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sábado, 16 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27123: As nossas geografias emocionais (537): EUA, Flórida, Key West: passei à porta do José Belo, meu camarada (António Graça de Abreu, Cascais)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº  7

Key West, Florida, Estados Unidos da América


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.  Texto ("Em Key West, Flórida, Estados Unidos da América") enviado na  quinta, 14/08/2025, 23:51  


EUA, Flórida, Key West, 2025: passei à porta do José Belo, meu camarada

por António Graça de Abreu


Agora, peregrino, vago e errante
Vendo nações, linguagens e costumes,
Céus vários, qualidades diferentes
.

Luís de Camões


 António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, 
Teixeira Pinto / Canchungo, Mansoa e Cufar, 
junho de 1972/abril de 1974; 
sinólogo, escritor, poeta, tradutor; 
tem c. 380  referências no blogue


Alugo carro no aeroporto de Miami e avanço com o meu filho João para uma grande volta pela Florida (Foto nº 1)
.
Começamos pelos jacarés e crocodilos em Everglades (Foto nº 2), nós pendurados num airboat, um hidroplanador que flutua suspenso sobre os muitos canais nas zonas pantanosas e nos leva a saudar os simpático
s répteis que aparecem um pouco por todo o lado, até no meio do asfalto da estrada por onde circulamos. 

Seguimos para a cidadezinha de Naples, dormida em motel, não muito caro, 70 dólares pelas duas camas. Os americanos da Flórida vivem bem, habitações de luxo por tudo quanto é sítio, a terra está cheia de Ferraris e Porsches, uma panóplia de automóveis caríssimos. 

Donald Trump, presidente dos EUA, também tem por aqui uma enorme mansão. 

Seguimos para São Petersburgo, não a Petrogrado dos russos, mas o burgo norte-americano plantado pelas gentes vindas da terra dos czares que desaguou em solos floridos. 

A cidade alberga hoje um extraordinário museu dedicado integralmente às obras surreais de Salvador Dali, o catalão genial de bigodes revirados, génio desbragado e pincel mágico (Fotos nºs 6 e 7). Diante de mim, 96 quadros, memórias vivas, coloridas da arte de Dali;
  • pintando a curvatura dos montes com o corpo cheio das mulheres da Catalunha, enlaçando céu e a terra;
  • os olhos de Gala, a amante exuberante e elanguescente, capazes de trespassar paredes;
  • uma lagosta suada está ao telefone;
  • naturezas mortas renascem todos os dias no pincel de Dali;
  • uma menina de caracóis perde-se nas lonjuras de Castela, meu Deus, as nádegas como dois sóis;
  • a grande tela com Colombo descobrindo as américas, as velas da nau enfunadas pelo sopro de serafins e arcanjos, o pintor humildemente ajoelhado em terra segurando um crucifixo;
  • depois, Cristóvão Colombo, tão jovem, levantando um pendão com a imagem da deusa que conduz os homens ao encontro de mais mundo;
  • Gala ou a Virgem Maria.

Atravessamos a Flórida. Em Orlando passamos ao lado da Disneylândia, já somos gente crescida, não existe vontade de ir cumprimentar o Pato Donald ou o Mickey. Acabamos por abancar em Cabo Canaveral (Foto nº 3). 

 Daqui partem os foguetões que levam a espécie humana para viagens espaciais, especiais, rumo à lua e a infindáveis órbitas terrestres. A fantástica aventura, o engenho das gentes.

Dormir em Miami e seguir para Key West, outrora uma ilha, mas há já umas boas dezenas de anos ligada ao continente por uma estranhíssima Overseas Highway, uma fantástica estrada levantada sobre rochedos, pequeníssimas ilhas e sobretudo por cima de pontes e aterros lançados sobre o mar. A estrada estende-se por 256 quilómetros. 

Em Key West, porto de cruzeiros, terra de turistas, de gente boa e de desvairadas criaturas, estamos apenas a pouco mais de 100 quilómetros de Cuba (Fotos nº  4 e 5).

 Nos anos trinta do século passado, Ernst Hemingway aqui construiu uma magnífica casa  (Fotos nºs 6 e 7) a que a sua esposa de então acrescentou uma enorme piscina. 

Tudo se mantém impecavelmente conservado, até os muitos descendentes dos incontáveis gatos de Hemingway, nascidos e criados no lugar, continuam a habitar o casarão.

Em Key West mora hoje o José Belo, ex-capitão de infantaria, militar de armas aperradas comigo nos distantes anos da nossa guerra na Guiné-Bissau, anos 1968/70.

Pós-conflitos bélicos, eu segui para as terras da China, o José Belo estacionou e fez vida nas paragens frias da Lapónia, no norte da Suécia. Depois voou para a América. 

Não consegui encontrá-lo em Key West, não tinha o seu contacto. Mas sei que estava por perto. Um abraço ao camarada da Guiné.

(Revisão / fixação de texto, título, negritos, edição de imagem: LG)

__________________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 29 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27064: As nossas geografias emocionais (536): a Nhacra que eu conheciu no final da guerra (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27116: Felizmente ainda há verão em 2025 (16): Key West, na Flórida, EUA: é um casa portuguesa, concerteza, onde, além do pão e vinho sobre a mesa, também há cobras venenosas no quadro da electricidade... (José Belo)








EUA  > Flórida > Key West > Casa do Joseph Belo... com um triplo "look", luso-sueco-americano,,,


Fotos: © José Belo  (2025. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



1. Mensagem do
Joseph Belo (Key West, Florida, EUA)

Data - 12 agosto 2025 17:03

Assunto - Numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa...

... Mas na solarenga Key West, na Flórida, além do pão e vinho sobre a mesa, surge cobra venenosa no quadro da electricidade.

