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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20393: Memória dos lugares (402): Nhacra, a guarda avançada da capital, Bissau: afinal, era um sítio onde se podia ir, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra... (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974)


Guiné > Região de Bissau > Nhacra > CCAÇ 3477, "Os Gringos de Guileje"  (Guileje, Nhacra e Brá, 1971/73) > O fur mil Herlander Simões numa patrulha nas imediações de Nhacra.

Foto (e legenda)  © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como era Nhacra ao tempo do nosso grã-tabanqueiro Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974) ? (*)


(...) Em Nhacra, fomos encontrar os camaradas do Pelotão de Morteiros 4581/72 e os do 3º Pelotão AA da Btr AAA 7040/72, além de dois pelotões de Milícias: o 329,  aquartelado em Oco Grande, e o 230, aquartelado em Bupe, ambos pertencendo à Companhia de Milícias de Nhacra e que ficaram adidos à CCAÇ 4540.

O IN não possuía, dentro da ZA, pessoal suficiente em quadros e grupos que lhe permitisse desenvolver uma actividade dinâmica e poderosa, quer para flagelar e atacar o aquartelamento e o Centro Emissor de Nhacra, quer para emboscar as NT fora do aquartelamento. 

No entanto, fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes:

(i) a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7;

(ii)  e a segunda em agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. 

Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT.

Sabíamos que o IN andava por ali perto e que atravessava, frequentemente, algumas linhas principais de infiltração, para o interior da nossa ZA, a saber: de Choquemone, Infaide, Biambe, pela península de Unche para Iuncume, quando se dirigiam para Nhacra.

As principais prioridades da nossa Companhia eram: 

 (i) a garantia da segurança do Centro Emissor de Nhacra; 

(ii) o itinerário Bissau–Mansoa; 

(iii)  e, através de intensa actividade (patrulhamentos e reconhecimentos), evitar que o IN se aproximasse de forma a impedir que pudesse atacar a cidade/capital de Bissau, o Aeroporto de Bissalanca, os complexos milttares de Brá e da Sacor, bem como as instalações militares e civis do Cumeré.

Em onze meses de permanência em Nhacra, nunca tivemos contacto com IN, nem as instalações sofreram qualquer ataque.


Os aglomerados populacionais da ZA da nossa Companhia, distribuíam-se por dois regulados: 

(i) o Regulado de Nhacra com as tabancas de Nhacra (Nhacra, Teda, Sal, Bupe, Sucuto, Incume, Sumo, Nhoma e Cholufe);

(ii)  e o Regulado do Cumeré com as tabancas do Cumeré, Com, Cuntanga, Quide, Birla, Caiana, Som Caramacó, Cola, Nague, Ocozinho, Rucuto e Oco Grande (reordenamento zincado).

A estrutura agrícola existente baseava-se numa economia básica de subsistência, cujos produtos, que ocupavam lugares especiais de relevo, eram o amendoim, o arroz, o milho, a mandioca, o feijão, a cana sacarina e pouco mais.Na pecuária existiam boas condições para a criação de gado, condicionante porém pelo ancestral costume tribal, que considerava o gado como um sinal exterior de respeito e riqueza e não com um factor económico.

Era evidente e manifesto o desagrado em abater, ou mesmo vender, qualquer cabeça de gado, fosse para alimentação ou para outros fins industriais. Em toda aquela zona predominava a etnia Balanta, coexistindo com algumas minorias étnicas que se estabeleceram em chão Balanta, vindas de outras regiões, escorraçadas pela insegurança que a guerra originava, principalmente Fulas, Mandingas e alguns Manjacos.

Os Balantas eram dotados de uma impressionante constituição física, trabalhadores, valentes, enérgicos e com grande força de vontade pela vida, ao que acrescentaria que eram bons agricultores, arrancando da terra os meios de subsistência de que necessitavam, alimentando-se à base de arroz, azeite de palma, milho e mandioca. Além disso, eram polígamos e condenavam o celibato. Extremamente supersticiosos, acreditavam na transfiguração da alma, atribuindo à feitiçaria as suas desgraças.
Bissalanca, BA 12, c. 1972/74: os alf mil
 Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) ~
e Jorge Pinto, prontos para ir até Nhacra,
de motorizadas, comer umas ostras (**)...
Foto: Jorge  Pinto (2019).

Praticavam o roubo, em especial de gado, com a consciência de um acto não criminoso, mas sim um admirável e enaltecedor sinal que revelava a perícia pessoal, bem com de toda a sua própria tribo. O gado bovino que possuíam destinavam-no às cerimónias de sacrifício, nomeadamente nos seus rituais de acompanhamentos fúnebres (choros).

Os Fulas, de um modo geral,  eram hospitaleiros, considerando mesmo a hospitalidade como um dever sagrado.Apesar da influência que o Islamismo tinha entre eles, praticavam ainda o feiticismo e criavam gado, considerado este facto como um sinal de respeito e nobreza.

A acção psicológica desenvolvida pela NT na zona era bastante intensiva, apesar de se constatar em alguns núcleos, certa reserva em relação à mesma, quando não nula, com maior evidência nas tabancas de Sal e Bupe.

