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sexta-feira, 27 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26963: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (3): Cemitério Central do Mindelo: Talhão dos combatentes portugueses (Nelson Herbert / Luís Graça) - Parte I




Foto nº 1 > Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (1)


Foto nº 2 >  Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (2) 


Foto nº 3 >  Forças Expedicionárias Portuguesas: talhão dos combatentes  (3)



Foto nº 4 > Mindelo, 23 de outubro de 2002>  Homenagem da Liga dos Combatente  aos Militares da Força Expedicionária Portuguesa em Cabo Verde, 1939-1945

 

Foto nº 5 > Forças Expedicionárias Portuguesas: Militar não identificado


Foto nº 6  > Forças Expedicionárias Portuguesas: 2º saregnto Josér M. Mendes, falecido em 14/6/1941



Foto nº 7 > Forças Expedicionárias Portuguesas: José H. Feliciano,1º cabo eng, falecido em 28/10/1941



Foto nº 8 > Sergeant J. A. E. Crawfor, AIF (Australian Imperial Force)~(...) St Vincent Place. Mebourne. Who (...) (ilegíveis  as duas últimas frases).


Informação adicional : "15046 Staff Sergeant John Alfred Eric Crawford, Australian Army Medical Corps, died 16th September 1916". (Sargento-ajudante, nº 15046,  John Alfred Eric Crawford, do Corpo Médico do Exército Australiano, falecido em 16 de setembro de 1916)



Foto nº 9 > Tradução: À terna memória de Walter, querrido marido de Fances Herrinmg, morto em 29 de julho de 1942. Um dos heróis de Inglaterra".

Informação adicionl: "Chief Steward Walter Herring, S.S. Siris (London), Merchant Navy, died 29th July 1942, aged 36. Husband of F. Herring, of Hessle, W. Yorks." (Comissário-Chefe Walter Herring, S.S. Siris (Londres), Marinha Mercante, falecido em 29 de julho de 1942, aos 36 anos. Marido de F. Herring, de Hessle, West Yorkshire.)


Fotos: © Nelson Herbert (2025). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério de Mindelo > 1943 > Foto do álbum de Luís Henriques (1920-2012), com a seguinte legenda: "Justa homenagem àqueles que dormem o sono eterno na terra fria. Companheiros de expedição os quais Deus chamou ao Juízo Final. Pessoal da A[nti] Aérea [do Monte Sossego] depois das cerimónias desfila fazendo continência às sepulturas dos companheiros. Oferecido pelo meu amigo Boaventura [Horta, conterrâneo, da Lourinhã,] no dia 17-8-1943, dia em que fiquei livre da junta (médica)."

Segundo  Adriano Miranda Lima, autor do livro "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II GuerraMundial" (Mindelo, São Vicente, 2020, ed. de autor), morreram em São Vicente, entre 1941 e 1946, 40 militares das forças expedicionários (pág. 172) e 28 na ilha do Sal (pág, 173).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. O Cemitério Municipal  do Mindelo, no Talhão da Liga (Portuguesa) dos Combatentes, continha, em 2018, 68 campas de militares portugueses, expedicionários durante a II Guerra Mundial (1939-1945) (*). 

Há, além disso, lápides de cidadãos da Commonwealth, militares e civis (marinha mercante) que morreram na I Guerra Mundial (cinco ingleses e um australiano) e  na II Guerra Mundial (três britànicos).

Recentemente recebemos fotos desse lugar histórico, que vamos apresentar em dois postes.



2. Mensagem do nosso grão-tabanqueiro Nelson Herbert (tem mais de 7 dezenas de referências no nosso blogue).


Data - 25/06/2025, 21:13
Assinto - Fotos-relíquia

Hi ..., meu velho amigo

Em São Vicente, Cabo Verde, de férias e de uma visita da “praxe” ao túmulo dos meus pais…no Cemitério Central do Mindelo, algo que nem um ritual se repete sempre e quando por estas ilhas me “veraneio",  dou de caras com este “cantinho”, talhão dos combatentes, onde jazem elementos da tal força expedicionária portuguesa  (**) de que muito falávamos e que se cruza com a “história” de nossas vidas…, dos nossos “Velhos” …

Diga-se, um talhão devidamente conservado e “tido em conta", visitado, reza o testemunho dos coveiros, por muitos turistas… face ao interesse que o sítio histórico começa a despertar, sobretudo entre os ingleses…

Pois são igualmente visíveis,  e em relativo estado de conservação, túmulos de soldados e tripulação de navios ingleses “torpeados” nestas águas de Cabo Verde por submarinos alemães.