A um veterano de destacamento isolado no Sul da Guiné dos finais dos anos sessenta só lhe faltava……isto!

Um abraço amigo do J. Belo


___________________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 12 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27115: Felizmente ainda há verão em 2025 (15): Camaradas, perguntar não ofende: "Pode a CPLP vir a transformar-se em CPLB" ?... E a gente a pensar que em bom português "nois sintendi"... (António Rosinha, ex-colon, ex-retornado de Angola, ex-cooperante na Guiné-Bissau)

sábado, 9 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27102: Consultório Militar do José Martins (87): O Cartão de Antigo Combatente: resposta a um pedido do Zeca Macedo (EUA, Mass, Cambridge)





Zé Martins (o nosso colaborador permanente para:  questões jurídicas, Hisória Militar, Arquivos)...


Monte Real, 2017

1. Mensagem do José Macedo: (i) ex- Tenente Fuzileiro Especial da Reserva Naval (RN), no Destacamento de Fuzileiros Especiais (DFE) n.º 21,  Cacheu e Bolama, 1973 e 1974; (ii) reside, desde 1977, nos Estados Unidos da América, na cidade de Cambridge, Massachusetts, onde exerce a profissão de advogado; (iii) é portador de dupla nacionalidade, cabo-verdiana e norte-americana).

Data - segunda, 14/07, 18:54
Assunto - Cartão de Antigo Combatente

Camarada Luis:

Que estejas com "Corpu Riju." Já tentei várias vezes obter o meu cartão de antigo cmbatente, sem o conseguir. Lembro-me que há uns anos um link tinha sido publicado no blog. Segui as intruções, preenchi o formulário e enviei-o. Até hoje, nada.

Será que me poderás ajudar ? Penso ir a Portugal em setembro e gostaria de, caso necessário, ir ao hospital e usar o o seguro.

Obrigado
Um abraço amigo e mantenha a tua esposa.
Zeca


2. Resposta do Zé Martins para quem reencaminhámos o assunto:

Data - 27/07/2025, 20:00

Caro Zeca Macedo:

O cartão de "Antigo Combatente" foi distribuído a todos os reformados que recebem pensão de velhice de qualquer sistema de Segurança Social.

Não sei se te encontras na situação descrita, mas também não sei como funciona para combatentes que não recebem qualquer pensão do Estado Português.

Talvez possas contactar o Núcleo de "Nova Inglaterra" (USA) , sito em:

6 General Sherman Street Taunton, MA - 02780 USA, com o mail evdefaria@yahoo.com

que devem estar ao corrente deste assunto.

Em Portugal, só contactando Balcão Único da Defesa, com os contactos

Email > antigos.combatentes@defesa.pt
Telefone > +351 213 038 566

Esperando ter ajudado, segue igualmente um grande abraço.

(Revisão / fixação de texto: LG)

domingo, 13 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27011: Tabanca da Diáspora Lusófona (35): O meu "Four of July", aniversário da grande Nação Americana, em que os cachorros quentes ("hot dogs") e hambúrgeres grelhados da tradição foram substituídos pelo nosso bom bacalhau (João Crisóstomo, Nova Iorque)








EUA, Nova Iorque > Queens > Casa do João & Vilma > A "máquina de cortar bacalhau" e algumas peças do núcleo museológico" do casal.

Fotos (e legenda): © João Crisóstomo  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona

Data - domingo, 6/07/2025, 23:52 (há 6 dias)

Assunto - O Meu "Four of July" 

Meus caros:

Só para dar sinal de vida…

Este poste, embora destinado primeiramente aos camaradas luso-americanos, é extensivo a todos os camaradas que, mesmo não sendo luso-americanos, façam uma visita aos nossos blogues. Pois para dar sinal de vida e dar um abraço a quem queremos bem qualquer ocasião é boa.

Os Estados Unidos estão celebrando hoje mais um aniversário e não foram circunstâncias várias (incluindo de saúde,  que os oitentas já se fazem sentir) esta ocasião seria motivo para eu passar parte do dia ao telefone tentando cavaquear um pouco com os meus camaradas luso-americanos.

Tal não me foi possível, mas no caso de os nossos editores acharem que vale a pena incluir o que segue, aqui vai com um abraço para todos.

Se tivesse tido ocasião de falar ao telefone com os meus amigos, muito provavelmente não deixaria de lhes contar como passei o meu "Four of July”. É que embora não tivesse sido nada de especial, este não deixou de ser curioso ou invulgar por ter misturado diversos sabores e lembranças,  Guiné, Eslovénia, Estados Unidos e Portugal. Mesmo arriscando ser insonso, que os meus dotes de narrador não dão para mais, deixem-me explicar:

No passado dia 22 de junho, a “Academia de Bacalhau de Long Island” festejou o seu 14º aniversário. Depois dum bom almoço, entremeado com vários brindes (“Gavião do Penacho, de bico pra cima... de bico pra baixo....vai acima ,vai abaixo…etc. etc. ";  no caso de não saberem ou não se lembrarem o que são, vejam o poste P22494 de 28 de Agosto de 2021), festejando o aniversário da Academia e dos aniversariantes do mês de junho, entre os quais eu me contava, procedeu-se ao leilão dum enorme e belo cabaz que o recheio era bom: vários chouriços; pão caseiro (bem português, feito em casa dum dos compadres, que à semelhança da Tabanca, neste caso também somos todos simples compadres, sem títulos); um presunto, duas garradas de vinho, uma caixa de bolos sortidos etc.

E, no final, o leilão dum bacalhau. Pois não querem saber que a Vilma decidiu que o bacalhau desta vez tinha de ser nosso? E lá foi cobrindo os lances, arrematando sempre até que os outros competidores acharam que estavam a perder o seu tempo e o bacalhau veio mesmo para nossa casa.

