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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27137: A nossa guerra em números (35): Qual a probabilidade de o nosso saudoso Valdemar Queiroz (1945-2025) encontrar, em Nova Lamego, Gabu, em 1970, um libanesa, de olhos verdes, fatais ?



Pormenor de "A rapariga com brinco de pérola" (c. 1665)... Uma das obras-primas da pintura de todos os tempos, da autoria do pintor neerlandês Johannes Vermeer (1632-1675).  Óleo sobre tela (44,5 cm x 39 cm). Localização atual: Galeria Mauritshuis, Haia. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipedia

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


De acordo com o assistente de IA / ChatGTP e a pesquisa feita pelo nosso editor LG, a cor dos olhos da rapariga na pintura "A Rapariga com Brinco de Pérola", de Johannes Vermeer (c. 1665), não é castanha nem verde. De acordo com análises detalhadas da obra, os seus olhos são descritos como cinzento-azulados, com um subtil toque de castanho-dourado claro.

Ou melhor: os olhos da jovem não têm uma cor definida de forma clara como o castanho ou o verde. Estudos técnicos e análises de alta resolução (como os realizados pelo projeto Girl in the Spotlight em 2018) revelaram que os olhos da rapariga aparecem num tom acinzentado-azulado, devido tanto ao uso de pigmentos como ao desgaste natural da tinta ao longo de mais de três séculos.

Além disso, o efeito de luz e sombra pintado por Vermeer, aliado ao fundo escuro, cria nuances que podem dar a sensação de um subtil reflexo dourado ou acastanhado, especialmente na íris. Ou seja, não se trata de uma representação fotográfica da cor dos olhos, mas antes de uma ilusão ótica criada pelo grande mestre da luz holandês.

Portanto, não se pode dizer que a rapariga tenha olhos verdes ou castanhos: a descrição mais fiel é mesmo cinzento-azulados com ligeiras tonalidades quentes.


1. Mulheres, libanesas,  de olhos verdes, fatais, na antiga Guiné portuguesa ?  Verdade ou treta ? (*)

Parece ser um estereótipo... No Líbano podia haver 4 a 5 % de mulheres de olhos verdes (no resto do mundo, são 2%)... 

A antiga Guiné Portuguesa, em 1950, teria cerca de 500 libaneses ou sírio-libaneses e seus descendentes (em 1924, seriam 101)... Todos comerciantes (e seus familiares). 
Valdemar Queiroz (Afife, 
Viana do Castelo, 1945 - 
Agualva, Sintra, 2025),
ex-fur mil at art, 
CART 2479 /CART 11,
 Contuboel, Nova
 Lamego, Canquelifá,~
 Paunca,  Guiro Iero Bocari, 
1969/70)


Com o início da guerra colonial (em 1961) alguns teriam saído do território ou ido para Bissau, por razões de segurança. (Poucos ficaram no mato, como o Jamil, no Xitole.)

Chegaram por volta de 1910/1920. Com a independência em 1974, muitos terão deixado o país. Há quinze anos atrás não seriam mais do que 200.

Qual a probabilidade de o nosso querido e saudoso Valdemar Queiroz (1945-2025) encontrar uma mulher libanesa de olhos verdes, fatais, em 1969/70, em Nova Lamego (hoje Gabu) ? Ele diz que nunca as viu em Nova Lamego, às libanesas de olhos verdes... E que era preciso ir a Bafatá para as ver... 

2. Resposta do assistente IA (Perplexity, Gemini, ChatGPT)  | LG:

A questão de mulheres de olhos verdes na antiga Guiné Portuguesa, mais especificamente em Nova Lamego (atual Gabú), está ligada a um estereótipo e a uma característica rara entre a população local.

(i) Contexto: População Sírio-Libanesa e sua distribuição

Na antiga Guiné Portuguesa, em 1950, haveria  cerca de 500 libaneses ou sírio-libaneses e seus descendentes, a maioria comerciantes que haviam chegado entre 1910/20. Em 1924 eram 101. Eram comerciantes ou familiares de comerciantes.

