AJUDE SEM GASTAR NADA!
Consigne 1% do seu IRS à Afectos com Letras
📌 Como funciona?
Ao preencher o seu IRS, indique o nosso NIF 509 301 878 na entidade a consignar.
Não paga nada, mas ajuda-nos a continuar a mudar a vida de muitas meninas na Guiné-Bissau!
❤️ Porque escolher a Afectos com Letras?
• Apoiamos crianças, jovens e famílias em situação vulnerável num dos países mais pobres e mais frágeis do mundo;
• Desenvolvemos projetos educativos e de empoderamento das meninas e mulheres em estreita ligação com as comunidades locais num registo 100 % voluntariado;
• Cada contribuição faz a diferença!
📢 Partilhe esta mensagem e ajude-nos a chegar mais longe! Só juntos, podemos fazer a diferença!
Associação Afectos com Letras, ONGD
Rua Engº Guilherme Santos, 2
Escoural , 3100-336 Pombal
NIF 509301878
tel - 91 87 86 792
venha estar connosco no https://www.facebook.com/afectoscomletrasongd
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Nota do editor
Último post da série de 6 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26559: Ser solidário (278): No próximo dia 19 de março de 2025 às 17h30, realizaremos a nossa Assembleia Geral, na qual analisaremos conjuntamente o Relatório de Atividades e Contas de 2024 e deliberaremos sobre a aprovação do Plano de Atividades e Orçamento para 2025 (Manuel Rei Vilar)
segunda-feira, 10 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26570: VI Viagem a Tmor Leste: 2025 (Rui Chamusco, ASTIL) - Parte I: de 22 de fevereiro a 4 de março: a importância ainda de ser "amu" (padre), na terra do sol nascente
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1 Mensagem do Rui Chamusco
Data - 04/03/2025, 06:58
Estimados amigos.
Cumprindo a promessa que vos fiz, aqui estou a enviar-vos o primeiro bloco de crónicas, a fim de que estejam a par das nossas "démarches" por estas terras e, sobretudo se divirtam com a descrição de coisas insignificantes. (**)
Com um abraço para todos, o enviado especial Rui Chamusco.
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O "malaio" (estrangeiro) Rui Chamusco. Fonte: LG (2017) |
2. O Rui é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de maio de 2024. Natural da Malcata, Sabugal, vive na Lourinhã onde durante cerca de 4 décadas foi professor de música no ensino secundário.
Em Dili ele costuma ficar em Ailok Laran, bairro dos arredores, na casa do Eustáquio (alcunha do João Moniz) , irmão (mais novo) do Gaspar Sobral. Tem uma filha que quer ser médica, a Adobe, e que tem grande talento para a música. É afilhada do Rui. (*)
Nunca sabemos quando será a próxima vez. Pelo que nos custa a despedida, e porque morremos de saudade ainda sem partir à medida que se aproximam os últimos dias, dizemos sempre: é a última vez que aqui venho.
Assim tem acontecido comigo em relação a Timor Leste. Há sempre alguma coisa que nos faz voltar. Os assuntos relacionados com a escola do projeto de solidariedade da ASTIL “obrigam-me(nos) a regressar aqui mais uma vez.
E, pronto. Há que marcar os dias das viagens (ida e volta), há que fazer a mala e, o mais penível para pessoas idosas como eu (já perto dos 80), há que fazer a viagem de mais ou menos 20 horas de voo. O corpo é que paga. E, quando chegamos ao destino, é um alívio inexplicável. Chegar a casa, ainda que do outro lado do mundo, sabe-nos bem, tranquiliza-nos. Agora, há que adaptar-se ao ritmo de vida daqui, com mudanças radicais dos usos e costumes destas gentes (fuso horário, higiene, comida, idioma, novos cheiros, novos ares, etc… etc…
De novo em Ailok Laran, nos arredores de Díli, na casa de família do grande irmão e amigo Eustáquio, o nosso suporte na concretização do projeto de solidariedade da ASTIL em terras do sol nascente. “Vamos descansar para que mañana podamos trabajar”. Que esta canção espanhola seja a inspiração para o trabalho que nos espera.
