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segunda-feira, 21 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23098: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento, ex-Fur Mil Art) (22): Lugares da Guiné

Carta Geral da Província da Guiné
© Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Em mensagem do dia 18 de Março de 2022, o nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art da CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71), lembra os locais da Guiné por onde peregrinou.


RECORDAÇÕES DA CART 2520

22 - LUGARES DA GUINÉ

A CART 2520 enquanto sediada no Xime exerceu uma grande actividade fora do arame farpado, tanto a nível de Companhia ou de pelotão e conjuntamente com a CCAÇ 12 e os Pelotões de Caçadores Nativos 52 e 54, originando para os operacionais um enorme trabalho e também um grande desgaste físico e psicológico. O 3.º pelotão a que pertenci, percorreu praticamente todos os cantos, trilhos e picadas da zona operacional. Por mero acaso fui tomando alguns apontamentos numa pequena pasta onde guardava a minha correspondência e que actualmente a conservo quase religiosamente.

A partir destes curiosos apontamentos, da minha memória e com recurso à carta do Xime e de outros locais, elaborei uma lista que vou partilhar com os camaradas da nossa Grande Tabanca, ou melhor, da Tabanca Grande, dos lugares da Guiné por onde andei, incluindo também os lugares da segunda fase da nossa passagem pelo Ultramar quando a nossa Companhia assentou arraiais em Quinhamel:

Bissau - Início da comissão em 30 de Maio de 1969, alguns dias. Em Junho e Julho de 1970 várias vezes e em Março de 1971
Brá - Primeiras dormidas na Guiné antes da partida para o Xime
Xime - Base da CART 2520 durante o 1.º ano, Junho de 1969 a Junho de 1970
Bambadinca - Um sem número de deslocações com a finalidade de alguns reabastecimentos, ir buscar e levar correio e outros serviços
Mansambo - Primeiras 3 semanas para o treino operacional com o 3.º pelotão
Bafatá - Várias idas com a finalidade do Vaguemestre comprar vacas para nossa alimentação
Ponte Rio Udunduma - Por inúmeras vezes como mini destacamento e de passagem para Bambadinca
Enxalé - Mais de dois meses como destacamento e para segurança da população
Finete - Patrulhamento até ao Enxalé
Mato de Cão - Patrulhamento a partir de Finete até ao Enxalé
Mato Madeira - No percurso entre Finete e Enxalé
Malandim - Zona do Enxalé, patrulhamento
Gambana - Nas proximidades do Enxalé, patrulhamento
Madina Colhido - Inúmeros patrulhamentos e montagem de emboscadas e de seguranças aos barcos que passavam no rio Geba
Ponta Varela - Em operações
Ponta do Inglês - Três passagens em Operações
Foz do Corubal - Uma passagem em Operação
Ponta Coli - Dezenas de seguranças para a passagem de colunas da nossa Companhia e de outros militares
Ponta Luís Dias - Passagem durante Operação
Mouricanhe - Em Operação
Chacali - Em patrulhamento
Chicamiel - Em Operação
Poidon - Em patrulhamentos
Háfio - Em operações
Darsalame/Baio - Em Operações
Buruntoni - Em Operações
Colicumbel - Em patrulhamentos
Lantar - Proximidades do Xime em patrulhamentos
S. Belchior - Em operações
Malafo - Patrulhamento
Bissilão - Em Operações
Gundagué Beafada -Em operações
Amedalai - Ponto de passagem obrigatório para colunas a Bambadinca
Samba Silate - Em patrulhamento, passando por Amedalai
Taibatá - Colunas de apoio à população
Demba Taco - Colunas de apoio à população
Quinhamel - Base da CART 2520, tendo divergido para Safim, João Landim e posteriormente para o Biombo
Safim - Base do 3.º pelotão - Junho, Julho e parte de Agosto de 1970
João Landim - Permanência de dois meses com uma secção
Nhacra - Breve passagem
Biombo/Ondame - Entre Setembro de 1970 e Março de 1971 como destacamento
Blom - Tabanca nas proximidades do Biombo
Blimblim - Tabanca nas proximidades do Biombo
Dorce - Tabanca nas proximidades do Biombo
Ponta Biombo - Patrulhamentos e momentos de descontração
Ilondé - De passagem
São Vicente da Mata - De passagem
Cais de Pigiguidi - Chegada a Bissau e "Adeus Guiné"