Grande parte dessa população concentrava-se em centros urbanos e em atividades comerciais: Bissau e Bafatá são as povoações mais citadas.

Com o início da guerra colonial em 1961, muitos migraram para Bissau ou deixaram o país após a independência em 1974. A população sírio-libanesa local diminuiu para algo perto de 200 (em 2009).
 


(ii) Sobre a probabilidade de encontrar uma mulher libanesa 
de olhos verdes em Nova Lamego em 1969/70:

Vamos à estimativa, considerando suposições conservadoras, já que fontes específicas não indicam números exatos de descendentes femininas libanesas na Guiné-Bissau em 1970:

Supondo cerca de 500 sírio-libaneses na Guiné-Bissau nos anos 1950 e que o número não tenha variado muito até 1970: proximadamente metade seriam mulheres: 250.

A prevalência de olhos verdes (4-5%) aplicada às mulheres: 10 a 12 mulheres descendentes de sírio-libaneses na Guiné-Bissau em 1970 poderiam ter olhos verdes (250 × 4% = 10; 5% = 12,5)

A probabilidade existe e estaria de acordo com a diversidade genética dos libaneses. Ou seja, mesmo num grupo pequeno como o dos sírio-libaneses na Guiné-Bissau, seria plausível encontrar algumas mulheres de olhos verdes em 1970.

Estes cálculos são estimativos, baseados na disponibilidade limitada de dados demográficos exatos sobre os sírio-libaneses da Guiné-Bissau e sobre proporção de olhos verdes na população libanesa. A resposta é, portanto, probabilística, mas perfeitamente plausível segundo a literatura histórica e genética citada.

População estimada sírio-libanesa em Nova Lamego em 1969/70: Nova Lamego não era o maior núcleo sírio-libanês (Bissau e Bafatá tinham maior concentração). Ainda assim, podia haver uma ou duas famílias sírio-libanesas na cidade.

Mulheres jovens/adultas: 

Dentre os 500 indivíduos, supondo distribuição uniforme e cerca de metade seriam mulheres, muitas delas poderiam já estar integradas em outros núcleos urbanos, saído do território (com o início da guerra colonial) ou casado fora da comunidade (houve casamentos mistos).

Mulheres de olhos verdes: 

A proporção de pessoas com olhos verdes entre os libaneses era pequena (4-5%, mesmo assim o dobro da média mundial) e a comunidade sírio-libanesa na Guiné Portuguesa era bastante pequena e dispersa, especialmente no interior (Nova Lamego).

Nova Lamego não era centro preferencial para os sírio-libaneses (muitos estavam em Bissau e Bafatá).

Tomando o máximo de 5% (num cenário otimista), mesmo que houvesse, digamos, 10 mulheres sírio-libanesas em Nova Lamego (contra todas as evidências), a expetativa estatística seria encontrar no máximo uma mulher de olhos verdes. 

Se fossem menos (cenário mais realista, segundo os testemunhos orais), a chance de encontrar seria muito baixa (tendendo a zero).

Ou seja, é estatisticamente plausível que Valdemar Queiroz (VQ) nunca tenha visto uma mulher libanesa de olhos verdes (e muito menos fatais) em Nova Lamego, em 1969/70. 

As poucas pessoas com essa característica possivelmente estavam em centros urbanos maiores, como Bafatá ou Bissau, o que explicaria a necessidade de, segundo ele,  "ter pena de nunca ter ido a  Bafatá para vê-las" (*), como outros felizardos.


(iii) Sobre o estereótipo das “mulheres de olhos verdes fatais”:

Esse estereótipo é muito mais ligado a percepções pessoais, culturais e subjetivas do que a uma distribuição real quantitativa.

Olhos verdes são raros na África Ocidental e entre os libaneses no território da Guiné-Bissau, ainda mais numa minoria pequena e dispersa.

A percepção da raridade pode ter sido marcada justamente pela pouca frequência em locais menos urbanos, reforçando o estigma de serem “fatais” pela sua singularidade.