O problema foi quando cheguei a casa. "Como vou cortar agora este bacalhau em postas "?,  pensei eu. E comecei a cogitar como me desenrascar, até que me veio uma ideia : usar uma catana, cópia duma que trouxe da Guiné que tenho guardada há bastante tempo. É que nas paredes do meu apartamento constam alguns artefactos da Guiné, Timor Leste, etc., como recordações.

Entre estas recordações constava uma catana, que com as minhas várias mudanças de Pilatos para Herodes ( Inglaterra, França, Alemanha, Brasil, e USA) acabei por perder. Mas aqui há uns anos atrás um vizinho, surpreendido com o meu interesse por uma catana que ele me mostrou e me lembrava a que eu tinha trazido da Guiné, logo ma ofereceu.

 E foi a solução: com duas tábuas e um buraco que consegui perfurar no fim da lâmina da catana arranjei uma engenhoca a imitar um utensílio que tenho visto em lojas quando compro bacalhau. E deu certo…

Os cachorros quentes ("hot dogs") e hambúrgueres grelhados que são a tradição neste dia de aniversário da Nação Americana,  foram pois substituídos pelo nosso bom bacalhau. Eu até já me tinha esquecido que um dia, na véspera da Natal, em vez do "bacalhau com todos”, eu quis mostrar à Vilma que o bacalhau também podia ser cozinhado sem água, preparado apenas com azeite, camadas de cebola, bacalhau e batatas.

A Vilma gostou e foi a lembrança desse prato que a levou a arrematar com sucesso o bacalhau em leilão e a trazê-lo para casa. Que este ano o aniversário da América tinha de ser celebrado também com sabores portugueses e eslovenos. 

E assim foi. A comida eslovena foi representada por uma belíssima salada em que ela é perita: alface, "arugula" (Eruca sativa) (ou rúcula),e agriões, rodelas de cebola e ovos cozidos, "avocados" (abacate) e maçã, feijão e batata cozida…estava mesmo uma delícia. E a vertente portuguesa estava bem representada pelo prato de bacalhau que um dia lhe preparei e que ela não esqueceu mais.

Bom, eu tinha de arranjar maneira de dizer aos meus camaradas que, mesmo escrevendo pouco eu não deixo de ler e seguir com interesse o nosso querido e fabuloso blogue "Luis Graca & Camaradas da Guiné", o blogue da "Magnífica Tabanca da Linha” e de vez em quando ainda outros, perseverados com tanto carinho pelos seus editores e por tantos camaradas que os alimentam com a sua participação. Bem hajam!

De coração um abraçø grande de amizade e gratidão a todos vocês.

João Crisóstomo, Nova Iorque, 4 de julho de 2025
__________________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 23 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26836: Tabanca da Diáspora Lusófona (34): João Crisóstomo reconhecido, pela "Tribuna Portuguesa / Portuguese Tribune", da Califórnia, como "Personalidade do Ano 2024"... Outras nomeações: a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" , e a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, o "Evento Cultural do Ano 2024".

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26836: Tabanca da Diáspora Lusófona (34): João Crisóstomo reconhecido, pela "Tribuna Portuguesa / Portuguese Tribune", da Califórnia, como "Personalidade do Ano 2024"... Outras nomeações: a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" , e a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, o "Evento Cultural do Ano 2024".




Recortes de imprensa >  "Tribuna Portuguesa",  de 15 janeiro de 2025 > Editorial, por Miguel V. Ávila, pág, 2. (Reproduzido com a devida vénia...)


1. Pelo muito que fez (e continua a fazer) pela causa da reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes e a consagração do "Dia da Consciência" mas também pelo aumento da visibilidade, mediática, social e cultural,  da comunidade luso-americana, o nosso amigo e camarada, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, a viver em Nova Iorque, foi considerado  "Personalidade do Ano de 2024" pelo prestigiado jornal, bilingue, "Tribuna Portuguesa" / "Portuguese Tribune", que se publica na Califórnia, desde 1979.(Quinzenal, independente, é o único jornal  que se publica hoje, em português, na costa oeste dos EUA; foi fundado em setembro de 1979 pelo açoriano João P. Brum. )

(...) "Em 2004, este jornal iniciou o reconhecimento anual dos “Melhores do Ano”. Depois dos primeiros anos serem uma simples lista com poucas categorias que ocupavam apenas uma página, a atual lista já ocupa agora cinco páginas desta edição. Como um jornal comunitário, tentamos o nosso melhor para dar a conhecer os eventos comunitários, novas caras e talentos, para assim – juntos – valorizarmos a nossa 'prata da casa' ".

No editorial da edição de 15 de janeiro de 2025, Miguel V. Ávila destaca três personalidades do ano de 2024, um dos quais o nosso João Crisóstomo (vd. recorte acima). A iniciativa tem já 2 décadas.

(...) Não posso deixar de realçar as três “Personalidades do Ano”:

Tony Goulart, o reconhecido líder comunitário, continua a deixar um legado da “experiência luso-americana” por terras da Califórnia. Logo depois de escrever e publicar um importante livro sobre as filarmónicas portuguesas e os 125 anos da sua presença na Califórnia, coordenou a publicação do livro que faltava – Nossa Senhora da Assunção da autoria de Maria Cunha Carty. 

Lembro-me que nos anos 1990s, as comunidades portuguesas da Califórnia viviam sob as sombras das comunidades da Costa Leste; havia a sensação que seríamos inferiores e que a distância nos faria quase invisíveis para com o nosso país de origem. 

A liderança de Tony Goulart e de outros líderes comunitários muito mudaram essa perspetiva e agora as nossas comunidades luso-californianas são reconhecidas como exemplos na Diáspora portuguesa.

