Luís
Conheci o capitão [de infantaria] José Abílio Lomba Martins, no Enxalé. Estávamos em fins de novembro de 1963 e um dia apareceu uma coluna da nossa Companhia que levava um senhor capitão que se apresentou como Lomba Martins, professor na Academia Militar que queria conhecer a região e os métodos de contra-guerrilha que utilizávamos, bem como a minha técnica de fazer minas e armadilhas.
Ficou espantado com os resultados reais e os efeitos das armadilhas, pois chegou a acompanhar-me na sua elaboração e na sua montagem e verificou os efeitos devastadores no inimigo.
Na semana passada connosco, ficou tão entusiasmado que me pediu dois exemplares de duas armadilhas para levar para Lisboa, para ensinar na Academia, segundo me afirmou.
Mais tarde a 25 de janeiro de 1964, apareceu a comandar a CCaç 556, que nos substituiu (3.º pelotão), no Enxalé.
Nessa substituição, recordo que me apresentou, aos seus oficiais e sargentos, como alguém que era um operacional, conhecedor da guerra de guerrilha e contra-guerrilha, o que me deixou cheio de orgulho.
Acabou por dizer ao nosso Capitão Braga, que eu merecia um louvor, pois fazia mais estragos no inimigo do que muitas companhias. O que veio acontecer mais tarde.
Encontrei-o em abril de 1965, em Bissau e ele apresentou-me a vários Oficiais sempre
em termos muitos elogiosos para a minha pessoa.
Um exemplo foi: uma noite o 'Nino' Vieira comandou um ataque ao nosso aquartelamento com 150 guerrilheiros (homens e mulheres) que desde as 21 até às 4 horas da manhã, tentaram aproximar-se, por diversas picadas e estrada, mas caíram em mais de dez armadilhas, onde tiveram mortos e feridos, e ao chegar ao arame farpado, apenas se atreveram a dar um tiro de pistola.
Retiram alguns dos mortos e feridos, mas outros ficaram escondidos pelo mato, que nós recuperamos mais tarde durante o dia.
Foi assim que conheci o Sr. Capitão Lomba Martins. (**)
Ab
Alcídio Marinho
CCaç 412, 3ª pelotão
(Bafatá., 1963/65)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 10 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16584: Notas de leitura (887): Guiné-Bissau entre 1960 e 1990: um olhar de um oficial português (Mário Beja Santos)