22.02.2025, sábado – É de manhã que se começa o dia.
Logo após a informação que postei no Facebook, surgiram respostas de pessoas
importantes a quererem ajudar na resolução dos problemas, nomeadamente o
problema da colocação de professores na Escola São Francisco de Assis, em Boebau/Manati, nas montanhas de Liquiçá.
Obrigado também Dr. Pedro Sarmento por estar tão solícito em relação ao assunto
que tanto nos preocupa, procurando sempre abrir caminhos que nos tragam uma
solução.
Amanhã, começam as primeiras diligências, o primeiro encontro daqueles que estão previstos.
22.02 – Encontros e desencontros
É sempre assim. Quando se é portador de encomendas, a entrega aos destinatários nem sempre é fácil. Por email, contactei o João da Megatours que me informou que sábado também trabalhava. Combinamos então ir este sábado fazer a entrega. E lá vamos nós (eu e o Eustáquio) ao começo da tarde a caminho da megatours. Surpresa!
As portas estavam fechadas, sem sinal algum de qualquer presença. Sem o seu número de contacto, imaginem o nosso estado de alma. Posteriormente fui informado de que ele não foi preciso com a informação, uma vez que só trabalhavam no sábado de manhã. Pior para ele, que só recebeu a encomenda dois dias depois. Pois! Com correios e estafetas não se brinca…
23.02.2025, domingo – À mesa também se fala
O amigo Pedro Sarmento mal soube da minha chegada quis dar-me as boas vindas e oferecer os seus serviços para que esta minha estadia decorra o melhor possível.
Muito solícito connosco, para com a ASTIL, tentando encontrar uma solução para o problema da falta de professores na Escola São Francisco de Assis em Boebau, telefonou várias vezes para marcarmos encontro e falarmos sobre o assunto.
Marcamos um almoço de família para o dia seguinte e, à mesa, definimos os passos a seguir: pessoas com quem falar, instituições a contactar, marcação de audiências, etc…
Amanhã será já o primeiro encontro no Paço Episcopal, com o Vigário Geral e com o senhor cardeal de Dili D. Virgílio. Sinto alguma espectativa e esperança. Que assim seja.
23.02 – Chuva a cântaros
Quase todos os dias chove por aqui. Hoje, em Dili, choveu a cântaros. Logo, as ruas e as estradas se tornaram um pantanal, carros, carretas e motores a darem provas da sua resistência que, em muitos casos, vão dando espetáculo. A juntar a tudo isto as pessoas. Umas por curiosidade, outras por necessidade irrompem de todos os lados, pondo à prova a facilidade com que encaram estas situações. Às vezes corre mal, e há pessoas e veículos que são arrastadas por estas cheias. Como se costuma dizer, brincam com o perigo.
23.02 – Se não é ("amu"), parece…
Já por diversas vezes que assim sou visto, sobretudo quando frequentamos serviços públicos. Hoje foi no BNU de Dili, ao tirar a senha para um levantamento.
Aqui, em Timor, ainda há um respeito muito grande pela figura do “Amu”. Sendo ou não sendo ("to be or not to be"), às vezes dá um jeito enorme, sobretudo quando há uma sala de espera cheia de gente à nossa frente.
24.02.2025, segunda – Mais uma retificação do bilhete
Desta vez, não por culpa dos outros, tivemos de fazer alterações nos bilhetes de ida e volta. Então não é que só tardiamente me dei conta de que a viagem de regresso a Portugal estava com partida e chegada no mesmo dia. Era bom que assim fosse. Todos os que viajam de Dili para Lisboa sabem bem do tempo que se demora. Dias!... E pronto. Vai daí, toca a fazer a alteração e a sofrer as consequências. “Quando a cabeça não tem juízo o corpo(a carteira) é que paga…”
24.02 – Carta a Kay Rala Xanana Gusmão
A ideia de pedir uma audiência a Kay Rala Xanana Gusmão partiu do amigo João Crisóstomo que, aquando do seu encontro com Xanana em New York no lançamento do livro “Hai nia Tassi. Hai nia Timor” em setembro de 2024, aproveitou a ocasião para falar da situação da Escola São Francisco de Assis ao primeiro ministro de Timor Leste.