Ana Vargas-Smith tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do auto-estima da cidade de Santa Clara. Reconheceu que uma antiga tradição de 50 anos – o Desfile dos Campeões – tinha cessado durante 24 anos e que havia uma lacuna nos habitantes daquela cidade e que a antiga baixa da cidade merecia ser revitalizada. Colocou mãos à obra, criou uma associação sem fins lucrativos e lá reiniciou essa tradição que tinha sido criada por um luso-americano – Ed Cunha – para reconhecer os combatentes da Segunda Guerra Mundial quando regressaram à sua cidade em 1945.

Ana coordena as angariações de fundos e o desfile que agora conta também com um festival de rua. E a Ana tem a certeza que a comunidade portuguesa e associações portuguesas de Santa Clara desfilam... porque não podemos ser uma comunidade invisivel na sociedade americana." (...)

2. Já na edição de 1 de agosto de 2024, fora dado grande destaque à inauguração do Museu Aristides Sousa Mendes, sendo depois considerado, na edição de 15 de janeiro de 2025, como o "acontecimento cultural do ano", enquanto a Sousa Mendes Foundation  foi a "Associação do Ano 2024" .

Reproduz-se a seguir o belíssimo editorial do Miguel Ávila sobre "o museu que faltava para que a memória não falhe", a propósito da inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, na sua terra natal, Cabanas de Viriatos, Carregal do Sal, no passado dia 19 de julho de 2024. 

O evento foi na altura também noticiado por nós (*). E na ocasião o nosso amigo e camarada João Crisóstomo leu uma mensagem expressamente escrita pelo Papa Francisco associando-se à homenagem ao Cônsul de Bordéus, Aristides Sousa Mendes (1885-1954), que coincidia também com o seu 139º aniversário natalício.




João Crisóstomo lendo uma mensagem do Papa Francisco


O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa


Família de Sousa Mendes e famílias de refugiados que beneficiaram dos vistas passados pelo Cônsul de Bordéus


Recortes de imprensa > Tribuna Portuguesa, 1 de agosto de 2024 > Editorial, por Miguel V. Ávila, pág, 2. Fotos: pág. 19 (Conteúdos reproduzidos com a devida vénia..)


3. Excerto de mensagem do João Crisóstomo, com data de sábado, 12/04/2025, 08:33, dirigida aos filhos, Cristina e John, e com conhecimento ao nosso editor LG e a um amigo comum. o Rui Chamusco, também ele membro da nossa Tabanca Grande:


(...) Recebi , enviada por e- mail, uma mensagem dum bom amigo e proeminente português na Califórnia, Miguel Ávila, que entre outros lugares de destaque ocupa o de editor do prestigioso jornal bilingue “Portuguese Tribune”/ “Tribuna Portuguesa” e é também membro da "Sousa Mendes US Foundation”, e vice-Presidente do “ Comité Dia da Consciência”.

E porque vocês são meus filhos (e aos outros dois se fossem meus irmãos eu não lhes poderia querer mais ou melhor, sem intuitos de ridículas presunções), partilho o que me enviou que não podia ser mais gratificante:

Primeiro um artigo que escrevi e enviei em novembro passado sobre o problema das armas nucleares. Pensei que não o tinham considerado relevante para ser incluído no jornal, mas afinal não só foi publicado como verifico que dele fizeram "artigo de opinião” (*)

E o segundo a "reportagem da inauguração do museu que deu origem às nomeações para Melhores do Ano 2024.” 

Em ambos os casos a minha colaboração e contributo não foram insignificantes pois que me valeram a distinção de "Homem do ano 2024." (...)

 4. A Tabanca Grande associa-se, com regozijo, ao reconhecimento público feito pela "Tribuna Portuguesa" ao nosso amigo e camarada, "régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona"  (**) que, depois de amanhã,  dia 25, vai estar no Convento de Varatojo, Torres Vedras, a partir das 10h00, num convívio com a família, os Crispins e os Crisóstomos, bem como com os amigos e camaradas da Guiné.  Convívio para o qual estamos todos convidados: é só aparecer: A missa é às 10h30, a que se seguirá um convívio no claustro do convento do séc. XV. O padre Vitor Melícias estará presente.

Quinta feira, dia 29, o João estará também no 61º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, a partir das 12h30, em Algés, no restaurante Caravela de Ouro.

sábado, 19 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26704: Boas amêndoas e melhores Páscoas de 2025 - Parte II (José Câmara, EUA / António Ramalho, V.F. Xira)


Cartão pascal que nos foi gentilmente enviado pelo António Ramalho



1. Mensagem de José Câmara, da Tabanca da Diáspora Lusófona:

Data - 19 abr 2025 03:47
Assunto - Boas e santas Páscoas

Caros amigos e familiares,
Independengtemente dos sentimentos religiosos de cada um, que o Cordeiro Pascal vos cubra com o Manto da Sua Graça. Tenham um Feliz e uma Santa Páscoa.
Haja saúde na companhia de todos aqueles que vos são queridos.
JC

2. Mensagem de António Ramalho, natural da Vila de Fernando, Elvas, a viver em Vila Franca de Xira:

Data - quarta, 16/04/2025, 12:36

Asunto - Uma santa e feliz Páscoa

São os meus votos para todos.
These are my wishes for everyone.

António Ramalho
_____________
Nota do editor LG:

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26702: Boas amêndoas e melhores Páscoas de 2025 - Parte I (José Belo, Key West, Florida, EUA / Luís Graça, Tabanca de Candoz)





Fotos: Joseph Belo (2025)




1. Mensagem de Joseph Belo (Key West, Florida, EUA)


Data - 18 abr 2025 16:30

Assunto - Páscoas Felizes  

Para ti e restantes Camaradas da Guiné os Votos de Páscoa Feliz com uma receita de folar do "deep south" dos States, o Sul profundo dos EUA.

