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sábado, 15 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25641: Timor-Leste, passado e presente (5): a resistência luso-timorense e australiana na II Guerra Mundial



Mapa de Timor-Leste > Posição relativa de Bacau, a leste de Dili, a capital. Fonte: WikipediaWikipedia (com a devida vénia).


1. Não acompanhei na devida altura a série "Abandonados", que passou na RTP1,  de 21 de dezembro de 2022 (1º episódio) a 15 de fevereiro de 2023 (7º e último episódio). Mas conto poder vê-la na RTP Play.



Vejamos aqui a sinopse da série:

"Uma história de coragem e de sacrifício sobre-humano, ocorrida em Timor durante a II Guerra Mundial, com a invasão do Japão. Uma série de Francisco Manso com Marco Delgado, António Pedro Cerdeira, Chico Diaz, Elmano Sancho, Francisco Froes, Joaquim Nicolau, entre outros

"Baseada em factos reais, 'Abandonados' recorda a aliança inédita entre portugueses, timorenses e australianos unindo-se contra um inimigo comum que não hesitava em cometer as maiores atrocidades contra as populações locais e contra todos os que se lhe opunham.

"A série narra a situação dramática em que ficaram muitos desses homens e mulheres, esquecidos e abandonados em Timor e a luta persistente de um militar - o Tenente Pires, que contra todos os obstáculos e dificuldades, criados aliás pelo próprio governo de Salazar, tudo fez para salvar os seus companheiros, até ao seu sacrifício final. Esta série mostra-nos os caminhos tortuosos da política e dos interesses dos estados sobrepondo-se aos interesses individuais, com toda a carga de injustiça e de desumanidade que muitas vezes isso acarreta, conferindo a 'Abandonados' um significado universal".

Fonte: RTP > Programas > Abandonados
https://www.rtp.pt/programa/tv/p43285


2. Li,  entretanto, uma peça da agência Lusa sobre o livro que inspirou o realizador Francisco Manso, "O diário do tenente Pires", do historiador António Monteiro Cardoso (1950-2016). Faço a seguir um resumo dessa peça jornalística, servindo como introdução a um futura nota de leitura. 

O então jornalista da Lusa em Dili (2006-2008), o premiado escritor Pedro Rosa Mendes (autor, entre outros, da "Baía dos Tigres", 1999) aponta "a 'violência' da colonização de Timor, a 'brutalidade' da I República e o 'cinismo' da política de Salazar face à invasão japonesa" (sic) como  "as linhas que se cruzam na vida do tenente português Manuel de Jesus Pires" e que podem resumir o teor do livro "Timor na 2ª Guerra Mundial, O Diário do Tenente Pires", da autoria do historiador António Monteiro Cardoso (nascido em 1950 e prematuramente falecido em 2016, e que foi casado com a diplomata Ana Gomes),  

 A obra foi lançada em outubro de 2007,  em Díli, na Feira do Livro em Português. O autor conheceu Timor pela primeira vez, tendo aproveitado para visitar alguns dos locais onde se desenrolou a história heróica do tenente Pires, no leste do país, no município de Baucau (hoje a segunda maior cidade, a seguir à capital, da qual dista cerca de 120 km).
 
"O tenente Pires foi administrador da vila de Baucau, que entre 1936 e 1975 se chamou Vila Salazar, capital da circunscrição de São Domingos, e morreu em data e local desconhecidos, talvez no final de 1944, assassinado no cativeiro japonês."


"O pano de fundo do 'Diário do Tenente Pires'  a resistência à ocupação japonesa de Timor, a guerra de guerrilhas movida por forças australianas ajudadas por timorenses e portugueses, a saída de Pires para a Austrália e o seu regresso à ilha, numa missão suicida, para salvar os portugueses que tinham ficado e corriam perigo."

Baseado em abundantes fontes de arquivo, António Monteiro Cardoso procurou analisar e refutar neste livro "dois mitos persistentes", por um lado, "a bondade da colonização de Timor", e por outro, "o sucesso da política de Salazar na colónia mais distante da metrópole."
 
Para ele os livros sobre a História de Timor seriam "livros de exaltação do culto da bandeira e outras fantasias" (sic), disse na  entrevista que deu à Lusa.

Citando o autor do livro:

"A verdade é o que Pélissier contou: a colonização foi violenta e usou os métodos de guerra, guerra de timorenses contra timorenses, como na Guiné pelo Teixeira Pinto" (...). 

"Mantém-se a ilusão mitológica de que o colonialismo português não fazia mal a ninguém. Todos são maus a colonizar menos os portugueses". (...)

"O caso de Timor é o que melhor ajuda a criar este mito, devido à invasão indonésia. Há o mito da cristianização, da conquista das almas e não pela espada", explicou o historiador. "O timorense por definição era católico, falava português e adorava Portugal", recorda.

 (....) "Os indígenas são tão simpáticos, tão portugueses, dóceis, um pouco mandriões é certo. Conhecem as crianças? Assim são os indígenas", ironiza o historiador sobre a visão colonial do timorense.

Para além da história (trágica) do tenente  Pires, desconhecida dos portugueses,  o livro  procura 
 recuperar também "parte da história dos deportados portugueses em Timor", donde descendem  "clãs" importantes, como a família Carrascalão ou a família Ramos-Horta.

Conta António Monteiro Cardoso:

"A novidade é que os principais deportados não foram enviados pelo regime de Salazar. Os primeiros, o núcleo-duro, eram anarco-sindicalistas, enviados pela I República para a Guiné e Cabo Verde e que depois a ditadura militar aproveitou para mandar para mais longe".
 
Foi o caso dos alegados militantes da Legião Vermelha, "uma organização terrorista de contornos ocultos, de acção directa, destinada a atacar patrões, polícias e outros serventuários menores do capital". 

Um das vítimas desta organização  o comandante da polícia cívica de Lisboa, o capitão João Maria Ferreira do Amaral, originando uma brutal  vaga de repressão em  1925.

Em 1931, os deportados "sociais" e "políticos" portugueses em Timor atingia o meio milhar,  mais o que o total do funcionalismo público no território.

Sobre a política do Estado Novo em Timor, o historiador defende a tese de que Salazar "demonstrou um desprezo absoluto pela vida humana e um cinismo completo".  Na realidade, teria pedido aos portugueses, perseguidos pelos japoneses, "um 'massacre inútil', uma decisão que antecipa o que aconteceu em 1961 com a invasão de Goa", quando ordenou ao governador, gen Vassalo e Silva, que queria soldados e marinheiros "vitoriosos ou mortos".

Descurando a proteção (militar) do território, antes do início da guerra no Pacífico (fnais de 1941) , Portugal acabou por não dar quaisquer "garantias de efectiva neutralidade nem ao Japão nem à Austrália e às potências Aliadas".

Eis mais alguns excertos da entrevista:

"O tenente Pires e outros portugueses em Timor foram usados e sacrificados por Salazar para 'garantir' a soberania sobre a colónia. 

