Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1967 > CART 2316 (1967/68) > Foto aérea do aquartelamento e tabanca
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > O 2º sargento José Neto (que exercia as funções de 1º sargento da companhia) junto a um abrigo e a uma viatura do Pel Rec Fox 1165, que era comandado pelo alf mil cav Michael Winston Schnitzer da Silva.
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 > 1968> Aspectos da construção de uma abrigo-caserna...
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1968 > Bajuda... Fotos do álbum do cap SGE, reformado, o saudoso José Neto (1929-2007), durante os primeiros anos do blogue "o nosso mais velho".
Fotos (e legendas): © José Neto (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Capa do livro, "O Silva da Granada", de José Maria Martins Costa, Lisboa, Chiado Books, 2021. Gostaríamos de ver o autor, nosso antigo camarada de armas, a integrar a Tabanca Grande. |
"É mesmo uma surpresa, um cultor do classicismo andou por Guileje e paragens limítrofes, entre 1968 e 1970, creio que se disfarça no primeiro-cabo Martins, das Transmissões, são memórias onde não faltam referências a Horácio, Virgílio, Dante, Camões, há a preocupação de resistir à tentação de passar ao crivo a história da Guiné ou martelar as vias sinuosas da luta pela independência, é um livro cheiro de olhares, alguém que reza o terço, que se comove com a inocência das crianças, vê partir colunas de abastecimento e sente um remorso por nelas não participar. Já chegou a hora da primeira flagelação, muito mais se seguirá, o tomo memorial ultrapassa as quinhentas páginas, foi editado pela Chiado Books recentemente, faz hoje parte do Grupo Atlântico Editorial."
1. É assim que o nosso crítico literário, Mário Beja Santos, saudou o aparecimento deste livro, publicado ainda em 2021, em tempo de pandemia. Referimo-nos a "O Silvo da Granada", do José Maria Martins da Costa, ex-1º cabo trms, do Pel Caç Nat 51
(Guileje e Cufar, maio de 1968/ julho de70).
Sobre o autor sabemos que:
(i) é natural do concelho de Santo Tirso;
Sobre o autor sabemos que:
(i) é natural do concelho de Santo Tirso;
(ii) depois da escola, entrou num seminário beneditino;
(iii) foi até ao sétimo ano (que não deve ter completado);
(iv) foi chamado para a tropa, passou por Tavira e Lisboa, e foi mobilizado para a Guiné;
(v) no regresso à "peluda", tirou "o curso de Filosofia na Universidade do Porto, e ainda o de Latim, Grego e Português, e respetivas literaturas, na Universidade de Coimbra";
(vii) fixou residência no Porto, casou, foi jornalista e professor.
A referência ao classicismo greco-latino tem a ver com a sua formação seminarística. O autor frequentou o CSM (Curso de Sargentos Milicianos), em Tavira, por qualquer razão que não quer esclarecer, no livro, chumbou ou apanhou uma "porrada", indo parar ao contingente geral.
E na qualidade de 1º cabo de transmissões de infantaria, de rendição individual, que o vemos integrar o Pel Caç Nat 51, passando por Guileje e Cufar, de maio de 1968 a julho de 1970.
2. Não tendo (ainda) lido o livro, vamo-nos limitar aqui à recolha de alguns apontamentos que podem ajudar a conhecer um pouco melhor a história desta subunidade e também as "andanças", pelo sul da Guiné, deste nosso camarada que gostaríamos de passar a ver ao nosso lado, sentado sob o poilão da Tabanca Grande.
Vamos, naturalmente, socorrer-nos de algumas das notas, mais factuais, do nosso crítico literário (**):
"batelão", numa primeira etapa até Bolama, depois Cacine e finalmente Gadamael (o comboio traz mantimentos para Cacine e Cameconde);
(ii) segue em coluna auto para Guileje: provavelmente ainda aqui apanhou a CART 1613, do nosso saudoso Zé Neto, (cuja comissão em Guileje foi de junho de 1967 a maio de 1968), sendo depois rendida pela CCAÇ 2316 (mai 1968/jun 1969);
(iii) aqui dá-se conta do drama dos vizinhos de Gandembel (a 10 km mais a nordeste, e ainda mais perto da fronteira), mas também do ponto fraco do aquartelamento de Guileje, aparentremente inexpugnável: todos os dias é preciso garantir o abastecimento de água na fonte que fica a 2/3 km;
(iv) trabalha por turnos no abrigo das transmissões e cedo começa a habituar-se aos ataques e flagelações;
(v) Spínola visita Guileje e Gandembel ainda nesse mês de maio de 1968;
(vi) o Martins diz que os primeiros-cabos do Pelotão são todos nortenhos, de Entre Douro e Minho;
(vii) os brancos do Pelotão têm um abrigo próprio;
(viii) que o Martins ajuda um soldado da companhia local (CCAÇ 2316, presume-se) a escrever cartas à madrinha de guerra;
(ix) Ganbembel e Mejo são abandonados em 28 de janeiro de 1969; Guileje passa a ser reforçada por mais uma subunidade, o Pel Caç Nat 67;
(x) refere a morte de um alferes e um furriel, do pelotão de artilharia , que são ceifados por uma canhonada vinda da Guiné Conacri;
(xi) "o novo comandante de Companhia parece não gostar do Martins e das suas estadias na tabanca" (onde faz amizades entre a população civil e por cujos usos e costumes se interessa como estudioso);
(xii) Cecília Supico Pinto visita Guileje;
(xiii) o Martins vai a Bissau a uma consulta de oftalmologia; após 3 semanas, regressa via Gadamael cujos abrigos lhe parecem toscos e precários, comparados com Guileje;
(xiv) o abrigo do pelotão em Guileje é atingido em cheio por uma canhoada; tem de ser reparado e reforçado;