As populações tinham apoio médico/sanitário, transporte em viaturas militares, assistência educativa prestada por missões religiosas em várias escolas, um professor militar e vários elementos africanos que estavam adidos à Companhia, sendo também de salientar a assistência religiosa prestada por padres missionários aos domingos. (...).

(...) A área do subsector de Nhacra tinha por limite a norte o Rio Mansoa, a sul o Rio Geba, a oeste o Canal do Impernal e, a leste, confinava com o Dugal.

Era atravessada, nos seus limites, por uma estrada asfaltada (com grande movimento de pessoas e viaturas), que ligava Bissau a Mansoa e, ainda, pela ligação entre Nhacra e Cumeré, também ela em estrada asfaltada. 

A piscina de Nhacra.
Foto de Eduardo Campos (2009)
As tabancas mais populosas tinham ligações com as estradas principais, através de picadas largas. Sobre o Canal de Impernal e no itinerário Bissau – Mansoa, encontrava-se a Ponte de Ensalmá, onde se mantinha em permanência um destacamento da Companhia, dada a sua importância estratégica e pelo facto capital de ser a única ponte que permitia a ligação por terra, entre Bissau e o resto do território da Guiné.

O terreno apresentava uma uniformidade e configuração incaracterísticas, em que os relevos praticamente não existiam, apenas entrecortado pelas bolanhas que abundavam nessa região, visto formarem-se a cotas inferiores às do terreno.

Hidrograficamente a região era rica, com os importantes rios Mansoa e Geba, bastante caudalosos na praia-mar, que chegavam a atingir cerca de três metros de amplitude e invadiam uma série de canais, do qual se destacava o Canal do Impernal, que estabelecia a ligação entre eles, dando origem à ilha de Bissau… Sim, disse ilha, porque Bissau era uma ilha e, curiosamente, muitos dos nossos camaradas desconheciam o facto.

A mata era muita reduzida nessa região, exceptuando-se pequenas manchas existentes no extremo norte do Rio Geba e nas proximidades do Canal do Impernal. Na zona interior a savana arbustiva, era salpicada, aqui e além, por árvores de grande porte (poilões), mangueiros e cajueiros.

Nas Zonas marginais dos rios e dos canais, zonas extremamente pantanosos, abundavam as plantas hidrófilas que se ramificavam em múltiplas raízes, formando o que se designava por “tarrafo”. A fauna, sem ser abundante, poderia considerar-se rica em diversas espécies.

Afinal, Nhacra, a 25 / 30 km, a nordeste de Bissau, era um sítio onde se podia ir, de carro, de moto ou de motorizada, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra. (***)
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Notas do editor:



27 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13362: Convívios (610): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326, 3327 e 3328, a levar a efeito no próximo dia 26 de Julho de 2014 na Quinta do Paúl, Ortigosa (José Câmara)

1. Em mensagem de hoje, 3 de Junho de 2014, o nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviou-nos o anúncio do próximo Convívio do pessoal das CCAÇs 3326, 3327 e 3328, a levar a efeito no próximo dia 26 de Julho de 2014 na Quinta do Paúl, Ortigosa.


AS CCAÇ

 3327 
(Mata dos Madeiros, Destacamentos de Teixeira Pinto, Tite e Bissássema)

3326 
(Mampatá) 

3328 
(Bula) 

vão realizar um convívio de saudade entre os militares daquelas unidades mobilizadas pelo BII17, Angra do Heroísmo.

DIA 26 de Julho de 2014, pelas 10:30 Horas da manhã

LOCAL - Quinta do Paúl
Estrada Nacional, 109 (Paúl)
2425-741 Ortigosa
Leiria – Portugal

Para mais informações sobre o local contactar: www.quintadopaul.com


EMENTA

APERITIVOS
Martini / Porto Seco / Moscatel / Ricard
Vinhos Quinta do Paúl / Sumo de Laranja / Água
Rissóis / Pastelinhos de Bacalhau / Croquetes / Tiras de Potas
Nugget's de Peixe / Argolas de Lulas / Caprichos do Mar / Empadinhas de Frango
Churrasdquinhois (Lentrisca / Morcela de Arroz / Chouriço) c/Selecção de Pão Rústico / Broa
Tapas de Queijo c/Presunto
Pastelaria Mi niatura / Selecção de Frutos Secos / Frutas Frescas

SOPA
Sopa de Legumes

PEIXE
Lombinhos de Bacalhau c/Cebolada
Servido c/Ninhos de Puré e Legumes Salteados

CARNE
Lombinho de Porco Preto Coberto c/Laranja
Servido c/Batatinha Assada e Salada Mista c/Manga

SOBREMESAS
Mouse de Chocolate / Pudim Caseiro / Doce de Amêndoa / Fruta Laminada

BEBIDAS
Vinho Quinta do Paúl (Tinto / Branco)
Vinho Verde Arca Nova / Lambrusco Rosé
Águas / Refrigerantes / Cerveja / Café
Macieira / Bagaceira / Croft / Moscatel / V. Porto / Whisky Novo
Bolo + Espumante Natural Bruto

Preço: 27.50 Euros p/Pessoa

Para mais informações e marcação de lugares contactar:
João Cruz: 937 232 794 ou 967 070 680 (casapintocruz@sapo.pt)
Victor Costa: 969 223 548 (victorcostasmor@gmail.com)
José Câmara: (jcamara301@aol.com)
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE JUNHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13343: Convívios (609): XXIX Encontro do pessoal da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74), realizado no passado dia 7 de Junho de 2014 em S. Pedro de Moel (Sousa de Castro)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10818: Convívios (487): Uma viagem por terras da Lusitânia (José Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 11 de Dezembro de 2012:

Caro mano Carlos, amigos e camaradas,
Junto encontrarão mais uma pequena artigo do que foi a minha viagem por terras da Lusitânia e do convívio das CCaç 3326, 3327 e 3328.
Se algum camarada, e muito especialmente destas três companhias, estiver interessado em mais fotos do convívio, agradeçco que me contactem.