Carta escrita, carta pronta para entrega, e lá vamos nós a caminho do palácio presidencial. Primeira peripécia: de como ir vestido. Diz-me o Eustáquio de que é regra levar camisa com gola, e eu estava de tishirt. Mesmo assim, lá vamos nós. Segunda peripécia: chegados à receção do gabinete do primeiro ministro, a carta foi aberta pelo funcionário para ver se estava tudo conforme. OK! Tudo bem, exceto o cabeçalho.
Soubemos então que o senhor primeiro ministro não quer ser tratado pelo seu nome de batismo (José Alexandre Xanana Gusmão) mas pelo seu nome de guerra Kay Rala Xanana Gusmão. Voltamos para casa a fazer as modificações e, de tarde, o Eustáquio voltou com a missiva. Azar dos azares, não serviu pois eu em vez de escrever Kay Rala escrevi Ray Rala. Modificações feitas, e lá vai de novo o Eustáquio de volta ao palácio.
À terceira foi de vez. Tanta peripécia para levar a carta a Garcia!... Agora há que
esperar para ver se nos respondem e se somos chamados para a audiência solicitada.
25.02 – Até Liquiçá
A decisão foi rápida. O Eustáquio recebeu ontem à noite uma chamada para transportar as professoras da ESFA Delfina e Fátima de Dili a Liquiçá a fim de frequentarem um curso sobre cuidados de saúde. E eu, que estava ao lado a ouvir, quis de imediato inteirar-me do assunto. Depois da explicação, o Eustáquio perguntou logo:
“ Ó Tiu, quer ir também?” E no dia seguinte pelas 7 horas da manhã, lá vamos nós a caminho de Liquiçá. Depois do desembarque da Fátima e da Delfina, passamos pela Escola CAFÉ de Liquiçá visitar a professora Teresa, que já nos esperava.
25.02. 2025, terça– Telefonema do ministério da educação
Ainda na escola CAFÉ de Liquiçá, recebo uma chamada do Dr. Filipe Rodrigues da parte do ministério da educação para saber se poderia estar às 10 horas para uma reunião sobre o assunto da nossa escola em Boebau. Por minha culpa, foi impossível de estar, uma vez que foi enviada uma mensagem no dia anterior que eu não li. Desculpaspedidas, foi então agendada esta reunião para amanhã às mesmas horas, à qual não podemos faltar pois estamos ansiosos por saber qual a opinião da equipa de inspeção sobre a visita que fez à Escola São Francisco de Assis. E voltamos a Dili rumo ao palácio do governo, a fim de entregar uma carta dirigida ao primeiro ministro Xanana Gusmão.
26.02.2025, quarta – O senhor galo
Hoje, enquanto tomávamos o “mata-bicho”, ouviram-se uma pancadas de quem à porta bate. Imediatamente eu comentei: “alguém bate à porta”. E logo o Eustáquio se levantou e disse: É o galo.”
26.02 – Encontro no ministério da educação
Este era um encontro muito desejado da nossa parte, depois da visita que a equipa de inspetores (3) fez há tempos à Escola São Francisco de Assis. De porta em porta, lá fomos andando até nos apresentarem o Dr. Filipe Rodrigues, a pessoa encarregue pelo ministério para estabelecer a ligação com a nossa escola.
Alto aí!... Isso não podemos(devemos) fazer, por respeito aos sócios e amigos da Astil de Portugal e da Astilmb de Timor Leste. A ESFA, assim como outros bens (casa dos professores, picup) é património da ASTILMB e só os seus sócios poderão tomar essa decisão.
Diz-se que “ quando nos fecham uma janela Deus abre-nos uma porta”. E é isso que vai acontecer. Vamos par o Plano B, que para nós é bem melhor.
28.02.2025, sexta – O Toquê e o Téque
Nas crónicas anteriores por diversas vezes aparecem descrições dobre estes dois répteis que, se não são irmãos são primos, e que, em Timor, estão associados à sua cultura. Também aqui, em Ailok Laran, marcam presença e sobretudo à noite.
