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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26214: Efemérides (447): Faz hoje 53 anos que a 35.ª CCmds chegou a Bissau a bordo no navio Angra do Heroísmo (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil Cmd)

1. Mensagem do nosso camarada Ramiro Jesus (ex-Fur Mil Cmd da 35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73), com data de 29 de Novembro de 2024:

Bom-dia, Luís e restantes companheiros/camaradas.

Vinha, deste modo, comemorar mais um aniversário - o 53.º - da minha chegada à Guiné, pois desembarquei ali, com a minha 35.ª CCmds, no dia 29/11/1971.

Dois dias depois, voltamos a embarcar, não no Angra do Heroísmo - que nos tinha transportado desde Lisboa - mas numa LDG, que nos levou até Teixeira Pinto, hoje Canchungo, onde ficámos sediados até Maio/73.

É da viagem de ida, a foto que envio, em que estou acompanhado pelos furriéis Armando (um fafense a viver no Porto) e Correia, um vimaranense que não ficou na Companhia porque não tinha equipa e era dos "reserva", para o caso de algum "chumbar" no treino operacional, que em 1986 vivia na Austrália e do qual perdemos o contacto.

Um abraço
Ramiro Jesus

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Nota do editor

Último post da série de 19 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26168: Efemérides (446): Cerca de 300 fafenses homenagearam Jaime Bonifácio Marques da Silva, que na cidade de Fafe foi: Professor, Autarca, Fundador do Clube de Andebol, Treinador, etc. (Manuel Barros de Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26210: Lembrete (49): Tabanqueiros/as do Centro, que não vos falte o fôlego para apagar amanhã as 100 velas do bolo!



Logo da Tabanca do Centro, que vai fazer amanhã o seu 100º encontro, como de resto já tínhamos anunciado no poste P26132 (*)...  



1. Na Ortigosa, concelho de Leiria, na nossa já conhecida Quinta do Paul (fizemos lá dois Encontros Nacionais da Tanca Grande, o III e o IV, em 2008 e 2009, respetivamente), amanhã há festa.  

As inscrições já fecharam, mas o nosso lembrete vem a propósito, porque amanhã é dia de "ronco" para os tabanqueiros do Centro. E  Tabanca Grande, que é, a bem dizer, ... "a mãe de todas as tabancas", vem regozijar-se e desejar, a todos e a todas, bom almoço e bom convívio. Que não lhes falte o fôlego para apagar as 100 velas do bolo... 

Hoje, no Centro Comercial Alegro, em Alfragide, encontrei o meu vizinho, e bom amigo,  Juvenal Amado e ouvi-o combinar com o Miguel Pessoa, que mora em Benfica, a hora e o local para apanhar a boleia do costume até à Ortigosa... 

Recorde-se que foi, em dezembro de 2009, que  o Juvenal Amado (na altura a viver em Alcobaça, e hoje na Reboleira, Amadora) , o Vasco da Gama (Figueira da Foz) e o Manuel Reis (Aveiro) tiveram a ideia de criar a Tabanca do Centro. 

Aos pais-fundadores juntaram-se o Joaquim Mexia Alves (Marinha Grande e Monte Real) e o Miguel Pessoa (Lisboa). E tudo começou regularmente à volta da mesa e do famoso "cozida à Portuguesa", servido às 4ªs feiras na Pensão Montanha, em Monte Real. E tão famoso que chegou a vir gente da Suécia para provar a iguaria da "chef" Dona Preciosa...

Depois o mundo deu muitas voltas, mas a Tabanca do Centro nunca perdeu o seu lugar de equidistância "geodésica" entre todas as tabancas da Tabanca Grande... Pois ela fica, rigorosamente, ao Centro, entre o Norte e o Sul, o Oeste e o Leste... Quem não acreditar, que vá lá medir...

100 encontros é mais do que uma "marca", é um "marco"... E no dia 27 de janeiro de 2025 haverá outro bolo, com 15 velas para soprar, comemorativo do 15º aniversário do primeiro (e histórico) encontro. 

Tenho pena de lá não poder estar amanhã. Mas daqui vão os meus xicorações, alfabravos, quebra-costelas, mantenhas e beijinhos para todos/as os/as tabanqueiros/as do Centro (que esse é do género...neutro). 

A Tabanca Grande também está bem representada na lista dos inscritos para o 100º convívio da Tabana do Centro (contámos pelo menos 15 grãos-tabanqueiros, que vão com links com as suas referências no nosso blogue).

A Tabanca Grande sente-se também  orgulhosa por estar na génese de todas as congéneres espalhadas pelo País, a começar, historicamente, pela Tabanca de Matosinhos, a Tabanca do Centro e, mais tarde, a Tabanca da Linha, dos Melros (Fânzeres, Gondomar), etc.
 
Estas, e outras Tabancas mais pequenas (da Maia, do Algarve, da Diáspora Lusófona, etc.), são um caso de estudo, surgidas quase espontaneamente, com o fim de manter o convívio entre velhos camaradas da Guerra do Ultramar / Guerra Colonial, que agora têm mais tempo disponível e perderam todo o tipo de complexos, por ventura imputados ao seu passado como combatentes nos territórios africanos de então.

Desejamos à Tabanca do Centro uma vida longa e activa, salientando o fundamental papel que têm mantido os  seus mentores, com destaque para o Joaquim Mexia Alves e o  Miguel Pessoa, sem esquecer os outros pais-fundadores. (LG)



29Nov2024 | Inscritos: 45
(Revisão / fixação de texto, links: LG)
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Guiné 61/74 - P26205: (In)citações (269): Hoje, Dia de Acção de Graças, o Thanksgiving Day, nos EUA: que haja paz entre os homens (José Câmara)



1. Mensagem de ontem, quarta, 27/11/2024, 23:38, do nosso amigo e camarada José Câmara, daTabanca da Diáspora Lusófona:


Familiares, amigos, companheiros,

Amanhã, 5a. Feira, os EUA celebram a sua grande festa familiar, o Dia de Acção de Graças, o Thanksgiving Day. 