Para todos os meus votos de boa saúde.
Abraço transatlântico.
José Câmara


As Companhias de Caçadores 3326, 3327 e 3328 reuniram em convívio

Esta nossa viagem por terras da Lusitânia foi meticulosamente preparada pelo casal Fur. Mil. João e Fernanda Cruz. Para além dos já referidos encontros com o Juvenal e o mano Carlos e a muito simpática esposa Dina*, a simbiose entre a paisagem natural e histórica permitiu que eu e a minha esposa vivêssemos momentos de êxtase indescritíveis. Portugal é lindo em ambas vertentes!

Por terra de Óbidos, durante a Feira Medieval, tivemos a oportunidade de observar um povoado parado no tempo. Muralhas bem mantidas, pórtico altaneiro, ruas limpas, casario pintado, estabelecimentos asseados, muitos estudantes estrangeiros, vestidos ao rigor de épocas passadas, a viverem a história de Portugal. Os jovens portugueses pareciam contentes em observá-los. A ginjinha em copo de chocolate é uma autêntica delícia. Experimentei-a uma à entrada das muralhas. Quando saí tomei-lhe o gosto novamente.

No Castelo de Óbidos o tempo parou dentro das suas muralhas 

Na serra do Buçaco fechámos os olhos e vimos os franceses a serem desbaratados e a regressarem a seu país cabisbaixos, derrotados. Não uma vez, mas três vezes. Agora, naquela serra vive-se o silêncio e a paz que as lindas árvores centenárias parecem pedir. As águias-reais nos seus voos majestosos são mais um ornamento a encher os olhos dos mais requintados. O belo Mosteiro, transformado em pousada turística, rodeado de belos e bem tratados jardins completa a paisagem.

O conjunto arquitetónico, o arranjo primoroso dos jardins e o silêncio da paisagem transformam Buçaco num lugar idílico. 

Dali ao Luso foi um instante. Como antigamente, pela palma da mão, bebemos água da fonte. Adoro aquela água. É pena chegar aos EUA não ao preço da chuva, mas ao preço do ouro. O constante vaivém das pessoas a carregarem a água da fonte chamou-nos a atenção. Cinco garrafas por pessoa é o autorizado. A sombra do fim do dia convidava a um passeio por entre os jardins daquela bem tratada avenida. Foi isso que fizemos! Em Alcobaça, ficámos surpreendidos com a grandeza do Mosteiro que dá por aquele nome. A altura do Mosteiro, a beleza das suas colunas, a criatividade dos altares e dos túmulos levam-nos a outras épocas e a perguntar: como foi possível construir tanta magia, tanta beleza? No seu interior vivemos a história de um amor proibido. Os lamentos e as esperanças, os gritos da agonia da morte e os de revolta ecoam pela imensidão daquele espaço. Trágico, cruel! Os dois amantes, Pedro e Inês, conseguiram na morte a justiça que em vida lhes foi negada. Ficaram juntos! Como testemunha eterna têm a Cruz do Salvador.

Mosteiro de Alcobaça, conjunto harmónico de rara beleza: arquitetura, religião, história.

Na Nazaré, lá do alto da escarpa, apreciámos a bela e imensa praia e a imensidão do mar que a beija. Mas a nossa atenção foi mesmo para a Ermida da Memória. Ali fomos convidados pelo navegador Vasco da Gama, a ajoelhar-nos perante a veneranda imagem de N.ª Sra. da Nazaré. Dizia-nos ele que aquela Senhora, mais do que outra qualquer, o iria ajudar no seu grande empreendimento, a descoberta do caminho marítimo para a Índia. O resultado obtido certamente que é um grande testemunho da sua fé.

Monumento a imortalizar a passagem do navegador Vasco da Gama por Nazaré. 

Ao sairmos da Ermida demos de caras com o D. Fuas Roupinho. Acabara de perseguir um veado que se atirara pela escarpa. Homem de grande fé, dava graças à N.ª Sra. da Nazaré por lhe ter salvado a vida, quando o seu cavalo refreou a corrida a tempo de não cair pela enorme falésia. A atestar as suas palavras lá estavam os sulcos feitos pelas patas da sua montada e a ponta da falésia criada pelo arrasto das pedras debaixo das patas do cavalo. Nas mesmas circunstâncias também teria feito agradecimento semelhante. Do veado, não sabia o que lhe tinha acontecido depois de cair daquelas alturas. Mas lá foi acrescentando que devia ser o mesmo que eu, algumas vezes, tivera na mira da minha G3, algures nas matas da Guiné. Assim, com esta simplicidade, se fez história e lenda através dos tempos.