(iv) Dados demográficos gerais da região:

A população da Guiné-Bissau tem cerca de 51-52% de mulheres atualmente, com maior número de mulheres nas regiões rurais e urbanas, incluindo Gabú (Nova Lamego).

Porém, conciliar isso com a distribuição sírio-libanesa, ainda menor e muito reduzida no interior, reforça a baixa probabilidade de avistamento de tal característica (olhos verdes nas mulheres) em locais como Nova Lamego.

Conclusão:

A probabilidade de Valdemar Queiroz (que infelizmente morreu em maio passado) ter encontrado uma mulher libanesa de olhos verdes, fatais, em Nova Lamego em 1969/70 era muito baixa, praticamente nula, dada a pequena comunidade, o padrão de concentração dessa população e a raridade genética da característica dos olhos verdes. 

Ir a Bafatá, com mais possibilidades de encontrar esse tipo de pessoa, era... sensato e condizente com a realidade.

Pode ser que o VQ, lá no céu, tenha mais sorte do que na terra,  e encontre a sua libanesa de olhos verdes, fatais...
 ______________

3. Distribuição mundial da cor dos olhos

Estudos e relatos indicam que poucos libaneses têm olhos claros (verdes ou azuis). Genes para olhos verdes são recessivos e, em populações do Oriente Médio, a prevalência é relativamente baixa, mas não desprezível. 

Fontes indicam proporções entre 4% e 5% de pessoas com olhos verdes no Líbano, devido à diversidade genética trazida por séculos de mistura étnica.


Quadro - Distribuição percentual (estimada)  das cores dos olhos, por região
Região / Cor (%)
Casta-
nhos 
Avelã /
Mel
Ver-
des
Azuis
/ Cinz
Mundo (média)~79~9~2~10
Médio Oriente (geral)85–907–101–2<2
Líbano (estimativas)70–7515–204–63–5


Os olhos verdes são, de fato, a cor mais rara na população mundial, e isso se aplica tanto a homens quanto a mulheres. Estima-se que apenas 2% da população mundial tenha olhos verdes (vd. quadro acima).

Embora não existam dados globais que separem especificamente a percentagem por género, alguns estudos sugerem que as mulheres têm uma probabilidade ligeiramente maior de ter olhos verdes do que os homens.

A distribuição percentual das cores de olhos na população mundial, de forma geral, é a seguinte:

  • Castanho: é a cor de olhos mais comum, presente em cerca de 55% a 79% da população mundial; é a cor dominante na maioria das populações da África, Ásia e América Latina;
  • Azul: com aproximadamente 8% a 10% da população mundial, os olhos azuis são mais comuns na Europa, principalmente nos países nórdicos;
  • Verde: a cor mais rara, com apenas 2% da população: os olhos verdes são mais frequentes em pessoas de ascendência celta, germânica e eslava, com altas concentrações em países como Hungria, Irlanda e Islândia;
  • Avelã (Hazel): uma mistura de castanho, verde e dourado, essa cor está presente em cerca de 5% da população;
  • Cinza: considerada uma variação dos olhos azuis, é uma cor extremamente rara;
  • Âmbar e Preto: são cores de olhos muito raras, sendo o preto um caso de olhos castanhos muito escuros, onde a alta concentração de melanina torna quase impossível distinguir a íris da pupila.

A cor dos olhos é determinada principalmente pela quantidade, qualidade e estrutura da melanina, um pigmento castanho escuro, dentro da íris.

Concentrações mais elevadas de melanina resultam em olhos mais escuros, enquanto concentrações mais baixas levam a tonalidades mais claras.

Para além da melanina, as propriedades físicas da interação da luz com a íris são cruciais. O espalhamento de Rayleigh, onde comprimentos de onda mais curtos de luz (como o azul) são espalhados de forma mais eficiente, é responsável pelos olhos azuis quando os níveis de melanina são muito baixos.

O espalhamento de Mie, frequentemente associado a partículas maiores, pode contribuir para a aparência dos olhos cinzentos.

Para olhos verdes e âmbar, um pigmento amarelo chamado lipocromo combina-se com vários níveis de melanina e espalhamento de luz para produzir as suas cores distintas.