Se me permintem, convido-vos a participar comigo esta tradição que aprendi a viver e a repeitar. Tal como então haja Paz entre os Homens. Abraço do tamanho do mundo.

Haja saúde para todos vós e familiares.
Abraços e beijinhos.
JC


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Nota do editor:

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26173: Nos 500 anos do nascimento do nosso poeta maior, Luís de Camões (c. 1524 - c.1579/1580) - Parte I: "Soube moldar o génio de todo um povo nessa língua portuguesa que, como escreveu Engels, é como as ondas do mar sobre flores e prados " (António Graça de Abreu. In "Diário Secreto de Pequim",. inédito, 12 de setembro de 1980)(



Camões (c. 1524 - c.1579/80)  e Engels (1820-1894)



António Graça de Abreu,
Pequim, 1980
António Graça de Abreu

(i) viveu na China, em Pequim e em Xangai, entre 1977 e 1983; 

(ii) foi professor de Português em Pequim (Beijing) e tradutor nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras; 

(iii) na altura, ainda era, segundo julgamos saber, simpatisante ou militante do Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista), o PC de P (m-l), fação Vilar (Eduíno Gomes), alegadamente o único (dos portugueses) reconhecido pela República Popular da China;

 (iv) ex-alf mil, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74);

 (v) membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de três centenas e meia de  referências;

(vi) compulsivo viajante, tem "morança" em Cascais; 

(vii) é um cidadão do mundo, poeta, tradutor, reputado sinólog, escritor, autor de mais de 2 dezenas de títulos publicados;

 (viii) nasceu no Porto em 1947; 

(ix) é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro.
 

1. Mensagem do Antonio Graça de Abreu:

Data: 1 de novembro de 2024 01:05
 
Assunto: Camões, Engels e a China n
o meu 'Diário Secreto de Pequim0, inédito, escrito há 44 anos atrás.


Pequim, 12 de Setembro de 1980

No número deste Setembro de 1980, a revista China em Construção, edição em português, a propaganda, a divulgação oficial de tudo o que é China comunista, elaborada aqui nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras (onde, com a Adélia Goulart, trabalho há mais de um ano), saiu um extenso texto meu. 

Antes da publicação, o que escrevi e que passo agora integralmente a transcrever, foi traduzido para chinês e levado à consideração, ou chamemos-lhe assim, foi à censura dos nossos poderosos chefes chineses. Não me cortaram uma só palavra, não limparam uma vírgula, passou tudo pelo entendimento do pente de quem manda. Aí vai o meu texto:


4º  Centenário de Luís de Camões comemorado na China

Nos últimos dias de Junho passado, tive a honra de participar numa pequena reunião e convívio luso-chinês realizado na Faculdade de Línguas Estrangeiras de Pequim que teve como motivo a comemoração do 4º Centenário da morte do maior poeta português, Luís de Camões (1524-1580).

Foi um encontro muito simples, mas cujo significado e importância merecem destaque no contexo das relações culturais entre Portugal e a China. Quatro alunos dos cursos de Língua e Cultura Portuguesas da Faculdade de Línguas Estrangeiras de Pequim disseram um soneto e uma redondilha de Camões, Alma minha gentil que te partiste e Descalça vai para a fonte, em português e numa bonita tradução para chinês.

Vieram a esta Faculdade, o embaixador de Portugal na China, Dr. António Ressano Garcia, o conselheiro da Embaixada, Dr. João de Deus Ramos, a profª Conceição Afonso, eu próprio, o vice-director da Faculdade e decano dos cursos de Estudos Ibero-Americanos, prof. Liu Zhengquan e, fundamental, as quase quatro dezenas de chineses que na capital da China estudam a língua portuguesa.

 Sob a égide de Camões, as pessoas encontraram-se, conversaram, deram conteúdo a uma das mais bonitas palavras da língua chinesa, youyi 友 谊,que significa “amizade”.

O Embaixador de Portugal na China referiu a satisfação que sentia, por, a propósito de Luís de Camões, se poder encontrar com tantos jovens chineses que estudam português e que, no futuro, desempenharão um papel importante nas relações não só entre Portugal e a China, mas entre a China e o vasto mundo da língua portuguesa.

Que interesse poderá ter hoje recordar, na República Popular da China, o grande poeta português quando este país se procura projectar no futuro através das “quatro modernizações”?

Os maiores poetas -  na China um Qu Yuan, um Li Bai, um Du Fu, em Portugal um Camões ou um Fernando Pessoa -, os nossos maiores poetas não morrem, são passado, presente e futuro e continuam, século após século, a ser a voz de todo um povo.

Entender Camões é, quatrocentos anos depois da sua morte, conhecermo-nos melhor, como cidadãos à deriva, ou de pés bem assentes na terra, no embate, no extravagante diluir pelo mundo. Vamos ver porquê.

Luís de Camões, fidalgo pobre, valdevinos, desregrado e brigão, apanhado pela engrenagem complexa da sociedade do seu tempo, participou activamente, até à exaustão, na grande aventura dos Descobrimentos Portugueses. Antes de quaisquer outros povos, os homens do Douro e do Tejo chegariam por mar, às costas de África, América, Índia e também China.