"Os mortos foram esquecidos e os sobreviventes perseguidos".

"Do tenente Pires, fica a história de um oficial que conseguiu salvar centenas de vidas " e que depois fica para a morte, acossado por todos os lados". (...)

"É um exemplo de dignidade, coragem e abnegação até à morte, para cumprir um compromisso"  (António Monteiro Cardoso).


O livro "Timor na 2º guerra mundial : o diário do Tenente Pires", de António Monteiro Cardoso, foi publicado de Centro de Estudos da História Contemporânea Portuguesa, Lisboa, 2007, 271 pp.

Fonte: Adapt., com a devida vénia, de RTP Notícias > Mundo > 26 Abril 2008, 14:59 > Histórias de Portugal e da II Guerra Mundial no "Diário do Tenente Pires" (*)


(*) Histórias de Portugal e da II Guerra Mundial no "Diário do Tenente Pires"
por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa, em Díli (26 de abril de 2008)

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 2 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25594: Timor-Leste, passado e presente (4): Antes da invasão e ocupação do Japão (19 de fevereiro de 1942): imagens da "Vida Mundial Ilustrada" (Ano I, nº 41, 26 de fevereiro de 1942)


 

terça-feira, 7 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25488: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23) : Camisa Mara, o guardião e guia deste projeto, votado ao abandono depois da morte do Pepito, em 2014... Aqui recordado numa peça da agência Lusa.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Chegada do Presidente da República, Malam Sanhá Bacai, com a esposa  (à sua esquerda) e o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, atrás (à sua direita)... 

Embora esteja de perfil,  reconhecemos, de imediato,  de lado direito, cumprimentando o Presidente, o nosso amigo Domingos Fonseca, quadro técnico da AD, então responsável do Núcleo Museológico e membro da Tabanca Grande.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje   > O Primeiro Ministro, Carlos Gomes Jr,  "Cadoco", entre a multidão.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de de Guiledje > A nossa representante na cerimónia, Júlia Neto, viúva do nosso camarada José Neto (1929-2007), em conversa com a combatente do PAIGC Francisca Pereira, sob o olhar do nosso amigo Pepito.

Fotos (e legendas): © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Todos os direitos reservados (Legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine)


1. No passado dia 5 de maio, domingo,  o Patrício Ribeiro, o nosso "cônsul em Bissau", autor da série "Bom Dia desde Bissau", sempre atento e oportuno, mandou-nos um link do portal Sapo, com uma peça da Lusa sobre o antigo quartel de Guileje (ou o que resta dele), e onde se fala de um personagem curioso, o Camisa Mara (e não Cassima Mara, como grafou a jornalista).

O nome desse guardião (e guia local) do que foi "o mais fortificado quartel português nas ex-colónias" (sic), aparece, no programa do Simpósio Internacional de Guiledje, como "Camisa Mara (ex-milícia do Exército Português)" (*), tendo inclusive apresentado, na parte da manhã do dia 6 de março de 2008, uma comunicação oral sobre a vida quotidiana em Guileje, antes do seu abandono em 22 de maio de 1970 pela tropa portuguesa (CCAV 8350 e subunidades adidas).

O título da peça é "O guardião que sonha nova vida para o histórico quartel de Guiledge na Guiné-Bissau". A reportagem da Lusa é assinada por Helena Fidalgo (texto) e Júlio de Oliveira (vídeo). Não vamos, naturalmente, reproduzir na íntegra a peça (até porque tem erros factuais), mas resumi-la, e citar algumas declarações deste histórico guardião e guia local.

Esta história, de resto, interessa-nos, a nós, Tabanca Grande, por que demos muito apoio (incluindo material) à construção do Núcleo Museológico Memória de Guiledje (descritor que tem vinte e tal referências no nosso blogue).

Já suspeitávamos (e temíamos) há muito do desleixo e ruina a que a fora votado este projeto que era tão caro ao nosso Pepito, o engº agr. Carlos Schwarz da Silva (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), e onde colaborámos com muito entusiasmo. 

Diz a jornalista da Lusa, Helena Fidalgo: 

"Este guineense esteve na luta ao lado dos portugueses e agora está empenhado em fazer cumprir o propósito daquele a quem chamavam 'o fazedor de sonhos', conhecido por 'Pepito', e que sonhou para Guiledje o único espaço museológico na Guiné-Bissau sobre a luta de libertação nacional para a independência' ". 

A jornalista constata, catorze anos depois da sua inauguração (em 2010, com a presença do presidente da República e o primeiro ministro da Guiné-Bissau, Malan Sanhá Bacai e Carlos Gomes Jr, respetivamente) (**); que "o projeto parou com a morte do (seu) mentor, em 2014" e ficaram apenas dois pavilhões com algum espólio" (...)... O resto são ruinas. 

O Mara serviu de guia à equipa da Lusa, numa visita recente ao local. E esclareceu a jornalista que ele passou a frequentar o quartel quando tinha entre "15 e 16 anos". Terá, hoje, portanto, cerca de 65 anos (ou mais, não sabendo nós em que ano se tornou "milicia" ou passou a servir no quartel como "djubi", fazendo-nos lembrar a figura do Cherno Baldé, "menino e moço em Fajonquito"). 

O Mara, nascido em Guileje, tem consciência da importância histórica daquele lugar: "a história não se perde, a história valoriza um local". (...) "Sente orgulho quando fala de Guiledje"... E, exagerando um bocado, diz: 

"Aqui era o grande amparo dos portugueses, havia todo o tipo de materiais aqui, inclusive abrigos blindados. Só os militares portugueses eram um batalhão, também havia aqui milícias recrutadas, militares locais muito valentes para os portugueses". (...) 

"O Mara 'fazia alguns serviços para os portugueses, lavava pratos, trazia a comida, levava as roupas para a lavadeira e trazia água para os militares' ". (...) "Também fazia carregamento de munições de armas pesadas quando havia um ataque ao quartel".(...) 

Não saía para o mato, como saíam os milícias e os militares, "mas se houvesse guerra aqui no quartel eu era uma das pessoas que ajudava os portugueses a carregar as munições das armas"... 

Recorda depois o dia (o do abandono das instalações, na noite de 22 de maio de 1973), "em que fugiram juntos e o destino foi Bolama, depois de uma longa caminhada de militares, mulheres e crianças"... 

Há aqui um erro de registo ou de interpretação por parte da jornalista: os militares e civis de Guileje foram para o quartel mais próximo, Gadamael Porto. É possível, depois, que alguns civis, para fugir da ewscalada da guerra em Gadamael,  se tenham refugiado na ilha de Bolama.

(...) "Este guineense e outros conterrâneos decidiram voltar para a tabanca depois da independência, quase um ano passado e com o quartel já na posse do PAIGC e do novo Estado guineense." (...)