No Sábado, dia 21 de Julho, marcámos presença em Reguengo do Fetal, no restaurante Pérola do Fetal. Um autêntico retiro, acolhedor, amplo, com excelentes espaços circundantes. Foi aqui que as CCaç 3326, 3327 e 3328 marcaram presença. Pela segunda vez, desde que saíram da Guiné, os militares destas companhias se reuniram em convívio. Companhias independentes, formadas no antigo BII17, Angra do Heroísmo, com destinos e comandos diferentes na Guiné, têm como elo de ligação mais importante a grande amizade que havia entre os seus militares.

Bolo comemorativo do convívio 2012. 

Um convívio desta natureza, que no caso destas companhias deve ser raro, possivelmente único, só é possível com o máximo de colaboração entre aqueles que se encarregam de levar a bom porto um evento desta natureza. O José Santos, Cabo Enfermeiro da CCaç 3326, que acabou por não poder estar presente, o Fur Mil João Cruz da CCaç 3327 e o Fur Mil Victor Costa da CCaç 3328 foram os responsáveis por um convívio impecável na organização e no convívio social. Eles estão de parabéns por um evento muito bem conseguido.

Os Furriéis João Cruz e Victor Costa, dois dos responsáveis pelo convívio 2012.

Foram escolhidos os representantes de cada companhia para se dirigirem aos camaradas e seus familiares presentes. Das palavras proferidas, há que ressalvar o compromisso que nós, militares que fomos, ainda temos para com a história. Para além do reconhecimento e agradecimento pela presença de todos, foi recapitulada a história dos nossos convívios. Também se falou da nossa história ultramarina, quando fomos chamados a combater na Guiné. Foi relembrado que nenhum de nós tinha que se envergonhar por ter cumprido o seu dever.

José Câmara e o Alf Mil Francisco Magalhães, Cmdt do 4.º GCOMB

É sempre confortante reencontrar aqueles com quem convivi muitos meses, alguns bem difíceis, em terras da Guiné. Na chegada, o abraço é um matar saudade. No fim do convívio levámos os últimos abraços e as últimas palavras de esperança. A dolorosa despedida. Um até para o ano, possivelmente na linda Ilha de São Miguel.

O Alf Mil Ferraz e a Esposa. Mais atrás o Alf Mil Neves. Na mesa, José Câmara, Tesoureiro-Adjunto. 
(Foto Cortesia de Luís Pinto)

A caminho de Lisboa fomos deixando os quilómetros para trás. E com eles fomos revendo, entusiasmados, as delícias sociais do dia. Chegámos à capital já noite e ali outro abraço de despedida aos meus bons e grandes amigos que, no convívio de 2010, nos tinham recebido na sua casa, no Algarve, o casal Luís Pinto e a Samara Araújo. Deles trago sempre um saco de bom companheirismo e camaradagem e amizade.

Já não conseguimos juntar todos para a foto da despedida.

Ainda nos estava reservada uma grande surpresa para aquela noite. O João Cruz levou-nos ao Monumento aos Mortos dos Combatentes do Ultramar. Ali, pela primeira vez, tive a oportunidade de apreciar o que o meu País fez pelos seus filhos, que não se coibiram de sacrificar a vida por ela. Aproveitei a oportunidade para lhes prestar a minha singela homenagem enquanto ex-militar e católico. Conversei um pouco com o Manuel Veríssimo, um garboso militar da CCaç 3327, cuja vida a Pátria requisitou e Deus chamou ao Seu regaço.

No regresso ao Hotel, o nosso Capitão Alves ainda esperava por nós. Tal como nos tempos da Guiné ele está sempre ao nosso lado. A noite já ía longa, mas isso não interessa. Havia que aproveitar todos os minutos. Finalmente a despedida. Ao Cap. Alves e ao casal Picanço que foi do Canadá, via Graciosa.

Um agradecimento muito especial aos nossos amigos João e Fernanda Cruz pelo cuidado e pelo carinho que puseram em todos os detalhes, para que nos sentíssemos como se estivéssemos em casa.

Já no avião que nos levava de regresso aos Açores, a minha madrinha de guerra, a minha esposa, ainda surpreendida com tudo o que nos acontecera de bom, e que foi muito, perguntou:
- Tu tens amigos maravilhosos. Como é possível tanta amizade ao fim de tantos anos?
Respondi:
- Esses amigos maravilhosos, que agora conheces, são parte de uma família muito especial. A amizade quando é baseada no respeito e na honestidade sobrevive independentemente das circunstâncias da vida.

A viagem até ao Faial ainda demoraria algum tempo. O corpo pedia um fechar de olhos. Foi isso que fiz sonhando com o próximo ano, com o próximo encontro.

Sim eu tenho amigos maravilhosos.
José Câmara
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10372: Blogoterapia (216): As amizades são para serem vividas (José Câmara / Carlos Vinhal)

Vd. último poste da série de 17 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10814: Convívios (486): Almoço/Convívio de Natal da Tabanca dos Melros, ou o Último Voo de 2012 (Jorge Teixeira - Portojo)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10201: Um pouco da História da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73 (José Santos)

1. Mensagem do nosso camarada José Santos* (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73), com data de 22 de Julho de 2012:

Caro Luís
Aqui te envio um pouco da História da CCAÇ 3326

Um abraço
José Santos




COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 3326

"OS SEMPRE OPERACIONAIS"

Ilha Terceira > Angra do Heroísmo > Monte Brasil > BII 17

Foto: © Carlos Vinhal (2006). Todos os direitos reservados

A Companhia de Caçadores N.º 3326 teve como Unidade mobilizadora o Batalhão de Infantaria Independente 17 (BII17), Angra do Heroísmo, Açores.

