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sábado, 20 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25765: (De) Caras (213): Não conheci pessoalmente o cap inf Manuel Aurélio Trindade, último cmdt da 4ª CCAÇ e primeiro cmdt da CCAÇ 6 (Rui Santos, ex-alf mil, 4ª CCAÇ e CIM Bolama, Bedanda e Bolama, 1963/65)




Rui Santos, ontem e hoje




Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Da esquerda para a direita, o ex-cap Trindade, o primeiro cmdt da CCAÇ 6 (e o último da 4ª CCAÇ) Lassano Djaló, Rui Santos e o Amará Camará.

Foto (e legenda): © António Teixeira (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Rui Santos, ex-alf mil, 4ª CCAÇ e CIM Bolama (Bedanda e Bolama, 1963/65) (integra a nossa Tabanca Grande desd2e 27/12/2009)


Data - quinta, 4/07/20024 17:32~

Assunto - Honras de Tabanca Grande para o nosso "bedandense" Aurélio Trindade

Amigo Luis

Venho só hoje "responder" .. á tua resposta ... Não o conheci pessoalmente, ao capn  Manuel Aurélio Trindade, sei que esteve em Bedanda, sai daí em junho de 1964 a caminho de Bolama (fui a Bissau buscar a minha mulher e seguimos direto para a antiga capital da Guiné).

Os comandantes de companhia que tive em Bedanda foram: cap Alcides Sacramento Marques,   o melhor militar que conheci .... Veio depois, e se não me engano, o amigo Renato .... e depois o João José Louro Rodrigues de Passos que trocou com o Câmara Tavares e foi para Bolama ... A perseguição continuou, feitios adversos ...

Adoro pensar que fui um militar cumpridor e tenho vergonha de saber de outros que não o foram. De vez em quando estou com uns "desejos" de voltar á Guiné e "sentir as balas zunindo ao meu redor, os rebentamentos dos morteiros do IN e dos meus, as basucadas que enviei bem como as que recebi para não falar das granadas de mão que (graças a Deus a maior parte ainda vinha integral com cavilha e tudo) para não falar do canhão sem recuo do IN... ~

Depois fui para Bolama onde do lado de lá do canal cerca de 1,5 Km de Bolama, eram atacados de vez em quando- Euanto estive com minha mulher e filha, foram atacados em grande força pelo menos duas vezes, e as balas por cima de nós passavam...

Ainda fui com os "meus" 110 recrutas, tomar conta do aquartelamento de Fulacunda, pois a Companhia  ali estacionada saiu numa operação, e ali estivemos uns dias ... felizmente calmos.

Há um episódio que relatei e comuniquei a diversas entidades ....Sem uma única perguunta  perla parte deles... como sempre andei por fora do aquartelamento mas ate cerca de 10 metros do arame farpado sebe exterior, sem armamento nenhum e vejo do lado de fora um "homem" todo nú a andar na minha direcção, ele também me viu ... estacou tal como eu ... chamei e ele, em passo rápido a andar como um homem ... pois era um grande ser com mais uns 15/20 ctms de altura que eu, muito bem constítuido. fui chamar os sargentos mas cheguei á conclusão que não pois estávamos em Zona de perigo.

E assim está o resumo de uma parte da minha "Guerra" na Guiné ...que adorei

Obrigado, Luis

2. Comentário do editor LG:

Rui, os Cmdt da tua velhinha 4ª CCAÇ, por ordem cronológica (1961-1967), segundo a Ficha de Unidade (a):

  • Cap Inf Manuel Dias Freixo
  • Cap Inf António Ferreira Rodrigues Areia
  • Cap Inf António Lopes Figueiredo
  • Cap Inf Renato Jorge Cardoso Matias Freire (o nosso Jorge (George) Freire, a viver nos EUA)
  • Cap Inf Nelson João dos Santos
  • Cap Mil Inf João Henriques de Almeida
  • Cap Inf Alcides José Sacramento Marques
  • Cap Inf João José Louro Rodrigues de Passos
  • Cap Inf António Feliciano Mota da Câmara Soares Tavares
  • Cap Inf Aurélio Manuel Trindade
(a) Os Cmdts Comp são apenas indicados a partir de 1jan61-
_______________

Nota do editor:

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25709: Tabanca Grande (561): Aurélio Manuel Trindade, ten gen ref, ex-cap 4ª CCAÇ / CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67), militar de Abril, e autor do livro de memórias "Panteras à solta": senta-se, a título póstumo, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 891



O então cor inf Aurélio Manuel Trindade. 
Foto da Academia Militar, s/d, 
gentilmente cedida pelo seu camarada e 
amigo cor art ref Morais da Silva,
beirão de Lamego

1. Não somos um blogue de generais, nem os generais precisam deste blogue.  Somos um blogue de "amigos e camaradas da Guiné", antigos combatentes.  Mas sentimo-nos honrados por termos também alguns generais entre nós. Fomos arraia-miúda da guerra da Guiné: infantes, artilheiros, cavaleiros, marinheiros, fuzileiros,  "rangers", paraquedistas, enfermeiros, enfermeiras paraquedistas, médicos, capelães, vaguemestres, sapadores, condutores, cozinheiros, mecânicos, bate-chapas, escriturários, quarteleiros,  básicos, homens as transmissões, pilotos, especialistas da FAP, e por aí fora. 

Temos comandantes operacionais, capitães de várias armas, que combateram na Guiné e fizeram as suas carreiras, chegando a oficiais superiores  (coronéis, capitães de mar e guerra) a a oficiais generais (majores e tenentes 
generais). E alguns estiveram no 25 de Abril de 1974.  

Só não temos nemhum marechal: Spínola (tal Costa Gomes) morreu muito antes da criação da Tabanca Grande. Mas o Costa Gomes nunca nunca bebeu a água do Geba, do Corubal, do Cacheu, do Buba, do Cacine, do Cumbijã... 

O Aurélio Manuel Trindade foi nosso camarada (conceito que,  entre os infantes,  abarca todos os combatentes até ao nível de comandante operacional, ou seja, o que "alinha no mato" com a "canhota"). 

Foi combatente na Guiné e militar de Abril.   Faleceu no passado dia 12 de junho (*). Era tenente general, oriundo da arma de infantaria. Estava reformado. Tinha acabado  de fazer 91 anos.  Viúvo, deixa três filhos e não sei quantos netos. Na comunicação social a sua morte passou praticamente despercebida. Ele não er um figura mediática, vivia muito discretamente e era raro aparecer nos nossos convívios.  Convidei-o, através do seu amigo e cmarada cor inf ref Arada Pinheiro, a ir um dia à Tabanca da Linha. Declinou amavelmnete o convite. Mas sabia que estávamos a publicar notas de leitura e excertos do seu livro "Panteras à solta" (**)...

Recorde.se que, sob o pseudónimo literário Manuel Andrezo, escreveu um livro notável de memórias, de cariz autobiográfico, "Panteras à Solta" (edição de autor, 2010). 

Sabemos que  à frente da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67), o cap inf Trindade revelou-se um excecional comandante operacional, e um grande líder:  percebeu, muito cedo, que naquela "guerra subversiva" o mais importante era conquistar as populações...

No CTIG, foi o último comandante da 4ª CCAÇ e o primeiro da CCAÇ 6. Fez a sua comissão sempre em Bedanda, entre julho de 1965 e julho de 1967

Com mais três comissões, primeiro na Índia, depois em Moçambique, como capitão (1962/64) e outra em Angola, já como major (1971/73), era um militar condecorado com Medalha de Prata de Valor Militar com Palma, Cruz de Guerra, colectiva, de 1.ª classe, Cruz de Guerra de 2.ª Classe, Ordem Militar de Avis, Grau Cavaleiro, Medalha de Mérito Militar de 3.ª Classe e ainda Prémio Governador da Guiné. Participou no 25 de Abril, como major, tinha então 41 anos e estava colocado na EPI, Mafra.



Foto da capa  do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d [c. 2010 / 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo era o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 1965/ jul 67]

Na foto acima, da capa, o "capitão Cristo, sentado ao centro, na casa do Zé Saldanha [encarregado da Casa Ultramarina, em Bedanda, e onde se comia lindamente, graças aos dotes culinários da esposa, a balanta Inácia] . Por trás, em pé, os alferes Carvalho e Ribeiro e ainda o Zé Saldanha" (legenda, pág. 440).  O cap Cristo era nem mais nem menos do que o "alter ego" do cap Aurélio Manuel Trindade, o 10º (e último) comandante da 4ª CCAÇ, desde 1jan61, e o primeiro comandante (de dez!), a partir de 1bril de 1967, da CCAÇ 6 (Bedanda, 1967/74).



Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Brasão da CCAÇ no bolo da festa...


Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Foto de grupo.


Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Foto de grupo (metade esquerda)

«

Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Foto de grupo (metade direita: o ten gen Aurélio Manuel Trindade, em mangas de camisa, é o segunda  a contar da direita, na primeira fila)


Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das 
Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Da esqura para a direita, Gualdino, Luz e Coronel Renato Vieira de Sousa (este oficial foi quem comandou a CCAÇ 6,  em 1967/69, logo seguir ao Aurélio Trindade, que terminou a comissão em meados de 1967)


Mealhada > Pedrulha > Restaurante "A Portagem" > 2º Encontro Nacional das Onças Negras de Bedanda, 1967/74) > Da esquerda para a direita, o ex-cap Trindade, o primeiro cmdt da CCAÇ 6, Lassano Djaló, Rui Santos (nosso grão-tabanqueiro da primeira hora) e o Amará Camará.

Fotos (e legendas): © António Teixeira (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Brasões das 4º CCAÇ e CCAÇ 6


2. O Aurélio Manuel Trindade, um beirão de Viseu, vai agora sentar-se, à sombra do nosso poilão,  no lugar nº 891 (***).  

É uma entrada, mais que merecida, embora infelizmente a título póstumo. É "apadrinhada" pelo seu amigo e camarada cor inf ref Mário Arada Pinheiro, um ano mais velho do que ele na Escola do Exército (1951/52).

Temos poucas fotos do novo grão-tabanqueiro. Uma delas é do 2º encontro do pessoal da CCAÇ 6, na Mealhada, em 6 de fevereiro de 2012, organizado pelo saudoso António Teixeira, "Tony" (1948-20123), ex-alf mil da CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73)  (****)

Como eu próprio escrevi na altura, foi um  êxito este 2º  encontro dos bedandenses, por uma razões que eu especifiquei:

(i)  por um lado, as qualidades de comandante do António Teixeira (Tony, para os amigos), à sua capacidade de liderança motivacional e de organização, qualidades que eu topei logo quando o conheci, no verão de 2011, na Lourinhã, por intermédio de um amigo e camarada comum, o Pinto Carvalho (infelizmente, morreria pouco tempo depois,  em 25/11/2013; era professor de educação física, reformado, natural de Espinho);

(ii) uma segunda razão,  tem a ver com  “bom irã” de Bedanda, essa terra mágica, as palavras eram do próprio Tony Teixeira:  (,,,) “muitos dos presentes neste encontro não se conheciam, visto terem pisado naquele chão em alturas muito diferentes. Mas aquele chão, aquela terra, é mágica, e exerce sobre nós um poder fantástico, poder esse que nos move e nos transcende"; e acrescentava o Tony:  "já depois do grande êxito que foi o nosso primeiro encontro, este ultrapassou todas as expectativas, conseguindo juntar 48 convivas, que por lá passaram entre 1963 e 1974, e  nem o dia cinzento, com uma chuva miudinha à mistura, arrefeceu o nosso entusiasmo: logo ao primeiro abraço era como se sempre nos tivéssemos conhecido”. (…)

 Entre esses convivas estava o ex-cap inf Aurélio Manuel Trindade, que não disse a ninguém que era tenente general.E era o mais antigo dos "Onças Negras" (antes  "Panteras Negras"), a a seguir ao Rui Santos (que foi alf mil, 4ª CCAÇ, 1963/65)...

Há homens que não precisam de se pôr em bicos de pés para mostrar que são grandes. O Aurélio Trindade era um desses, um português dos melhores. Vamos continuar a honrar a sua memória e a memória das "Panteras Negras" e  das "Onças Negras".

(***) Último poste da série > 26 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25684: Tabanca Grande (560): José Álvaro Almeida de Carvalho, ex-alf mil art, Pel Art / BCAC, obus 8.8 m/943 (1963/65) , adido 14 meses ao BCAÇ 619 (Catió, 1964/66): senta-se no lugar nº 890, à sombra do nosso poilão

domingo, 28 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23563: Camaradas, referidos no blogue, que estiveram em (ou passaram por) Bedanda, na 4ª CCAÇ (1961/66) e CCAÇ 6 (1967/74)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971 > Reabastecimento do aquartelamento e povoação através do Nordatlas e do lançamento de géneros por paraquedas, durante a época das chuvas. Fotos do Álbum de Amaral Bernardo, ex-alf mil médicoCCS / BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72)... Esteve em 1971 em Bedanda, onde foi rendido em Dezembro de 1971 pelo Mário Bravo.

(...) "Estive em Bedanda, durante 13 meses, sob o comando do capitão de cavalaria Ayala Botto [, CCAÇ 6]. Um grande comandante, um verdadeiro oficial de cavalaria... que nos derretia com mimos: ovos liofilizados e outras delícias, que vinham de Lisboa, de uma fábrica da família...

"Estive primeiro em Cacine, que era deslumbrante... Percorri todo o sul, acabando em Bolama, depois de passar por Bedanda, Gadamael, Guileje, Tite... A CÇAÇ 6 tinha fulas e um pelotão de balantas... Em Bedanda, os tipos do PAIGC apareciam nas minhas consultas, nas calmas, disfarçados com a população...

"Bedanda, no tempo das chuvas, era inacessível por terra, transformava-se numa ilha. Ficava entre dois rios, o Cumbijã, a oeste e o seu afluente, o Ungariol, a leste e a norte... Era abasteciada pelos fuzileiros e pela força aérea...

"Em 2005 falei com o Nino sobre os ataques a Bedanda, quando ele era o comandante da região sul... Havia malta na tabanca que lhe fazia sinais de luz (com uma lanterna) para orientação do tiro... À terceira, eles acertavam todas...

"Os melhores abrigos, à prova do 120, eram os de Guileje... Mas o Spínola proibiu a construção de mais bunkers, queria que o pessoal fosse todo para as valas... Foram tempos muitos duros, tive uma [grande] actividade como médico... e eu próprio cheguei a desejar secretamente ser ferido para poder ser evacuado dali" (...) (Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande, desde Fevereiro de 2007; 
poste P7802).

Foto (e legenda): © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados.


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 135/199 > O temível obus 14... mais um elemento da guarnição africana do Pel Art, que dependia da BAC 1 (Bissau).


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 127/199 > Invólucros de munições deixadas em anteriores ataques do IN ao aquartelamento.

Escreveu o João Martins  no poste P9947: (...) Terminada a instrução que fui dar ao BAC  [Bateria de Artilharia de Campanha, nº 1], em Bissau, fui colocado em Bedanda onde já se encontrava um pelotão com três obuses 14 cm. 

Tive que fazer novamente as malas e apanhar uma aviioneta Dornier [DO 27] que, passando por Catió onde tirei algumas fotografias que já não sei identificar, acabou por aterrar em Bedanda. Sem dúvida um dos locais da Guiné que me deixou mais saudades.

Fazia a sua defesa a Companhia de Caçadores 6, do recrutamento da Província, um pelotão de milícia, e o pelotão de artilharia. A população era particularmente simpática e notava-se que tinha tido muito contacto com portugueses da metrópole. Aliás, a casa colonial existente, a do chefe de posto, era imponente.

Bedanda fica numa colina bastante elevada, atendendo aos padrões de altitude que normalmente se encontram na Guiné. Não sendo uma fortificação inexpugnável, não oferecia quaisquer vantagens ao inimigo que se colocaría sempre numa cota inferior. Por isso, os ataques eram pouco frequentes o que nos permitia respirar…

Atendendo ao “clima” relativamente ameno que se fazia, visitava com muita frequência a tabanca e cheguei mesmo a ir à pesca e a tomar banho no rio Ungariol, afluente do rio Cumbijã, na esperança de não me tornar um isco para os jacarés. (...)

Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto B113


Foto B117

Guiné > Região de Tombali > Bedanda >  CCAÇ 6 >  Fotos do álbum do António Teixeira, "Tony",  ex-alf mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863,  Teixeira Pinto, e CCAÇ 6, Bedanda (1971/73) , 

Fotos (e legendas): © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Lista, por ordem alfabética (e não exaustiva),  dos "bedandenses", referidos no nosso blogue (e em geral, membros da Tabanca Grande), ex-combatentes que estiveram em (ou passaram por) Bedanda, na maior parte dos casos integrando a 4ª CCAÇ (1961/66) ou a CCAÇ 6 (1967/74). É pena que não haja nenhum dos camaradas do recrutamento local. 
  • Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue;                                                                                                           
  • António Teixeira, "Tony" (1948-2013), ex-alf mil, CCAÇ 3459/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 6, Bedanda (1971/73);António Henriques Campos Teixeira, nascido em 21/6/1948, falecido em 25/11/2013); era professor de educação física, reformado; vivi ame Espinho; tem mais de meia centenas de referências no blogue.                                                     
  • Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, cmdt,  4ª CCAÇ / CCAÇ 6 (Bedanda, julho 1965/julho 1967), hoje ten gen ref, autor de (sob o pseudónimo Manduel Andrezo) " Panteras à Solta! (ed. autor, c. 2020, 447 pp.;                                                                                 
  • Artur José (Miranda) Ferreira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 6, Bedanda, 1968/70;                   
  • Belmiro da Silva Pereira (1946-2022) ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda (1969/71); , natural de Peniche, era médico reformado;    tem 4 referências no blogue;                                                                                                         
  • Carlos (Pinto) Azevedo, ex-1º cabo, CCAÇ 6, Bedanda (1971/72); contemporâneo do Fernando Sousa e do Dr. Amaral Bernardo; "tive dois Capitães na Companhia em Bedanda, o Sr. Capitão Carlos Ayala Botto e o Sr. Capitão Gastão Silva, dois Homens com um H Grande";                                                                                                                                                              
  • Carlos Ayala Botto, ex-cap cav, cmdt, CCAÇ 6, Bedanda (1971/72), ajudante de campo do General Spínola, hoje cor cav ref;   "Soube do seu blogue e aqui estou a apresentar-me: Carlos Ayala Botto, estive na Guiné entre 1970 e 1973 e actualmente sou Coronel na Reforma. Na altura era capitão de Cavalaria mas mesmo assim fui nomeado Cmdt da CCAÇ 6 em Bedanda onde estive cerca de 20 meses." (Poste P1407);                                                                                             
  • Fernando de Jesus Sousa, ex-1.º cabo, CCAÇ 6, Bedanda (1970/71); DFA, autor
    autor de "Quatro Rios e um Destino” (Chiado Editora, 2014); tem 30 referências no blogue;                                                                                                                                                             
  • Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil, CCAÇ 1621 (Cufar) e CCAÇ 6 (Bedanda) (Novembro de 1966 / novembro de 1968); tem 60 referências no blogue;                                                     
  • João Martins, ex-alf mil art, Pel Art / BAC1 (Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69);  tem mais de 60 referências no blogue:                                                                                                                                                      
  • Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, CCAÇ 3398 (Buba, 1971/72) e CCAÇ 6, Onças Negras (Bedanda, 1972/73); foi redator-coordenador do  jornal de caserna "O Seis do Cantanhez", criado e dirigido pelo Cap Gastão e Silva, cmdt da CCAÇ 6, tendo entre outros membros da redação, o saudoso alf mil António Teixeira , "Tony"(1948-2013); natiual do Cadaval, é advogado, e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã; tem 60 referências no blogue:                                                                    
  • Jorge Freire, ex-cap inf, CCaç 153, e 4ª CCaç, Bissau, Gabu, Bedanda, 1961/63); vive nos EUA, tem cerca de 20 referências no blogue, onde é conhecido como George Freire; nome completo, Renato Jorge Cardoso Matias Freire;                                                          
  • Jorge Zacarias Rodrigues da Rocha, 2ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Jugudul (1972/74);  engenheiro técnico civil na REFER-EP, esteve em Bedanda entre junho e setembro de 1974;    presumimos que foisse alf ou fur mil:                                                                                                                                       
  • José (Conde) Figueiral, ex-alf mil, CCÇ 6, Bedanda (1970/72);tem 10 referências no blogue;                                                                                                                                                          
  • José Vermelho, ex-fur mil, CCAÇ 3520, Cacine, CCAÇ 6, Bedanda, e CIM Bolama (1971/73);   tem 8 referências no blogue;                                                                                                                                                       
  • Manuel Mendes, ex-sold.  CCAÇ 728 (Catió, Cachil, Bedanda e Bissau, 1964/66); conhecido como o  "Lisboa", era o "soldado 29", do 3º pelotão;                                                 
  • Mário Silva Bravo, ex-alf mil médico, CCAÇ 6, Bedanda, e HM 241, Bissau (1971/72); O Mário Bravo, ortopedista reformado, tem 55 referências no blogue;                                             
  • Mário (José Lopes) de Azevedo, ex-fur mil art, Pel Art, CCAÇ 6, Bedanda (1970/72); tem um dezena de referências no blogue;                                                                                                            
  • Rui Santos, ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama (1963/65); tem mais de 3 dezenas de referências no blogue;                                                                                                                         
  • Tibério Borges, ex-alf mil inf MA, CCAÇ 2726, Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda (1970/72); tem 10 referências no blogue; sobre Bedanda escreveu: "Em Bedanda a companhia era de africanos com excepção da maioria dos graduados. Fui encontrar, imaginem, o Zé Cavaco, que é meu conterrâneo. O mundo é pequeno. Apenas fui tapar um buraco durante um mês. Alguém que foi de férias ou que chegou ao fim da comissão. Quem sabe se doente! Pode ser que um dia saiba mais coisas através do Zeca. Sei que o Comandante era o Capitão Ayala Boto. Nesta unidade havia um padre."(Poste P15059);                                                                                                                                                           
  • Vasco Santos, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 6, Bedanda (1972/73); tem 38 referências no blogue; foi, com o Hugo Moura Ferreira, o organizador do 4º encontr0 dos bedandenses (Mealhada, 2014); nome completo:    Vasco David de Sousa Santos.                                                                                                                                                                                                        
Há mais "bedandenses" da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6... Aparecem em fotos do blogue, em postes relativos a encontros da malta mas não têm postes específicos a eles dedicados. Nem são ainda membros da Tabanca Grande.  Caso, por exemplo, de: 
  • Lassana Jaló (ferido em combate e a viver em Portugal); 
  • Gualdino José da Silva (ex-fur mil, de 1967/69);
  •  João António Carapau (que foi alf mil médico em 1967/68,  hoje conceituado pediatra, reformado do Hospital da Estefânia, vivendo na Portela); 
  • Renato Vieira de Sousa (ex-cap inf, cmdt, 1967/68, hoje cor inf ref, vivendo em Lisboa); 
  • Victor Luz (fur mil, 1967/68); 
  • Eduardo Cesário Rodrigues (de alcunha, "Salazar") (ex-alf mil, 1967/68); 
  •  Aníbal Magalhães Marques (1972/74); 
  • Amadeu M. Rodrigues Pinho (ex-alf mil, 1967/68); 
  • António Rodrigues (O Capitão do Estandarte: o último Alferes / Capitão, fiel depositário do estandarte e da Cruz de Guerra da CCÇ 6); 
  • Carlos Nuno Carronda Rodrigues (ex-alf mil, hoje cor 'comandpo' ref; membro da Magnífica Tabanca da Linha) 
  • e    outros... Ver lista dos inscritos e dos participantes no encontro de Peniche em 2013 (Poste P12109).

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23289: In Memoriam (437): Belmiro da Silva Pereira (1946-2022), natural de Peniche, morreu aos 75 anos, em 12/2/2022; foi alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1969/71); era médico reformado do SNS


Belmiro da Silva Pereira ou só Belmiro Silva Pereira (1946-2022), natural de Peniche,  morreu aos 75 anos, em 12 de fevereiro de 2022. Foi alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1969/71). Depois de passar à disponibilidade, completou a licenciatura em medicina, e integrou a carreira de medicina geral e familiar do SNS, tendo chegado a diretor do centro de saúde de Peniche. Foto: Cortesia da Agência Funerária de Peniche, 12/2/2022 (seguramente, do álbum de família).


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Um artista português, do tempo dos Beatles... Ao fundo, ao canto esquerdo, um dos bedandendes de 1972/73, o Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, hoje advogado, natural do Cadaval, e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "patrão" da casa, Belmiro da Silva Pereira, dando as boas vindas.


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Algures no promontório do Carvoeiro, onde atacámos a sardinhada... Da esquerda para a direita, o Hugo Moura Ferreira, e o Belmiro da Silva Pereira (ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda, 1969/71), médico, e a alma daquele encontro na sua adorada terra, Peniche). Com o Belmiro, está o seu filho. Foi o 4º encontro dos bedandenses.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Lu
ís Graça & Camaradas da Guiné.]

1. Mensagem do José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (BráBironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), nosso vizinho, amigo e camarada, médico veterinário, e agricultor, residente no Bombarral:


Data - 23/5/2022, 16h30
Assunto - Belmiro Silva Pereira

Caro Amigo Luís,

Desejo que te encontres bem.

Tomei hoje conhecimento, por informação de um familiar que reside perto de Peniche, que o Belmiro faleceu recentemente. (*)

Fui seu colega no Liceu de Leiria e, depois ao longo das nossa vidas encontrámo-nos várias vezes em Peniche, a sua terra natal, onde era adorado pela sua simpatia, popularidade e também pela competência na actividade de Médico.

Recordo o Belmiro, como um amigo irradiando alegria e boa disposição.

Embora me pareça que não fazia parte da nossa tertúlia, lembrava-me de um encontro de bedandenses, que ele organizou em sua casa (P12102) (**) e assim aqui vai mais uma triste notícia.

Um grande abraço do José Carvalho

 

2. Resposta do editor LG:

Obrigado, José, pela partilha desta dolorosa notícia de mais um camarada da Guiné que se despede da Terra da Aegria.

Conheci o Belmiro Pereira da Silva nessa altura, no convívio dos bedandenses, de 28/9/2013 ... Estou desolado.

Temos dois postes referentes a esse convívio (P12102 e P12109) (**), com fotos minhas e do Hugo Moura Ferreira. São, de resto, as únicas referências que temos no blogue ao seu nome, Não temos nenhuma foto dele em Bedanda. Gostava que ele entrasse a título póstumo para a Tabanca Grande, se a família (esposa e filho) não se opuser. Seria uma justa homenagem.

Foi um belo convívio, esse, do final do verão de 2013, de que ainda hoje guardo gratas memórias...

Bom, esse 4.º encontro do pessoal que passou por Bedanda, realizou-se Peniche, o 1.º em terras do sul,  sob organização hopsitaleira e calorosa do Belimiro da Silva Pereira, que só então vim a saber que tinha sido alf mil da CCAÇ 6, em 1969/71. 

Esse convívio, num sítio secreto, junto ao Cabo Carvoeiro, juntou três dezenas e meia de bedandenses, familiares e amigos.

Vim a saber, em conversa com ele, que já estava no 2.º ano de medicina, creio que em Coimbra, quando foi chamado para a tropa. Na altura não deu as habilitações académicas corretas, pelo que foi parar ao contingente geral. Mas alguém (se não erro, o capitão) descobriu a marosca e o nosso Belmiro lá foi, contrariado, para a EPI, para o COM, em Mafra. 

Quis o azar que, depois, fosse parar com os quatro costados ao então tão temido TO da Guiné. De rendição individual, como os demais graduados e especialistas metropolitanos das companhias africanas, lá foi fazer a guerra em Bedanda, na CCAÇ 6.

Quem foi do seu tempo, ou que ainda o apanhou em Bedanda foi o nosso grã-tabanqueiro João Martins, ex-alf mil art, comandante de um Pel Art. Dos bedandenses do blogue, ou meus conhecidos, estiveram presentes, o Hugo Moura Ferreira, o Rui Santos e João Martins, eu, a Alice, o Joaquim Pinto Carvalho  mais a esposa, Maria do Céu, e ainda o Belarmino Sardinha e a esposa.

O grande ausente, por razões de saúde, foi o nosso querido (e já saudoso) Tony Teixeira, de Espinho.  

Eu já conhecia o Belmiro de Peniche, meu vizinho portanto. Tínhamos amigos comuns na Lourinhã (a quem dei explicações quando putos ...),  e sei que estudara em Leiria com amigos meus do tempo da escola primária. Estava longe de o imaginar na Guiné na mesma altura que eu, em 1969/71, e também numa companhia africana: ele na CCAÇ 6, eu na CCAÇ 12, ele bedandense, eu bambadinquense... Mas uma vez concluí, nesse já longínquo dia 28 de setembro de 2013,  que o Mundo era Pequeno e que a Nossa Tabanca era... Grande.

O Belmiro, como diz o José Carvalho,  o nosso "barão do K3", era de facto uma figura muito popular em Peniche, como homem e depois como médico, mas confesso que não era pessoa das minhas relações pessoais. Creio que estivemos juntos em encontros (profissionais) dos médicos de clínica geral e familiar, nos anos 80/90. Ele foi diretor do centro de saúde de Peniche. Mas não voltámos mais a encontrarmo-nos depois de 2013. Sei que o pai era também uma figura popular na sua terra, conhecido como o Chico Futuro, dono de um traineira que andava na pesca da sardinha, segundo imformação do nosso camarada Joaquim Jorge, de Ferrel.

É mais que justo este IN Memoriam no nosso blogue (*). Descobri entretanto, uma notícia da agência funerária local, no Facebook, das poucas referências que encontrei: afinal, o nosso camarada Belmiro da Silva Pereira já fora a enterrar há 3 meses, em 14 de fevereiro de 2022. 

Segundo a sua página no Facebook, nasceu em 22 de setembro de 1946.

Já dei conhecimento à malta de Bedanda e a outros que o conheceram, da Lourinhã e de Peniche. E pedi ao Joaquim Pinto Carvalho, ao Rui Santos e ao Hugo Moura Ferreira para darem a triste notícia aos demais bedandenses, de quem não temos o endereço de email. As nossas condolências, embora tardias, à esposa, ao filho e demais amigos e camaradas que lhe eram mais próximos. LG


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 125/199 > Casa do chefe de posto


Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

terça-feira, 20 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18439: (D)outro lado do combate (22): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - Parte I (Jorge Araújo)


Citação: (1963-1973), "Umaru Djaló e outros combatentes numa base do PAIGC", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43455 (2018-3-12)



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018



GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ 1969] - ATAQUE A BOLAMA EM 3 DE NOVEMBRO DE 1969  (AO TEMPO DA CCAÇ 13 E CCAÇ 14)  (Parte I)




1. INTRODUÇÃO

Nove dias depois do ataque a Bedanda (25OUT'69 – o 2.º) e três semanas após terem realizado igual acção a Buba (12OUT'69 – o 1.º), as forças do PAIGC voltaram a concretizar nova flagelação prevista no seu "plano", a terceira, desta vez à cidade de Bolama, a 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, com recurso exclusivo a duas peças "GRAD", cada uma delas preparada para projectar dois foguetes 122 mm.

Recorda-se que este "plano de acções militares", num total de nove ataques, havia sido delineado para ser cumprido durante o último trimestre desse ano nas regiões de Quinara e de Tombali, situadas na zona Sul da Guiné, com recurso a uma logística considerável de equipamentos de artilharia pesada (morteiros 82 e 120; foguetes 122 "GRAD" e peças anti-aéreas "DCK") e a mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros, pertencentes ao "Corpo Especial do Exército", comandado por "Nino" Vieira (1939-2009).

No caso particular da cidade de Bolama, o efectivo destacado para esta missão era constituído por cerca de cento e vinte elementos comandados por Umaru Djaló, uma força menor do que as anteriores, uma vez que no "calendário" estavam programados outros ataques para os dias imediatos, como eram os casos de Cacine e Cabedú, por esta ordem, conforme se indica no quadro abaixo.




Para a elaboração da presente narrativa, como para todas as outras que fazem parte deste dossiê específico, já publicadas ou a publicar, continuaremos a utilizar o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem referência ao seu autor [mas acreditamos ser possível identificá-lo no decurso desta pesquisa], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares.



Para além deste facto histórico a que o comandante Umaru Djaló ficou ligado [primeiro ataque a Bolama com foguetes/foguetões 122 mm], outros actos ou acontecimentos haveriam, mais tarde, de constar no seu projecto de vida, como sejam:

No pós "25 de Abril de 1974", no contexto do processo negocial com os representantes do governo português, visando a independência da Guiné-Bissau, Umaro Djaló  fez parte da delegação do PAIGC que se deslocou a Londres para participar nas sessões de trabalho de 25 e 26 de Maio de 1974. A delegação do PAIGC era constituída por Pedro Pires (chefe da missão), Umaru Djaló, José Araújo, Lúcio Soares, Júlio Semedo e Gil Fernandes.

Três meses depois, a 26 de Agosto de 1974, o acordo era finalmente assinado em Argel, ficando definido o dia 10 de Setembro como o do reconhecimento da República da Guiné-Bissau. Neste acto participaram, então, como representantes do PAIGC: Pedro Pires (1934-), Umaru Djaló (1940-2014), José Araújo (1933-1992), Otto Schacht (-1980/ass.), Lúcio Soares (1942-) e Luís Oliveira Sanca.

Depois da Independência, tomou parte do I Governo da República da Guiné-Bissau, constituído por João Bernardo "Nino" Vieira (1939-2009, assassinado.), Umaru Djaló (1914-2014), Constantino Teixeira, Carlos Correia (1933-), Paulo Correia (?-1986, assassinado), Vítor Saúde Maria (1939-1999, assassinado), Filinto Vaz Martins (1937-), João da Costa e Fidelis Cabral d'Almada [da esquerda para a direita,  na imagem abaixo]. 

Era então Presidente da República Luís Cabral (1931-2009). Aquando do "golpe militar" de Novembro de 1980, que levou "Nino" Vieira ao poder, Umaru Djaló era chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.


Citação: (1974), "Tomada de posse do I Governo da República da Guiné-Bissau", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43933 (2018-3)


A 29 de Maio de 2014, Umaru Djaló travou o último combate da sua vida, vindo a falecer no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, aos 74 anos, depois de aí lhe terem sido prestados, durante alguns meses, os cuidados e a intervenção clínica especializada em função do seu "problema" de saúde.


2. DESTINATÁRIOS DO ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969:


A CCAÇ 13 (CCAÇ 2591), A CCAÇ 14 (CCAÇ 2592) E O CIM  DE BOLAMA


Certamente que a data escolhida para o ataque a Bolama [Ilha] não foi por acaso, pois é credível que a mesma tenha sido aprovada sobre informações recolhidas pela sua "secreta", aliás procedimento habitual em qualquer contexto de guerra, e mais natural seria, em função do método utilizado na guerra de guerrilha que tem no conceito "surpresa" o seu princípio estratégico.

Sendo Bolama a cidade do CIM (Centro de Intrução Militar) por excelência, onde muitas das unidades metropolitanas realizavam o seu IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), visando a adaptação ao clima e às condições da guerra, como foi o caso da minha CART 3494 (Xime) e restante contingente do BART 3873 (1971-1974) – [Bambadinca (CCS), Mansambo (CART 3493) e Xitole (CART 3492)] –, um ataque bem sucedido seria visto como um "grande ronco" e, por consequência, poderia influenciar o comportamento prospectivo das NT.




Recordam-se, com vista aérea de Bolama e respectiva legenda, os espaços mais frequentados pelos militares durante a sua premanência na cidade. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/1965) – in: http://riodosbonssinais.blogspot.pt/search/label/bolama ou "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.

Entretanto no CIM,  em finais de Outubro de 1969, estavam em fase de conclusão de formação/instrução mais duas Companhias de Caçadores,  designadas por CCAÇ 13 e CCAÇ 14, saídas da união entre praças africanas do Recrutamento Local e oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole. Os quadros metropolitanos destas novas Unidades Independentes, mobilizados pelo Regimento de Infantaria 16, de Portalegre, pretenciam à CCAÇ 2591, que deu origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592 à CCAÇ 14, respectivamente.

Sobre as emoções, sensações e experiências gravadas por todos aqueles que, ao fim daquela tarde de2.ª feira, a primeira do mês de Novembro de 1969, assistiram à explosão dos foguetões de 122 mm, recupero os testemunhos dos camaradas ex-furriéis Carlos Fortunato (CCAÇ 13/CCAÇ 2591) e Eduardo Estrela (CCAÇ 14/CCAÇ 2592), ambos membros da nossa Tabanca Grande

Carlos Fortunato refere que "no dia 3/11/1969 quando a [companhia da etnia balanta] CCAÇ 13 [CCAÇ 2591 - "Os Leões Negros"] estava no cais de Bolama, preparando-se para embarcar numa LDG [rumo a BISSORÃ], ouviu-se um longínquo 'pof' vindo da parte continental (zona de Tite). Um dos africanos disse 'saída' sorrindo, mas logo a seguir passaram sobre as nossas cabeças 3 [no relatório constam quatro] foguetões de 122 mm. Um acertou numa das pequenas vivendas que corriam ao lado da rua principal, que ligava o porto ao largo principal da cidade, apenas a uns escassos 30m do local onde estávamos. Outro caiu no largo principal um pouco mais acima, e o terceiro mais longe, já fora da zona habitacional. Corremos de imediato para o local dos impactos para prestar assistência às eventuais vítimas, mas felizmente apenas houve ferimentos muito ligeiros entre a população". […] "Os morteiros 107 mm existentes no quartel de Bolama responderam ao fogo". […] [sítio: CCAÇ 13 – Os leões Negros: Memórias da Guerra na Guiné (1969/71)]. [P9337].

Por outro lado, Eduardo Estrela, da CCAÇ 14 [companhia das 
etnias mandinga e manjaca] - [CCAÇ 2592], acrescenta que "partimos em 3 de Novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, CUNTIMA, junto à linha de fronteira do Senegal. Ainda em Bolama (…) sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma". [P11365].

Na linha desta investigação daremos conta, no ponto seguinte, do que consta no relatório elaborado a propósito deste ataque.


3. O ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969… COM FOGUETES 122 MM "GRAD" LANÇADOS DA PONTA BAMBAIÃ

Objectivos da acção:

O objectivo definido para esta acção concretizou-se no dia 3 de Novembro de 1969, ao fim da tarde, com o bombardeamento da cidade de Bolama, através da utilização de quatro [testemunhas referem três] foguetes 122 mm lançados de duas peças "GRAD" colocadas na orla costeira da zona sudoeste da região de Quínara, mais precisamente na Ponta Bambaiã. Para esta missão foram mobilizadas forças de infantaria e artilharia, as primeiras só com funções de segurança e apoio ao desempenho das segundas.

Como elemento de comparação entre as logísticas dos ataques já divulgados, apresentamos o respectivo quadro.




Desenvolvimento da acção: (as forças do PAIGC)





As nossas forças estavam constituídas por 3 bi-grupos de infantaria e duas peças de GRAD sob a responsabilidade do camarada [cmdt] UMARO DJALÓ.

Saída de Botché Chance pelas 17 horas do dia 29 de Outubro [de 1969], 4.ª feira. 


A operação deveria realizar-se no dia 3 de Novembro, 2.ª feira, à caída da noite. 

Na noite de 29 para 30 de Outubro a coluna cruzou o rio em Botché Col, e na manhã do dia 30 atingiu as imediações de Gândua. 

Na noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro, a coluna cruzou o rio Tombali em Iangue, e na manhã do dia 1 de Novembro chegou a Bolanha Longe. 

A coluna deveria cruzar o rio na noite de 1 de Novembro, mas por falta de canoas só o pode fazer na noite de 2 de Novembro, domingo, tendo atingido Paiunco na manhã de 3 de Novembro, 2.ª feira. 

Chegada da coluna à Ponta de Bambaiã às 16 horas do dia 3 de Novembro (ponto escolhido de antemão para posição de fogo).



Na impossibilidade da elaboração de uma infogravura referente ao itinerário percorrido pelas forças do PAIGC mobilizadas para este ataque, por dificuldade em identificar os locais referidos no relatório, o que lamento, optei por utilizar a imagem de satélite abaixo.


Final da Parte I.

Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:

1 – O trabalho técnico da artilharia na posição de fogo – uso do GRAD.
2 – Reacção das NT.
3 – Resultados.
4 – Quadro de baixas da CCAÇ 13 (de 14Nov1969 a 23Abr1973).
5 – Quadro de baixas da CCAÇ 14 (de 11Nov1970 a 4Abr1974).

Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.
12MAR2018.
___________

Nota do editor:

Último poste ds série > 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18391: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - II (e última) Parte (Jorge Araújo)