A classificação das cores dos olhos pode ser complexa:

  • os olhos castanhos são a cor mais comum globalmente (4 em cada 5, variando de tonalidades muito claras a extremamente escuras; estes olhos possuem uma concentração relativamente alta de melanina;é importante notar que a menção de "olhos pretos" é, na verdade, uma referência às tonalidades mais escuras do espectro castanho, resultantes de uma concentração extremamente alta de melanina. Isso significa que não existe uma categoria biológica distinta de "olhos pretos", mas sim um extremo do espectro castanho;
  • os olhos azuis resultam de uma concentração muito baixa de melanina e da cor estrutural devido ao espalhamento de Rayleigh;
  • os olhos verdes são caracterizados por uma concentração baixa a moderada de melanina e a presença do pigmento amarelado lipocromo, combinado com o efeito de espalhamento azul;é crucial observar que os verdadeiros olhos verdes geralmente se apresentam como uma cor sólida; olhos com uma mistura de manchas verdes, castanhas ou douradas são geralmente classificados como avelã;olhos avelã frequentemente parecem mudar de cor, sendo uma mistura de castanho, verde e, por vezes, dourado resultam de uma quantidade moderada de melanina e espalhamento de Rayleigh;em alguns conjuntos de dados, o avelã é agrupado com o âmbar; 
  • os olhos âmbar são uma cor sólida distinta com um forte tom amarelado/dourado ou avermelhado/acobreado, potencialmente devido a uma maior concentração de lipocromo;
  • os olhos cinzentos são semelhantes aos olhos azuis na estrutura, mas podem ter depósitos maiores de colagénio no estroma, levando ao espalhamento de Mie e a uma aparência cinzenta; historicamente, os olhos cinzentos e azuis eram frequentemente combinados em estudos, mas classificações mais recentes reconhecem o cinzento como uma cor rara distinta; a variação na classificação, como o agrupamento de "Verde/Avelã" em alguns estudos e "Avelã/Âmbar" noutros , indica que não existe uma padronização universal na categorização da cor dos olhos, o que pode influenciar as percentagens exatas reportadas.

A cor dos olhos é uma característica poligénica, o que significa que é determinada pela interação de múltiplos genes (pelo menos 16 genes diferentes estão envolvidos) em vez de um único gene. Genes chave como o OCA2 e o HERC2 no cromossoma 15 desempenham papéis significativos na regulação da produção e distribuição de melanina na íris.

A cor dos olhos é uma característica humana altamente visível, mas a sua distribuição global está longe de ser uniforme. É um fenótipo complexo, determinado por mecanismos biológicos intrincados e influenciado por uma interação fascinante de fatores genéticos, geográficos e até mesmo subtis elementos relacionados com o género.

Vd. no quadro acima a sua distribuição regional e mundial.


4. Cores de olhos no Oriente Médio e no Líbano:


Existem menos levantamentos sistemáticos sobre cor de olhos específicos por país do que em populações europeias, mas dados de antropologia e genética já mostraram:

  • maioria de olhos castanhos-escuros (> 80%) em países como Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Iraque;
  • Líbano, Palestina e algumas populações do Egito e do Magrebe têm maior proporção de olhos mais claros (avelã, mel, verdes e azuis) do que a média regional, fruto de séculos de mistura genética mediterrânea, cruzadas, invasões e migrações.

Alguns levantamentos populacionais (baseados em estudos de biometria, clínicas oftalmológicas e registros antropológicos) apontam que no Líbano a distribuição pode ser algo aproximado a:

  • Olhos castanhos (claros e escuros): 70–75%
  • Avelã / mel: ~15–20%
  • Verdes: 4–6%
  • Azuis / cinzentos: 3–5%

Conclusão:

É estatisticamente errado falar que "as libanesas são de olhos verdes", porque a grande maioria continua sendo de olhos castanhos.

Mas é correto observar que o Líbano tem uma incidência mais perceptível de olhos claros (verdes, mel, azuis) do que a maioria dos países árabes ou do Oriente Médio.

