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sexta-feira, 31 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25590: (In)citações (266): Vamos identificar as Unidades com as Divisas, lemas e designações mais curiosas e divertidas (Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil Inf)

1. Mensagem de Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có, Jolmete e Bissau 1971/73), com data de 29 de Maio de 2024, com  desafio de identificar unidades conhecidas pelas suas mais estranhas denominações:

Olá Carlos, boa tarde!

Para colmatar de alguma forma a minha longa ausência destas "lides", umas vezes por manifesta preguiça e outras por questões de saúde, aqui vai um pequeno ou pseudo desafio, isto porque não me lembro de alguma vez ter visto referências ao que passo a descrever, mas também é muito provável que já tenha acontecido sem eu ter dado por tal facto, pelo desde já peço desculpa.

Então é assim...

Depois da minha "estadia" em Jolmente / CCaç 3306, onde fui colocado em rendição individual e, após o regresso daquela à metrópole finda a sua comissão, fui colocado no Depósito de Adidos em Brá, no qual fiquei quase todo o ano de 1973 (por certo e por sorte por ali fiquei esquecido).

Durante esse período estabeleci contactos com muitos camaradas, uns que já havia conhecido na EPC / Santarém e no CISMI / Tavira, mas também tive o prazer de conhecer muitos outros que por aquela unidade iam passando, alguns infelizmente com sortes bem diferentes.

Assisti à chegada de muitas Companhias "piras", e também à partida de muitas outras com as suas comissões cumpridas (era praticamente o dia a dia do Depósito de Adidos), mas curiosamente três delas sempre me ficaram na mente, pelos slogans ou denominações pelas quais eram conhecidas/identificadas, agora vindas à memória passado meio século.

Será que alguém ainda se lembra/consegue identificar estas unidades e onde estiveram aquarteladas?

A saber:
- "FERRA O BICO"
- "DEIXA-OS POISAR"
- "COMPANHIA TOYOTA"

De notar que, relativamente a esta última, não era de facto a sua correcta denominação, mas viria a ficar assim conhecida pelo facto de já ter passado bastante tempo sobre o terminus da sua comissão, sem que houvesse ordem para o seu regresso. Esta identificação tinha assim a ver com o slogan utilizado pela Toyota aquando do início da sua comercialização em Portugal, e que dizia que "tinha vindo para ficar". Era o caso daquela Companhia.

Por certo haverá muitas outras igualmente conhecidas por formas curiosas/divertidas.

Forte abraço e saúde para todos!
Augusto Silva Santos


********************

2. Nota do editor CV :

Caro Augusto Silva Santos

(a) - Quanto aos "Ferra o Bico", apenas encontrei uma Companhia de Moçambique, a CCAÇ 4542/72, com esta designação. Não sei se houve alguma na Guiné porque não encontro nenhum registo. Se te vieres a lembrar, informa-nos.


(b) - Os "Deixós Poisar" são a CCAÇ 3549 / BCAÇ 3884, que fizeram a sua comissão em Fajonquito entre 1972/74.

(c) - Por sua vez, a CCAÇ 3520, cuja Divisa era "Os Homeopáticos de Cacine", como bem disseste, por estarem demasiado tempo na Guiné, exactamente 27 meses, eles próprios se apelidaram de "Companhia Toyota". Também adoptaram a designação de "Estrelas do Sul"

(d) - Já agora a propósito, a minha CART 2732, que cumpriu a sua comissão de serviço em Mansabá, tinha como Divisa "Nam Acha Quem Por Armas Lhe Resista", na Guiné o nosso lema era "Venceremos nem que seja a pontapé"

Era engraçado fazer no Blog um registo, não só das divisas mas também dos lemas adoptados em campanha pelos Batalhões e Companhias.

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Nota do editor

Último post da série de 28 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25225: (In)citações (265): A Guerra. Nos últimos tempos as notícias tendem a ser brutais e deprimentes (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23021: In Memoriam (429): Ernesto Marques (1949-2021), ex-Soldado Trms da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Jolmete, 1971/72)

IN MEMORIAM

Ex-Soldado Trms da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Jolmete, Jan1971/Nov1972)

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Através desta mensagem do camarada Augusto Silva Santos tomámos conhecimento de que em 30 de Agosto do ano passado faleceu o nosso camarada Ernesto Marques, que se apresentou à tertúlia em Junho de 2017:

Olá Bom Dia!
Na tentativa de encontrar um nome de um antigo camarada, acabei por verificar que da nossa lista de amigos ainda consta o nome do meu amigo e camarada da Guiné/Jolmete, na CCaç 3306/B Caç 3833, Ernesto Marques.
Passo a informar que este infelizmente faleceu em 30-08-2021. Lamento que só agora estejam a tomar conhecimento.

Forte abraço!
Augusto Silva Santos


Lamentamos mais esta perda na tertúlia e, embora atrasados, aqui expressamos o nosso testemunho de pesar aos seus familiares.