Aqui em Pequim encontrei alguns amigos que eram de opinião que Camões teria sido um precursor do colonialismo português. É verdade que durante o longo governo dos reaccionários Salazar e Caetano, derrubado em 1974, o poeta foi transformado numa espécie de arauto do expansionismo português. 

De facto, em Os Lusíadas, o grande poema épico da nossa língua, Camões cantou o ilustre peito lusitano e os que entre gente remota edificaram "Novo Reino que tanto sublimaram.”

 Mas Camões também reconhece, nas últimas estrofes dos mesmos Lusíadas, que o Portugal que cantava estava metido “no gosto da cobiça e da rudeza / duma austera, apagada e vil tristeza". 

Camões, profundamente humano, nunca rejeitou, antes assumiu plenamente, a contradição das palavras e da vida.

Camões é o português de corpo inteiro, aventureiro, apaixonado e triste, cavaleiro andante errando pelas mais estranhas paragens do mundo, contraditório, lapidarmente humano. É o poeta que traduz, em versos maravilha, o que de bom e de mau se conjugam no génio português. 

Homem do Renascimento, Camões buscou uma sociedade mais justa. Um campeão dos humildes, “um socialista antes do tempo”, como lhe chamou, talvez com um certo exagero, o camonista brasileiro Afrânio Peixoto. Teve perfeito conhecimento dos males do mundo, porque os viveu, estudou e sofreu e diz:

Não me falta na vida honesto estudo
Com longa experiência misturado…


Como afirmou o prof. Rodrigues Lapa, “Camões inseriu corajosamente em Os Lusíadas alguns versos que nos asseguram uma posição político-social de cidadão vigilante”:

Vejamos no canto VII de Os Lusíadas:

Também não cuideis que cante
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar o Rei no ofício novo
A despir e roubar o próprio povo!
Nem quem acha que é justo e que é direito
Guardar-se a lei do rei, severamente,
E não acha que é justo e bom respeito
Que se pague o suor da servil gente.


Camões, um colonialista? 

Se participou na grande expansão portuguesa pelo mundo, que de resto abriu caminhos ao desenvolvimento da Humanidade, isso deveu-se à dinâmica do período histórico em que viveu. Se é verdade que os Portugueses oprimiram outros povos na sequência dos Descobrimentos, Camões assumiu uma atitude crítica e não foi um elemento passivo capaz de assistir, impávido e sereno, às muitas injustiças cometidas. Se tal não tivesse acontecido, o poeta não teria morrido pobre e miserável, vivendo, praticamente, nos últimos anos da sua atribulada existência, de esmolas, de caridade, de amigos.

Como homem do Renascimento, Camões foi o poeta de um mundo novo e diferente, mais amplo, mais vasto, que então começava e se abria a todos os homens.

Na sua obra lírica, foi também o grande poeta do Amor, e da negação do Amor. Ninguém como ele, na língua portuguesa, cantou o Amor, a complexidade de quem ama e é amado, as desilusões, o sofrimento, as “memórias da alegria”, essa pura paixão tão portuguesa de amar e não amar.

O jovem Friedrich Engels, companheiro de Marx, numa carta escrita a 30 de Abril de 1839 ao seu amigo Wilhelm Graeber, diz que está a estudar a língua portuguesa que “é como ondas do mar sobre flores e prados” e depois confessa-lhe que, de manhã cedo, gosta de “se sentar num jardim com o o sol batendo-lhe nas costas lendo Os Lusíadas.” 

O que levaria Engels a gostar de Camões e de Os Lusíadas?

Um historiador português deste século, Jaime Cortesão, dá uma das muitas respostas possíveis:

“O português de Camões foi moldadado pelas águas e pelos ventos, foi enriquecido pelas verdades de outras gentes e alumiado pelas estrelas de todos os céus. É o português-tritão que se misturou a todas as ondas e ao amargo sargaço dos oceanos; é o português suave que se diria respirar como as velas, ao sopro perene dos alisados; é o português amoroso que lançou os fundamentos do Império no sangue de outras raças; é o português para quem o perigo é o sal da vida e todos os homens são camaradas; e a Pátria, na própria frase do poeta, é toda a Terra.”[1]

Em Pequim, Junho de 1980, quatrocentos anos depois da morte de Luís de Camões, portugueses e chineses recordaram o grande poeta que soube moldar o génio de todo um povo nessa língua portuguesa que, como escreveu Engels, “é como as ondas do mar sobre flores e prados.”

António Graça de Abreu
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[1] Jaime Cortesão, História dos Descobrimentos Portugueses, III vol., Lisboa, Círculo de Leitores, 1979, pag. 219.

(Revisão / fixação de texto: LG / Não atualizámos a ortografia, do textro, que é de 1980)

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26168: Efemérides (446): Cerca de 300 fafenses homenagearam Jaime Bonifácio Marques da Silva, que na cidade de Fafe foi: Professor, Autarca, Fundador do Clube de Andebol, Treinador, etc. (Manuel Barros de Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 17 de Novembro de 2025:


Há já um mês que cerca de 300 fafenses, em agradecimento ao Prof. Jaime Bonifácio lhe prestaram uma mais que merecida homenagem. O professor foi que marcou Fafe e as suas gentes. Professor, Autarca, Fundador do Clube de Andebol, Treinador, etc.

Esta homenagem que fez mover muita gente, não só com as suas presenças mas dadas impossibilidades ou compromissos fizeram presença por diversos meios.

Foram os ex-atletas os promotores do evento, eles que, então, foram arrastados pelo pai do andebol em Fafe, a que aderiram, ex-alunos que não esquecem o carinho do seu professor de Educação Física; amigos pelo Homem que, vindo lá de baixo, mostrou o seu prestígio, o seu saber e a sua vontade de bem servir; ex-paraquedistas de Fafe pela sua camaradagem; e a Câmara Municipal na pessoa do seu presidente pelo empenho do seu trabalho como vereador.