(Pesquisa: assistente de IA / Gemini, Perplexity, ChatGPT | LG) (Revisão / fixação de texto, negritos, título: LG)
______________

(**) Último poste da série > 17 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27128: A nossa guerra em números (34): Colonos - Parte I: os sírio-libaneses

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21170: O segredo de... (32A): Alcídio Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65)... "Também tenho um víquingue na minha árvore genealógica"


1. Desde 2008 que temos vindo a contar "segredos", pequenos e grandes segredos, da nossa vida militar, ou até pessoal, mais íntima (como "a minha primeira vez..."), coisas passadas há mais de meio século, mas que só agora, por uma razão ou outra, temos vindo a partilhar uns com os outros... 

O propósito deste série, "O segredo de...", é esse mesmo: ser uma espécie de confessionário (ou de livro aberto) onde se vem, em primeira mão, revelar "coisas" do nosso tempo da tropa e da guerra, da nossa adolescência ou até da nossa infância, que estavam guardadas só para nós... ou só eram conhecidas do nosso círculo de relações mais íntimo (cônjuge, filhos, amigos do peito...).

É esperado que os nossos leitores não façam nenhum comentário crítico, e nomeadamente condenatório, em relação às "revelações" aqui feitas, mesmo que esses factos pudessem eventualmente, à luz da época, constituir matéria do foro do direito penal, militar ou civil, infringir a disciplina ou ética militares, os usos e costumes, a moral da época, etc.

Aprendemos, neste blogue, a "saber ouvir sem julgar"!...  Claro que há segredos mais "inocentes", como este, do Alcídio Marinho, que nos vem revelar que tem um víquingue na família...


2.  Comentário, ao poste P21162 (*),  do  Alcídio [José Gonçalves] Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65) [vive no Porto; é membro da nossa Tabanca Gande; tem mais de 20 referências no nosso blogue; foto atual, à esquerda]

Caro Luís:


Por falar em Vikings.... Há pouco tempo, fiz a análise ao meu DNA. O resultado [do teste genético] foi:

57.3 % - Ibérico

12.7 % - Escandinavo

10.3 % - Sardo (Sardenha)

7.1 % - Norte-Africano (Argélia,Tunísia, Líbia, Egipto Ocidental)

5.6 % - Italiano

1.5 % - Nigeriano
Ave marinha palmípede, da família
dos Alcídeos (Alcidea).
Fonte: Cortesia de Wikipedia

Também o meu nome, Alcídio, se refere a uma ave palmípede marinha, existente nos fiordes da Noruega, da Suécia e Círculo Polar Ártico, da família dos Alcídeos (Alcidea). 

Parece que foram os Suevos, Godos e Visigodos [séc. V/VI] que trouxeram o nome para a Península Ibérica.

Na minha família, ao longo das gerações, sempre houve um Alcídio ou uma Alcídia.

Em todo mundo existem cerca de 2000 Alcídios e Alcídias. As minhas famílias são originárias da região de Basto - Celorico de Basto.

Como podes ver eu também tenho um pouco dos Vikings [ou víquingues]. (**)

Um abraço com muita saúde, 

Alcídio Marinho


3. Comentário do editor LG:

Alcídio, obrigado pela tua generosa partilha. Mas em relação aos testes genéticos, tenho que fazer aqui duas ou três considerações, que não deves tomar como crítica  à tua mais que legítima vontade (e direito) de conhecer a tua "ancestralidade e etnicidade"...

Os testes genéticos estão na moda, tornaram-se mesmo "virais" e as empresas comerciais que apareceram, após o sucessso que foi a sequenciação do genoma humano, conseguido em 2003, digladiam-se agora para obter clientes, oferecer "serviços" (como o "kit de ADN") e facturar milhões... 

Algumas dessas empresa, como o My Heritage (esta, de origem israelita),  são "casos de sucesso", depois de terem "nascido em vãos de escada"... Mas há mais muitas mais, nomeadamente americanas, com a 23andMe...(Cito estas duas sem qualquer propósito publicitário, apenas a título exemplificativo.)