A sua concentração teve início a 7 de Setembro de 1970, sendo esta unidade oriunda das ilhas dos Açores.

Neste dia 7 de Setembro de 1970, começou a instrução operacional terminando a 24 do mesmo mês, e os seus homens foram considerados prontos a 20 de Outubro 1970.

A 13 de Novembro de 1970 estas tropas embarcaram no navio Funchal com destino ao Continente, concretamente ao Centro de Instrução Militar de Santa Margarida, dando-se o início do IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional).

A 21 de Janeiro de 1971, pelas 12 horas embarcando no navio Angra do Heroísmo este fez-se ao mar, com o destino da Guiné-Bissau.

Navio Angra do Heroísmo > Coa a devida vénia a Dicionário de Navios Portugueses

A 26 do mesmo mês chegou a Bissau pelas 6 horas da manhã, a seguir a Companhia iria para o Depósito de Adidos, e pelas 15 horas teve lugar a cerimónia de boas-vindas pelo Governador e Comandante-Chefe General Spínola.

A 11 de Fevereiro 1971 a Companhia chegaria a Buba de LDG, e de seguida partiria em coluna militar rumo a Mampatá aonde chegaria pelas 15 horas. A partir dessa altura iria substituir a Companhia de Artilharia N.º 2519, que tinha terminado a sua comissão de serviço.

Região de Tombali > Mampatá > Uma foto aérea de povoação e aquartelamento.

Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .

A CCAÇ 3326 era comandada pelo Capitão Artª. Paula de Carvalho, oriundo da GNR.

Foi muito difícil a nossa missão, mas partimos para ela com o sentido de se fazer o melhor possível e tentar sair desta situação no longo período que se adivinha difícil, sem baixas de vulto.

Passaram-se períodos conturbados e a nossa acção daria frutos pelo desgaste que provocávamos ao IN.

Honrando a nossa divisa, "OS SEMPRE OPERACIONAIS", nunca nos deixámos levar por vencidos.

Tivemos unicamente um morto, não pela mão do inimigo mas por uma mina montada por nós, foi uma infelicidade este facto.

De registar a harmonia sempre reinante entre os elementos da Companhia e a população nativa, sendo a acção psicológica exercida uma constante para que desse o seu fruto, com a vontade evidenciada pelos naturais de quererem continuar a ser Portugueses.

Em junho de 1971, altura em que começavam a cair as primeiras chuvas, e a intensidade destas se fizeram sentir, principalmente as várias bolanhas nos itinerários, constituiu uma das muitas dificuldades sofridas por todos nós. A determinação e a vontade de vencer, mesmo com a roupa colada ao corpo pela chuva ou pela transpiração dos dias quentes de África era uma condicionante para cumprir o nosso dever porque uma das características do soldado Português era fazer o melhor em qualquer teatro de operações.

Depois de 18 meses neste inferno, Spínola retirou-nos deste local e fomos colocados em Quinhamel até ao final da comissão a 7 janeiro de 1973.
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9705: Blogpoesia (185): Pelas estradas de Mampatá (José Santos)

sábado, 9 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10016: Convívios (450): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, dia 21 de Julho de 2012 na Batalha (José da Câmara)

 


 1. Em mensagem do dia 8 de Junho de 2012, o nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), pediu-nos para publicitar o Encontro de saudade do pessoal das CCAÇs 3326; 3327 e 3328, a realizar no dia 21 de Julho de 2012, a partir das 10h30 da manhã Reguengo do Fetal, Batalha.





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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10010: Convívios (267): IV Encontro dos “Ilustres TSF” (Hélder Sousa)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9705: Blogpoesia (185): Pelas estradas de Mampatá (José Santos)

1. Em mensagem de 28 de Fevereiro de 2012, o nosso camarada José Santos* (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 3326, Mampatá e Quinhamel, 1971/73) enviou-nos este seu poema:


Guiné

Pelas estradas de Mampatá
Caminhando
Ao sol, à chuva, ao vento
Olhos esbugalhados
Respira-se
A essência das árvores
Procurando o inimigo
Sobressaltados
Corações a palpitarem
Olhando acolá
Pernas tremendo
É o sofrer descomunal
Das horas que não passam
Horas infinitas
Sem dormir
Com fome, com sede
O tempo não passa
Atravessa-se as bolanhas
Malditas bolanhas
Precauções ao vivo
Cabeças girando
Mosquitos depravados
Umas quantas ferroadas
Em corpos suados
Assim é longo o tempo
Este não passa
Do inimigo nada
Ansiedade,
Palpitações
O sangue quente
Corre nas veias escaldantes
Suor, lágrimas
Mas nada de prantos
O militar é
Valente, destemido, desconfiado
Sofre as agonias
Do combate
Sem pestanejar
Ouvidos atentos à muda 
Da progressão
E o tempo não passa
Escurece
A noite aproxima-se
É mais uma noitada
De pé debaixo das árvores
Umas vezes sentados
Outras deitadas
Cansados
E o tempo não passa
Chega a madrugada
Será mais um dia
Calmo, perturbado
Nunca se sabe
Ouve-se ao longe
Tiros de rajada
Granadas rebentando
Os hélios aproximam-se
O canhão dispara
Vive-se ansiedade
O inferno não acaba
Maldita a guerra
Guerra que aflige o
Mundo
Erros perfeitos da filosofia
Guerra que inflige morte
Provas que a guerra é falsa
Tudo é mexer, fazer coisas,
Deixando rastos
Guerra é lugar confuso de pensamento
A Humanidade revolta-se
É a destruição do povo
É orgulho e crueldade
É química da natureza
A guerra é um sem número de almas
Estas não têm calma
Não é a mesma gente
Nada é igual
Ser real é isto
Pouco me importa
Não importa o quê
Não sei
Mas nada me importa
Que dizer dos que não
Passaram por tudo isto
Sorte, azar
Nunca se sabe
Mas o militar de cabeça levantada
Procura escapar
Não procura sarilhos
Mas não chega o tempo
Sair dali para fora
Na imensidão do capim
Nunca mais acaba
Esta guerra sem fim 
Fazem-se patrulhas
Em botes de borracha
Vêem-se crocodilos
Mandíbulas enormes
É grande o susto
Mas o militar é
Destemido, valente, guerreiro
Audaz, persistente, bravo
E passa mais um dia
E a guerra não tem fim
É grande o sofrimento
O desgaste, a tensão
Nervos à flor da pele
Mas o tempo custa a passar
Os ponteiros do relógio
Não andam
E o tempo não passa
Nervos de aço
Tem um militar

José Santos
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9632: Blogpoesia (184): O tuteio ou o tratamento por tu, entre os camaradas da Guiné... (No Dia Mundial da Poesia... e da Água) (Luís Graça)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9079: (Ex)citações (157): O sentido da expressão "assassinos de Mampatá" (Mário Pinto, CART 2519, 1969/71)

1. Comentário ao poste P9059, colocado por Mário Pinto (de seu nome completo, Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519, "Os morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71):

do Mário Pinto Caros camaradas:


A Cart 2519 a que eu pertencia quando se instalou em Mampatá por volta do fim de Agosto de 1969, depois da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa,  de má memória, recebeu como missão interceptar as colunas do PAIGC no corredor de Missirá que se deslocavam de Sul para norte via Nhacobá-Uane-Xitole.

Para cumprimento desta missão todos os dias um Grupo de Combate reforçado fazia emboscada no dito corredor em quanto outro Gr Comb patrulhava as imediações perto do corredor.

Neste contexto de acção foram diversas as vezes que interceptámos as colunas do PAIGC que na sua maioria era composta por carregadores civis, (população nativa controlada pelo PAIGC,) que se tornaram vítimas da guerra por força das circunstâncias do fogo aberto por nós quando caíam na zona da emboscada.

Era habitual depois da emboscada fazermos aproximação e reconhecimento ao local para recolher o material e feridos do IN se os houvesse e confrontarmo-nos com a realidade da acção.

Fomos também muitas vezes apeliados de ASSASSINOS pela Rádio Conakry, julgo que era norma o trato dado a todos nós pelo PAIGC quando tinham baixas.

Por isso acho que o termo Assassinos de Mampatá, a meu ver,  é um termo mais antigo que a CCAÇ  3326, herdou quando rendeu a minha Companhia em Mampatá.

Quanto á expressão: "Quando chegámos a Mampatá entrámos a matar, naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistámos"... 

Camaradas, lamento dizer mas não é correcto e posso confirmar pelos relatórios que tenho em meu poder.

Toda a Zona era complicada, sim, mas dominada pelas nossas forças que se movimentavam por toda a ZA causando vários desaires ao PAIGC, conforme se pode ver nos documentos e Historial da CART 2519. Agora julgo existir aqui é uma discrepância, pois como é sabido que as condições apartir do segundo semestre de 1971 tornaram-se mais duras e cresceram de intensidade por força de uma acção mais forte das tropas do PAIGC.

Posto isto...

Um abraço

Mário Pinto


PS - Em poste de 4 de Agosto de 2011, publicado no seu blogue (CART 2519 - Os Morcegos de Mampatá), o Mário Pinto informa o seguinte:

"Informo todos os Morcegos que já tenho pronto vários livros em Fotocópias do nosso Cap Jacinto Manuel Barrelas  Há Sangue na Picada. Quem o pretender deverá fazer o pedido para o meu email, pintanof@gmail.com ou pelo telm 931648953. O mesmo será enviado gratuitamente para a morada indicada pelos camaradas" .
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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 15 de Novembro de 2011 >  Guiné 63/74 - P9046: (Ex)citações (156): A recensão a Pami Na Dondo foi feita não ao livro mas à pessoa do autor (Mário Fitas)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Guiné > Região de Tombali > Mampatá (?) > CCAÇ 3326 (1971/73) > Ex-1º Cabo Enf José Santos

Foto: © José Santos (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, de 14 do corrente, do novo membro da Tabanca Grande, José Santos, que mora em Algés, Oeiras:

Caro amigo Luís Graça, fui 1.º Cabo Enfermeiro da Companhia de Caçadores 3326, de Janeiro de 1971 a Janeiro de 1973 em Mampatá (Aldeia Formosa) e Quinhamel.