Para ele o meu repetido e apertado abraço.
Manuel Castro



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(i) foi alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72);
(ii) tem uma cruz de guerra por feitos em combate;
(iii) viveu em Angola até 1974;
(iv) licenciatura em Ciências do Desporto (UTL/ISEF) e pós-graduação em Envelhecimento, Atividade Física e Autonomia Funcional (UL/FMH);
(v) professor de educação física reformado, no ensino secundário e no ensino superior ;
(vi) autarca em Fafe, em dois mandatos (1987/97), com o pelouro de desporto e cultura;
(vii) vive atualmente entre a Lourinhã, donde é natural, e o Norte;
(viii) é membro da nossa Tabanca Grande desde 31/1/2014;
(ix) tem quase uma centena de referências no nosso blogue.


(Fixação do texto e edição de fotos: Carlos Vinhal)

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Nota do editor

Último post da série de 8 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26129: Efemérides (445): Passam hoje 51 anos que este louvor foi publicado na Ordem de Serviço do Comando Territorial Independente da Guiné (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Inf)

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26129: Efemérides (445): Passam hoje 51 anos que este louvor foi publicado na Ordem de Serviço do Comando Territorial Independente da Guiné (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Inf)


1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Especiais da CART 3492/BART 3873, Xitole/Ponte dos Fulas; Pel Caç Nat 52, Ponte Rio Undunduma, Mato Cão e CCAÇ 15, Mansoa, 1971/73) com data de 8 de Novembro de 2024:

Passam hoje 51 anos que este louvor foi publicado na Ordem de Serviço do Comando Territorial Independente da Guiné.

Ainda não sabia naquela altura, (já tinha então acabado a Comissão Militar de 21 meses), quando seria o meu regresso a Portugal.

A CCAÇ 15 dos Balantas de Mansoa, era então a minha família e, embora desejasse obviamente muito regressar a casa, isso não constituía uma preocupação permanente.

Passado pouco mais de um mês, em Dezembro, fui surpreendido, verdadeiramente surpreendido, com a ordem de regresso a Portugal, de tal modo que quase não tive tempo de me despedir de todos aqueles que comigo estavam, porque a mala era então fácil de fazer, pois era apenas um pequeno saco com mais whisky do que roupa. E assim regressei a tempo de ainda quase no limite passar o Natal de 1973, com a família em Monte Real, o que obviamente, foi para os meus pais, irmãs e irmãos, e para mim, um belíssimo presente de Natal.

Ainda hoje em dia me orgulho deste louvor e nele me revejo inteiramente.

Aqui fica a recordação.
Por Portugal, sempre!

Monte Real, 8 de Novembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

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Nota do editor

Último post da série de 15 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26047: Efemérides (444): 15 de outubro de 1969, perdas, inesquecíveis, uma saudosa amizade e porquê

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26047: Efemérides (444): 15 de outubro de 1969, perdas, inesquecíveis, uma saudosa amizade e porquê

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de hoje, 15 de Outubro de 2024:

Queridos amigos,
Cada um se arroga o direito de ter o seu dia de memória, com ou sem textura de religiosidade. Exatamente há 55 anos, uma mina anticarro ceifou vidas e deixou gente marcada por diferentes tipos de mazelas, desde traumatismo craniano a fratura no calcâneo. Lição mais amarga não podia ter, permiti-me viajar pela noite escura, a tragédia podia ter sido maior se a força do PAIGC que ali nos aguardava não tivesse percebido que os tiros às escuras é metralha de dois bicos. Recebi enorme solidariedade do batalhão de Bambadinca, é inquebrantável a gratidão que dela guardo. E nasceu uma grande amizade por alguém que me tratou dos olhos. Sempre que voltava a S. Miguel, era inevitável um encontro com o Zé Luís, podíamos estar até 2 ou 3 anos sem qualquer contacto, em nada diminuía a euforia do encontro. E foi assim durante décadas até ele partir para as estrelas, e hoje junto-o na minha memória ao lado daqueles camaradas que tanto sofreram com a explosão de Canturé, no regulado do Cuor, em 15 de outubro de 1969.

Um abraço do
Mário



Efeméride: 15 de outubro de 1969, perdas, inesquecíveis, uma saudosa amizade e porquê

Mário Beja Santos

Aí por fevereiro de 1969, comecei a dar tombos nas viagens quase diárias entre Missirá e Mato de Cão, ou no sentido inverso, uma dor aguda, por detrás do joelho direito, levava-me à queda, parecia que logo me recompunha, a dor suavizava; o maqueiro bem me punha emplastros, mas fazendo notar que havia algo de anómalo na curva interior do joelho; conversa com o médico do batalhão, David Payne, confesso-lhe que se repetem com mais frequência as quedas, passa-me requisição para ir à consulta de ortopedia a Bissau, aproveito para pedir para ir ao estomatologista e ao oftalmologista, pedido aceite.

Parto no início da segunda semana de março, fico surpreendido com a rapidez do atendimento, trato uma cárie dentária, o médico ortopedista, face ao resultado do raio-x, informa-me que tenho uma exostose, uma enorme cartilagem, dali já não saio, vou ser operado; na véspera de entrar no HM 241, consigo uma desistência e vou ao oftalmologista. É um homem de estatura avantajada, voz abaritonada, cedo descubro que vem dos Açores, o acento é tipicamente micaelense. Palavra puxa palavra, falo-lhe da minha estadia entre outubro de 1967 e março de 1968, as belíssimas lembranças que trouxe, ainda não faço a mínima ideia como elas se vão cinzelar na minha existência, estamos entusiasmados na conversa, é nisto que ele propõe que jantemos juntos, vamos matar saudades da terra. Apresenta-se, é o único oftalmologista na Guiné, tem que fazer algumas horas no hospital civil, chama-se José Luís Bettencourt Botelho de Melo, tenente-médico, tinha acabado de montar consultório quando foi chamado para estas lides na Costa Ocidental de África; interrogo-me, olhando esta fotografia, devia estar mesmo uma noite mais do que acalorada para haver todo aquele suor na camisa, alguém nos tirou a fotografia, ambos de boa disposição e já com a promessa de encontros futuros. Não iria acontecer tão cedo.

A 20 de março, apoiado nas canadianas, vou a um determinado guichet buscar uma guia de marcha, um sargento desbocado, quando houve falar em Missirá, no Cuor, diz sem rebuço que houve mortos e feridos na flagelação da véspera, ardera o quartel. Transido, peço ao condutor que me leve de novo ao HM 241, consigo encontrar o régulo Malã Soncó, tem o peito estilhaçado, fala dos mortos e dos outros feridos; nova viagem até ao Quartel-General, suplico uma partida do que é que entre pelos ares, mandam-me para Bissalanca, um helicóptero deposita-me no Cuor, aviso todos que temos de ter o quartel pronto antes que cheguem as chuvas, o que aconteceu.

Ando duríssimo, os meus caçadores nativos recalcitrantes, andam pelos matos fechados desde 1966, sonham com a boa vida, é nisto que vou amolecendo quanto às medidas de precaução, acho que tudo me é permitido, como andar pela noite escura nas picadas. E assim contribuí que em plena noite, à entrada de Canturé, uma mina anticarro despedaçasse a parte dianteira de viatura, o soldado-condutor Manuel Guerreiro Jorge entrou logo em agonia, eu saí disparado, felizmente com a G3 na mão, não vale a pena falar mais do que aconteceu, bem me pesa na consciência o resultado de um ato inequivocamente negligente.

Com a cara queimada e óculos perdidos, volto novamente à oftalmologia, o José Luís tratou-me dos olhos e nasceu um ritual de encontros que se irão prolongar até que dolorosos esclarecimentos obrigaram o seu internamento, era sempre uma festa ir até S. Miguel. Havia que o avisar com alguma antecedência. Ainda hoje, paro no Largo da Matriz, em Ponta Delgada, a olhar onde era o seu consultório ou percorro a rua Bruno Tavares Carreiro, ali bem pertinho, imagino que lhe vou bater à porta, fazemos sala e depois partimos para uma iguaria e para conversa que puxa conversa e que nos despedimos com a quase certeza de que em breve haverá novo toque de reunir. E voltaremos a falar do 15 de outubro. Escreveu alguém que a fotografia é um documento fascinante porque nos permite apreciar um instante que existiu. Ela permite infindáveis perguntas, estas duas fotografias têm resposta numa amizade inesquecível, que nasceu na tormenta da guerra.

Escrevo estas recordações exatamente 55 anos de factos ocorridos que iriam solidificar uma amizade para a qual não há qualquer veleidade em responder quanto ao seu porquê.


Março de 1969
15 de outubro de 1969, o meu amigo Humberto Reis parece que não acredita no que está a ver
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Nota do editor

Último post da série de 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (443): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26027: Fotos à procura de... uma legenda (183): Antigos combatentes da Guiné-Bissau reivindicando, na festa da comemoração dos 50 anos da indepedÊncia, o aumento da sua pensão



Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral > 16 de novembro de 2023 > Cerimónia dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau > Desfile de um grupo de antigos combatentes do PAIGC.

Cartaz com os seguintes dizeres: "República da Guiné-Bissau | Combatentes da Liberda[de]
 da Pátria | Libertem-nos da pensão de 39000 francos CFA | Os libertadores".

Foto: Estúdios Revolución. Cortesia de Granma (2023) (*)



1. Por ocasião da comemoração dos 50 anos da Independência da Guiné-Bissau, no passado dia 16 de novembro de 2023, com desfile ao longo da Av Amílcar Cabral,  um grupo de antigos guerrilheiros, incluindo Aruna Baldé, empunhava um cartaz (vd. foto acima) a reivindicar o aumento da  pensão que recebem (39 mil francos CFA, o equivalente a 59,5 euros, à cotação atual  da moeda guineense).

(...) "A Lusa encontrou-o [,ao Aruna Baldé,
] com o seu grupo junto ao busto de Amílcar Cabral, ao fundo da avenida que leva o nome do herói da independência, para acompanhar, no desfile que marcou a celebração, os que, com a coragem com que combateram no passado, reivindicam agora uma pensão que lhes permita ter o mínimo para sobreviver e uma vida digna.

"Com os abutres a sobrevoarem os céus de Bissau, o busto de Amílcar Cabral não 'assistiu' aos festejos dos 50 anos da independência, celebrados fora de data -- Sissoco Embaló escolheu o Dia das Forças Armadas e não o 24 de setembro da proclamação unilateral da independência -, mantendo o olhar virado para o mar, que fica logo a seguir ao porto de Bissau." (...)


2. Mais entusiástica e retórica foi a notícia do jornal cubano "Granma", que deu conta da participação da delegação de Cuba nas cerimónias oficiais:

(...) Al frente de la delegación cubana, recibida con todos los honores y el cariño que la Mayor de las Antillas inspira por estas tierras, llegó a la avenida Amílcar Cabral el miembro del Buró Político y vicepresidente de la República, Salvador Valdés Mesa.

Hubo honores y agradecimiento para Cuba en la conmemoración, que dio inicio con la condecoración a varias personalidades unidas, de manera indisoluble, a la historia de Guinea Bissau.

Los primeros fueron dos internacionalistas cubanos: el comandante Víctor Dreke Cruz y el diplomático Oscar Oramas Olivas, quien ha sido embajador en varios países africanos. Ambos recibieron, de manos del presidente guineano, Umaro Sissoco Embaló, la Orden Nacional Colinas de Boe, la mayor condecoración que otorga el Estado de este país." (...)

(...) "Durante poco más de dos horas, la emblemática avenida Amílcar Cabral se desbordó con la alegría del pueblo guineano y la marcialidad de las tropas. Fue un vibrante desfile que rindió tributo a la historia de este país, y que contó con la presencia de varios jefes de Estado y primeros ministros de naciones amigas de Guinea Bissau." (...)

A jornalista cubana, que assina a peça,  não faz referância à luta do Aruna Baldé e demais "combatentes da liberdade da Pátria" que, de resto, não estragaram a festa do presidente Sissoco Embaló.  Curiosamente, e talvez por não ter entrendido a mensagem do cartaz, em português  (Os "lbertadores" a pedirem a "lbertação da pensão mínima"), o "Granma" inseriu, por equívoco, ou fora de contexto,  a foto que acima reproduzinmos, com a devida vénia.

Também mais uma vez ficámos sem saber, de fonte oficiosa, o número de "internacionalistas cubanos" que lutaram contra o "exército colonialista portuguesa" ao lado do PAIGC, de 1966 a 1974: já lemos alguns valores, muito díspares, que vão das escassas centenas a alguns milhares.... (Enfim, uma questão a desenvolver em próximo poste.)

Para já, talvez os nossos leitores queiram acrescentar algo mais à legenda da foto (***) ... Sem querer fazer comparações (nem  imiscuirmo-nos, nos assuntos internos da República da Guiné-Bissau) parece haver, em todo o lado, algumas semelhanças na injustiça (relativa) a que estão sujeitos todos os antigos combatentes de todas as antigas  guerras...


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (443): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)


Imagem de Aristides de Sousa Mendes 
(1885-1954), adapt. com a devida vénia
do programa oficial da inauguração
da antiga Casa do Passal (*)


1. Mensagem de hoje, às 08:45, do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, que é um dos convidados de honra  da sessão de inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, sessão que acabou de se realizar às 13:00 locais, conforme programa que divulgámos (*):

 Caríssimos, 

 Quando tiver tempo enviarei melhor... A inauguração consta de três dias:  ontem (pré-inauguração) foi para a família, "visa recipients" e alguns mais; 19 inauguração oficial que se prolonga no dia 20. 

Para já aqui está algo de relevante: Dia 18: Um dia em cheio. O tema "Dia da Consciência" ficou em lugar de honra no museu: o texto está em Inglês e português; até me deram uma medalha.

... E a meio da tarde recebi esta mensagem do Vaticano que eu já não esperava. Vou lê-la hoje durante a cerimónia da inauguração, depois da mensagem do António Guterres. 

Abraço, João.



Carta de 18 do corrente, enviada ao João Crisóstomo, pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, com a mensagem do Papa Francisco, dando a sua benção a todos os participantes na sessão de inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, hoje às 13h00, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal (*). A mensagem foi lida pessoalmente pelo João Crisóstomo, a seguir à mensagem (gravada) do presidente das Nações Unidas, o português e beirão António  Guterres.

2. Esta mensagem de Sua Santidade veio como anexo, na mensagem do Secretário de Estado do Vaticano, recebida ontem à tarde pelo João Crisóstomo, em Carregal do Sal, onde se encontrava como convidado para a cerimónia de hoje:


Carregal do Sal > Cabanas de Viriato >
Museu Aristides de Sousa Mendes >
18 de julho de 2024 >
A alegria do João Crisóstomo  por ver
que o tema do "Dia da Consciência"
tem o devido destaque neste novo espaço
de memória.
Foto: Vilma Crisóstomo (2024)
Dear Mr. João,

Thank you very much for your e-mails, dated 27 June and 9 July last. First of all, I extend my best wishes on the occasion of your 80th birthday. Although with delay, they are sincere and especially backed by prayer, which I also make for your health. I hope that you are gradually recovering and can continue, even if in a reduced manner, your meritorious activity.

I am sending you in attachment a message from the Holy Father Francis for tomorrow, on the occasion of the inauguration of the restored birth house of Aristides de Sousa Mendes, in Carregal 
do Sal, Portugal. It is, as you see, a written text, 
but the Pope now accepts to make videos only very rarely and only for very special circumstances. You, however, 
can read it in public.

I hope that tomorrow’s initiative, with the participation of the President of the Portuguese Republic,  will be successful and will help spread his message 
through this centre that will become the new headquarters for the “Day of Conscience.”

With warmest regards and best wishes.
X Pietro Card. Parolin
SECRETARY OF STATE

Tradução do inglês para português (Google Translate | LG)

Meu caro João, muito obrigado pelos seus e-mails datados de 27 de junho e 9 de julho passado. 

Em primeiro lugar, apresento-lhe os meus melhores votos por ocasião do seu 80º aniversário natalício. Embora com atraso, são sinceros e principalmente apoiados na oração, que faço também pela sua saúde. Desejo que esteja a recuperar gradualmente e possa continuar, ainda que de forma reduzida, a tua meritória actividade. 

Envio-lhe em anexo uma mensagem do Santo Padre Francisco para amanhã, por ocasião da inauguração da casa, agora restaurada,  onde nasceu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, Portugal. É, como vê, um texto escrito: agora o Papa  só muito raramente,  e apenas em circunstâncias muito especiais, aceita fazer vídeos . No entanto, o João pode lê-la em público. 