Enfim, não sendo especialista desta área, de certo apaixonante mas altamente complexa, a genética,  merecem-me contudo reservas os testes genéticos comerciais, no que respeita à sua validade e fiabilidade, e sobretudo levantam-me, a mim, ao comu, cidadão e a muita boa gente (, da biomedicina, da saúde pública e da área das ciências sociais e humanas, etc.), dúvidas teórico- metodológicas e sobretudo bioéticas...

Nunca fiz até agora nenhum teste genético (por razões de saúde ou outras), mas pode perguntar-se: onde param os dados dos "clientes" ? Nalgum banco de dados, seguramente...que pode ser partilhado, por razões nobres ou menos nobres, com a indústria farmacêutica ou o poder judicial, por exemplo... 


Em suma,  não sei o que estas empresas podem fazer com a nossa (e à nossa) informação genética...  E também não estou tranquilo quanto aos mecanismos  de regulação nem controlo destas empresas comerciais que vendem serviços "on line" como "kits de ADN", aparentemente inocentes e inofensivos, e cada vez mais populares... 

Podem até estar todas "certificadas", e terem muitos doutores em biologia, genética  e áreas afins...

Voltando aos testes de "ancestralidade e etnicidade", que se vendem aí a preço de saldo por um punhado de euros ou dólares... Há tempos uma pessoa conhecida minha obteve um resultado mais ou menos semelhante ao teu: também ela descobriu o seu "viquinzinho", louro e de olhos azuis!... (Só não sei se vinham com cornichos!).


Mais de 50% da sua possível ascendência seria "ibérica", 15% era da "Europa do Norte" (, e de facto até há olhos azuis na família)... mas também apareceu uma "costela bérbere" (leia-se: moura)... E, surpresa das surpresas, até apareceu um mais que provável "escravo" da Nigéria (!) a dar cabo da "árvore gine...cológica" (como diz um amigo meu, gozão...).

Há muito que sabemos que somos um "povo mestiço", um povo de múliplas etnias e fenótipos... com uma forte proporção de "ibéricos" (, anteriores à colonização romana), judeus sefarditas (que acompanharam os colonizadores romanos...) e africanos (mouros e subsarianos)... 


Já a rainha Dona Amélia, filha do Conde de Paris,  detestava os "políticos de Lisboa", que ela achava que eram "pretos" demais para a sua "paleta de cores"...

Os testes genétic
os podem ter inegáveis vantagens e benefícios,  dependendendo muito do seu uso e finalidade: por exemplo, podem ajudar-nos à prevenção e diagnóstico precoce de doenças tramadas, a que eu chamo  "defeitos de fabrico"...Mas o seu "abuso", a sua utilização,  sem controlo médico (no caso dos testes de saúde),  ou para efeitos lúdicos, mas também de propaganda e manipulação político-eleitoral,  pode estar a contribuir para reforçar, por exemplo,  os nossos preconceitos "raciais" e o nosso etnocentrismo...

Eu acho que eles vão (ou estão já a) substituir os "horóscopos"... Já se fazem testes genéticos para "gerir as carreiras de sucesso"... E fica bem ter uma "árvore... genealógica" na parede, com todos os antepassados de "sangue azul"...


Afinal,  todos queremos, consciente ou inconscientemente,  ser "filhos de algo", ricos, bonitos, saudáveis e até imortais!... 

Pobres de nós!... E os filhos da mãe ? E os filhos dos quarenta-pais, como se diz na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde ? E os antepassados que foram entregues nas rodas dos conventos e das misericórdias ?... 

Esses foram (ou vão ter que ser)  infelizes até ao fim dos séculos dos séculos, ou muito simplesmente vão parar à vala comum do esquecimento... 

É bom lembrar, por fim,  que nenhum de nós escolheu pai e mãe nem o sítio onde nasceu.... 

Os testes genéticos também podem ser uma "caixinha de Pandora", e trazer-nos "desgraça e infelicidade": imaginem que que eu descubro que não sou filho do meu pai, ou  que vou morrer de Alzheimer...