Curiosamente grande parte dos túmulos de expedicionários portugueses visitados, com exceção de um punhado deles , são de soldados não identificados, como se pode ver nas fotos que anexo (não de grande qualidade mas enfim…).

Do porquê dessas campas, salvo raras exceções, não terem na lápide tumular a identificação do soldado expedicionário,  gerou-me uma certa curiosidade… Why ?

Relativamente aos túmulos de ingleses também “não identificados”, reza a versão da época…, é pelo o facto de serem restos mortais de marinheiros, cujos corpos terão sido  recuperados por pescadores desta Ilha … e em avancado estado de decomposição e na sequência de navios “torpeados” nestas águas… palco, como se sabe , de algumas batalhas navais da época.

Ficam estas observaçõe, redigidas num Café â Beira Mar … e nesta Ilha acolhedora da minha ancestralidade.

“O Mais Velho”  (**) iria por certo adorar,  rever tais momentos de uma juventude consumida em parte por esta acolhedora Ilha de S Vicente. (***)


(Revisão / seleção de texto: LG)

____________________

Notas do editor LG:

(*) Recorde-se que,  durante a II Guerra Mundial, à semelhança dos Açores (cuja guarnição militar foi reforçada com 30 mil homens, bem como da Madeira, com mil homens), para a defesa de Cabo Verde, e sobretudo das duas ilhas com maior importância geoestratégica, a ilha de São Vicente e a ilha do Sal, foram mobilizados 6358 militares, entre 1941 e 1944, assim distribuídos por 3 ilhas (i) 3361 (São Vicente): (ii) 753 (Santo Antão); e (iii) 2244 (Sal).

Mais de 2/3 dos efetivos estavam afetos à defesa do Mindelo (ou seja, do porto atlântico, Porto Grande, ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos).

Os portugueses, hoje, desconhecem ou conhecem mal o enorme esforço militar que o país fez, na II Guerra Mundial, para garantir a soberania portuguesa nas ilhas atlânticas e nos territórios ultramarinos. Cerca de 180 mil homens foram mobilizados nessa época.

Vd. poste de 20 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)


(**)  O Nelson Herbert Lopes (que foi jornalista da VOA - Voz da América) refere-se   aqui ao seu pai, Armando Lopes  (Mindelo, 1920 -  Mindelo, 2018), uma antiga glória do futebol cabo-verdiano e guineense, Armando Búfalo Bill, seu nome de guerra, o melhor futebolista da UDIB e do Benfica de Bissau, tendo sido também internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa:


(...) O meu velho entrou para a tropa a 15 de agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,Depois do juramento da bandeira (...) é transferido para Lazareto e São Pedro [na parte oeste, sudoeste da ilha].

Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos chegavam... (...)
  


quarta-feira, 19 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26597: Manuscrito(s) (Luís Graça) (267): No dia do pai... Aos nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas... a quem nunca tratámos por tu



Luís Graça, Quinta de Candoz (2011)



Gâmbia > Bathurst > 1953 > Comemorações da entronização da Rainha Isabel II, de Inglaterra (n. 1926) > Foto da seleção de futebol da Província Portuguesa da Guiné:

(i) De pé, da esquerda para a direita, Antero Bubu (Sport Bissau e Benfica; capitão), Douglas (Sport Bissau e Benfica), Armando Lopes (assinalado a vermelho,  pai do nosso amigo Nelson Herbert) (UDIB), Theca (Sport Bissau e Benfica), Epifânio (UDIB) e Nanduco (UDIB); 

(ii) de joelhos, também da esquerda para a direita: Mário Silva (Sport Bissau e Benfica), Miguel Pérola (Sporting Club de Bissau), Júlio Almeida (UDIB), Emílio Sinais (Sport Bissau e Benfica, Joãozinho Burgo ( Sport Bissau e Benfica) e João Coronel (Sport Bissau e Benfica).