Um abraço de despedida do J. Belo.

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, José. Já estávamos com saudades tuas. Ainda bem que temos a Páscoa e o Natal para trocarmos  uns brindes. Estou em Candoz, Marco de Canaveses (a terra onde nasceu a Carmen Miranda,em 1909, tendo morrido em 1955, em Beverly Hiils, Califórnia). 

Além do famoso anho assado com arroz de foro, come-se o "pão-de-ló", húmido, feito só com ovos caseiros... É uma das especialidades dos Doces do Freixo - Casa dos Lenteirões, cuja origem remonta a 1819... 

Troco galhardetes contigo. É um "cheirinho" da tua terra, natal, Pátria, Mátria, Fátria... E da nossa Tabanca Grande. Espero que não hibernes agora mais seis meses...Com os ursos de pé de guerra na Gronelândia, até os da Lapónia já sairam do buraco. Nós, por cá, não temos desses, mas temos outros. Cuida-te...Que eu já mandei o meu velho camuflado da Guiné para a lavandaria...


Típico pão-de-ló da Páscoa, Doces do Freixo - Casa dos Lenteirões, Marco de Canaveses...

Foto: Luís Graça (2025)

Guiné 61/74 - P26699: Tabanca da Diáspora Lusófona (32): Bom dia, desde a Eslovénia (João Crisóstomo, Nova Iorque)


1. Mensagem de João Crisóstomo (na foto à esquerda com a sua Vilma, na Eslovénia):


Data - sábado, 12/04/2025, 08:33


Meus queridos filhos Cristina e John Jr, caríssimos Rui Chamusco e Luís Graça,

Já estamos na Eslovénia. Fizémos uma viagem sem novidades exceto os "sempiternos atrasos" e estamos já completa e perfeitamente adaptados , sem qualquer vestígios de "jet lag”.

Está um tempo maravilhoso e a Vilma "está nas nuvens” por se encontrar na terra onde nasceu e com os seus queridos, especialmente as suas queridas manas. Como eu que tive nove irmãs mas nem um irmão sequer, ela também só tem irmãs.

O almoço de hoje vai ser o de boas vindas e reunião da família num lugar paradisíaco, aliás como toda a Eslovénia. Este fica junto a um pequeno lago a pouco mais de meia hora daqui, onde costumávamos ir a pé. Agora ainda aí vamos frequentemente, mas só de carro, que as mazelas da idade já não me permitem longas caminhadas.

Até eu, que tenho sempre tanta dificuldade em dormir, hoje consegui dormir a noite inteira. E agora o acordar foi também muito excepcionalmente bom: primeiro vi uma mensagem do Rui -- Obrigado meu caríssimo irmão! ---chegada durante a noite, desejando-nos uma boa viagem e anunciando ter deixado Boebau e suas crianças e a escola que nos é tão querida.

Sei bem o que sente, pois como em telepatia, o meu coração também se foi abaixo das canelas. E como ele tive de dizer para mim mesmo “Corações ao alto”! E que seja o que Deus quiser.

E depois recebi , enviada por e-mail, uma mensagem dum bom amigo e proeminente português na Califórnia, Miguel Ávila, que entre outros lugares de destaque ocupa o de editor do prestigioso jornal bilingue “Portuguese Tribune”/ “Tribuna Portuguesa” e é também membro da "Sousa Mendes US Foundation”, e vice-Presidente do “ Comité Dia da Consciência”.

E porque vocês são meus filhos (e aos outros dois, se fossem meus irmãos, eu não lhes poderia querer mais ou melhor), sem intuitos de ridículas presunções, partilho o que me enviou que não podia ser mais gratificante:

Primeiro um artigo que escrevi e enviei em novembro passado sobre o problema das armas nucleares. Pensei que não o tinham considerado relevante para ser incluido no jornal, mas afinal não só foi publicado como verifico que dele fizeram "artigo de opinião”.

E o segundo, a "reportagem da inauguração do museu que deu origem às nomeações para Melhores do Ano 2024.” Em ambos os casos a minha colaboração e contributo não foram insignificantes pois que me valeram a distinção de "Homem do ano 2024."

Embora o artigo tenha sido publicado em ambas as línguas, eu copio apenas a reportagem em Português.

Um abraço com carinho e saudades,
Dad/ João C





Recorte de dois artigos da "Tribuna Portuguesa" que o João Crisóstomo nos remeteu, e que publicaremos oportunamente na sua série "Tabanca da Diáspora Lusófona".

(...) "Tribuna Portuguesa também conhecido por The Portuguese Tribune é um jornal bilingue português-inglês, quinzenal, editado na cidade de Modesto na Califórnia. É actualmente o único jorna(...) l português da Costa Oeste dos Estados Unidos da América" (Fonte: Wikipedia)

________________

Nota do editor:

Último poste da série > 7 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26659: Tabanca da Diáspora Lusófona (31): Bom dia, desde Nova Iorque (João Crisóstomo, régulo)

domingo, 16 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26590: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (57): O "15 de Março de 1961": quem ganhou, quem perdeu ? Quem ficou na pior, previsivelmente, foram mesmo duas ou três gerações de angolanos.


1. Mensagem do nosso camarada António Rosinha (foto à esquerda, em Pombal, 2007, por ocasião do II Encontro Nacional da Tabanca Grande; foi fur mil, ainda do tempo da farada "amarela", em Angola, 1961/62; t
opógrafo em Angola, para onde foi adolescente, africanista de alma e coração, regressou a Portugal em novembro de 1974, emigrou para o Brasil da ditadura militar (que vigorou de 1964 a 1985), e mais tarde para a Guiné-Bissau do partido único, onde trabalhou, de 1978 a 1993,  na empresa TECNIL, ao tempo do Luís Cabral e do 'Nino' Vieira, "camaradas", "heróis da liberdade da pátria",  que ele conheceu bem no poder; entrou para o nosso blogue,  em 29/11/2006, é um histórico da Tabanca Grande; é autor da série "Caderno de Notas de Um Mais Velho"; tem cerca de 150 referências no blogue).