José Nascimento

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22311: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento, ex-Fur Mil Art) (21): Martins, o caçador de rolas

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22963: Efemérides (362): Faz hoje 49 anos que a CCAÇ 12 e a CART 3494 sofreram uma emboscada em Ponta Varela, Xime, sofrendo um ferido ligeiro e o IN 2 mortos e 1 ferido... E para mim foi o batismo de fogo (António Duarte)



Excerto da história do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74) (*)


[António Duarte, foto à esquerda: [ex-fur mil da CART 3493, a companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974; economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; tem mais de meia centena de referências no nosso blogue]

1. Mensagem do António Duarte

Data - 3 fev 2022, 18:59 
Assunto - Emboscadas de 3/2/1973 e 25/2/1973

Boa tarde Camaradas e Amigos.

Faz hoje 49 anos que a CCAÇ  12 e a CART  3494 tiveram uma emboscada perto de Ponta Varela. (**)

Segundo o livro do Batalhão de Artilharia 3873, o IN  teve 2 mortos e 1 ferido. As nossas tropas 1 ferido ligeiro.
 
Para a terceira geração da CCAÇ 12 foi o primeiro contacto com o IN e jâ com o ca
pitão Simão, o cap mil inf  José António de Campos Simão.

Participámos neste "evento" três membros da nossa Tabanca:  eu, o António Sucena Rodrigues, infelizmente já falecido,  e o Jorge Araújo,  da "subtabanca" de Abu Dhabi (Emiratos Árabes Unidos).
.
O João Candeias da Silva e o Emílio Costa (os dois da CCAÇ 12) com os quais mantenho contacto, pessoalmente com o Candeias e por mensagem com o Emílio, também foram recordados deste acontecimento.

De salientar que o Jorge Araújo da CART 3494, já tinha tido outros contactos, um deles com 1 morto do nosso lado (fur Bento em 22 de abril de 1972).

Daquilo que me recordo no regresso ao Xime, o Araújo relatou que teve mesmo num frente a frente com um homem do PAIGC (à época a  CCAÇ12, ainda estava em Bambadinca).

Fica a curiosidade que um dos nossos, na troca de carregador vazio por um segundo, cheio, perdeu o primeiro e acaba por chegar ao quartel com menos um carregador de G3. Consequência, teve de o pagar. Rídiculo. Penso que foram 5 escudos, mas o nosso primeiro não perdoou.
 
Assim era, um guerra poupadinha e com contas certas.

Na foto junto vai evidenciada uma nova emboscada a 25 do mesmo mês, que fica para depois, mas onde não estive, por ter vindo de férias.

E pronto, por hoje é tudo.

Estranho, passado tantos anos ainda recordamos estes temas. A experiência foi mesmo traumatizante.

Abraço,
António Duarte
Cart 3493 (Mansambo)  e Ccaç 12 (Bambadinca e Xime( (1971/74)
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Notas do editor:



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21406: Casos: a verdade sobre... (12): O mistério das ruínas de Ponta Varela e Mato Cão... Afinal, tratava-se de estações liminigráficas instaladas pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné (1956-1965)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Mato Cão > S/d > Estação liminigráfica no rio Geba, instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné, criada em 1956 e extinta em 1965.