Espero que a iniciativa de amanhã, com a participação do Presidente da República Portuguesa, seja um sucesso e ajude a difundir a sua mensagem através deste centro que passará a ser a nova sede do “Dia da Consciência”. 

Com os mais calorosos cumprimentos e melhores votos. Cardal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.

3. No passado dia 9 de julho de 2024, 01:16, o João Crisóstomo tinha feito, por email, o  seguinte pedido ao Secretáro de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin (reproduzimos apenas a versão em português,  tradução do inglês, da nossa responsabilidade):

Eminência,

A pedido do Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Dr. Paulo Catalino, no dia 27 de junho enviei uma carta a Sua Santidade solicitando a Sua Bênção para a inauguração da antiga casa de Aristides de Sousa Mendes.

Enviei esta carta à sua atenção, pedindo a Vossa Eminência que fosse nosso advogado junto de Sua Santidade para nos conceder a Sua Bênção, mas, lamento dizê-lo, nem sei se a carta chegou a si e a Sua Santidade.

No dia 19 de julho de 2024, aniversário de nascimento de Aristides de Sousa Mendes, a sua antiga casa, agora restaurada e inaugurada neste dia, será a nova sede do Dia da Consciência. Venho pedir uma curta mensagem, em vídeo, tal como o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, concordou em fazer para este evento, que será presidido pelo Presidente de Portugal, Professor Marcelo Rebelo de Sousa.

Ciente dos muitos assuntos prementes que todos os dias chegam à mesa de trabalho de Vossa Eminência, atrevo-me ainda a pedir-lhe que não o esqueça e nos conceda esse favor, como forma de alimentar o interesse pelo "'Dia da Consciência'". Este, embora baseado no testemunho de Aristides de Sousa Mendes, em 17 de junho de 1940, será celebrado a partir de agora na mesma semana em que as Nações Unidas celebram o seu “Dia Internaconal da Consciência" (“para evitar qualquer ideia, mesmo involuntária, de competição e proselitismo”, como disse um ilustre diplomata português). 

Aguardando o favor de sua resposta, meu pai e amigo, imploro a Deus, Nosso Senhor, que o abençoe a si e a Sua Santidade. 

João Crisóstomo (**)




O João Crisóstomo, no Museu Aristides de Sousa Mendes, 
lendo hoje às 13h00 a mensagem do Papa Francisco,
enviada expressamente para saudar (e "unir-se de coração" com)
todos os que vieram a Cabanas de Viriato "não apenas para homenagear 
mas para beber do legado de um homem perito em hunanidade 
e justo entre as nações". 

Foto enviada pelo Valdemar Queiroz, obtida do Telejornal, 20h00, RTP1.

______________

Notas do editor:

(**) Último poste da série > 10 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25627: Efemérides (442): Comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, promovida pelo Núcleo de Matosinhos da LC, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, levada a efeito na Freguesia de Leça da Palmeira (LC / Carlos Vinhal)

terça-feira, 25 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25681: 20º aniversário do nosso blogue (16): Alguns dos melhores postes de sempre (XI): na noite de 22 de junho de 1968, há 56 anos, Contabane transformou-se no inferno - Parte I: a versão de Manuel Traquina (ex-fur mil mec auto, CCAÇ 2382, Buba, 1968/70)




Guiné > Região de Tombali > Contabane > CCAÇ 2382 (1968/70) > Malta da CCAÇ 2382 instalada nma monumental bagabaga (candidato ao concurso O Melhor Bagabaga da Guiné...), nas proximidades de Contabane, uma tabanca e destacamento destruídos na sequência do ataque, de três horas, levado a cabo pelo PAIGC em 22 de junho de 1968.

Contabane foi então abandonado pelas NT e pela população. Mais tarde será feito um reordenamento, mesmo frente ao Saltinho. Por lá passou o nosso camarada Paulo Santiago, quando foi comandante Pel Caç Nat 53 (1970/72). A povoação hoje chama-se Sinchã Sambel.

Foto (e legenda): © Manuel Traquina (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar): Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guião da CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70), "Por picadas nunca estradas, por estradas nunca picadas"... Um trocadilho bem achado..., ó Zé do Olho Vivo!




1. O Manuel Batista Traquina,
  "ribatejano, escritor e fadista", com vivências ang0lanas, ex-fur mil mec auto, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70) vive em Abrantes, onde nasceu em 1945.  [foto de 2008 à equerda].   

Podia ter sido apanhado à unha. Ou até ter sido morto. Teve sorte: esteve lá nesse pavoroso ataque a Contabane, em 22 de junho de 1968, e relatou-nos o essencial do que viu e viveu, no seu livro "Os Tempos de Guerra: de Abrantes à Guiné"   (Abrantes, editora Palha de Abrantes, 2009. ISBN 978-972-98796-6-1,228 pp.). A CECA (Comissão para o Estudo das Companhas de África) não faz qualquer referência a este ataque, que reduziu a cinzas Contabane que era até então um importante tampão fula (eixo Contabane - Aldeia Formosa), contra a fúria do PAIGC na região do Forreá.

Beja Santos
e Hermínio Marques

Este episódio de guerra foi recentemente evocado aqui pelo Beja Santos que, no passado dia 17, foi abordado pelo Hermínio Marques, antigo sold cond da CCAÇ 2382, o qual lhe contou como perdeu tod0s os seus haveres há 56 anos, em Contabane.

Ambos estava de passagem pela ilha de Santa Maria. O Hermínio Marques, que vive na América, casado com uma açoriana, reconheceu, no Hotel, o Beja Santos, sendo visita assídua do nosso blogue! (*).