Data - 16 mar 2925, 00:39 

Assunto - 15 de Março de 1961


Faz nesta data, 64 anos, aquele massacre do norte de Angola com que a UPA  (União dos Povos de Angola) tribalmente iniciou o chamado terrorismo, termo absolutamente correto, e que deu início à chamada guerra do Ultramar.

Hoje essa guerra tem muitos nomes.

A partir desta data o mundo ficou todo contra Portugal e contra Salazar, em particular.

Na ONU, essa coisa, hoje mais ou menos desrespeitada, votou contra Nós,  Portugal nas colónias africanas, entre todos os "amigos" de África, EUA e URSS, e abstiveram-se Inglaterra e França.

Estes dois já sentiam alguma vergonha, escondida, dos briosos golpistas que iam impondo nas suas ex-colónias,  e que iam protegendo à base de conselheiros mercenários.

Mas Portugal e Salazar tinham um grande amigo que disfarçadamente, sem a URSS se aperceber, mandou o seu embaixador oferecer os seus préstimos a Salazar e este agradeceu: «Ouvi-o atentamente e agradeço-lhe a sua visita. Muitos cumprimentos ao Presidente Kennedy. Muito boas tardes, senhor embaixador.» (Franco Nogueira)

Passados 13 anos a URSS levou a melhor, viu-se, pelo menos pareceu.

Quem ficou na pior, previsivelmente, foram mesmo duas ou três gerações de angolanos.

E a Europa ficou com inúmeros países vizinhos que criou, a pedir "explicações".

O Salazar não queria este fim para a Europa e para África.

Cumprimentos, Antº Rosinha.

PS - Mas a Europa já nessa altura, já não podia com uma gata pelo rabo!


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domingo, 2 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26544: Tabanca Grande (569): Vilma Crisóstomo, esposa do nosso camarada João Crisóstomo, que se senta no lugar n.º 900 sob o nosso "poilão sagrado"


1. Mensagem de ontem, 1 de Março de 2025, dia de aniversário da nossa nova Amiga Grã-Tabanqueira Vilma Crisóstomo, do nosso editor Luís Graça:

Ao lado de um grande homem está uma grande mulher.  A história de amor do João e da Vilma foi aqui partilhada no blogue, em 2013[1], e a Vilma já há muito que faz parte da Tabanca Grande. A nossa melhor prenda (minha, do Carlos e do João) é mandar-lhe a seguinte mensagem:..

"Dear Vilma, on your birthday our best gift is to tell you that from today onwards you will be a member of our Tabanca Grande, please sit in your seat number 900, under our Poilão, the great, symbolic, fraternal, and sacred tree, where we all fit with everything that unites us and even with what can separate us. If João is the leader of the Tabanca of the Lusophone Diaspora, you are his pillar: behind a great man (and best friend) there is always a great woman (and best friend), even more so a beautiful woman, born in a lovely European country like Slovenia. Good health and long life, you deserve everything."

Tradução para português:

"Querida Vilma, em dia de aniversário a nossa melhor prenda é dizer-te que a partir de hoje passas a ser membro da nossa Tabanca Grande, por favor senta-te no lugar n.º 900, à sombra do nosso Poilão, a nossa grande árvore, simbólica, fraterna, sagrada, onde cabemos todos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar. Se o João é o régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, tu és a sua trave-mestra: ao lado de um grande homem (e bom amigo) há sempre uma grande mulher (e boa amiga), ainda para mais uma mulher bonita, nascida num país europeu adorável como a Eslovénia. Muita saúde e longa vida, que tu mereces tudo."


2. Comentário do coeditor CV:

De há muito que a nossa Grâ-Tabanqueira Vilma Crisóstomo faz parte do léxico da Tabanca Grande. Podemos dizer que, onde está o João, está a Vilma, seja em convívios dos companheiros da Guiné, do marido, seja nas mais variadas actividades sociais e culturais onde o João está presente. Este nosso estimado camarada, sabemos, esteve e está envolvido em inúmeras iniciativas, podemos dizer a nível mundial, sendo as mais notáveis, o Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor Leste e o Dia da Consciência. A primeira causa pressionou a oponião pública e política internaciona a favor da independência daquele antigo território português e a segunda na perpetuação da memória do herói nacional que foi Aristides Sousa Mendes. 
Seja onde e como for, a Vilma está sempre presente com o seu cativante sorriso.

Temos, portanto, muita honra em receber entre nós, velhos combatentes, esta simpática senhora que não nos é desconhecida de todo porque esteve já presente, no dia 25 de Maio de 2019, em Monte Real, no XIV Encontro da Tabanca Grande.

XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > 25 de Maio de 2019 > O casal João e Vilma 

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Notas do editor:

[1]- Vd. post de 23 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11448: Os nossos seres, saberes e lazeres (51): WE HAVE IT!!!.... Um linda história de amor, um reencontro ao fim de 40 anos, um casamento em Nova Iorque... E agora, que sejam felizes para sempre, meus queridos João (Crisóstomo) e Vilma (Kracum)! (Tabanca Grande)
e
29 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11499: Os nossos seres, saberes e lazeres (52): João e Vilma Crisóstomo, "just married", são notícia no New York Times e no LusoAmericano

Último post da série de 25 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26527: Tabanca Grande (568): Homenagem ao capitão e cavaleiro Leite Rodrigues (Aveiro, 1945 - Matosinhos, 2025), ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), membro da Tabanca de Matosinhos: passa a sentar-se, simbolicamente, no lugar n.º 899, sob o nosso poilão, a título póstumo

sábado, 25 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26425: O segredo de... (46): António Medina (1939-2025) - Parte II: em 24 de junho de 1964, a CART 527 sofreu uma emboscada no regresso a Jolmete...Como represália, cerca de 20 homens, incluindo o régulo e o neto, serão condenados à morte pelo comando do BCAÇ 507, sediado em Bula, e executados pelas NT, dois meses depois


Guiné > Região do Cacheu >  Carta de Pelundo (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Jolmete e Ponta Nhaga, na margem esquerda do rio Cacheu. Pelundo ficava a sudoeste de Teixcira Pinto. E Bula a leste.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


 
O António Medina
na mata da Caboiana (c. 1964)

O António Medina (1939-2025) nasceu na ilha de  Santo Antão, Cabo Verde.