Tenho lido algumas descrições da tabanca, e em uma delas fui encontrar o meu colega Brum, rapaz do meu pelotão e que se encontra no Canadá, e a carta foi escrita pela sua filha.

Caro Luís, tenho dois episódios muito significativos para mim, que me ficarão para sempre na minha memória, e são para serem publicados na tabanca caso entendas ok.

O primeiro aconteceu em Mampatá, certo dia estando de serviço à enfermaria cerca das 3 horas da madrugada, foi solicitada a minha presença numa tabanca a fim de dar assistência a uma africana. Quando cheguei encontrei um panorama tremendo, a mulher deu à luz um casal de gémeos que ainda respiravam, e com o estetoscópio verifiquei seus batimentos cardíacos, mas as crianças acabariam por falecer cerca de uma hora depois. A mulher encontrava-se deitada em cima de uma esteira com todo o aparato inerente a uma gravidez.

A mulher teria 7 meses de gestação, mas abortou derivado a ter levado uma tareia do marido. Cuidei dela aplicando-lhe uma injecção de buscopan para as dores, uns comprimidos,  e ajudei a limpá-la pois ainda continha impurezas.

Dias depois de já se encontrar restabelecida, foi ter comigo à enfermaria levar-me uma galinha de mato pelo reconhecimento da forma como a tratei.

O segundo  episódio passou-se em Quinhamel, também uma rapariga apresentava a canela com um buracão, carne esponjosa, ulceração, com as moscas era horrível, levei cerca de 7 a 8 semanas a tratá-la mas ficaria curada.

A seguir a isto tudo, surgiu na enfermaria com uma galinha de mato e uma dúzia de ovos, pela ajuda prestada.

Estes dois casos deixaram em mim imenso orgulho, tanto pessoal como profissional na área da saúde e não só, aliás fui durante 40 anos técnico de farmácia, e um dos meus patrões era enfermeiro diplomado da Cruz Vermelha como seu filho e nora, e aprendi muito com estas pessoas.

Estando em Mampatá fui sempre eu que acompanhava os doentes ao Hospital de Bissau, o capitão não confiava essa missão ao furriel, e assim viajei muito entre a Aldeia Formosa e Bissau.

Amigo Luís Graça,  já nos conhecemos na livraria em Oeiras, e agora vou-te comunicar o seguinte: etou com ideias de ir exercer voluntariado para o Hospital de Cumura, fui convidado por um padre médico que exerce lá esse serviço, já falei pessoalmente com ele, de momento encontra-se cá em Lisboa a fim de recolher medicamentos e material necessário, porque a falta destes é evidente.

Para mim a nível sentimental e profissional é uma enorme alegria, e caso concretize tal acto será sem duvidas poder pôr ao serviço da saúde todos os meus conhecimentos adquiridos, e ajudar e contribuir para as melhoras desta gente tão desprotegida.

Os meus contactos são (...).
 
 Um abraço

Santos

2. Comentário de L.G.:

Deixa-me, camarada José Santos, dar-te as boas vindas em nome de todos os membros da Tabanca Grande que, com a tua entrada, passam a perfazer um total de 526.  Já nos encontrámos, de facto,  na Livraria-Galeria Municipal Verney, em Oeiras, há uns meses atrás. Esse primeiro encontro deu para nos apresentarmo-nos. Depois disso já temos falado (e continuaremos a falar) ao telefone.

Ficas formalmente apresentado aos amigos e camaradas da Guiné que fazem parte deste blogue. Conheces as nossas regras de convívio [, que consta da coluna do lado esquerdo do blogue,] e comprometes-te a colaborar connosco sempre que achares oportuno e necessário.

Para já ficam aqui as tuas primeiras fotos e histórias. Mais tarde falar-nos-á com mais detalhe da tua CCAÇ 3326, e dos sítios por onde andaste. Julgo que és o primeiro da tua companhia a figurar na nossa Tabanca Grande. Se não erro, só tenho uma ou duas referências à CCAÇ 3326.

Aproveito para acrescentar algo sobre esta subunidade (que, tanto quanto sei, era independente):

(i) Foi mobilizada pelo BII 17 (Angra do Heroísmo);
(ii) Partiu para o TO da Guiné em 21/1/1971 e regressou quse 24 meses depois, a 7/1/1973;
(iii) Esteve em Mampatá e Quinhamel;
(iv) Comandante: Cap Mil Art José Carlos de Paula Carvalho.

Seguiu para a Guiné, no mesmo navio, com a CCAÇ 3325 (Guileje e Nhacra), a CCAÇ 3327 (Brá, Bachile, Bassarel, Tite, Bissau), e ainda a CCAÇ 3328 (Bula, Ponta Augusto Barros e Bula). A CCAÇ 3325 era madeirense (BII 19, Funchal), e as restantes, açorianas (BII 17, Angra do Heroísmo). 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P8977: Em busca de ... (175): 1.º Cabo Corneteiro Albino da CCAÇ 3326, Mampatá, 1971/72 (José Barros Rocha)

1. Mensagem do nosso camarada José Barros Rocha (ex-Alf Mil da CART 2410 - Os Dráculas, Guileje e Gadamael, 1968/70), com data de 30 de Outubro de 2011:

Caro Camarigo Carlos Vinhal
Desde já as minhas desculpas pelo "trabalho" que venho solicitar e que é o seguinte:

Conheci há dias um Camarada que também esteve na Guiné, mais precisamente em Mampatá, nos anos 1971/1973, integrado num Pelotão Independente de Armas Pesadas agregado à CCAÇ 3326, que me perguntou se seria possível localizar um outro Camarada, de quem era amicíssimo e do qual perdeu o contacto desde o regresso. Respondi-lhe que iria tentar através da "nossa" Tabanca, e daí este meu pedido.