01.03.2025, sábado – Novo rumo – novos contactos
Uma luzinha verde ao fundo do túnel. A conselho do vigário geral da diocese de Dili, “amu” Graciano, e por diligências do amigo Pedro Sarmento, fomos ao encontro das “irmãs indianas” do Instituto R.J.M (Religiosas de Jesus e Maria) em Casait, a fim de expormos a situação da Escola São Francisco de Assis e de solicitarmos a presença de uma pequena comunidade (3 ir mãs) que aceitem ensinar na ESFA. Fomos muito bem acolhidos, e o pedido apresentado vai ser exposto à madre provincial durante a sua visita a Timor, que acontecerá de 10 a 20 de março. A irmã Selma, que é a madre superiora da comunidade de Casait, pediu para visitar a escola para que depois possa transmitir as informações necessárias à madre provincial e possam tomar em devido tempo a decisão sobre o assunto.
04.03.2025, terça – Música no coração
Já nas crónicas de outros anos descrevi a musicalidade desta gente, que em qualquer situação se vale dos meios que tem, mas sobretudo da voz, para a torto e a direito espalhar as sua cantorias. Então, nesta família Sobral reina a música por todos os lados. Desde que a Adobe esteja acordada não há ouvidos que resistam indiferentes às melodias que a sua voz projeta. Esta moça é mesmo musical. Mais a mais, agora está a participar num concurso onde já
passou a primeira eliminatória. Por isso temos que a ouvir, queiramos ou não.
Com a música no coração, não há quem a pare. Oxalá chegue longe. Eu cá estarei para a apoiar…
(**) Vd. a última crónica da V viagem > 27 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25565: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (5.ª estadia, 2024): crónicas de Rui Chamusco (ASTIL) (excertos) - VI (e última) Parte
quinta-feira, 6 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26559: Ser solidário (278): No próximo dia 19 de março de 2025 às 17h30, realizaremos a nossa Assembleia Geral, na qual analisaremos conjuntamente o Relatório de Atividades e Contas de 2024 e deliberaremos sobre a aprovação do Plano de Atividades e Orçamento para 2025 (Manuel Rei Vilar)
Caros Associados e Benfeitores da Associação Anghilau,
No próximo dia 19 de março de 2025 às 17h30 (hora de Lisboa), realizaremos a nossa Assembleia Geral, na qual analisaremos conjuntamente o Relatório de Atividades e Contas de 2024 e deliberaremos sobre a aprovação do Plano de Atividades e Orçamento para 2025.
Após esta mensagem, enviar-vos-emos a respetiva Convocatória, o modelo de Procuração correspondente, as Atas das últimas reuniões, bem como o Relatório de Atividades e Contas de 2024 e o Plano de Atividades e Orçamento para 2025.
Para mantermos a nossa contabilidade atualizada, pedimos a colaboração dos Padrinhos e Madrinhas que tenham donativos em atraso para regularizarem os seus pagamentos com a maior brevidade possível. Lembramos que o donativo de apadrinhamento é de 15 euros mensais, valor que já inclui a quota anual.
Aos sócios sem apadrinhamento que tenham quotas em atraso, apelamos para que efetuem o pagamento da quota anual de 10 euros. Salientamos ainda que eventuais donativos realizados em 2024 já incluem esta quota.
Em nome das crianças de Suzana, a Direção da Associação Anghilau agradece, desde já, a vossa generosidade e colaboração!
Plano de Atividades para 2025
Estamos atualmente a preparar o nosso Plano de Atividades para 2025, identificando várias necessidades prioritárias, entre outras:
✅ Continuação da distribuição de refeições quentes às crianças do Jardim-Escola;
✅ Renovação da Pintura da Escola Secundária e do Jardim-Escola;
✅ Criação de uma Sala de Informática, contando já com 20 computadores doados pelo Novo Banco;
✅ Atribuição de Bolsas de Estudo para cursos profissionais e universitários.
Estas iniciativas foram analisadas cuidadosamente pela Direção, em parceria com os nossos representantes em Suzana, nomeadamente o Padre Vítor, o Olálio Neves Trindade e a Comissão de Acompanhamento de Suzana. Antes da aprovação do Plano de Atividades e Orçamento para 2025, efetuaremos a análise e votação do Relatório de Atividades e Contas de 2024.
Conquistas e Perspetivas
Temos o prazer de informar que todos os objetivos anteriores foram amplamente alcançados, graças à vossa inestimável contribuição, com especial destaque para a criação da Residência dos Professores Cascais-Suzana e da Biblioteca Camões. Além disso, em 2024, conseguimos atribuir, pela primeira vez, três bolsas universitárias, além das cinco bolsas profissionais concedidas em 2023 e 2024.
Ainda em 2024, elaborámos um novo Projeto Cascais-Suzana para 2025, através do qual solicitámos à Câmara Municipal de Cascais apoio financeiro para subsidiar refeições e ampliar a oferta de bolsas de estudo universitárias.
Juntos, podemos fazer mais!
As crianças e jovens de Suzana contam com a nossa preciosa ajuda, e a Associação Anghilau reafirma o seu compromisso de continuar a agir para garantir um futuro melhor a esta comunidade.
Bem-hajam!
Kassumai,
Manuel Rei Vilar (Presidente)
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Nota do editor
Último post da série de 12 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26380: Ser solidário (277): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (11): Início da parte operativa do projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa e visita a um projecto agrícola comunitário a cerca de 80 km a sul da cidade de Gabú (Renato Brito)
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Guiné 61/74 - P26509: As nossas geografias emocionais (46): Bocana Nova, na margem esquerda do rio Tombali... (E onde também se fala na ONGD, com sede em Matosinhos, "Na Rota dos Povos")
Guiné > Região de Tombali > Catió > Bocana > Carta de Catió (1956) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do rio Tombali, e as povoações de Tombali, Bocana Nalu, Bocana Balanta e Catió (sede de circunscrição, quando a região foi cartografada em 1956).
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)
1. A atual tabanca de Bocana Nova, referida no poste P26508 (*), deve ficar na margem esquerda do Rio Tombali (carta de Catió), a sul da foz do rio Pobreza (afluente do rio Tombali) e a sul da foz do rio Cobade (outro afluente do Tombali).
Havia, amtes da guerra, duas pequenas tabanas, a Bocana Nalu e mais acima a Bocana Balanta. Depois da independència deve-se ter construído a Bocana Nova. Pertence ao setor de Catió: em 2009, não tinha uma centena de habitantes.
A tabanca (e porto fluvial) de Impungueda, a sul de Cufar e a nordeste de Cantone e Mato Farroba fica na margem direita do rio Cumbijã, mais a leste (carta de Bedanda, da mesma época).
Para lá se chegar, por estrada (até Catió), são 300 km bem difícieis de pecorrer.
2. A ONGD "Na Rota dos Povos", com sede em Matosinhos, tem feito desde 2010 um belo trabalho lá, na regiáo de Tombali, na área da educação, saúde e solidariedade social.
Ver aqui a sua página oficial, bem como a página no Facebook.
A “Na Rota dos Povos” é uma Organização não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) com foco de atuação na educação, solidariedade social e saúde na região de Tombali, na Guiné-Bissau.
A sede da ONGD é em Matosinhos e, todas as tarefas, tais como angariações, gestão de recursos, comunicação, e organização de missões, são realizadas por voluntários.
Temos sede de delegação local na cidade de Catió, a cerca de 300 km da capital Bissau, onde damos emprego a 35 habitantes que colaboram nos diferentes projetos. A integração da ONGD na comunidade Cationense gera também uma onda de participação num país em que a solidariedade é característica deste povo sempre pronto a ajudar o vizinho.
A nossa motivação
Em Catió, no ano de 2010, o professor Braima Sambu fez um pedido. Quando se esperaria que seria algo para ele, o que Braima pediu foi capacitação para a população da sua terra. Capacitar é tornar capaz, mas também permitir acreditar. A capacitação que falava era ajuda para os professores de Catió.
Sensibilizados com tal pedido, no regresso a Portugal, começaram a reunir-se esforços para responder a este apelo.
