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sábado, 1 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8843: Cancioneiro de Bedanda (2): O soneto do artilheiro do 17º PELART, que termina com um sábio e genial conselho contra a loquacidade nacional: Findo, p'ra não obusar...




O "soneto do artilheiro", da autoria dos Fur Mil Art Machado e Fereira



Fonte: "O Seis do Cantanhês",  nº 1, 1973 (?)... Jornal mensal (só saíram dois números)...


1. Não conheço ninguém do 17º Pel Art que deve ter estado em Bedanda por volta de 1972/73...  Descobri agora, num exemplar do jornal de caserna "O seis do Cantanhez", milagrosamente salvo pelo António Teixeira (ex-Alf Mil da CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73),  este cantinho dedicado ao "dezassete"... (Leia-se: 17=3  secções + obus 14)

Pois, camaradas e amigos da Guiné, vejo que a malta do 17º PELART era rapaziada que tinha coragem para dar e vender. Não sei se a artilharia era a aristocracia do exército (não me meto - estou proibido - nessas polémicas intestinas). De qualquer modo, o coice da coisa, o clarão do obus, o silvo, o trovão... era qualquer coisa  que fazia acelerar as pulsações do infante... Senti-las passar e silvar por cima da cabeça é uma experiência inesquecível: a princípio, uma gajo sente-se acagaçado, mas no fim o coração é invadido por um estranha e inebriante tranquilidade quando elas [, as granadas de obus,]  fazem calar as armas do inimigo... Sobretudo no mato, quando um gajo não tem buraco para enfiar os cornos...

Em contrapartida, o que lhe sobrava em sentido de humor era capaz de lhes faltar em talento... literário. Não se pode ter tudo, ou não se pode ser bom em tudo: mesmo assim a dupla Machado & Ferreira (onde é que vocês param, rapazes ?) deixaram-nos um  soneto,  pouco canónico é certo, mas bem humorado, e seguramente digno de figurar na antologia do(s) nosso(s) cancioneiro(o). 

Devo dizer-vos que adorei o último verso, um conselho (prático e terapêutico) para muita gente que neste país usa e abusa, todos os dias, do seu "tempo de antena", e que tem um problema de "incontinência verbal"...

Pois aqui fica, contra o desvario da loquacidade nacional, a advertência do artilheiro de Bedanda:

- Findo, p'ra não 'obusar'...

E eu também me fico por aqui... Não quero 'obusar', mesmo que às vezes me dê uma enorme vontade de 'obusar'... Durmam bem, artilheiros de todo o mundo! (LG)

PS - Não se pode falar da nossa heróica artilharia no TO da Guiné, em geral, nem do 17º PELART que esteve em Bedanda, em particular, sem chamar à colação o nosso doutor Amaral Bernardo e a sua famosa foto do obus 14 a fazer horas extraordinárias... (ou a faturar, como queiram).


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971 > A famosa e feliz foto do ex-Alf Mil Médico Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande desde Fevereiro de 2007: a saída do obus 14, de noite. 

Legenda: "Foi tirada com a máquina rente ao chão. Bedanda tinha três. Uma arma demolidora. Um supositório de 50 quilos lançado a 14 km de distância... Era um pavor quando disparavam os três ao mesmo tempo... Era costume pregar sustos aos periquitos... Eu também tive honras de obus, quando lá cheguei"... 

Foto (e legenda): © Amaral Bernardo (2007). Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Guine 63/74 - P8842: Cancioneiro de Bedanda (1): O hino da CCAÇ 6, Onças Negras (António Teixeira / Hugo Moura Ferreira)


O Hino dos Onças Negras da CCAÇ 6 (Bedanda)

Fonte: "O Seis do Cantanhês",  nº 1, 1973 (?)... Jornal mensal (só saíram dois números)...


Imagem: © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados


1. O jornal de caserna "O Seis do Cantanhez" foi criado e dirigido pelo Cap Gastão e Silva, da CCAÇ 6, tinha como redator-coordenador o Alf Mil Pinto Carvalho e, entre outros membros da redação, o Alf Mil António Teixeira...


2. Um dos camaradas mnais antigos da CCAÇ 6 é o Hugo Moura Ferreira  (1966/68) que já há muito, na I Série do nosso blogue, escreveu, sobre a história desta companhia africana, originária da 4ª Companhia de Caçadores Indígenas, o seguinte (Poste nº 820, de 31 de Maio de 2006)


(...) A determinado passo é afirmado [, no poste nº 817, de 30 de Maio de 2006] , perante elementos retirados da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), 3º Volume: Guiné, edição do EME, que “também ficamos a saber que a mais antiga Companhia de Caçadores, de recrutamento local, foi a CCAÇ 3, formada em Março de 1967, tendo como unidade mobilizadora o CTIG - 3ª Companhia de Caçadores Indígenas. Manteve-se em serviço até Abril de 1974. Estava sediada em Barro, como sabemos”
 

É precisamente sobre esta afirmação que eu gostaria de esclarecer que realmente em Março de 1967 foram formadas mais companhias com origem nas Companhias de Caçadores Indígenas (CAÇ I), como aconteceu com a CCAÇ 6 que foi formada na mesma altura tendo como unidade mobilizadora o CTIG – 4ª Companhia de Caçadores Indígenas. 

A confirmar que houve três mais antigas e não uma mais antiga estão os factos a seguir descritos. Assim, encontramos a páginas 62 daquela obra a referência a três Companhias de Caçadores Indígenas (1ª, 3ª e 4ª CCAÇ I) que, perante a Carta de Situação a 8AGO62, são localizadas em Farim, Nova Lamego e Bedanda. Por outro lado pode verificar-se nos Gráficos das Unidades que participaram, a pags 122, 123 que:

(i) A 1ª CCAÇ I se manteve no activo até Março de 1967, em Barro;

(ii) A 3ª CCAÇ I esteve em Nova Lamego até Março de 1967, tendo passado, a partir dessa data, a ser designada por CCAÇ 3, tendo sido transferida para Barro, nessa data, onde se manteve até Março de 1969, quando foi transferida para Guidaje de onde passou para Saliquinhedim, Bijene, onde se manteve até Abril de 1974;

(iii) A 4ª CCAÇ I esteve sempre localizada em Bedanda, até Março de 1967, quando passa a ser designada por CCAÇ 6, mantendo-se sempre no mesmo local, até Abril de 1974; (*)

(iv) Entretanto, em Março de 1967, quando foi efectuada a alteração de designação e de conceito de operacionalidade das Companhias de Caçadores formadas por pessoal africano, foi criada a CCAÇ 5 que se veio a localizar em Nova Lamego. Que em Agosto de 1968 se muda para Canjadude, onde se manteve até Abril de 1974;

(v) A partir daqui passaram então a ser formadas outras CCAÇ de Guarnição Territorial, das quais uma delas muito falada no nosso Blogue é a CCAÇ 13, do nosso amigo de Tertúlia Carlos Fortunato.

Esperando ter esclarecido e não confundido, mando abraços a todos.

Hugo Moura Ferreira

Ex-Alf Mil Inf 
(CCAÇ 6, Bedanda
Julho de 1967 / Agosto de 1968)
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Nota do editor:

(*) O mais antigo bedandense, o "pai da velhice", é o nosso camarada Rui Santos, da 4ª CCAÇ Ind, a quem temos todos que bater a pala... ´DE de 1963/65.