No 1º jogo, a seleção da Guiné ganhou à seleção da Gâmbia por 2-0, com golos de Joãozinho Burgo (falecido há 6 anos em Portugal 22/1/2019); no 2º jogo, as duas seleções empataram 2-2 (com golos, pela Guiné, de Mário Silva e Joãozinho Burgo). Antiga colónia inglesa, a Gâmbia acederá à independência em 1965.

Legenda de João Burgo Correia Tavares: vd. livro Norberto Tavares de Carvalho - "De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita", Porto, edição de autor, 2011, p. 4

Armando Lopes (também conhecido como o "Búfalo Bill") fez o seu serviço militar no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, em 1943, na altura em que também lá estava, como expedicionário, o meu pai, meu velho e meu camarada, Luís Henriques; ambos nasceram em 1920 e,  naturalmenmte, já faleceram os dois, o meu, em 2012, o pai do Nelson Herbert,  em 2018. Ambos tinham igualmente uma paixão pelo futebol... 

Foto: © Armando Lopes / Nelson Herbert (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º Cabo n.º 816/42/5, da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI. 23... Tem a data de 18 de Outubro de 1943 e na legenda refere ser "recordação de S. Vicente"                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        Foto (e legenda): © Hélder Sousa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Cabo Verde > Ilha do Sal > Pedra de Lume > 1º Batalhão Expedicionário do RI 11  (Setúbal) > 1ª
Companhia > 1942 > 
 pai do nosso camarada Augusto Silva Santos.


Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]







Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques " [, 1º cabo inf, 3º Companhia, 1º Batalhão, RI 5, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 1941/43, entretanto integrado no RI 23]. Nasceu (1920) e morreu (2012) na Lourinhã.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas daGuiné]



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 >  c. 1941/44 > RI 23 >  O sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988), 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, que partiu para Cabo Verde no T/T Mouzinho em 18/7/1941, juntamente com o Luís Henriques (ambos eram do mesmo regimento e batalhão). Esteve lá dois anos anos e dez meses.



Foto (e legenda): © Luís Dias (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Os nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas... teriam mais de 100 anos, se fossem vivos... No Dia do Pai, dá-me uma saudade danada... 

Lembremo-nos deles... Tal como os nossos filhos se lembram de nós, agora tratando-nos por tu:

 "Obrigado, pai, por tudo o que me tens dado (...). Gosto muito de ti e quero-te cá por muitos mais anos. A tua inteligência, empatia e  jogo de cintura, quero levá-los sempre comigo" (...). 

Escreveu o meu filho no dia de hoje. Espero que vocês, camaradas,  também tenham recebido palavras bonitas como estas... Nêm têm que ser verdadeiras, apenas bonitas. E sobretudo reveladoras da gratidão filial. Para eles, seremos sempre os melhores pais do mundo... Eu gosto que eles me tratem por tu... Desde sempre.


Tuteio ou tratamento por tu

por Luís Graça

Aos nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas...


Fiquei com pena da fräulein Tina Kramer, antropóloga,
entretanto entronizada como  nossa tabanqueira,
a quem, chegada da austera e luterana Germânia,
lhe impuseram o tratamento por tu,
como se fora uma praxe de gangue.

Depois desta receção da Tabanca Grande,
ela deve ter ficado confusa, quiçá perturbada e até intimidada,
ao pensar que os camaradas da Guiné,
antigos combatentes,
são todos uma cambada de velhos malucos
a quem saltou a caixa dos pirolitos...

"Portugueses, pocos, pero locos"
(diria ela se fosse uma altiva castelhana,
daquelas que vinham casar com príncipes portugueses,
futuros donos de Portugal, dos Algarves e de além-mar em África,
na mira de acertar em cheio no jackpot)...

Tu próprio detestavas a palavra fräulein,
nunca trataste nenhuma colega ou amiga alemã por fräulein...
Podes a estar a ser injusto, mas tem, para ti, 
uma conotação pejorativa, prussiana, militarista...
Como teria se tu a tratasses por menina Tina Kramer,
como nos bons velhos tempos do Portugal dos nossos pais e avós
Ao menos, tratemo-la, não por miss (cheira-te a babydoll)
mas por bajuda,
que é mais doce, mais crioulo, mais luso-tropical…


E tu Zé Belo, luso-lapão, agora "amaricano",
sujeito a ser deportado pelo Tio Sam,
tuga da diáspora outrora na terra 
onde o cidadão tratava o cidadão por tu....
bem sabes que não foi preciso fazermos uma revolução
à moda dos sovietes de Petrogrado,
nem do Grande Irmão Urso Sueco,
nem dos Camaradas (salvo seja!) do PAIGC, do MPLA ou da FRELIMO...
(Lembram-se das milhares de anedotas
que se contavam do camarada, salvo seja!, Machel,
e da sua mania de reeducar e recuperar o diabo branco colonialista
com o trabalho manual na machamba?!)...

Com o 25 de Abril,
a distância social e afetiva,
a começar na família, entre pais e filhos,
foi encurtada,
e o tratamento por tu impôs-se sem ser por decreto...

Com tanta naturalidade (ou só aparente ?)
que a gente nem sequer se questiona hoje
sobre o quando, o como e  o porquê...
(Alguns questionam-se, e têm toda a liberdade para o fazer,
viva a liberdade que só pode ser livre.)

Em contrapartida, foi retomado
(ou nem sequer foi interrompido)
o tratamento, tradicional,
aparentemente mais distante e formal, de você,
de pais para filhos,
de esposa para esposo,
em certas famílias,
em certos meios sociais
(que tu não vais adjectivar,
porque não gostas de adjetivar os outros,
e fazes um esforço por respeitar todas as diferenças,
mesmo as mais difíceis de engolir).

O tecido social é isso mesmo,
é um pano, de trapos, de linho, de algodão, de serapilheira, de seda,
que se puxa conforme o frio, as pernas e as mãos,
as chagas, as misérias e as grandezas de cada um…

Os nossos filhos, pelo menos os teus, tratam-nos por tu,
mas tu tratavas os teus pais à moda antiga...
quando eles ainda eram vivos.
Ainda eras do tempo do respeitinho-que-era-muito-bonito!

Há algum mal nisso,
nessa coisa dos filhos tratarem agora os pais por tu ?
São apenas mudanças de paradigma
na convivialidade sociofamiliar,
diria o sociólogo de serviço, que já não há,
descartado pela mãe de todas as crises...

Tu, o Hélder Sousa, o Nelson Herbert,
o Luís Días, o Augusto Silva Santos,
foram capazes de tratar os vossos velhos,
o Luís Henriques  (1920-2012),
o Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001),
o Armando Lopes (1920-2018),
Porfírio Dias (1919-1988),
o Feliciano Delfim Santos (1922-1989),
veteranos da II Guerra Mundial,
expedicionários em Cabo Verde,
com a ternura da expressão
“Meu pai, meu velho, meu camarada”

Liberdades ou libertinagens bloguísticas, 
dirão os sisudos dos  críticos…
Daqui a uns anos
(esperas bem que não, cruzes canhoto!...)
voltaremos a tratar-nos com distância e reverência,
quiçá por Vossa Senhoria,
meu fidalgo, meu amo,
como no tempo da(s) outra(s) senhora(s)…

Tu sabes que o tratamento por tu,
republicano, económico, frugal, com duas letrinhas apenas,
o tratamento à romana na Tabanca Grande,
nem sempre era fácil nem natural, em 2004/2005,
quando começámos a blogar
para mais num país, ainda bastante estratificado,
em que se continuava a usar e a abusar dos títulos,
nomeadamente no Estado, nas empresas e demais organizações,
onde o trabalho era pouco e a distância grande,
tão grande como a rede clientelar:
senhor presidente, senhor doutor, senhor engenheiro, senhor prior...

Nunca foi nem o é ainda hoje:
tiveste a prova disso, há uns anos atrás
,
numa das memoráveis quartas feiras
do almoço semanal da 
Tabanca de Matosinhos,
quando cumprimentaste um a um a meia centena de convivas...
Boa parte, já teus velhos conhecidos e amigos...
mas ainda havia gente que se retraía,
invocando a educação que tiveram,
o desconhecimento do outro,
a falta de intimidade e de convívio,
a distância física (sempre são 300 km entre Lisboa,
a capital do reino,
onde o Paço tem Terreiro,
e o Porto é a capital do trabalho,
onde o povo tem o São João e o alho porro)...

Quando impuseste  (passe o termo...)
o tratamento por tu no blogue,
entre camaradas da Guiné,
quiseste  deliberadamente fazer o curto-circuito
entre as distâncias militares, hierárquicas, do passado
e as eventuais distâncias sociais e profissionais, do presente...
Hoje consideras uma honra poder ser tratado por tu
por um camarada da Guiné,
independentemente do antigo posto,
da idade, da naturalidade, da nacionalidade, da cor da pele,
ou da atual posição na sociedade portuguesa...
E vice versa:
consideras um privilégio poder tratar por tu
um homem ou uma mulher
que aceitam os valores e as regras do jogo do nosso blogue...

Há sobretudo uma cumplicidade (saudável) entre nós,
que não seria possível se aqui, no blogue
e nos convívios da Tabanca Grande,
e das demais tabancas que entretanto foram aparecendo,
se a gente continuasse a tratar-se 
como em casa, na escola, na tropa, no parlamento:
"Sua benção, meu pai, meu amo...
"Dá-me licença, vossa senhoria, meu capitão ?...
"Como vai, senhor Doutor ?...
"Vossa Excelência, senhor engenheiro,
permite-me que eu discorde da sua douta opinião ?
"O meu furriel é que sabe,
mas o vagomestre é que dormia com a mulher… do Baldé
quando o Baldé ia para a Ponte do Rio Udunduma...
"E, você, nosso instruendo, ó sua besta quadrada,
não sabe que a Pátria é hermafrodita,
é pai e mãe ?
"Ó meu tenente,
é mais do que isso, é Pátria, é Mátria, é Frátia!"...

Para que o tu continue a escrever-se com duas letrinhas apenas,
o tu de pai, de tuga, portuga, 
irmão, cidadão…
o tu de companheiro, camarada, amigo, 
O tu do abraço, do alfabravo, do quebra-costelas,
o tu de Tango Uniform...
e não se torne o tu
de intumescência, da tumefacção, 
da turbulência, da estupidez, da intolerância…
nestes dias de Charlie Romeo India Sierra Echo,
da CRISE que continua dentro de momentos...

 ©  Luís Graça (2012). (**)

Revisto em 19/3/2025, dia do Pai...
___________

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25434: Meu pai meu velho meu camarada (70): Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, foi também um cavaleiro com classe (Luís Gonçalves Vaz) - II (e última) Parte




Guiné > Bissau > Sala de operações do QG/CTIG > 11 de Julho de 1973 - Da esquerda para a direita; (i) Brigadeiro Banazol, comandante do CTIG; (ii) Coronel Galvão de Figueiredo, 2º comandante do CTIG; e (iii) o Chefe do Estado-Maior/CTIG, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz: este último responde, na sala de operações do QG, ., ás palavras do CMDT do CTIG, numa cerimónia de transmissão de funções do CEM/CTIG.



Guiné > Região do Cacheu > Pelundo >  1973 > Instrução das milícias >  Da esquerda para a direita; (i) Delegado do Governo no Chão Manjaco, Tenente-coronel de Art Sousa Teles; (ii) Comandante Geral das Milícias, Major Mário Arada Pinheiro (membro da nossa Tabanca Grande); (iii) CEM/CTIG, Coronel do CEM Henrique Gonçalves Vaz, em inspeção á instrução das milícias, representando o 2º CMTE do CTIG.



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Nova Lamego > Setembro de 1973 > Coronel Henrique Vaz,  com o Brigadeiro Banazol (comandante do CTIG), perante um desfile de um pelotão de milícia, no âmbito do encerramento da instrução.



1- Segunda parte do texto do Luís Gonçalves Vaz



Cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (Barcelos, 1922- Braga, 2001)


Fotos (e legendas): © Luís Gonçalves Vaz  (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG,
foi também um cavaleiro com classe - II (e última) parte (*)

por Luís Gonçalves Vaz



A carreira profissional do Coronel Henrique Gonçalves Vaz tem duas grandes etapas: (i) como cavaleiro, enquanto oficial subalterno de Cavalaria (vd. Parte I) (*); e (ii)  como Oficial do Quadro do Corpo do Estado-Maior.

Como oficial CEM, desempenhou funções nos Quarteis Generais da Região Militar do Norte, na Região Militar de Angola e no CTIG /CCFAG na Guiné Portuguesa.
 
Em 20 de Novembro de 1963, é destacado, em comissão de serviço, para servir no
Quartel General da Região Militar de Angola, onde exerce em 63/64 as funções de Oficial Adjunto da 4ª Repartição e,  em 1965, as de Chefe da 1ª Repartição, regressando à “Metrópole” neste ano.

 Os serviços prestados nesta comissão, pelo então Major Vaz, são reconhecidos
superiormente, nomeadamente pelo General Comandante da Região Militar de Angola e pelo próprio Ministro do Exército, reconhecimentos estes que se traduzem em Louvores e em Condecorações atribuídas. 

Entre 1966 e 1970, desempenha, na Região Militar do Norte (RMN)
na cidade do Porto, as funções, primeiro de subchefe e, nos últimos dois anos, a de Chefe do Estado-Maior da RMN.

Entre 1971 e 1972, comanda o Regimento de Cavalaria  nº 6 (RC 6), no Porto, onde uma vez mais se distingue como se pode comprovar no Louvor concedido pelo General Comandante da Região Militar do Norte, “... pela maneira altamente distinta e plena de dignidade como comandou o RC6 ....que revelaram um oficial distinto que valorizou a sua unidade e prestigiou a Região e as Instituições Militares...”.

No ano seguinte, 1973, é nomeado para servir, novamente, no “Ultramar”, desta vez no Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), como Chefe do Estado-Maior, sob o comando do General Spínola e posteriormente do General Bettencourt Rodrigues, numa altura de grandes ofensivas do PAIGC, 

A partir do 25 de Abril de 1974, e por instruções superiores (do Brigadeiro Fabião ), é o principal responsável em realizar os “Planos de Entrega dos Aquartelamentos na Guiné”, com a colaboração do sr. Major Mourão. 

Os últimos “Planos de entrega de aquartelamentos” foram entregues ao Brigadeiro Fabião no dia 10 de Outubro de 1974, um dia antes da reunião com os comandantes do PAIGC. 

A entrega do Complexo Militar de Santa Luzia foi efetuada no dia 13 de Outubro, pelas 15 horas, enquanto o Forte da Amura, o último “reduto militar português” a ser entregue, foi entregue apenas no dia 14 de Outubro, o dia previsto para a “retirada final”, e reservado para o embarque do que restava das tropas portuguesas na Guiné. Só regressará a Lisboa no dia 14 de outubro de 1974, cerca de seis meses após a Revolução de 25 de Abril. 

Em 31 de Agosto de 1976, é colocado no 1º Tribunal Militar Territorial do Porto, assumindo, no ano seguinte, a função de Juiz Presidente. Em março de 1978, passa à situação de Reserva, mas continua a exercer o referido cargo naquele tribunal. É reconduzido nas mesmas funções, desde 9 de setembro de 1979, por novo biénio.

Em 1 de Janeiro de 1982, deixa de prestar serviço efetivo no Quartel General da Região Militar do Norte.

Braga, 18 de abril de 2024
Luís Beleza Gonçalves Vaz (foto à esquerda)
(filho do biografado)

________

Nota do editor:

terça-feira, 23 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25430: Meu pai meu velho meu camarada (69): Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, foi também um cavaleiro com classe (Luís Gonçalves Vaz) - Parte I



Cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (Barcelos, 1922- Braga, 2001)



Elvas > Setembro de 1954 > Concurso Hípico de Elvas, Capitão
Henrique Vaz


Porto > 26 de Julho de 1950 > Concurso Hípico do Porto,  Tenente Henrique Vaz

Lisboa > 17 de Março de 1947 > Concurso Hípico de Lisboa,  Alferes Henrique Vaz


Mafra > CIE > s/d > Tenente Henrique Vaz e "Rovuma"


Lisboa > s/d > Concurso Hípico de Lisboa, Federação Equestre Portuguesa, 
Alferes Henrique Vaz



Torres Novas > Escola Prática de Cavalaria > Março de 1945 > 
 Aspirante Henrique Vaz na descida das Ferrarias, montando o "Vapor"


Fotos (e legendas): © Luís Gonçalves Vaz  (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Luís Gonçalves Vaz mandou-nos, com data de 18 do corrente, 16:32, um trabalho sobre o seu pai, Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, que foi também um distinto cavaleiro.  (Tem 26 referências,  no  nosso blogue,  o pai; e 77, o filho.)

Como o Luís Gonçalves Vaz, nosso tabanqueiro, também foi militar (e de cavalaria), faz todo o sentido publicar este artigo, na série "Meu pai, meu velho, meu camarada", em dois postes (*).

O Luís Filipe Beleza Gonçalves Vaz tem uma publicação com a biografia do seu pai (Barcelos, 2004, 21 pp.).

 Luís, Boa tarde:

Conforme combinado, segue em anexo o Artigo para publicação. Podes rever o Artigo e corrigires o que entenderes. Acabei por enquadrar a fase de cavaleiro do meu falecido pai, com a fase de oficial superior do Estado Maior. 

Quando faleceu, a sua farda tinha apenas os símbolos de cavalaria , não os símbolos de oficial do Estado Maior, de acordo com as suas instruções em vida ao seu filho Comandante da Marinha Portuguesa, o meu irmão comandante Gonçalves Vaz. 

Depois diz alguma coisa.

Abraço, Luís Gonçalves Vaz

Anexo - Artigo "Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, foi também um cavaleiro com classe"


Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado Maior do CTIG/CCFAG, 
foi também um cavaleiro com classe

por Luís Gonçalves Vaz


1.  A carreira profissional do Coronel Henrique Gonçalves Vaz tem duas grandes etapas, a primeira como cavaleiro, enquanto oficial subalterno de Cavalaria, e a segunda como Oficial do Quadro do Corpo do Estado-Maior, tendo desempenhado funções nos Quarteis Generais da Região Militar do Norte, na Região Militar de Angola,  e no CTIG /CCFAG,   na Guiné Portuguesa.

Na primeira, como cavaleiro, virá a demonstrar ser um excelente praticante de Hipismo, talvez um dos melhores do seu tempo a nível militar. Para além de ter sido, durante cinco anos 1947-48-50-52 e 53, o 1º classificado da Arma de Cavalaria em Provas de Hipismo Regimentais, participou também em muitos concursos hípicos nacionais e internacionais onde obteve também boas classificações, principalmente com dois cavalos, o “Fiado” e o “Fantoche”, cavalos do Exército Português.

Desde alferes até capitão, de 1945 a 1957, dedica-se ao Hipismo com participação em concursos hípicos, na cidade do Porto, em Pedras Salgadas, em Espinho, em Mafra, em Elvas, em Évora e mesmo participando no concurso Hípico de Lisboa.

Neste período foi contemporâneo de grandes cavaleiros portugueses como Pimenta da Gama, Henrique Callado, Jorge Mathias, Fernando Cavaleiro, Ribeiro de Carvalho, Ivens Ferraz e mesmo o cavaleiro António de Spínola, entre muitos outros. Henrique Vaz manteve por muitos anos a prática de equitação, mesmo depois de deixar de competir em provas de hipismo com obstáculos.

Como exemplo de bons resultados em Provas Nacionais de obstáculos, poderemos apontar as seguintes (vd. imagens em baixo):

  • Um segundo prémio numa prova hípica em Mafra, no mês de setembro do ano de 1951;
  • Um terceiro e nono lugar com cavalos distintos (o "Fantoche" e o "Fiado") na prova “Omnium - 1ª série”, no Concurso Hípico de Espinho em 1949; nesta Prova o capitão Gonçalves Vaz consegue mesmo dar luta ao cavaleiro Henrique Callado;
  • Em agosto de 1952, Henrique Gonçalves Vaz disputou em Pedras Salgadas a Prova “Hotéis Pedras Salgadas”, onde concorreram 46 cavaleiros, e obteve com o “Fiado”, um prestigiado 6º lugar, à frente de um grande cavaleiro como Ivens Ferraz, cavaleiro que representou Portugal nos jogos Olímpicos.


Revista de Cavalaria, setembro de 1951



Classificação (2º lugar, prémio monetário 200$00, equivalemte hoje a c. 550 euros), para Henrique Vaz, prova "Caça", 1ª série, Escola Militar de Equitação, setembro de 1951


Como jovem oficial de cavalaria nunca deixará de praticar desportos, tendo-se dedicado também à prática de esgrima na Região Militar do Norte. Posteriormente, após concluir o Curso Geral do Estado-Maior em 1955 e o Curso Complementar do Estado-Maior em 1959 ingressa, em 1960, no Quadro do Corpo do Estado-Maior, começando a segunda fase da vida profissional onde virá a demonstrar ser um excelente e distinto oficial do Estado-Maior, como comprovam todas as suas nomeações profissionais e todos os louvores e condecorações quelhe foram concedidas.

(Continua)


Braga, 18 de abril de 2024
Luís Beleza Gonçalves Vaz
(filho do biografado)
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 24 de agosto de  2022 > Guiné 61/74 - P23552: Meu pai, meu velho, meu camarada (68): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte VII

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25120: Capas da Vida Mundial Ilustrada (1941-1946) - Parte I: embarque de tropas expedicionárias para Cabo Verde, em junho de 1941.... "Partiram alegres e confiantes"...





Legenda (não há idicação do autor da foto):  "Partiram alegres e confiantes os soldados que constituíam o último destacamento de tropas expedicionárias enviadas para o arquipélago de Cabo Verde". (Há aqui um lapso factual: depois deste embarque, em junho de 1941, houve pelo nenos um outro posterior, no mês seguinte, em 18 de julho, no T/T Mouzinho.) 


(A imagem foi reditada, com a devida vénia... LG)




(i)  surgiu em 22 de Maio de 1941, em Lisboa, em plena II Guerra Mundial;
(ii)  publicou-se até no final de 1946, totalizando 278 números;
(iii) teve como diretor José Cândido Godinho (Setúbal, 1890- Lisboa, 1950), e como editor e proprietário Joaquim Pedrosa Martins;
(iv) redação e administração: Rua Garrett, 80-2º Lisboa, telefone 25844.
(v) o nova publicação era apresentada como "documento vivo do que vai pelo mundo", um jornal que "pela ilustração, esclareça e informe e oriente o público - com esse poder de verdade que mais do que a palavra falada ou escrita, a imagem traduz".




Fonte: "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), sexta-feira, 18 de julho de 1941, p. 5, Cortesia da Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos. (*)

Citação: (1941), "Diário de Lisboa", nº 6700, Ano 21, Sexta, 18 de Julho de 1941, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_24851 (2017-8-29)

(Com a devida vénia...)


1. Lembrei-me, ao deparar-me com esta capa da "Vida Mundial Ilustrada", do "meu pai, meu velho, meu camarada", Luís Henriques (1920-2012) (*), que fez parte da força de 6 mil e tal homens que foram reforçar a defesa do arquipélago de Cabo Verde durante a II Guerra Mundial.  Esteve sempre no Mindelo, São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943.

Foram também como "expedicionários" para Cabo Verde outros pais de camaradas nossos, como o Hèlder Sousa, o Luís Dias e  o Augusto Silva Santos,  ou o nosso amigo, guineense, de origem cabo-verdiano, Nelson Herbert Lopes. Mas também o tio do Mário Fitas. o Joaquim José Fitas.

O meu pai, natural da Lourinhã,  era 1º cabo atirador de infantaria, 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5 (Caldas da Rainha), unidade mais tarde integrada no RI 23 (São Vicente, Cabo Verde, 1941/43). Partiu no T/T Mouzinho, em 18 de julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos. O Salazar fez questão de lá ir pessoalmente despedir-se das tropas expedicionárias.  Regressou doente, o meu pai, em setembro de 1943. Casou em 2/2/1946. E eu vim a nascer a 29/1/1947.

Quem foi na mesma data, 18 de julho de 1941,  e no mesmo navio, o Mouzinho,  foi o  sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988): lisboeta,  integrava 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, a mesma unidade do meu pai.  Esteve lá dois anos anos e dez meses. É pai do nosso camarada Luís Dias.

Outro expedicionario foi o Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º cabo n.º 816/42/5, da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI 23...   Esteve na Iha de São Vicente.

Por sua vez, na Ilha do Sal, entre junho de 1941 e março  de 1943, na 1ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11, esteve o 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), pai do nosso camarada Augusto Silva Santos. Ele e os seus camaradas foram depois destacados para a ilha de Santo Antão (até dezembro de 1943).

O Nelson Herbert Lopes (que foi jornalista da VOA - Voz da América) também já aqui evocou o seu pai, Armando Duarte Lopes, uma antiga glória do futebol cabo-verdiano e guineense, Armando Búfalo Bill, seu nome de guerra, o melhor futebolista da UDIB e do Benfica de Bissau, tendo sido também internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa:

(...) O meu velho entrou para a tropa a 15 de agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,Depois do juramento da bandeira (...) é transferido para Lazareto e São Pedro [na parte oeste, sudoeste da ilha].

Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos hegavam... (...)  (**)