Desde esse momento, sempre com o lema “A Educação é o Único Caminho” um longo percurso tem sido trilhado. O projeto que começou com o objetivo de ajudar a melhorar as condições dos professores de Catió tem vindo a crescer atingido agora muitas outras áreas para além das escolas como o orfanato da “Casa da Mamé”, o “Centro de Educação Especial e Terapêutica”, o apoio ao hospital regional da região, entre muitas outras contribuições para o sector de Tombali. (...)
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(*) Vd. poste de 19 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26508: As nossas geografias emocionais (45): Regresso em 2007, a Bocana Nova, e a Impungueda, no rio Cumbijã, na região de Tombali (Henk Eggens, médico holandês cooperante, em Fulacunda e Bissau, 1980/84)
domingo, 12 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P26380: Ser solidário (277): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (11): Início da parte operativa do projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa e visita a um projecto agrícola comunitário a cerca de 80 km a sul da cidade de Gabú (Renato Brito)
Boa tarde Carlos Vinhal,
Venho por este meio dar-lhe notícia de mais um bilhete-postal. Desta feita o regresso à Guiné-Bissau para dar início à parte operativa do projecto de construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa.
Nesta viagem, pretende-se visitar juntamente com um pequeno grupo da aldeia, um projecto agrícola comunitário a cerca de 80 km a sul da cidade de Gabú. Este projecto envolve 9 aldeias situadas no Parque Natural do Boé.
Este vídeo apresenta uma síntese do projecto:
https://www.youtube.com/watch?v=1vpEar6ISJA
Também, neste Parque Natural trabalha uma associação que tem por objectivo proteger a população de chimpanzés no seu habitat natural:
https://www.daridibo.org/
Ainda, a narrativa de uma interessante expedição ao rio Corubal que atravessa este território:
Corubal 2022 – The last wild river in West Africa
https://www.vigilife.org/en/vigilife-corubal-2022-en/
Dos meandros da internet duas referências:
1- Documentários “Nô Raça” - Série de 14 programas que explora as origens, os locais e as tradições de 13 etnias guineenses.
Lista dos 13 episódios:
https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p39325/1
2 - Guia das aves comuns da Guiné-Bissau
Download disponível aqui:
https://monte-ace.pt/site/GuiaAves-PNTC_WEB.pdf
Cumprimentos,
Renato
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Notas do editor
Vd. post de 25 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25981: Ser solidário (274): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (10): O mel da Guiné-Bissau (Renato Brito)
Último post da série de 9 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26247: Ser solidário (276): A Associação Anghilau ("criança", em língua felupe), fundada pelos irmãos mais novos, Manuel, Miguel e Duarte, do cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, 1970), tem nova página na Net
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
Guiné 61/74 - P26247: Ser solidário (276): A Associação Anghilau ("criança", em língua felupe), fundada pelos irmãos mais novos, Manuel, Miguel e Duarte, do cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, 1970), tem nova página na Net
Manuel Rei Vilar
Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Susana > 18 de fevereiro de 2020 >
Ele é o líder do projeto Kassumai, e presidente desta associação (que em língua felupe quer dizer "criança").
O novo sítio da Associação Anghilau vem em 3 línguas (português, francês e inglês).
Para o leitor saber mais sobre esta fabulosa história de amor fraterno, de resgate da memória e de solidariedade para com o povo de Susana, carregue nestes links:
Quem somos | Funcionamento | Realizações | Canção sem Lágrimas | A Cabeleireira Felupe e a Mãe do Capitão | Arquivos | Órgãos Sociais |
Parabéns, Manuel, Miguel e Duarte e demais sócios e amigos da Associação Anghilau. Vamos analisar o vosso sítio na Net, com mais tempo e vagar.
E para saber mais sobre o nosso camarada Luís Filipe Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, 1970), ver aqui no novo sítio, nomeadamente fotos de quando ele era mais novo.
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26209: Ser solidário (275): Quatro anos como médico cooperante (1980-1984), em Fulacunda e em Bissau (Henk Eggens, neerlandês, consultor internacional em saúde pública, reformado, a viver em Santa Comba Dão)quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Guiné 61/74 - P26209: Ser solidário (275): Quatro anos como médico cooperante (1980-1984), em Fulacunda e em Bissau (Henk Eggens, neerlandês, consultor internacional em saúde pública, reformado, a viver em Santa Comba Dão)
Foto nº 2 > Antiga Guiné Portuguesa > Região de Quínara > Fulacunda > s/d > "Casa no quartel onde depois fiquei, em 1980".
Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 1980 > *Ilustração: parto",. Fonte: Livro Formação das matronas, 1978, MINSAS, Guiné-Bissau.
Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 1980 > "Ilustração: rede mosquiteira para crianças*, Fonte: Livro Formação das matronas, 1978, MINSAS, Guiné-Bissau.
Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Quínara > Fulacunda > 1980 > "Ilustração: Cinco doenças a tratar pelos Agente de Saúde de Base", Fonte: Fonte: Livro Formação das matronas e dos agentes de saúde de base (A.S.B.) nas tabancas, 1980, CESAS, Guiné-Bissau.
Foto nº 9 > Antiga Guiné Portuguesa > Região de Quínara > Fulacunda > s/d > "Fulacunda no tempo colonial com campo de vólei". Fonte desconhecida
No passado dia 9 de setembro último, ele escreveu-me o seguinte, em resposta a um email que lhe tinha mandado:
(...) Bom dia, Luís!
Primeiramente o nosso primeiro ano nesta terra: 1947!
Segundo, a paixão para conhecer outras terras: Conheceste o mundo académico do TNO na Holanda (que conheço só por nome), além do teu passado na Guiné, e provavelmente outros países.
Henk
Boa tarde, Luís.
Espero que estejas bem, já de volta da vindima no Norte no mês passado.
Vi a mensagem recente do bloguista Patrício Ribeiro no blogue (...) e decidi escrever-te.
(i) Recebeste o meu e-mail de 12 de setembro 2024 com a apresentação dum amigo meu, intitulado 'Amílcar Cabral e os cuidados de saúde durante a luta de libertação' ? Achas apto para publicar no teu blogue?
(ii) Acabei de escrever algumas das minhas aventuras na Guiné-Bissau nos anos 1980-1984. Me pediste para contar as minhas experiências durante minha estadia como médico na região de Quínara. Segue o texto e as fotografias em anexo.
Um abraço desde Santa Comba Dão,
Henk
3. Comentário do editor LG:
"Consultor internacional em saúde públiva, aposentou-se após quarenta e cinco anos de experiência na prestação de cuidados de saúde em países com poucos recursos em três continentes. Amplas relações de trabalho entre governos e ONG internacionais.. Missões de longo prazo em Angola, Guiné Bissau, Tanzânia e Indonésia. Missões de curto prazo em mais de 15 países.
Em abril de 1980, desembarquei no aeroporto de Bissalanca. Estava bem preparado. Já durante pos meus estudos de medicina, eu tinha decidido que queria trabalhar em África.
O meu primeiro emprego foi em Angola. Em 1976, quatro meses após a declaração de independência (****), viajei para Cabinda e trabalhei lá durante dois anos na ala pediátrica do hospital provincial. Lá, aprendi muito: a falar português, e palavrões cubanos dos meus colegas médicos. Aprendi na prática a tratar a patologia tropical. Perdi também a ilusão da viabilidade e desejabilidade duma sociedade comunista.
Em 1980, tive a oportunidade de trabalhar na Guiné-Bissau. Consegui um emprego no Ministério da Saúde da Guiné-Bissau e fui colocado na região de Quínara, no sul da Guiné-Bissau. A província tinha cerca de 40.000 habitantes. Ninguém sabia exatamente quantos. Já fazia parte da área libertadada durante a guerra colonial, com exceção dos quarteis do exército português e as tabancas.
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Excerto da carta de Fulacunda (1955) (Escala 1/50 mil) Fonte: Cortesia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné |
O que encontrei quando cheguei em Fulacunda?
As pessoas moravam longe dos postos de saúde e a medicina tradicional era a principal fonte de cuidados de saúde. Logo comecei a organizar cuidados materno-infantis. Sob a mangueira (ou o poilão), reuníamos regularmente as grávidas e as crianças e administrávamos as vacinas necessárias, contra tuberculose, sarampo, difteria, tétano, poliomielite e coqueluche. Providenciávamos medicamentos (foto nº 4) e conselhos ás grávidas. Com um cartão onde os pesos das crianças eram anotados e que eu mesmo havia mimeografado, acompanhávamos o crescimento e desenvolvimento das crianças pequenas.
Parte do meu trabalho era treinar os voluntários (Agentes de Saúde de Base) nas tabancas para reconhecer e tratar cinco doenças (fotos nºs 5, 6 e 7).
A ideia era que os voluntários na tabanca recebessem uma caixa de medicamentos com os quais pudessem tratar cinco doenças (foto nº 7). Essas eram:
- paludismo (corpo quente),
- conjuntivite (dor di udjo),
- dor de cabeça,
- diarreia (panga barriga),
- tosse e feridas.
Além de poder tratar estas doenças, os Agentes foram ensinados sobre medidas preventivas da higiene nas tabancas (fotos nº 7 e 8).
Este Projeto de Saúde de Base ocorreu em vários lugares da Guiné-Bissau, sob a inspiradora liderança do vice-ministro da saúde, Dr. Manuel Boal. Havia projetos no Oio, na ilha de Canhabaque, em Tombali e no extremo leste, em Lugadjol, no setor de Madina do Boé, e em Quínara, onde eu trabalhava.
As minhas atividades curativas (ou mais propriamente clínicas) eram bastante limitadas porque eu não tinha muitos recursos. Poucos medicamentos e nenhum instrumento para realizar qualquer procedimento terapêutico mesmo simples.
Outro evento que me marcou foi ajudar no chamado fanado.
Felizmente, tínhamos outro desinfetante, a violeta genciana, que era à base de água. Sugeri usá-lo, mas com a condição de que eu mesmo fosse à floresta para observar e aplicar. Após alguma discussão, isso foi permitido e viajámos para a floresta. Em um determinado momento, chegámos a uma árvore caída, que era o limite absoluto até onde podíamos ir. Dali para a frente, a área era proibida para nós e, atrás da árvore caída, havia uma fila de meninos. Meninos com rostos assustados, com as mãos cobrindo suas partes íntimas, esperando para desinfetar os seus pénis recém-circuncidados.
A minha vida em Fulacunda não era tão fácil. A sra. Maria cuidava de mim, preparava as comidas e limpava a casa. Tinha algumas galinhas para ter um ovo no mata-bicho. Importei legumes desidratadas de Holanda e, de vez em quando, conseguíamos uns tomatinhos. Os pescadores traziam-me de vez em quando uma barracuda, peixe grande e deliciosa.
Na frente da minha casa havia um campo de jogos (antigamente para jogar vólei?) (foto nº 9). Às vezes eu instalava o meu gravador lá à noite e os moradores e nós dançávamos ao som de uma música animada.
Antes de viajar para Guiné-Bissau, comprei na Bélgica uma caixa de cartuchos (calibre 12). Provou ser muito útil. Não sabia caçar, mas o meu amigo Manuel sabia. Levou de noite um ou dois cartuchos para o mato e voltou de manhã com um antílope. Dividimos a carcaça e havia carne para umas semanas.
A minha noiva (holandesa) vivia em Bissau. Tanto quando possível viajávamos para nos encontrarmo-nos (foto nº 10). Ela tinha uma mota Honda 125 cc off-the-road. Com um barco tradicional ou um barco dum projeto holandês costumávamos travessar o rio Geba. Nem sempre havia águas tranquilas.
Em Buba havia na altura um grande projeto de abastecimento de água (foto nº 11). No antigo quartel foi estabelecido o centro do projeto, que incluiu também uns 5 a 7 técnicos holandeses. No Catió era o centro duma empresa holandesa Stenaks, que construiu centros de saúde na região de Tombali e Quínara. Foi uma grande ajuda ter estes compatriotas relativamente perto.
Foram alguns anos de muitas experiências. Foi a base para minha futura carreira na área de saúde tropical.
(***) Último poste da série > 25 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25981: Ser solidário (274): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (10): O mel da Guiné-Bissau (Renato Brito)
(****) 11 de novembro de 1975