"Não é a primeira vez que se põe esta imagem, faz parte da minha relação muitíssimo íntima com o rio Geba, em Mato de Cão, é aqui que a estação se posiciona, as colunas de cimento e o que resta da estação, mesmo com as marcações para a água existiam há 50 anos atrás, a passadeira em madeira já estava num escombro, tinham caído as guardas, mas eu podia ir até junto do marco da estação e pedir boleia aos barcos civis e militares que seguiam para Bambadinca. Na margem esquerda, segue-se em direção a Ponta Varela, local temível no tráfego fluvial, corria-se o risco de roquetadas". (*)

Imagem extraída do livro "As comunicações e os aproveitamentos hidráulicos da Guiné, Angola e Moçambique” (Lisboa,  Agência-Geral do Ultramar, 1961, 101 pp.).

Foto (e legenda):: © Mário Beja Santos (2019). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste >Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime > 

"A temível Ponta Varela: restos do que parece ser um antigo cais acostável. Em 1963/65, ao tempo da CCAÇ 508 existia aqui uma tabanca e um destacamento onde morreram, em 3 de junho de 1965, quatro dos seus homens, a começar pelo seu comandante, o Capitão Francisco Meirelles, em consequência do rebentamento de uma mina." (*)

Foto (e legenda): © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné).



Foto nº 3 > Giné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Ponta Varela > 2010 > 

"Exactamente no local onde as forças do PAIGC atacavam as embarcações civis e os navios da Marinha. É pena não se ficar com a ideia de como, também neste local, nascia o Geba Estreito, o leito do rio afunilava, à esquerda, não muito longe daqui, passava o rio Corubal. Com o assoreamemnto do rio Geba, já as embarcações não chegam aqui, muito menos a Bambadinca." (**)

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Guiné > Região de Bafatá > Sonaco > S/d > 

"Estação medidora de caudais no rio Geba, nos rápidos de Sonaco, instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guine."

Imagem extraída do livro "As comunicações e os aproveitamentos hidráulicos da Guiné, Angola e Moçambique” (Lisboa, Agência-Geral do Ultramar, 1961, 101 pp.) (*)

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2019). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 

(...)



(excertos, com a devida vénia)


1. Está explicado o "mistério" das ruinas da Ponta Varela, no subsetor do Xime, ao tempo da guerra colonial (Foto nº 2):

Na realidade, não se tratava de um "antigo cais acostável", como se pressupunha, servindo até meados de 1965 a tabanca e o destacamento de Ponta Varela, mas sim de uma "estação liminigráfica", instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné, criada em 1956,  com o fim de proceder "ao estudo dos trabalhos necessários ao melhoramento das atuais condições hidráulicas do Rio Geba, nomeadamente no que diz respeito à navegação, defesa contra cheias e drenagem e, eventualmente, rega dos campos marginais" (nº 1 da Portaria nº 15696, de 7 de janeiro de 1956).

A Brigada foi extinta pela Portaria n.º 21032, de 5 de janeiro de 1965, do Ministro do Ultramar, António Augusto Peixoto Correia.

"A brigada de estudos hidráulicos da Guiné, criada pela Portaria n.º 15696, de 7 de Janeiro de 1956, para proceder à recolha dos necessários elementos de campo e ao estudo dos trabalhos a realizar com vista ao melhoramento das condições hidráulicas do rio Geba, completou a primeira parte da sua missão, não se reconhecendo, presentemente, necessidade de prosseguir com estes estudos e trabalhos."

Presume-se que a razão  imediata para o fim da missão  tenha sido a falta de segurança, provocada  pelo alastramento da guerra, Mas, nestes nove anos (1956-1965), a engenharia hidráulica portuguesa deixou obra no território (Fotos nºs 1 e 4): o rio Geba era de facto navegável, de Bissau a Bafatá, passando pelo Xime e Bambadinca, na maré cheia... Hoje este troço está, de há muito, completamente assoreado e, portanto, instransitável. (****)

2. Já em comentário de 23 de setembro de 2020 às 21:54, no poste P21386 (*****), o nosso camarada António J. Pereira da Costa tinha levantado o véu, em relação às "ruínas" da Ponta Varela (Fotos nºs  2 e 3):

(...) "Estive na Ponta Varela em Jul / Ago 72 [, como comandante da CART 3494 / BART 3873].  Nessa altura, já só havia, no marégrafo, uma régua de cimento vagamente graduada em centímetros destinada a determinar a altura da maré do Geba (ainda não Corubal). Cheguei a pensar em regular a artilharia sobre o marégrafo de modo a aumentar a precisão de tiro." (...).