(xv) "de março para abril (de 1969), deram-se mudanças de vulto de Pel Caç Nat 51", é referido quem sai e quem chega (e um dos que chegam é o Armindo Batata: não sabemos se no livro há referências explícitas ao novo comandante do Pelotão) ;
(xvi) Spínola volta a Guileje em meados de 1969;
(xvi) em junho de 1969, a CCAÇ 2316 é rendida pela CART 2410, "Os Dráculas";
(xvii) "em novembro e chega a notícia da transferência do Pel Caç Nat 51, tal como o Pel Caç Nat 67, vão para Cufar, no termo de Catió";
(xix) "não irão por estrada, a única forma de lá chegar é alcançar Gadamael, descer o rio Cacine até à sua foz, percorrer um estreito canal, rio chamado Cagopere, aproar ao rio Cumbijã e subir boa parte do seu curso inferior, meter talvez ainda por um afluente deste e depois por terra fazer os últimos quilómetros até Cufar"
(xix) "não irão por estrada, a única forma de lá chegar é alcançar Gadamael, descer o rio Cacine até à sua foz, percorrer um estreito canal, rio chamado Cagopere, aproar ao rio Cumbijã e subir boa parte do seu curso inferior, meter talvez ainda por um afluente deste e depois por terra fazer os últimos quilómetros até Cufar"
(xx) "despedida, com enorme saudade dos seus amigos da tabanca";
(xxi) coluna apeada até Gadamael, sem novidade; e breve viagem de Gadamael a Cacine;
(xxi) coluna apeada até Gadamael, sem novidade; e breve viagem de Gadamael a Cacine;
(xxii) o Martins ffca "surpreendido de aqui encontrar laranjeiras e tangerinas, observa que Cacine é menos sacrificada que Guileje ou Gadamael";
(xxiii) "o comboio de navios passa pelo Canal do Melo, ali perto é Cabedu, Cufar não é longe, temos ainda o Cumbijã e as suas duas alongadas curvas, estão já na aldeia Cantone, 3 km à frente espera-os Cufar, no meio Mato Farroba, área sossegada";
(xxiv) "o Martins lá vai para o posto de rádio";
(xxv) regista dois acidentes mortais no Pel Caç Nat 51;
(xxvi) chega-se ao Natal e depois ao Ano Novo;
(xxvii) "pega-se com um furriel, deita umas palavras desabridas, apanha como castigo sete noites seguidas, na trincheira, em Mato Farroba";
(xxviii) "vai ao médico a Catió, apraz-lhe a limpeza e o asseio das ruas, o muito arvoredo que as sobreia e ornamenta, acha-la muito limpa a agradável para viver";
(xxix) chega a Páscoa, e depois já "estamos em julho de 1970, chove a cântaros, os amigos vêem-no partir num Dakota";
(xxx) ... e fim da comissão do Martins.
(xxiii) "o comboio de navios passa pelo Canal do Melo, ali perto é Cabedu, Cufar não é longe, temos ainda o Cumbijã e as suas duas alongadas curvas, estão já na aldeia Cantone, 3 km à frente espera-os Cufar, no meio Mato Farroba, área sossegada";
(xxiv) "o Martins lá vai para o posto de rádio";
(xxv) regista dois acidentes mortais no Pel Caç Nat 51;
(xxvi) chega-se ao Natal e depois ao Ano Novo;
(xxvii) "pega-se com um furriel, deita umas palavras desabridas, apanha como castigo sete noites seguidas, na trincheira, em Mato Farroba";
(xxviii) "vai ao médico a Catió, apraz-lhe a limpeza e o asseio das ruas, o muito arvoredo que as sobreia e ornamenta, acha-la muito limpa a agradável para viver";
(xxix) chega a Páscoa, e depois já "estamos em julho de 1970, chove a cântaros, os amigos vêem-no partir num Dakota";
(xxx) ... e fim da comissão do Martins.
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Um aspeto parcial do quartel. Foto do ábum do Victor Condeço (1943/2010)
Foto (e legenda); © Victor Condeço (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:
(*) Vd. postes de;
28 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23121: Notas de leitura (1431): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (1) (Mário Beja Santos)
1 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23131: Notas de leitura (1433): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (2) (Mário Beja Santos)
4 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23139: Notas de leitura (1434): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (3) (Mário Beja Santos)
1 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23131: Notas de leitura (1433): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (2) (Mário Beja Santos)
4 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23139: Notas de leitura (1434): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (3) (Mário Beja Santos)
8 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23152: Notas de leitura (1435): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (4) (Mário Beja Santos)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2022/04/guine-6174-p23152-notas-de-leitura-1435.html
(**) Vd. poste de 9 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25624: Elementos para a História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte III: População civil: da cerimónia do fanado ao funeral muçulmano (Armindo Batata)
9 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25622: Humor de caserna (64): O anedotário da Spinolândia (XII): o "caco" que foi parar ao caldeirão da cozinha de Guileje...
6 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25609: Elementos para a História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte II: Cacine, Catió, Cufar, Bedanda (c. 1970) (Armindo Batata)
5 de junho 2024 > Guiné 61/74 - P25604: Elementos para a História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte I: Guileje, ao tempo da CART 2410 (jan 69/jan 70) (Armindo Batata)