Vamos convidar o Hermínio, que já nos escreveu, a juntar-se a esta tertúlia que é a Tabanca Grande, e onde já cá estão alguns bravos da CCAÇ 2382, a companhia do Zé do Olho Vivo, como o Manuel Traquina, o Carlos Nery, o José Manuel Cancela, o Alberto Ferreira, 
o padeiro, também conhecido por "Geada").



O Ataque a Contabane (**)

por Manuel Traquina

Era o dia 22 de Junho daquele ano de 1968, a Companhia estava na Guiné havia pouco mais de um mês e, ao ser deslocada para a região de Aldeia Formosa, (Quebo) dois pelotões fixaram-se em Mampatá, os restantes bem como o Comando foram deslocados para a aldeia de Contabane. 

Ali parecia respirar-se a paz, a população era numerosa e bastante acolhedora, e como habitual faziam-se alguns patrulhamentos na região, que ficava a poucos quilómetros da fronteira com a Guiné-Conákri.

Naquela aldeia os militares acomodavam-se nas próprias moranças cedidas pelo chefe da Tabanca. À volta da aldeia tinham sido abertos no terreno algumas valas e abrigos, além de duas fiadas de arame farpado. 

Tudo parecia correr dentro da normalidade, naquela tarde eu próprio com mais quatro militares saímos no Unimog a buscar água do poço que se localizava a curta distância.

Porém, já próximo do anoitecer, um dos elementos nativos que connosco efetuavam um patrulhamento, pisou um engenho explosivo, que lhe deixou um pé seriamente afectado. Este foi o primeiro sinal de que toda aquela paz não era real, o grupo recolheu à aldeia/aquartelamento, era a hora de jantar e na improvisada enfermaria o furriel enfermeiro Chambel com grande dificuldade, tentava encontrar uma veia onde pudesse administrar algum soro ao militar milícia, que com um pé decepado tinha perdido muito sangue.

Entretanto o sargento João Boiça, apercebendo-se da situação, corria de uma ponta à outra da aldeia, não parava de alertar todos para que de imediato se deslocassem para os abrigos, talvez ao tomar esta medida tenha evitado algumas mortes.

Tinha anoitecido e, de repente,  algumas explosões deram inicio a um ataque que se ia prolongar por cerca de três horas, as balas incendiarias atravessavam a palha que servia de cobertura à morança onde o ferido começava a receber o soro. Disse ao Chambel e ao Coelho que tínhamos que sair daqui imediatamente com o ferido, porém ele, já mais endurecido pela guerra, reunindo as suas débeis forças arrastou-se até á porta e, no escuro,  sem que nos apercebesse-mos desapareceu rastejando, só na manhã seguinte o voltámos a ver, quando da chegada do helicóptero que o evacuou bem como a outros feridos.

Foram cerca de três horas de bombardeamentos em que a aldeia reduzida a cinzas mais parecia um inferno. Mo final foi uma forte trovoada que, transformou a cinza em lama, onde quase não havia onde nos abrigar. 

Não tenho dúvidas de que nós,  os militares,  que naquela tarde fomos à água, pasámos muito perto do local onde o inimigo preparava o ataque e só não fomos feitos prisioneiros porque o objetivo era o ataque. 

Apesar do grande aparato e grande potencial de fogo, sofremos apenas três feridos,  dois dos quais de maior gravidade. Porém, quase todo o património da companhia ali ficou reduzido a cinza, os rádios, os géneros alimentícios, o equipamento de enfermagem, tudo ali ficou carbonizado, grande parte dos militares ficaram apenas com a roupa que tinham vestida. 

Na manhã seguinte um helicóptero evacuou os feridos, alguns militares apressaram-se a escrever um ou outro aerograma meio queimado e enlameado que foi entregue ao piloto do helicóptero, era a parte psicológica a funcionar, pretendiam partilhar aquele momento de desânimo com alguém do coração.

Contabane foi totalmente evacuada de população e militares, saímos dali moralmente destroçados, alguns apenas de calções, sapatilhas e a sua G3, mas vivos para suportar muitos outros ataques e emboscadas durante os vinte e dois meses que se seguiram. 

Já no termo da comissão viemos encontrar na cidade de Bissau o milícia que, ao pisar a armadilha,  foi amputado de um pé, e que naquela cidade tentava sobrevier como engraxador de sapatos.

Neste agora passado dia 22 de junho de 2008, ao completarem-se quarenta anos sobre este ataque, quero homenagear os dois camaradas mortos,  não neste ataque, mas noutros que se seguiram, furriel Ramiro de Sousa Duarte e o soldado Elidio Fidalgo Rodrigues, pertencentes a esta Companhia.

 Quero também saudar todos os militares da CCAÇ 2382, estou convencido que todos os que viveram este acontecimento o recordam e jamais esquecerão aquelas horas difíceis ali vividas. (***)

Manuel Batista Traquina
Ex-Fur Mil, CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70)


Guiné > Região de Tombali > Carta de Contabane (1959 > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Contabane, a sul de Saltinho e do rio Corubal, a caminho da fronteira... A nordeste, Quirafo, também de trágica memória para as NT (abril de 1972).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  22 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25674: (De) Caras (209): Hermínio Marques, ex-Soldado Condutor da CCAÇ 2382: "Vou contar-lhe como perdi as minhas coisas em Contabane" (Mário Beja Santos)



Vd.poste anterior: 4 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25476: 20.º aniversário do nosso blogue (14): Alguns dos melhores postes de sempre (X): O fatídico dia 12 de outubro de 1970: a emboscada de Infandre, Zona Oeste, Setor 04 (Mansoa) (Afonso Sousa, ex-fur mil trms, CART 2412, 1968/70)