Mais tarde, por volta de 2006, o Pepito, diretor executivo da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, no bairro do Quelelé, começa a trabalhar a ideia de criar ali o "Núcleo Museológico Memória de Guiledje", com financiamemto externo (União Europeia). E o Camisa Mara foi um dos habitantes locais que deu o seu melhor para ajudar a levar o projeto para a frente (o que está muito bem documentado, aliás, no nosso blogue)..

(...) "No início da construção do museu, tivemos que desmatar o local, porque havia perigo para andar, tinha minas, tinha cobras, fui eu que fiz o caminho e contratei pessoas". (...).

No final o Pepito encarregou-o de gerir o museu (sic). E ele continua a guiar as ocasionais visitas. Mas o que foi feito, "está desprezado", votado ao abandono, por incúria de todos, a comunidade local, a ONG AD, a administração pública, o Governo...

(...) "Gostava que esta ideia, que sonharam juntos (ele e o Ppeito), se concretizasse e que a memória não se apague." (..:)

(...) "Nas memórias guarda o dia da abertura do quartel de Guiledge, em que 'veio um batalhão de artilharia' (sic) "(leia-se um Pelotão de Artilharia).

Lembra-se da visita do próprio António Spínola

(...) "Pepito", como recordou, "fez um grande esforço" para revitalizar este espaço, "mas a canoa ficou pelo caminho" porque "sem sucessor o trabalho não vai".

Ninguém lhe paga nada por esta tarefa, ele tem outras fontes de rendimento. Mas é o seu amor a este projeto que o leva a guiar os visitantes e a zelar pelo que resta. (***)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 7 de fevereiro de 2018 > Núcleo Museológico Memória de Guiledje >  Memorial à CCAV 8350 (1972/1974) e ao alf mil Lourenço, morto por acidente em 5/3/1973. De seu nome completo Victor Paulo Vasconcelos Lourenço, era natural de Torre de Moncorvo, está sepultado na Caparica. Foi uma das 9 baixas mortais da companhia também conhecida por "Piratas de Guileje" e um dos 75 alferes que perdeu a vida no CTIG..

Em segundo plano, vê-se o nicho que ao tempo da CCAÇ 3477 (1971/77), "Os Gringos de Guileje", abrigava a  imagem de Nossa Senhora de Fátima e do Santo Cristo dos Milagres. A CCAÇ 3477 era, na alturam, comandada pel cap mil Abílio Delgado, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos: © Anabela Pires (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]




 Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje >  > Placa indicativa do local onde existiu um dos espaldões de artilharia. do obus 14.

Foto (e legenda);  © Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]





Guiné < Região de Tombali > Carta de Guileje (1956) > Escala 1/50 mil > Pormenor: posição relativa da povoação de Guileje, situada a cerca de 8 km da fronteira com a Guiné-Cronaki (a leste).

Infografia: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados.

___________

Notas do editor:

(*) Simposium Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008) > Quinta-Feira, 6 de Março, na Assembleia Nacional Popular

Painel 4 > Guiledje: Factos, Lições e Ilações

(depoimentos e testemunhos de elementos da população, dignitários, testemunhos presenciais, régulos, ex-combatentes do PAIGC e ex-milícias africanas do Exército português)

Moderadora: Isabel Buscardini (Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria)

9h00 - 9h30: Úmaro Djaló (Comande Militar do PAIGC) – A minha experiência de guerrilheiro e de comandante no Sul da Guiné-Bissau: achegas para a História de Guiledje.

9h30 - 10h00: Buota Na N’ Batcha (Comandante Militar do PAIGC) – A acção dos bi-grupos e dos corpos de Exército do Sul na guerra de libertação nacional: o caso do assalto ao aquartelamento de Guiledje.

10h00 - 10h30: Joãozinho Ialá (ex-guerrilheiro do PAIGC) – Memórias do Assalto ao Quartel de Guiledje, Gandembel e Balanacinho.

10h30 - 11h00: Francisca Quessangue (Enfermeira do PAIGC) – Os aspectos sanitários-logisticos do PAIGC no assalto ao quartel de Guiledje

11h00 - 11h30: Pausa Café

11h30 - 11h50: Fefé Gomes Cofre (ex-guerrilheiro do PAIGC) – O meu testemunho sobre o assalto ao Quartel de Guiledje.

11h50 - 12h10: Salifo Camará (Régulo de Cadique) – O papel das populações civis na guerra de libertação no Sul e no assalto ao aquartelamento de Guiledje.

12h10 - 12h30: Camisa Mara (ex-milicia do Exército português) – A vida no Quartel de Guiledje

12h30 - 12h50: Cadjali Cissé (ex-guerrilheiro do PAIGC) – A minha participação no Assalto a Guiledje

12h50 - 13h10: A designar (condutor) – A minha experiência no transporte de munições e mantimentos

13h30 - 15h00: Almoço (...)


(**) Vd. poste de 19 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6020: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (16): Um dia de ronco, um lugar de (re)encontros, uma janela de oportunidades (Parte I)

(***) Último poste da série > 8 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12127: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23): A placa toponímica "Parada Alf Tavares Machado" estava afixada na parede da messe de sargentos (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá, ex-fur mil, CART 2410, 1968/70)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24043: Fauna & flora (22): Algumas boas notícias para os mais de 700 chimpanzés (ou "daris") do Boé, graças ao fantástico trabalho de conservação da Chimbo Fundation&Daridibo, com sede em Béli


Um pequeno documentário baseado em vários vídeos, obtidos por câmaras de vigilância,  de chimpanzés no Boé, Guiné-Bissau.  Narração, em fula, por Bacari Camará, que vive em Béli, e é gestor de projeto. Legendas em inglês.

Vídeo (12' 30''), da Foundation Chimbo, alojado no You Tube.  Aqui reproduzido com a devida vénia.


1. Temos dado aqui  alguma atenção à fauna & flora" da Guiné-Bissau, e em particular aos chimpanzés do Boé e do Cantanhez (temos 11 referências ao nosso "dari"),  

No tempo da guerra, entre 1961 e 1974, provavelmente nenhum de nós, antigos combatentes portugueses, deve ter visto um chimpanzé, a não ser infelizmente em cativeiro. São animais, primatas como nós, territoriais e sociais (e os mais próximos de nós, em termos genéticos e evolutivos) mas de difícil observação na natureza...

Oxalá o visionamento deste vídeo (falado em fula, com legendas em inglês) contribua também para sensibilizar os nossos leitores para a problemática da proteção do chimpanzé e da preservação do seu habitat. O chimpanzé da África Ocide
ntal (Pan troglodytes)  é considerada uma espécie ameaçada, "criticamente em perigo".

Como diz um provérbio fula, uma única árvore não poder fazer uma floresta... Daí ser fundamental trabalhar em rede, envolver outras organizações, regiões, a sociedade civil e  o Estado da Guiné-Bissau, bem como empresas mineiras, parcerias (caso da ASI - Aluminium Stewardship Initiative) e países vizinhos, mas sobretudo a população local, que, no caso do Boé, é maioritariamente fula. A caça ilegal, a pressão demográfica humana, a construção de estradas e os projetos de mineração são alguns dos factores de risco para a preservação desta espécie.

Felizmente, ao que parece, têm  sido bem sucedidos os projetos da Chimbo Foundation and Daridibo no domínio da conservação desta e doutras espécies animais, emblemáticas da Guiné-Bissau, como por exemplo o leopardo (predador do chimpanzé).

Na primavera de 2022, 178 locais sagrados do Boé, que já estavam registados como ICCA (Áreas Indígenas e Comunitárias Conservadas), foram aceites como áreas protegidas de categoria III da IUCN (International Union for Conservation of Nature / União Internacional para a Conservação da Natureza) na WDPA (World Database on Protected Areas / Base de Dados Mundial sobre as Áreas Protegidas) (Ler mais sobre isto, no boletim informativo da Fundação, de maio de 2022.)

Mais de 50 estudantes e cientistas da Holanda, Alemanha, França, Bélgica, Índia, Brasil, Itália, Suíça, Portugal, Espanha, Senegal, Guiné-Bissau e Canadá, já realizaram pesquisas que contribuíram para a conservação do Boé.  


Doações são bem vindas:

Conta bancária

Stichting Chimbo

IBAN: NL05INGB0002734651

BIC: INGBNL2A

Contactos:

Telef +31-6-17280797 (The Netherlands)
E-mail: info@chimbo.org


2. Reprodução de uma notícia da Lusa / Porto Canal, 2/1/2015 (com a devida vénia...)

Câmaras revelam um dos últimos recantos de chimpanzés 
em terras lusófonas

Béli, Guiné-Bissau, 02 dez (Lusa) - Chimpanzés a tomar banho num lago, a encestar pedras como num "afundanço" de basquete entre ramos de uma árvore ou simplesmente em passeio.

São animais em vias de extinção a nível global, mas há horas e horas de vídeo a mostrar a intimidade destes primatas que habitam nas florestas do Boé, sudeste da Guiné-Bissau.

Nestes filmes há também leopardos a desfilar como numa passarela, imagens de búfalos, gazelas, javalis e o que parece ser a cauda de um leão - do qual já foram encontradas pegadas.

Os membros da fundação Chimbo ficam ansiosos de cada vez que penetram na densa vegetação para ler os cartões de memória das câmaras de vigilância: sabe-se lá que animais vão ver.

Alguns, como o leão, eram dados como extintos na Guiné-Bissau desde a guerra pela independência, na década de 60 e até 1974.

Há que aguçar os sentidos: "os chimpanzés gritam quando se deitam e quanto se levantam", explica Piet Wit, ecologista, especialista em Agronomia e Gestão de Recursos Naturais, um dos responsáveis pela Chimbo.

Assim, quando a noite cai é possível saber aproximadamente em que árvores fazem os ninhos para dormir, para de manhã a busca avançar até perto desses locais e esperar que acordem.

A sede da Chimbo está montada na aldeia de Béli e dali parte a maioria das saídas de campo, mas é difícil deitar olho aos chimpanzés.

"Aqui no Boé, por cada cinco saídas, há talvez duas em que os consigo observar. E por vezes só ao longe", descreve Piet.

Daí a extrema utilidade da rede de câmaras de vigilância. A rede foi montada há cinco anos, primeiro em dez locais, hoje abrange 25 e com outras tantas câmaras prontas a entrar em ação, se necessário.

"Não as usamos todas em simultâneo porque não teríamos capacidade para as gerir", explica. Só com o conjunto que está ativo "já há muitas centenas de horas de vídeos acumuladas para ver".

Esta história de observação e preservação da natureza começa com um momento trágico na vida de Piet e da esposa, Annemarie Goedmakers.

David, filho do casal holandês, faleceu inesperadamente em 2006, aos 18 anos, devido a um problema vascular na aorta. Juntos já tinham passado férias na Guiné-Bissau. Annemarie, presidente da Chimbo, bioquímica e ecologista, ainda hoje mostra a foto de David a dormir num ninho de chimpanzé quando tinha 10 anos.

"Já tínhamos a ideia de fazer algo pelo Boé, mas depois de ele morrer, isso ganhou outra força".

Um dos primeiros trabalhos da Chimbo, com financiamento da MAVA -- Fundação para a Natureza, e outros doadores, consistiu num levantamento que permitiu chegar à estimativa de que haja cerca de 700 chimpanzés no Boé.

Nos últimos dois anos, o trabalho tem sido financiado por um dos institutos Max Planck, no caso, o Instituto Para a Matemática nas Ciências, com sede em Leipzig, Alemanha.

A Chimbo está incluída no grupo de pesquisa dedicado exclusivamente aos chimpanzés. "O nosso foco é o chimpanzé. Vemo-lo como uma espécie que é o símbolo de todo um meio-ambiente importante e com benefícios para as pessoas que aqui vivem", conclui Piet.

LFO // EL
Lusa/fim

[ Seleção / revisão e fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação neste blogue: LG]
__________

domingo, 1 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23936: Mi querido blog, por qué no te callas?! (9): O nosso blogue à lupa dos lentes de Coimbra... Pequeno resumo da tese de doutoramento de Verónica Ferreira que nos caracteriza assim, em entrevista à Lusa: (i) uma espécie de comunidade de antigos combatentes à procura de um sentido para a participação na guerra colonial; (ii) com um lado nostálgico de partilha de memórias, mas também de revolta pelo sacrifício inútil e não reconhecido; (iii) com um postura defensiva e uma visão algo lusotropicalista do conflito; e (iv) onde há muitos "pequenos silêncios" e alguns tabus


Uma das imagens ícones (e mais plagiadas) do nosso blogue: o 2º Gr Comb da CCAÇ 12, 1969/71, no subsetor do Xitole do setor L1, Bambadinca, a atravessar uma lala.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.

[Edição e legendagem : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Antigos combatentes criam sentido de comunidade 
em blogues e Facebook, revela estudo

29-12-2022 11:22 | Porto Canal  / Agências (com  a devia vénia...)

Uma investigadora da Universidade de Coimbra analisou a participação em blogues e em grupos de Facebook de antigos combatentes na Guerra Colonial, espaços onde estes homens criam um sentido de comunidade, mesmo que com “silêncios” sobre aquele período.

O tema foi objeto de estudo da tese de doutoramento de Verónica Ferreira, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto de investigação CROME, que tem como objetivo fazer uma história da memória das guerras coloniais e de libertação combatidas entre o Estado português e os movimentos independentistas africanos.

O doutoramento centrou-se nas narrativas dos antigos combatentes em blogues (com especial foco para o maior blogue de veteranos, “Luís Graça & Camaradas da Guiné”) e em grupos da rede social Facebook.

Para Verónica Ferreira, a presença dos antigos combatentes em meios digitais espelha a necessidade dos próprios de “formarem uma espécie de comunidade”, de falarem das suas experiências passadas e de lhes darem um sentido.

Apesar de no Facebook e nos blogues a construção de narrativas ser diferente (nos blogues, há uma maior diversidade de relatos, enquanto o Facebook aparece como uma espécie de fórum), há “linhas narrativas transversais”, disse à agência Lusa a investigadora.

Verónica Ferreira nota que, para lá daquilo que é partilhado, das histórias ou experiências, é importante perceber “quais os silêncios que existem”.

“É preciso perceber a história da qual não se fala. Aquilo que se fala é sobretudo de um sentimento de revolta, por não haver reconhecimento do Estado do sacrifício dos combatentes. O silêncio surge em relação à violência perpetrada”, constatou, dando ainda conta de outros “pequenos silêncios”, como a homossexualidade, que não é falada, ao contrário de temas difíceis que acabam por ser abordados como a deserção ou filhos que foram deixados lá.

Segundo a investigadora, a violência cometida na guerra é evitada nos relatos que são partilhados e, no caso da relação com mulheres durante o período em que foram mobilizados, o assunto é “abordado de forma coloquial, em linguagem de caserna, nunca se analisando a violência por de trás dessas relações”.

Para Verónica Ferreira, “há uma postura defensiva” nos antigos combatentes, mesmo que não exista uma “narrativa homogénea”.

“Existem muitos combatentes, com contextos diferentes, com posições ideológicas diferentes, mas há uma linguagem defensiva, mesmo em relação àqueles que se posicionam de forma crítica, porque há sempre uma tentativa de justificar a participação” na Guerra Colonial, vincou.

Para a investigadora, que para além de análise dos blogues e grupos de Facebook também entrevistou colaboradores do blogue “Luís Graça”, há uma “perspetiva de legitimação da guerra”.

“Foram pessoas que viveram a guerra e têm que encontrar algum sentido para aquilo que viveram. Há uma tentativa de encontrar uma linha coerente para contar uma história de vida, que os satisfaça e que faça sentido”, notou.

Para além dessa postura defensiva, há também um lado nostálgico de contar as suas vivências, de reencontrar camaradas e de abordar as memórias de um momento em que “foram protagonistas da História”.

Se o diálogo entre antigos combatentes é sobretudo cordial, surgem, mesmo assim algumas tensões, que acabam por resvalar mais no Facebook, onde “é um pouco mais visível uma secção mais conservadora dos combatentes”.

Para Verónica Ferreira, apesar de ter havido sempre um esforço da extrema-direita para tentar cooptar os antigos combatentes, “nunca foi bem-sucedido”.

Essas tentativas são visíveis no Facebook, havendo inclusive um grupo ligado ao partido Ergue-te (antigo PNR), mas a cooptação “não parece que tenha sido bem-sucedida”, constatou.

Ao mesmo tempo, quer no Facebook quer nos blogues, a visão da Guerra Colonial é uma visão “lusotropicalista”, que olha de forma benevolente para a ocupação portuguesa, mesmo naqueles que se posicionaram contra a guerra.

A investigadora realça ainda a importância de se preservar o material que vai sendo partilhado e publicado nos blogues, especialmente em “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, realçando que aquele espaço “é um manancial imenso de documentação, de relatos, de história oral”.

“Não existem programas que preservem aquela riqueza de material para além do esforço do Luís Graça e dos restantes camaradas. Seria uma perda imensa se o domínio fechasse e deveria haver um esforço para recolher e preservar aquele material de forma mais consistente”,
defendeu.

Notícia do Porto Canal | Agência Lusa, que nos chegou já ao findar do ano de 2022, pela mãos dos nossos camaradas Carlos Pinheiro e Miguel Pessoal. Fica bem na série "Mi querido blog", para inaugurar o ano de 2023  (**)... Fixação de texto / links / negritos: LG.
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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22506: Efemérides (352): 22 anos depois do referendum sobre a autodeterminação, o ativista João Crisóstomo, líder do LAMETA, mostra-se apreensivo sobre o futuro da língua portuguesa em Timor Leste, em entrevista dada em Nova Iorque à Agência Lusa

1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social,  régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - terça, 31/08/2021, 20:14

Assunto -Textos da entrevista de Elena Lentza sobre Timor-Leste



Lusa / Timor, Agosto 30, 2021

O Aniversário do Referendum em Timor Leste (30 de Agosto de 1999) deu azo a que a Lusa fizesse estes dois trabalhos. Permito-me salientar os meus comentários e apreensão que manifestei sobre o futuro da lingua portuguesa em Timor Leste. Aqui os envio para vosso conhecimento e consideração , se for o caso.

João

From: Eduardo Lobão <elobao@lusa.pt>
Subject: Textos da entrevista de Elena Lentza sobre Timor-Leste
Date: August 29, 2021 at 2:11:01 PM EDT

 Meu Caro João:

Neste email envio-lhe cópia dos textos da entrevista que a Elena lhe fez e que saíram hoje na Lusa. Os vídeo da conversa pode descarregar através do link que lhe enviei por WeTransfer.
Forte abraço para si para a Vilma.
Eduardo Lobão



29/08/2021 09:54

ENTREVISTA: Menos união entre Timor e Portugal preocupa defensor da autodeterminação timorense nos EUA


Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt 

Elena Lentza, da agência Lusa

Nova Iorque, 29 ago 2021 (Lusa) – A reduzida união entre Timor-Leste e Portugal, vinte e dois anos depois da independência completa de Timor-Leste, que teve muito apoio da comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América, preocupa João Crisóstomo, um dos defensores da causa.

Atualmente, os pilares da independência timorense, que foram a Igreja Católica e a língua portuguesa, estão a perder força, considerou, em entrevista à agência Lusa em Nova Iorque, João Crisóstomo, líder do Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste (LAMETA, na sigla em inglês).

“Estes dois pilares, estas duas colunas, da independência de Timor-Leste estão a fracassar. E tenho muito receio pelo futuro de Timor-Leste”, disse João Crisóstomo à Lusa, receoso que dentro de 30 a 50 anos possa haver um “plebiscito que vai acabar com a língua portuguesa”.

A igreja era o “refúgio” para milhares de timorenses, acrescentou João Crisóstomo, mas o idioma, em especial, significa que “não há mais essa coesão, não há mais nada a agarrar o povo timorense a Portugal”.

“Com a Austrália de um lado e a Indonésia do outro”, em Timor-Leste, “atualmente dão muito pouca importância à língua portuguesa”, considerou o cofundador da construção da Escola São Francisco de Assis “Paz e Bem” nas montanhas de Liquiçá, em Timor-Leste.

Autor do livro LAMETA sobre as comunidades luso-americanas e colecionador de todas as memórias relacionadas, organizadas em pastas e dossiês, João Crisóstomo disse à Lusa que a comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América era vibrante nas manifestações de apoio e na ajuda transmitida ao povo timorense alguns anos antes do referendo de 30 de agosto de 1999, que resultou na opção da autodeterminação relativamente à Indonésia.

O apoio da comunidade portuguesa radicada nos Estados Unidos passou por manifestações em frente à Organização das Nações Unidas (ONU), cartas ao Presidente norte-americano Bill Clinton, muito lóbi e envio de contentores com ajuda.

No início da narrativa, o impulsor do movimento começou por reconhecer o desconhecimento face à situação de Timor-Leste em 1996: a primeira vez que foi abordado por um colega com quem tinha trabalhado noutras causas, João Crisóstomo recusou firmemente ligar-se ao problema.

“A primeira coisa que eu disse foi não, porque não queria estar a envolver-me em lutas civis. Lamentava que Portugal tivesse deixado Angola, Moçambique e tudo mais no estado em que deixou e não me queria envolver nisso”, explicou o ativista.

Foi contrariado pelo colega, que disse que o caso de Timor-Leste não era nenhuma guerra civil, mas uma invasão de um país estrangeiro, a Indonésia, a um antigo território português, uma ocupação que veio a durar mais de 20 anos.

E assim, uma causa que parecia fácil e direta ao início revelou-se mais complicada do que João Crisóstomo esperava: “era simples, mas difícil”, disse à agência Lusa em Nova Iorque.

“Verifiquei que Timor-Leste era um caso esquecido, ignorado. Ninguém queria saber”, lamentou o ativista que relatou muitos obstáculos para que os políticos, diplomatas e comunidade internacional realmente prestassem atenção à situação e tomassem ações significativas contra a ocupação pela Indonésia.

João Crisóstomo estava convencido que “a solução para Timor-Leste vai ter de ser feita através das Nações Unidas e através de um referendo”, o único caminho para uma “independência completa”.
“Isto foi em fevereiro de 1996. Eu comecei imediatamente a martelar” para defender a solução, relatou à Lusa.

O antigo mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis começou a convidar as comunidades portuguesas a manifestar pela autodeterminação de Timor-Leste em frente às Nações Unidas. “E as pessoas vinham, ao princípio eram poucos, depois começavam a ser mais”, até chegarem a ser centenas de portugueses nas avenidas de Nova Iorque.

Para o líder do movimento, as manifestações “eram uma maneira de sensibilizar os americanos, sem os antagonizar”, sem desordem ou barulho ensurdecedor, mas com educação sobre o drama de Timor-Leste.

João Crisóstomo também sabia que o apoio político dos Estados Unidos à causa seria imprescindível e foi por isso que decidiu enviar uma carta com um abaixo-assinado de 1.267 pessoas ao Presidente Bill Clinton.

“O que é que eu fiz? Eu contactei tudo que era clube português, todas as escolas portuguesas dos Estados Unidos”, disse o ativista, com o intuito de apresentar o problema de Timor-Leste e juntar assinaturas para fazer chegar ao Presidente norte-americano.

Depois de um mal-entendido, em que a Casa Branca respondeu sobre Tibete sem mencionar Timor-Leste, João Crisóstomo finalmente recebeu uma carta do próprio Bill Clinton, assinada a 21 de janeiro de 1997.

No documento, o Presidente norte-americano reconhecia a sua preocupação sobre o “assunto crítico” da “violação de direitos humanos em Timor-Leste” e dizia que os EUA iriam continuar “a pressionar a Indonésia para mostrar maior respeito pelas liberdades básicas”, sublinhando “objetivos importantes de segurança na região”.

Em conclusão, Bill Clinton escreveu: “aprecio ouvir a sua visão e a da LAMETA. Espero que partilhe a minha carta com aqueles que assinaram a petição”.

O esforço da comunidade portuguesa para chegar ao referendo em Timor-Leste durou vários anos, garantiu João Crisóstomo, convencido de que a pressão feita nos Estados Unidos pela comunidade portuguesa teve influência no despertar da comunidade internacional e para a tomada de ações.

“A verdade é que quando ninguém acreditava ou ninguém queria [um referendo], foi para isso que nós, nas comunidades portuguesas, batalhámos sempre”, sublinhou o responsável.

Logo depois da Consulta Popular, em 30 agosto de 1999, a comunidade luso-americana também se decidiu a enviar ajuda material para Timor-Leste, começando com um contentor “completamente cheio”, segundo as palavras de João Crisóstomo, de mantimentos alimentares, roupas e outros materiais desde Newark, com ajuda das associações ou clubes culturais e recreativos portugueses.

“Nós andámos de porta em porta, íamos a toda a gente. E a verdade é que, a pouco e pouco, enchemos o contentor. Depois desse, foi o segundo, foi o terceiro e foi o quarto. Foram quatro contentores que saíram daqui dos Estados Unidos enviados para Timor-Leste”, afirmou.

Foram também vários jantares de angariação de fundos para Timor-Leste e nas contas finais, as comunidades portuguesas dos EUA mandaram mais de 200 mil dólares de ajuda, que ficaram na responsabilidade do Comissário Nacional para o Apoio à Transição em Timor-Leste, padre Vítor Melícias, que distribuía os fundos de acordo com as necessidades.

João Crisóstomo não escondeu a surpresa negativa e o lamento por as comunidades portuguesas “terem sido esquecidas” nas primeiras celebrações da independência de Timor-Leste.

Ainda que tudo o que foi feito não era com a pretensão de ganhar fama ou qualquer reconhecimento, “foi de lamentar que se tivessem esquecido das comunidades portuguesas”, acrescentou João Crisóstomo.

A comunidade luso-americana formava um bastião para a defesa da independência de Timor-Leste na viragem do século.

Num encontro com o antigo primeiro-ministro timorense Rui Maria Araújo, João Crisóstomo ficou convencido de transformar o seu dossiê pessoal com memórias das atividades de defesa da autodeterminação de Timor-Leste num livro sobre o movimento LAMETA.

O livro, com o subtítulo “O desconhecido contributo das comunidades luso-americanas para a Independência de Timor-Leste” foi impresso em 600 cópias, distribuídas pelas pessoas que fizeram parte do processo, nos Estados Unidos, em Timor-Leste, Portugal, mas não foi posto à venda, com a convicção do autor de que não se devia fazer dinheiro pelas causas que defendeu.

A antiga colónia portuguesa de Timor-Leste, que obteve independência em 28 de novembro de 1975, foi invadida pela Indonésia a 07 de dezembro do mesmo ano e declarada, no ano seguinte, uma província da Indonésia.

O período de luta pela autodeterminação foi marcado pela violência. Em 30 de agosto de 1999, com ajuda e patrocínio da Organização das Nações Unidas, realizou-se o referendo de independência de Timor, com as opções de o território ter uma maior autonomia e ficar no estado unitário da Indonésia, ou de separar Timor da Indonésia.

A independência de Timor-Leste obteve a maioria absoluta no referendo, com quase 344,5 mil votantes ou cerca de 80% dos votos.

EYL // EL
Lusa/Fim
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O aniversário do Referendum
29/08/2021 09:51

ENTREVISTA: Timor-Leste viveu muitos anos sem apoio internacional até à independência – ativista nos EUA


 Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt 

Elena Lentza, da agência Lusa

Nova Iorque, 29 ago 2021 (Lusa) – Timor-Leste teve de passar por muitos anos de inércia política internacional e pessimismo até à independência, considerou, em entrevista à agência Lusa, um dos maiores defensores da causa nos Estados Unidos, o português João Crisóstomo.

Com uma visão retrospetiva, o fundador do Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste (LAMETA, na sigla em inglês) sublinhou que o povo timorense teve de ultrapassar muitos pessimistas em vários estratos - social, político, diplomático, - para se poder afirmar como Estado soberano em resultado do referendo sobre a autodeterminação em 30 de agosto de 1999.

“O que é que move o mundo? É o dinheiro” - era assim quando a Indonésia estava a ocupar Timor-Leste e continua assim ainda hoje, disse João Crisóstomo, defensor da autodeterminação, que durante anos expôs a proposta de um referendo a presidentes e representantes de vários países, membros da comunidade luso-americana, jornalistas, e teve contacto privilegiado com combatentes pela liberdade.

A Organização das Nações Unidas (ONU), tal como os Estados Unidos da América, não se pronunciava oficialmente contra a Indonésia, que tinha poder económico, numerosas relações comerciais de volume significativo e grande influência para a região.

“Não havia motivos” para os EUA, cujo apoio político seria imprescindível para qualquer mudança à escala mundial, se juntarem a Portugal na defesa da independência de Timor-Leste e ir contra a Indonésia, vincou João Crisóstomo, em entrevista à agência Lusa, em Nova Iorque.

“Não só isso, mas os Estados Unidos precisavam muito da Indonésia naquela altura, era ainda no tempo da Guerra Fria” – um tempo em que o mundo estava dividido entre o Bloco de Leste, antiga União Soviética e o Ocidente, liderado pela América.

Os norte-americanos “precisavam daquele estreito em frente a Timor-Leste, por onde passavam os submarinos atómicos dos Estados Unidos e eram eles que forneciam militarmente a Indonésia. Era importante vender armas (…), tinham negócios em petróleo e não queriam perder nada disso”, analisou o português que emigrou para os EUA e foi mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis na segunda metade da década de 1970.

Em Portugal ou até no Vaticano, as pessoas influentes contactadas por João Crisóstomo diziam que a situação era “muito difícil” e “muito delicada”, o que não o desencorajou. Do Vaticano, João Crisóstomo tentou haver-se do mesmo apoio que recebeu para a salvação das gravuras pré-históricas de Foz Côa, em Portugal, do agora cardeal Renato Martino, na altura arcebispo e observador permanente da Santa Sé na ONU.

“Quando fui falar com ele [Renato Martino] sobre Timor-Leste, ele disse-me: ‘João Crisóstomo, o caso de Foz Côa era um assunto cultural e admiro (…) que conseguimos salvar as gravuras (…), agora o caso de Timor é um assunto político”, recordou.

Ainda assim, na mesma conversa, João Crisóstomo conseguiu convencer o arcebispo de que a invasão indonésia era contra todas as leis, recebeu a bênção para continuar nas suas investidas e obteve ainda a promessa do católico para defender Timor-Leste e dar a sua opinião quando o assunto fosse discutido.

“Eu sei que por trás das cortinas, nas Nações Unidas, ele fez muito por Timor-Leste”, afirmou João Crisóstomo, sorridente e satisfeito. Na celebração da independência, o arcebispo Renato Martino foi nomeado para representar o Papa e celebrar a primeira missa em Timor.

João Crisóstomo tentou também chamar a atenção da ‘media’ internacional, nomeadamente do influente jornal The New York Times, com entrega de documentos a um editor. O português também não se intimidou a falar diretamente com responsáveis de governos de vários países, seja nos Estados Unidos, Portugal ou África do Sul.

Em tentativa de falar com o Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, o fundador da organização LAMETA mandou cartas e fez imensos telefonemas. “A esperança não era muita, mas eu sou teimoso”, contou João Crisóstomo à Lusa.

Ao fim de muitos telefonemas seguidos e de muita insistência, a operadora lá pôs alguém ao telefone: “De repente, era o ministro do Interior da África do Sul”, Mangosuthu Buthelezi, exclamou João Crisóstomo. “Queria saber o que é que se passava”, recordou.

Vários documentos foram enviados por Crisóstomo a Buthelezi, que o ministro sul-africano se comprometeu a encaminhar ao Presidente Mandela. Semanas depois, João Crisóstomo recebeu um recado do ministro sul-africano, também por telefone, que a opinião de Nelson Mandela era que o referendo não era a melhor maneira de prosseguir, mas era um assunto “muito querido” para o chefe de Estado.~

“Passado duas semanas, vem nas notícias que o Presidente Mandela manda o ministro dos Negócios Estrangeiros da África do Sul à Indonésia visitar o Xanana Gusmão [preso político, um dos maiores ativistas pela independência de Timor e posteriormente, primeiro Presidente eleito de Timor-Leste] na prisão e uma carta pessoal para o Presidente Suharto” da Indonésia.

Reconhecendo que não era o único a insistir que Nelson Mandela se pronunciasse, até porque o Governo português estava em contacto permanente com a África do Sul, João Crisóstomo teve a impressão de ter feito alguma diferença.

“Não sei se a minha carta ajudou ou não, mas pelo menos deve-o ter lembrado do interesse que tinha por Timor-Leste”, concluiu João Crisóstomo, que liderou o apoio prestado pela comunidade portuguesa nos Estados Unidos à causa de Timor-Leste.

A antiga colónia portuguesa de Timor-Leste, que obteve independência de Portugal em 28 de novembro de 1975, foi invadida pela Indonésia a 07 de dezembro do mesmo ano e declarada, no ano seguinte, como 27.ª província da Indonésia.~

O período de luta pela autodeterminação foi marcado pela violência.Em 30 de agosto de 1999, com ajuda e patrocínio da Organização das Nações Unidas, realizou-se o referendo para a autodeterminação, com as opções de Timor ter uma maior autonomia e ficar no estado unitário da Indonésia, ou de rejeitar o estatuto especial e se separar da Indonésia.

A independência de Timor-Leste obteve a maioria absoluta no referendo, com 344,5 mil votantes ou cerca de 80% dos votos e foi concretizada em 20 de maio de 2002.

EYL // EL
Lusa/Fim

 

Eduardo Lobão
Editor Internacional – Int’l Affairs Desk Editor
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Nota do editor:

sábado, 26 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2482: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (12): Notas soltas a quatro mãos (Luís Graça / Pepito)


Guiné-Bissau > Bissau > Video Clip (5 m 39 ss), Grupo Furkuntunda > Djunta Mon - TVKlele

Fonte: © You Tube > TVKlele (com a devida vénia...).

Há um comentário a este videoclipe, de Manuel Feiro, que merece ser repproduzido: BRAVO!!! Furkuntunda está de parabéns!!! Força, continuem a enriquecer a nossa música e cultura, com trabalhos como este, vindo da raiz do nosso folclore. Esperamos por mais e muito mais. Obrigado, porque músicas assim é que nos fazem, nós da diáspora, regressar em pensamento à nossa saudosa Guiné. Nô djunta mon dê, nô kumpo nô Guiné, ke nô kiri tchiu nan e ke kata sai di nô corçon.
Abraços e força sempre!


E eu acrescentei estes comentários:

(i) Quem disse que a Guiné-Bissau não tem futuro ? Estes jovens, estes músicos, são a prova da grande vitalidade, engenho, alegria, criatividade, espontaneidade, vontade de vencer o círculo vicioso da pobreza, do povo da Guiné...

(ii) Eu acredito nos jovens, criativos, deste país-irmão; eu acredito na mulheres, empreendedoras e corajosas; acredito ainda na força telúrica e na generosidade dos homens (e mulheres) que lutaram, com as armas na mão e com as ideias e os valores na cabeça, para que a Guiné-Bissau fosse livre e independente, justa e fraterna, e que os guineenses tivessem a paz, a liberdade, a justiça, a dignidade a que têm direito, no seio da África e do resto do mundo globalizado

(iii) Fazendo a ponte com o passado, não ignorando nem escamoteando os marcos (de sinal mais e menos) do passado, bem como as raízes da guineidade, e construindo a estrada do futuro, que eu só desejo que seja tão grande, larga e fecunda como os rios míticos desta terra, do Cumbijã ao Cacheu, do Geba ao Corubal... (LG)



Amigos e Camaradas da Guiné: Divulguem a cultura da Guiné-Bissau, comprem os seus produtos, a começar pelos seus produtos culturais, por exemplo, a sua música, os CD dos seus músicos !... Mas, para já, eu gostava de saber onde poder encontrar e comprar, em Lisboa, este CD do Grupo Furkuntunda (...ou Levanta Poeira) (LG)


Guiné-Bissau > AD-Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 23 de Setembro de 2007

"A Banda de Música Furkuntunda, que significa levanta poeira, acaba de lançar o seu primeiro álbum de músicas, com um grande sucesso na camada juvenil da Guiné-Bissau.

Trata-se de um Grupo constituído por jovens do Bairro de Quelélé, que se foram afirmando de forma crescente pela qualidade da sua música e pelas diferentes coreografias que apresentam durante os seus espectáculos, com base em temas da cultura tradicional".


Foto e legenda: AD - Acção para o Desenvolvimento (2007) (com a devida vénia...)



Ontem troquei com o Pepitpo uma série de notas (soltas) sobre o Simpósio... Aqui vão elas, numa escrita a quatro mãos. As respostas ou os comentários do Pepito vão em itálico (a azul escuro, a bold)

Pepito:

1. A notícia [sobre o lançamento oficial e público do Simpósio] já está na blogosfera...Obrigado pelas fotos.

2. Utilizei ontem também os 'retratos' dos antigos guerrilheiros do PAIGC... São rostos muitos expressivos... Espero encontrá-los em Guileje ou em Bissau, pelo menos alguns... Diz-me se todos estiveram na batalha de Guileje...

Todos estiveram, uns na operação de reconhecimento, mas a maioria na batalha.


3. Queria dar os parabéns ao(s) teu(s) fotógrafos(s) (e operadores de DVD), mas não sei os nomes... Diz-me quem são, para lhes atribuir os créditos fotográficos...É uma justa homenagem.

Estou em dívida contigo: vou mandar a lista do núcleo duro e agora esta que pedes.


4. Quanto às tuas bebidas, elas vão fazer um enorme sucesso. Confirma a minha definição de 'pó de pila'... Achei uma maravilha de humor (africano)... Cá na terra também usamos, na gíria da noite, expressões desse tipo, para os cocktails nos bares e discotecas (em geral, muito sexistas e machistas)... Não consegui perceber qual é a composição... Mas o segredo é a alma do negócio... Julgo que são sumos de frutas vossas...

Olha que não há nenhum segredo. Cada sumo tem a sua composição: cabaceira, tamarindo, farroba, etc, tudo frutos silvestres. O "pó di pila" é exactamente uma aposta nos dois sentidos da palavra: um é o que tu estás a pensar (por isso leva gengibre!!!!!) e o outro refere-se ao pau do pilão...

5. Sou fã do Grupo de Teatro Os Fidalgos. Viu-os em cena no Teatro Dona Maria, em Lisboa, em meados de 2007....Vai ser outro sucesso o teu sarau cultural...

6. Devias mandar para a Lusa a notícia do Lançamento Oficial do Simpósio, se é que não o fizeste... É importante a cobertura mediática para o evento... Gostei do cartaz: Guiné-Bissau, terra de história e de cultura... Vou protestar contra a RTP-África e mandar um reparo à RDP-África...

Tens toda a razão, vou meter a Lusa nisto.

7. Há um camarada, nosso, tertuliano que está a caminho de Bissau: tu conhece-lo bem, é o meu/nosso amigo Xico Allen... Vai com o Fernado, do Clube de Caça do Saltinho... Partiu no mesmo dia em que saiu do Portyo o Padre Almiro Mendes... Deves ter lido a nossa notícia... O Xico voltará depois para partir, de novo, noi Porto, na grande caravana do dia 21 de Fevereiro... Espero que ele chegue bem e te dê um abraço da nossa Tabanca Grande...

Claro que ele será bem vindo, como sempre .


8. Vou fazer um apelo para recolha de objectos, documenntos, fotografias, etc. que possam ter interesse para o teu/nosso museu de Guiledje...

Era formidável!

9. Quero ver se também incentivo a participação de mais malta no fórum do Simpósio (que, diga-se, não é muito amigável, a página está lenta...). Ontem deixei lá um comentário (por lapso, repetido)... Quem é o editor da página ? Está aí ? É alguém de vocês ?

Hoje fica actualizado

10. Boa continuação dos trabalhos. Toma cuidado contigo. Delega... Olha o stresse, que também mata...Luís.

A repercussão do Simpósio está ser extraordinária, cá e aí. Ontem recebi a confirmação da vinda de mais 4 Gringos.

PS - Amigos e camaradas que vão ao Simpósio:

Recados/informações importantes do Pepito:

(i) No nosso site têm estado a sair novas fotos no diorama e notícias nas "informações úteis". Dos militares que virão ao Simposio, alguns não nos mandaram as respectivas companhias. Podes pedir-lhes que dêm essa informação?

(ii) Informa-me se os companheiros que vêm de carro entram por S.Domingos. No caso afirmativo, eles devem passar a saber que a AD dispõe de instalações de acolhimento (alojamento) que eles poderão utilizar gratuitamente. Devem no entanto dizer a data em que por lá passam.