Era neste troço, entre a Ponta Varela (Xime) e o Mato Cão (Bambadinca), ou seja, no Geba Estreito, que alguns de nós tivemos o privilégio de ver o relativamente raro fenómeno, no mundo, do "macaréu" (e, francês, "mascaret") (******), capaz de provocar o naufrágio de pequenas embarcações. 


 


Guiné-Bissau > Região de Bafatá  > Xime > 2001 >  Rio Geba: o  famoso macaréu (, fotografado a partir do velho cais fluvial do Xime, em completa ruína).

No Rio Amazonas é conhecido por pororoca. Em termos simples, o macaréu é uma onda de arrebentação que, nas proximidades da foz pouco profunda de certos rios e por ocasião da maré cheia, irrompe de súbito em sentido oposto ao do fluxo da água. Seguida de ondas menores, a onda de rebentação sobe rio acima, com forte ruído e devastação das margens. Pode atingir vários metros de altura, mas tende a diminuir a sua força e envergadura à medida que avança.

Neste rio, ou nesta parte do rio que ainda é de água salgada, dois soldados da CART 3494, aquartelada no Xime, desapareceram, apanhados pelo macaréu numa operação ao Mato-Cão em 1972. Um terceiro camarada, doutra companhia, também desapareceu (Informação do nosso camarada, o grã-tabanqueiro nº 2,  Sousa de Castro).

Fonte (e legenda): © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(***) Sobre a Brigada de Estudos Hidráulicos da Guiné, vd. ainda postes de:


22 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19516: Notas de leitura (1152): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (74) (Mário Beja Santos)

(****) Último poste da série > 7 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21230: Casos: a verdade sobre... (11): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte III


quinta-feira, 21 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19606: Memória dos lugares (388): Ponta Varela, na margem esquerda do Rio Geba, subsetor do Xime... Mas está por fazer a história das "pontas" (pequenas explorações agrícolas, junto a cursos de água: Ponta do Inglês, Ponta Luís Dias, Ponta João da Silva, no Rio Corubal; Ponta Brandão, em Bambadinca; Ponta Geraldo Landim, no Rio Dingal / Mansoa; Ponta Salvador Barreto, no rio Cacheu, etc.)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime > A temível Ponta Varela:  restos do que parece ser um antigo cais acostável. Em 1963/65, ao tempo da CCAÇ 508 existia aqui uma tabanca e um destacamento onde morreram, em 3 de junho de 1965,  quatro dos seus homens, a começar pelo seu  comandante, o Capitão Francisco Meirelles, em consequência do rebentamento de uma mina. Relembre-se os seus nomes: (i) Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meirelles; Capitão de Infantaria QP; natural de Castelões de Cepeda, Paredes; casado; (ii) José Maria dos Santos Corbacho; 1.º Cabo; natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, solteiro;  (iii) Domingos João de Oliveira Cardoso; Soldado Auto Rodas; natural de São Cosme, Gondomar; solteiro; e (iv) Braima Turé; Caçador Nativo (guia), natural do Xime, Bambadinca. (*)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime >  A LGD nº 105 a aproximar-se do porto fluvial do Xime, depois de passar pela Ponta Varela, vinda de Bissau,

Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).

Fotos (e legendas): ©  José Carlos Lopes (2013). . Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné).


Giné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Ponta Varela > 2010 >  Exactamente no local onde as forças do PAIGC atacavam as embarcações  civis e os navios da Marinha. É pena não se ficar com a ideia de como, também neste local, nascia o Geba estreito, o leito do rio afunilava, à esquerda, não muito longe daqui, passava o rio Corubal. Com o assoreamemnto do rio Geba, já as embarcações não chegam aqui, muito menos a Bambadinca.

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.[Ediçºao e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (**)


Guiné > Zona Leste > Mapa do Xime (1955), 1/50000 > Detalhe: O Rio Geba, o Rio Corubal, à esquerda, Poindon, Ponta Varela, Madina Colhido, estrada Xime-Ponta do Inglês, Rio Geba Estreito, Xime, estrada Xime-Bambadinca, Enxalé (em frente, na margem direita do Rio Geba),  Tudo lugares míticos, carregados de emoções para os camaradas que viveram e lutaram no Sector L1 (Bambadinca) ou que desembarcaram, numa LDG, a caminho de outras terras da vasta zona leste da Guiné, via Bambadinca-Xitole ou Bambadinca-Bafatá...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1. Temos cerca de 3 dezenas de referências à mítica Ponta Varela, na margem esquerda do rio Geba,  antes do Xime... Milhares de camaradas, que andaram nas embarcações civis e nos navios da Marinha (lanchas de desembarque) passaram ao largo da Ponta Varela, ali onde o rio começava a estreitar... Lembremos, pois,  algumas das imagens da Ponta Varela das nossas histórias (***)

Recorde-se que na Guiné o vocábulo "ponta" quer dizer propriedade agrícola, exploração agrícola, horta, em geral junto a um curso de água,  na margem de um rio, e o nome estava muitas vezes associado ao seu proprietário, cabo-verdiano ou "tuga": por exemplo, Ponta do Inglês, Ponta João da Silva, Ponta Luís Dias, Ponta Nova, no Rio Corubal..


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Ponta  do Inglês > 2010 > Pouco resta da casa de Inglês Lopes, ao que parece era este o dono da Ponta... Entre 1964 e 1966, a qui esteve um pelotão destacado da companhia do Xime, mais um pelotão de milícias... Foi deativado em 1968. O destacamento vinha até junto à água, havia um pontão para receber as embarcações, tudo desapareceu. O antigo embaixador em Lisboa da República da Guiné-Bissau, Constantino Lopes, ex-Combatente da Liberdade da Pátria, que esteve preso no Tarrafal, de 1962 a 1969, é hoje o único herdeiro e proprietário da Ponta do Inglês, exploração agrícola, de 50 hectares; o seu pai, Luís Lopes, tinha por alcunha o Inglês; informação que foi dada ao nosso editor Lu+is Graça  pelo próprio Constantino Lopes em 12/11/2008, no Museu da Farmácia, no lançamento do livro do Beja Santos, "O Tigre Vadio".

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.[Ediçºao e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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quarta-feira, 13 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19579: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XVII: cap inf Francisco Xavier Pinheiro Torres Meireles (Paredes, 1938 - Ponta Varela, Xime, Guiné, 1965)


Cap Inf Francisco Xavier Pimheiro Torres Meireles (1938-1965): comandou, a seguir ao cap mil inf João Henriques de Almeida, a CCAÇ 508, mobilizada pelo RI 7 (Bissorã, Bissau, Bambadinca, Xime, 14/7/1963 - 7/8/1965).






1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à esquerda], instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. Foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar.

Passou a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, com o nº 784, com data de 7 do corrente.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16518: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (9): "Rã Teimosa", a última Operação da CART 2520


Desembarque de tropas no Xime: a nossa conhecida LDG 105 (NRP Bombarda)[1]


1. Em mensagem do dia 19 de Setembro de 2016, o nosso camarada José Nascimento (ex-Fur Mil Art da CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) enviou-nos esta memória sobre a última operação em que participou sua Unidade.


Recordações da CART 2520

9 - "Rã Teimosa", a última Operação da CART 2520

Ordens são ordens e são para cumprir, custe o que custar.

Como era normal, estas chegaram do BCAÇ 2852 sediado em Bambadinca. Estava planeada uma operação para o dia 16 de Maio de 1970, para a zona do Xime. Isto a escassos dias da CART 2520 sair desta zona operacional. Dentro de duas semanas a nossa Companhia partiria rumo a Quinhamel.
A ideia não caiu muito bem no seio das nossas tropas, nomeadamente entre os furriéis e logo se pensou pressionar o Capitão [mil António dos Santos] Maltez, através dos nossos alferes,  para nos "baldarmos" a esta operação.

Estava a fazer um ano que a CART 2520 tinha estabelecido a sua base no Xime. Foi muito elevada a nossa actividade operacional no mato, assim como muitas seguranças às embarcações que navegavam no rio Geba. Também se fizeram inúmeras colunas de serviço a Bambadinca e esporadicamente a Bafatá. As baixas tinham sido duas, jamais regressariam ao seio dos seus familiares. Por doença também foram vários os que já nos tinham deixado. Por baixa psicológica só no meu pelotão foram dois os elementos que não voltaram, sendo um deles o Furriel Alvarez, um mês depois de chegarmos ao Xime já estava evacuado para Bissau.

Chegada então a hora do início da operação e ainda de madrugada, lá vamos nós a caminho do mato com as devidas precauções e também com alguma ansiedade à mistura.

Assim que o sol começou a iluminar a mata, creio que na zona da Ponta Varela,  houve indicações para que ninguém saísse debaixo da copa das árvores e permanecesse no máximo silêncio possível para não denunciarmos a nossa presença.

Várias foram as vezes que fomos sobrevoados pelo DO que possivelmente seria comandado pelo Major [op /inf  Herberto Alfredo do Amaral] Sampaio,  do Gabinete de Operações de Bambadinca. Por diversas ocasiões junto ao rádio transmissor da nossa Companhia ouvi o operador lá do alto chamar por nós. Nesse dia o nosso emissor receptor "esteve avariado".

A operação decorreu sem incidentes e sem nenhum contacto com o inimigo.

De regresso à nossa base, recordei o dia anterior, quando entrámos no gabinete do nosso Capitão Maltez e as palavras que este nos dirigiu:
- Como já sabem, esta noite vamos sair para uma operação, mas o Alferes Lapa vai explicar-vos como vai ser - e abalou porta fora.

Esta seria a última operação da CART 2520 no Xime, a qual teve o nome de "Operação Rã Teimosa". Mas nós com a ousadia que tivemos em expor as nossas convicções contra todas as regras estabelecidas, através do Alferes Lapa, fomos mais teimosos que esta rã e nem os nossos soldados souberam o que se passou na tarde do dia anterior no gabinete do Capitão Maltez.

Entretanto chegou CART 2715 / BART 2917 que nos viria render. A CART 2520 saiu em duas fases, a primeira no dia 31 de Maio e a última a 9 de Junho de 1970.

Assim se iniciou uma segunda etapa da nossa Companhia em terras da Guiné, que foi bem mais tranquila, como que uma espécie de um merecido prémio.

E aqui vai um grande abraço para todos os elementos desta Tabanca Grande, em especial para o amigo Luís Graça e camaradas da CCAÇ 12 (CCAÇ 2590).

José Nascimento



No Bar de Sargentos


Com o Furriel Joaquim [João dos Santos] Pina,  do 1º Gr Comb da CCAÇ 12, algarvio como eu, antes de uma Operação

Texto, fotos e legendas : © José Nascimento (2016). Todos os direitos reservados


2. Comentário do editor:

Eis as oito linhas que foram dedicadas à "Op Rã Teimosa", na História da Unidade: BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70, cap II, p. 152:





Recorde-se que o BCAÇ 2852 também acabou nesse mês de maio a sua comissão de serviço. Em 29 e 31 de maio de 1970, chegava o BART 2917, começando a sobreposição. Em 8/6/1970, o BCAÇ 2852 deixou o setor L1, partindo para Bissau onde aguardou transporte para a metrópole.

Três dias antes da Op Rã Teimosa,  em 14 de maio, às 17h00, o IN tinha atacado, com canhão s/r, LGFog e armas automáticas, em Ponta Varela (XIME 7B5-45), na margem esquerda do Rio Geba,  o barco (civil) "Bihe", causando  1 morto, 1 ferido grave, 3 desaparecidos, todos civis, e danos materiais.
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Notas do editor:

[1] - Sobre a LDG Bombarda vd. postes de Manuel Lema Santos de:

22 de Dezembro de 2016 > Reserva Naval nas LDG - Lanchas de Desembarque Grandes (5)
e
24 de Dezembro de 2016 > Ainda a LDG “Bombarda” - LDG 201

Último poste da série de 17 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15870: Recordações da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) (José Nascimento) (8): Quem não se lembra do antigo ditado que diz: "em tempo de guerra não se limpam armas"

sábado, 18 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14894: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXV: fevereiro de 1973: três meses depois do fim da comissão, faz-se a sobreposição com os "piras" do BCAÇ 4616/73, o "batalhão liquidatário" (mar / ago 1974)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime > A temível ponta Varela (foto nº1), a margem esquerda do Rio Geba, nas proximidades do Xime (foto nº 2) e a LGD nº 105 a aproximar-se do porto fluvial do Xime.

Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).(*)

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].


O destaque do mês de fevereiro de 1974 (pp. 85/88) vai para:

(i) Fim da comissão do BART 3873 em finais de outubro de 1973;  chega o BCAÇ 4616/73, três meses depois (!)  para  o substituir: período de sobreposição;

(ii) duas flagelações ao destacamento do Mato Cão (, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52), cuja missão é assegurar a proteção da navegação no Geba Estreito (entre o Xime e Bambadinca);

(iii) flagelação ao destacamento do Rio Pulom, setor do Xitole, com pronta e eficaz resposta da CART 3942 (Xitole);

(iv) a segurança à coluna logística Bambadinca / Xitole tem contacto com o IN. no subsetor do Xitole;

(v) ataque ao barco civil "Rajá", em Ponta Varela, subsetor do Xime, com RPG e armas automáticas;

(vi) a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21 falham objetivo na Op Pró Ronco 2, que era atingir as Pontas Luís Dias e João da Silva, na margem direita o Rio Corubal;

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14099: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XIX: agosto de 1973: (i) ataque de 45 minutos á embarcação civil "Chegada"; (ii) crescente pressão sobre o IN das africanas CCAÇ 12 e 21; e (iii) aumento de 15% sobre os ordenados e pensões da tropa africana



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) >  9 de Fevereiro de 1970 > Op Boga Destemida,  com  violenta emboscada do IN em Gundagué Beafada, às 13h, de que resultariam uma série de baixas entre as NT (CART 2520, Pel Caç Nat 63 e CCAÇ 12)... A helievacuação dos feridos dar-se-ia já em Madina Colhido...

Foto: © Arlindo Roda   (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1961) (Escala 1/50 mil) > Detalçhes: posição relativa do Xime, na margem esquerda do Rio Geba Estreito e da península Foz do Corubal/Poindom/Ponta do Inglês.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)











BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) : História da Unidade, cap II, pp., 64/66


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicamos); economista, bancário reformado, formador; foto atual à esquerda].


O destaque do mês de agosto de 1973 (pp. 64/66) vai para:

(i) pressão do IN sobre o tráfego fluvial, com mais um ataque (com RPG 7 e armas automáticas durante 45 minutos!)  a uma embarcação civil (o barco "Chegada"), no Rio Geba Estreito, em São Belchior, de que resultaram dois feridos graves entre os passageiros militares (um deles, alferes miliciano) e cinco feridos ligeiros civos;

(ii) cinco baixas mortais infligidas ao IN pela CCAÇ 12 em Madina Colhido,

(iii) sediada em Bambadinca, a CCAÇ 21, comandada pelo ten grad comando Djamanca, e inteiramente composta por praças e quadros guineenses, é um elemento de pressão constante, temido pelo IN;

(iv) aumento de 15% sobre os ordenados e pensões da tropa africana.

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