Foi fur mil inf, OE, CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65).

Trabalhou no BNU em Bissau (até à independência) e  depois em Lisboa.

Emigrou para os EUA em 1980. 

Morreu no princípio de 2025 em Medford, Massachusetts (onde vivia), aos 85 anos.






Guiné > Zona Oeste > CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65) > s/l > s/d > O fur mil OE António Medina e a sua secção.



Guiné > Região do Cacheu > Zoan Oeste > Pelundo > O António Medina, em primeiro plano, com miúdos e adolescentes da tabanca... Atrás,  instalações do quartel protegidas por bidões com areia.

Fotos (e legendas): © António Medina (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



António Medina,2016

Região do Cacheu > Setor Oeste > Teixeira Pinto, Pelundo, Jolmete, Ponta Nhaga >  24 de junho de  1964, emboscada  do IN e suas consequências

por António Medina (1939-2025)
 

I. Já lá vão precisamente cinquenta anos que carrego um facto bastante sombrio e macabro que a minha memória, vencendo o tempo e as mazelas deixadas em mim pela doença do Parkinson, conseguiu preservar no silêncio até hoje, pela maneira desumana e cruel que um julgamento sumário foi executado, ditado pelo Comando do Batalhão de Caçadores 507, de Bula [sendo na altura seu comandante o tenente coronel Hélio Felgas].

Não se trata de nenhuma minha criatividade ou ficção, mas sim a descrição verdadeira de factos sucedidos, contados a mim na altura por quem foi testemunha e participante de uma ação bastante degradante e vergonhosa, devidamente escondida e “abafada” pelos militares e a PIDE, porque das vítimas nada reza.

Por questão da minha própria ética procurarei evitar denunciar aqueles responsáveis que estiveram diretamente envolvidos em tal processo.

Desejo também esclarecer neste caso especifico que, como furriel operacional,  fui um dos indicados a participar com a minha secção no cerco à  tabanca de Jolmete que a seguir mencionarei, na captura de elementos considerados subversivos e na escolta dos mesmos para Teixeira Pinto onde ficaram sob a nossa guarda dentro daquele perímetro militar. 

Quando “Sargento Dia” em escala como qualquer um outro, assisti o corpo da guarda na distribuição de água e sobras do rancho para o sustento dos mesmos.


II. Por determinação do Comando de Bula, assiduamente as tabancas de Ponta Nhaga e de Jolmete eram visitadas pelas nossas forças, dentro do espírito do programa de reconhecimentos como retenção a possíveis infiltrações inimigas.

Sentiamo-nos confiantes e familiarizados,  mais com os residentes de Jolmete, pela simpatia e maneiras com que éramos distinguidos, muitas vezes dando-nos as boas vindas, exibindo as suas danças e cantares na cadência de um bater de palmas e pés no chão, ao som de um batuque não ensurdecedor, pelo contrário harmonioso no qual um ou outro soldado por graça se juntava.

No clima amistoso que se vivia, [a gente] se estendia no chão de papo para o ar em qualquer sombra, as cartucheiras debaixo da cabeça para melhor conforto e a arma ao lado, conversa amena entre soldado e nativo, negociando particularmente um frango para um delicioso churrasco no regresso ao quartel, um ou outro apreciando em silêncio as curvas de uma bajuda de “mama firmada” que bem parecia mais ter sido talhada a canivete, comportamento que fugia às regras e normas de segurança exigidas pelo status da guerra e que bem poderiam custar a nossa própria vida, o que estávamos ignorando.

A pedido do sargento encarregado do rancho e sob a discrição e consentimento do régulo que fixava os preços, quantas vezes se comprou frangos, ovos, cabritos e bananas que tivessem disponíveis, oferecendo-nos o gostoso e fresco vinho de palma (seiva da palmeira) sem todavia pressioná-los. 

Como “labaremos” (agradecimento),  se distribuía garrafões e latas vazias e algum arroz que o inventário do vagomestre classificava como sobra na existência do fim de cada mês.

A nível de pelotão, repetitivamente e em roulement,  lá íamos em coluna auto pela estrada de terra batida totalmente despreocupados, sem qualquer referência a minas ou outras armadilhas porque delas ainda nada ou pouco se falava, de Teixeira Pinto, passando por Pelundo,  seguindo em direção de Ponta Nhaga, depois regressar a Teixeira Pinto passando por Jolmete,  e vice-versa na semana seguinte.

Quando menos se esperava, no dia de S. João, 24 de junho de 1964, à tardinha durante o nosso regresso de Jolmete para Teixeira Pinto,  fomos surpreendidos e emboscados por um grupo armado a cerca de quatro quilómetros da tabanca, causando-nos algumas baixas com certa gravidade.

De madrugada chovia a potes, encharcados mas agora conscientes da presença inimiga, cautelosos e com medo, reforçados,  regressámos a Jolmete, com um percurso a fazer a pé depois de Pelundo, para que o factor surpresa nos beneficiasse na operação sob o comando do capitão de Teixeira  Pinto.

 As instruções eram taxativas para se prender todos os homens,  inclusive o régulo, deixando apenas mulheres e crianças. Que fossem transportados para Teixeira Pinto onde ficariam sob a nossa custódia até novas instruções. Assim tudo foi feito em cumprimento, sem qualquer resistência .

Conhecíamos o neto do régulo de Jolmete,  de nome Celestino, rapaz de cerca de 22 anos de idade, simpático, vestido e calçado, expressando-se bem em português, com o segundo ano dos liceus já feitos no Honório Barreto em Bissau onde dava continuidade aos seus estudos. Sempre que chegava a Teixeira Pinto era ele hóspede da nossa messe para uma refeição e bate-papo connosco,  furriéis. Acontece que naquela manhã o Celestino estava na Tabanca do avô e também foi preso.

III. Levados para Teixeira Pinto ficaram fechados no edifício do celeiro que se situava dentro da área do quartel, cedido pelo Administrador do Concelho, numa estadia de quase dois meses sob nossa guarda.  

Pelos resultados colhidos nos interrogatórios  se constatou que o grupo armado planeava atacar na nossa hora de ociosidade, com receio de alguma represália da tropa a posteriori, o régulo e o neto felizmente convenceram-lhes que alterassem seus planos para uma acção fora da tabanca, o que de nada serviu mais tarde como atenuante para lhes poupar a vida.

Entretanto o Comando de Bula [BCAÇ 507] ditou-lhes a pena capital,  para que todos fossem fuzilados em local secreto, com exceção do Celestino que continuaria preso em Teixeira Pinto. Que fossem transportados pela estrada de Jolmete em dia a indicar onde estaria tudo já preparado pelos participantes de Bula.

Eram eles cerca de vinte homens, o régulo de Jolmete já homem velho, de barbas e cabelos brancos, fraco pela má alimentação, outros mais novos, todos sendo transportados em GMC  sob escolta do segundo pelotão [da CART 527].

 No local indicado já os esperava um dos capitães de Bula, com uma vala aberta por uma escavadora e um outro pelotão alinhado à distância, olhando de frente para a vala, de costas para a estrada. 

O pelotão da CART 527 cuidou apenas da segurança da área para que o trabalho fosse ultimado sem qualquer interferência do inimigo.

De mãos atadas, os prisioneiros foram alinhados de costas para a vala. O capitão de Bula ali estava como oficial mandante da ordem. Através de um intérprete explicava a razão daquele procedimento, quando um dos presos consegue se soltar e fugir em direcção à mata. 

Nesse interim de confusão o pelotão disparou precipitadamente sem ter recebido ordem de fogo, restando corpos sem vida caídos na vala, à podridão, sem direito sequer a um choro, à dança das mulheres grandes ou a um toque de bombolom.

A vala comum foi fechada e armadilhada com minas anti-pessoal plantadas por sapadores de Bula. No dia seguinte essa acção da tropa colonial foi revelada pelos órgãos do PAIGC .

O Celestino continuou preso em Teixeira Pinto até que um dia a sua pena também capital não tardasse a chegar. 

Um furriel seria indicado para executar a sentença, que para nós era bastante pesaroso e em nada dignificante, dado o relacionamento e bom trato que mantínhamos com ele até se retratar como informador, para depois ser prisioneiro de guerra sem qualquer possibilidade de defesa.

Desta maneira, logo se soube da execução a ser cumprida, naquela tarde os furriéis saíram quanto mais cedo do quartel procurando uma forma de evitar participar no fuzilamento.

 Eu, como exemplo, decidi sem que ninguém desse conta visitar um senhor cabo-verdiano empregado comercial de uma casa libanesa, pai de uma linda morena a quem ia eu fazendo olhos bonitos para um possível namoro “caliente”. Me permitiu aquele senhor,  meu patrício, arrastar um pouco mais a minha visita naquela noite, sem todavia lhe dar a entender do que se estava passando. 

O facto foi consumado por um colega furriel miliciano e sua secção nas imediações do pequeno aeródromo de Teixeira Pinto

Viveu-se alguns dias em clima de pesar e tristeza no quartel, evidenciado pelos soldados nativos (eram eles distribuídos pelos pelotões e tinha eu três deles na secção) que praticamente se afastaram das outras praças. 

No dia seguinte da execução fui instruído para fazer uma patrulha de reconhecimento com o meu grupo em determinada área, notei que no momento de um pequeno descanso que achei por bem todos fizéssemos, os três militares se afastaram do grupo e se sentaram, de armas na mão como todos nós. 

Tive certa apreensão no momento o que me levou a aproximar e ficar junto deles em conforto, sem todavia ter havido nenhuma conversa, pelo contrário um silêncio absoluto de quem se sentia bastante magoado e triste. Felizmente nada aconteceu talvez pela disciplina, tratamento amigo e igual para todos que sempre implementei.

Regressámos algum tempo depois à tabanca de Jolmete e constatámos que tinha sido destruída, suas palhotas queimadas não pela tropa, abandonada pelos sobreviventes que se puseram em debandada para local desconhecido.

Acreditámos nessa altura que tivessem procurado lugar que para eles fosse mais seguro, em apoio também ao PAIGC por jamais merecermos sua confiança.

Uma vasta área foi limpa do capim, árvores e arbustos para que fosse construído para a nossa defesa e logística um verdadeiro ”fortim” com troncos de cibos, chapas de bidões e zinco, terra batida, conforme as fotos em anexo.

António Medina, 
Medford, Massachusetts, USA,  junho de 2014

(Revisão / fixação de texto, negritos, parênteses retos: LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26424: O segredo de... (45): António Medina (1939-2025) - Parte I: "Uma história de terror que me atormentou toda a vida (Jolmete, junho / setembro de 1964)