Sinteticamente:
O camarada que ele procura chama-se Albino, natural da Covilhã, tinha o posto de 1.º Cabo Clarim e pertencia à CCAÇ 3326, sediada em Mampatá.

Renovo as desculpas e desde já os meus agradecimentos pelo que puderes conseguir para este nosso camarada.

Um abraço camarigo
José Rocha
CART 2410


2. Comentário de CV:

Aqui fica o pedido do nosso camarada José Barros Rocha, em nome do camarada (não identificado) que procura o Albino, ex-1.º Cabo Corneteiro da CCAÇ 3326 que esteve em Mampatá entre Fevereiro de 1971 e Agosto de 1972.

Não temos no nosso Blogue nenhuma referência à CCAÇ 3326, nem na página do nosso camarada Jorge Santos há algum pedido de contacto desta Unidade.
Resta a esperança de que algum dos nossos leitores possa dar uma ajuda.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8938: Em busca de ... (174): Henrique Paulino Serrão, ex-Marinheiro Fuzileiro Especial do DFE10, procura informação sobre a localização dos seus camaradas

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5116: Em busca de... (98): Pessoal da açoriana CAÇ 3326 - Os Jovens Assassinos de Mampatá (1971/73) (António Amaral Brum, Ontário, Canadá)



Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > Um foto aérea de povoação e aquartelamento... A unidade de quadrícula anterior terá sido a CCCAÇ 3326 (1971/73, Mampatá e Quinhamel) a que pertenceu o nosso camarada António Amaral Brum, há 36 anos emigrado no Canadá.


Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .


1. Texto do editor L.G.:

Recebi ontem um telefonema do Canadá, da esposa do nosso camarada António Amaral Brum, de origem açoriana, ex-Sold da CCAÇ 3326 – Os Jovens Assassinos de Mampatá (sic), e que teve como comandante o Cap Mil Art José Carlos Paulo Carvalho, militar e homem que ele muita admirava, e de quem gostaria de ter o contacto telefónico.

Esta subunidade, composta por militares açorianos, partiu para a Guiné em 21 de Janeiro de 1971 e regressou em 17 de Janeiro de 1973. Esteve em Mampatá e Quinhamel. É contemporânea das:

(i) CCAÇ 3325 (Guileje, Nacra; Cap Inf Jorge Saraiva Parracho);

(ii) CCAÇ 3327 (Brá, Bachile, Bassarel, Tite, Bissau; Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves);e

(iii) CCAÇ 3328 (Bula, Ponta Augusto, Barros, Bula) (esta última, com cinco comandantes).

Todas elas foram mobilizadas pelo BII 17 (Ponta Delgada), com excepção da última que veio do Funchal (BII 19).

O telefone do nosso camarada Brum é o 905 664 1497 (telemóvel ? nº fixo ?). Não tenho a certeza de ter percebido bem o apelido, mas pareceu-me ser Brum. Vive em Hamilton, Ontário (possivelmente, é preciso marcar o prefixo do Canadá e da região, para contactar com ele pelo telefone).

O Brum gostaria muito de encontrar antigos camaradas, em especial o Fur Mil Martinho (ou Martins ?), bem como o Portugal, para além do seu antigo capitão (que chegou inclusive a convidá-lo para vir trabalhar com ele no Continente).

Está há 36 anos no Canadá. Há 14 teve um acidente de trabalho na fábrica onde trabalhava, e que lhe provocou traumatismo craniano (“brain injury”). Está reformado, e faz a sua vida normal, conduz o seu carro, etc.

Falei com a esposa, açoriana, com sotaque cerrado de S. Miguel. Disse-me que queria muito fazer uma surpresa ao marido. Voltou hoje a falar-me… Não conhece Lisboa. Julgava que eu tinha uma base de dados com todos os contactos de todos os militares que passaram pela Guiné, e que logo ali lhe daria o telemóvel do ex-Cap Mil Paulo Carvalho. Alguém lhe deve ter dito que eu também falava numa rádio… Meu Deus, onde já vai o nosso blogue!…

Pareceu-me ser uma pessoa simples e uma esposa dedicada… Pedi-lhe para me mandar fotos, digitalizadas, do marido. Vai pedir à filha, que sabe trabalhar com a Internet. A última vez que o casal veio aos Açores foi há 10 anos. Insistiu comigo para pôr à frente do nº da companhia o nome de guerra por que eles eram conhecidos – Os Jovens Assassinos de Mampatá

Amigos e camaradas, quem pode dar uma ajuda a este nosso camarada da diáspora portuguesa ? (*)

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Nota de L.G.:


(*) São escassas as referências à CCAÇ 3326 no nosso blogue: