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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26403: Humor de caserna (98): Quando o IN... jabadava!... Até que o goês e anafado alferes Basílio dos morteiros quis saber porquê... (Rui A. Ferreira, Sá da Bandeira, 1943 - Viseu, 2022)


1. O Rui Alexandrino Ferreira (Sá da Bandeira, Angola, hoje Lubango, 1943-Viseu, 2022), ten cor inf ref, duas comissões no CTIG, a última como cmdt da CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, jan 71 / set 72). Da primeira vez, esteve como alf mil inf, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67);  foi um grande operacional, e também um talentoso escritor, tendo-nos deixado três livros de memórias;  angolano,  adoptou a cidade, depois do 25 de Abril,  para viver, amar, escrever e morrer (a sua última obra, de 2017, tem por justamente por título "A caminho de Viseu - Memórias").

Gostava de pregar partidas, e era um bom contador de histórias.


Do seu segundo livro ("Quebo: nos confins da Guiné", Coimbra: Palimage, 2014), vamos publicar duas histórias sobre Jababá (um dos subsetores do setor S1: Tite, Jabadá, Emxud+e,Fulacunda, São João) , em dois postes separados. 

poucas referências no nosso blogue a Jababá (pouco mais de 3 dezenas), na região de Quínara, na margem esquerda do Rio Geba, um aquartelamento que se via quando se navegava no rio Geba, de Bissau para o Xime ou vice-versa (quer no "barco turra", quer em LDG).

A história da reconquista da Ponta de Jabadá en 29/1/1965, já foi aqui contada pelo Gonçalo Inocentes, nosso grão-tabanqueiro nº  810. Até então o PAIGC era "rei e senhor", impondo ali o terror à navegação no Geba.

Pelas nossas contas, esta história com o "alferes Basílio" deve-se ter passado em meados de 1965, ao tempo do BCAÇ 599 (Tite) e com o Pel Mort 912 a guarnecer Jabadá, reocupada após a Op Braçal (30jun65). (No entanto, ao tempo do nosso camarada Santos Oliveira, ex-fur mil do Pel Mort 912, o comandante seria o alferes Rodrigues, desconhecendo nós o seu primeiro nome; mas Basílio também pode ser um pseudónimo.)

 

Quando o IN... jabava!... Até que o goês e anafado alferes Basílio dos morteiros quis saber porquê... 


por Rui A. Ferreira (1943-2022)



Jabadá era uma guarnição debruçada sobre o rio Geba. Organicamente dependia do batalhão de Tite e era atacada constantemente, de tal forma que, quando se queria dizer que o IN tinha atacado  Jabadá, se dizia:

− O IN... jabadou!

O alferes Basílio era um moço calmo e sereno, como aliás o são a maioria dos indivíduos com tendência para engordar. Comandava o pelotão de morteiros que ocupava Jabadá e que era na altura a única tropa ali presente.

Farto de ter de aturar  ataques sucessivos, um belo dia, este tranquilo goês, abdicando da sesta, que era prática e unanimemente por todos cumprida (guerrilheiros do IN idem idem aspas aspas), disfarçou-se a si e a parte do seu grupo, com roupas e artefactos do IN, saiu rapidamenmet do aquartelamento, entrou por uma casa de mato dos guerrilheiros, eliminou uma série deles e voltou o mais rapidamente que conseguiu para Jabadá.

Continuou a ser atacado, mas agora já sabia a razão porque o faziam.

Fonte: Excertos de  Rui Alexandrino Ferreira, "Quebo: nos confins da Guiné", Coimbra: Palimage, 2014, pág. 346.


( Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, itálicos, título: LG)
 
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