A nossa idade já se vai sentindo, pelo que temenos haver mais casos de desconhecimento da partida de outros nossos amigos que um dia se juntaram a este grupo de velhos combatentes.

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE FEVEREIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23017: In Memoriam (428): Carlos Alberto Oliveira Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72) que faleceu em Coimbra no passado dia 19 de Fevereiro de 2022 (Mário Migueis da Silva)

terça-feira, 13 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17465: (De) Caras (74): "Contrabando da ternura": que bem me sabiam essas encomendas, de que fui portador (na marinha mercante) mas também recetor (Augusto Silva Santos, ex-tripulante da marinha mercante e ex-fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).



Foto 1 – Bissau, Abril de 1970. A bordo do N/M "Alfredo da Silva", com a restante pessoal das máquinas. Sou o primeiro da direita



Foto 2 – Bandeira dos navios da Sociedade Geral [, fundada em 1919 pelo industrial Alfredo da Silva, o líder da CUF - Companhia União Fabril; em pouco mais de meio século de existência, teve 57 navios, fora rebocadores, tornando-se um dos mais importantes armadores do país]




Foto 3 . N/M "Rita Maria", da SG


Foto 4 – N/M "Alfredo da Silva", da SG



Foto 5 – Bandeira dos navios da Companhia Nacional de Navegação


Foto 6 – N/M "Niassa", da CNN





Foto 7 – CCAç 3306, Jolmete, Novembro de 1972. Em convívio com outros camaradas, após termos “devorado” umas das célebres encomendas vinda da metrópole, com os saborosos enchidos e queijos. Estou ao centro da mesa. 




Foto 8 – CCAÇ 3306, Brá, Novembro de 1973. Por vezes essas encomendas também chegavam com um “bom” vinho.



Fotos (e legendas): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem, com data de ontem, do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada, foi tripulante da marinha mercante e depois  fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).


Camarada e Amigo Carlos Vinhal, bom dia!

Sobre o assunto em referência, a par dos outros camaradas que já escreveram sobre o assunto (Tony Levezinho, Hélder Valério Sousa, e Juvenal Amado), também eu tenho alguma coisa a contar, por ter estado muitas vezes envolvido nesse saudável "contrabando".

Se achares interessante, agradeço a publicação do que junto envio.

Forte abraço com votos de muita saúde.

Augusto Silva Santos


2. “Contrabando da Ternura”

por Augusto Silva Santos


Tendo eu começado a minha vida de marinheiro muito cedo, assim também cedo me iniciei no agora chamado “contrabando da ternura”, pois andei embarcado nos navios da marinha mercante dos 18 aos 21 anos ("Rita Maria", "Alfredo da Silva" e "Niassa") até ser chamado para a vida militar e, posteriormente, mobilizado para a Guiné.

Pela razão acima, algumas foram as vezes que mães, pais, amigos e até namoradas, de vizinhos meus mais velhos já mobilizados, sabendo das minhas viagens para terras do ultramar, nomeadamente para Cabo Verde, Guiné, Angola, e Moçambique, algumas vezes me solicitavam para ser portador desta ou daquela encomenda, nem sempre de comes e bebes, como se costuma dizer. 

Eram de facto muito diversas essas célebres encomendas, que felizmente sempre consegui fazer chegar aos seus destinatários através dos mais diversos meios, normalmente através dos amigos que se encontravam sediados nas cidades onde aportávamos, que posteriormente as encaminhavam até ao mato.

Um dos beneficiados ainda chegou a ser o meu irmão, que nos finais de 1970 já se encontrava na Guiné no BCaç 3833 / CCaç.3307 – Pelundo, encomendas essas que um ou outro amigo recolhia e fazia chegar até à “arrecadação do Batalhão” sita em Brá / Quartel dos Adidos, e que ele acabava por receber sempre que havia uma coluna da Companhia de Transportes ou da própria Companhia. 

Quis o destino que também eu viesse mais tarde a ser mobilizado para a Guiné, e fosse parar em rendição individual a uma das Companhias desse Batalhão, neste caso para a CCaç 3306 – Jolmete. Aí, passei também eu a ser contemplado, neste caso por via das encomendas que os meus pais despachavam por um vizinho meu (infelizmente já falecido) que comigo andara embarcado no "Alfredo da Silva".

Importa salientar que, sendo o meu falecido pai do quadro do pessoal civil da Marinha de Guerra, também ele tinha vários elementos amigos a cumprir serviço militar em diversos sítios, nomeadamente na Guiné, e também para eles fui algumas vezes portador de encomendas. 

Mais tarde, nomeadamente quando já estava colocado no Depósito de Adidos em Brá, passei a ser também receptor, mas nem sempre bem sucedido. Lembro-me que, numa dessas ocasiões, tendo recebido uma “valente” encomenda (um saco de viagem cheio das mais diversas iguarias), alguém durante a noite fez com que o mesmo tenha simplesmente desaparecido, sem que tenha havido qualquer magia. Foi mesmo roubada. 

Na altura, debaixo da revolta pelo acontecido e mesmo não o conhecendo, ao “amigo do alheio”, roguei-lhe as mais diversas pragas mas, passados todos estes anos, sinceramente espero que lhe tenha feito muito bom proveito, porque se calhar bem mais precisava do que eu.

Que bem me sabiam essas encomendas da ternura ou da saudade!

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Nota do editor:

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17432: Tabanca Grande (438): Ernesto Marques, leiriense de Ancião, vive no Cartaxo, foi Soldado TRMS Inf, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)... Novo grã-tabanqueiro n.º 745

Foto n.º 1

Foto n.º 2

Foto n.º 3

Foto n.º 4

Foto n.º 5

Foto n.º 6

Foto n.º 7

Fotos: © ErnestoMarques (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do novo membro da Tabanca Grande, nº 745, Ernesto Marques

Data: 29/05/2017
Assunto: Inscrição no Blogue como membro da Tabanca Grande


Agradeço a inscrição no blogue, do qual já sou adepto há muito tempo,
Fui Soldado de Transmissões de Infantaria, Ernesto Marques, n.º 01391570, Companhia de Caçadores 3306, Batalhão de Caçadores 3833. Estive na Guiné, Jolmete, entre Dezembro de 1970 e Dezembro de 1972

Junto envio igualmente, para efeitos de contacto, o nº de telemóvel.

Grato pela atenção,

Abraço,
Ernesto Marques


2. Nota do editor:

Ernesto: és naturalmente benvido à Tabanca Grande. Passas a figura na lista alfabética dos grã-tabanqueiros, que consta  na coluna do lado esquerdo da página de rosto do nosso blogue. Por ordem de entrada, és o n.º 745. É o teu lugar à sombra do nosso poilão, mágico, fraterno, protector.

Além das fotos que mandaste, ainda fomos repescar mais algumas na tua página do Facebook. Vimos que passaste a maior parte do teu tempo em Jolmete de que tens uma bela foto da tabanca e do quartel com uma secção das valas e o espaldão do morteiro 81 (tens que confirmar).

Da tua companhia CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), temos na Tabanca Grande o ex-fur mil  Augusto Silva Santos de que, por certo, estás lembrado, e que vive em Almada, sendo aliás teu amigo no Facebook. Vejo que a vossa companhia se reúne todos os anos,

Sabemos ainda que trabalhaste como chefe de pessoal na empresa Ford Lusitana, SA, que vives no Cartaxo, mas és natural de Ancião, Leiria.

Desejamos-te boa continuação da tua reforma. E, não te esqueças, manda-nos pelo menos uma pequena história do teu tempo na Guiné. Já sabes, uma vez que és nosso leitor de longa data, quais são as nossas regras de convívio e o que precisas de fazer para comentar os postes que publicamos todos os dias. (As regras constam da coluna do lado esquerdo.).

Obrigado pelo teu número de telemóvel, que naturalmente não divulgamos, mas fica disponível para os editores e demais camaradas que te queiram contactar. Se quiseres que a gente te dê em público os parabéns pelo teu aniversário natalício, tens que nos dizer a tua data de nascimento.

Um alfabravo dos editores.
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17370: Tabanca Grande (437): Luís Branquinho Crespo, ex-alf mil, CART 2413 (Xitole e Saltinho, 1968/70)... Passa a sentar-se à sombra do nosso polião, no lugar nº 744. É advogado em Leiria e autor do livro "Guiné: Um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16336: (Ex)citações (313): A minha faca de mato, de aço temperado mas não de inox, "made in Portugal", velhinha de 45 anos, amiga inseparável, ainda hoje nas jornadas de caça... (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Fotos: © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Augusto Silva Santos, com data de 26 do corrente:

Augusto Silva Santos 
(ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,



Olá,  Carlos Vinhal, boa tarde!
Espero que esteja tudo bem contigo.

Relativamente ao assunto em referência, estou a juntar a minha modesta colaboração, com um pequeno texto e algumas fotos para ilustrar que, caso assim o entendas, agradeço publicação.

Um Grande e Forte Abraço
Augusto Silva Santos


2. A minha Faca de Mato

Esta é a minha faca de mato, velhinha de 45 anos, que sempre me acompanhou durante toda a minha comissão na Guiné, conforme fotos [4] que o confirmam. Foi uma amiga inseparável, tal como a G3, e que muita utilidade teve em diversas situações, umas mais agradáveis que outras.

Sempre a usei no cinturão. Foi com ela que abri latas de conserva e ostras, que fiz petiscos, que amanhei peixe da bolanha, que colhi ramos de palmeira para fazer abrigos ou camas improvisadas, que tentei detectar minas, mas também para infelizmente ter de abrir a camisa de um camarada ferido por estilhaços de uma roquetada.

Também me lembro de com ela ter gravado,  numa árvore junto ao rio Cacheu, o meu nome e da minha namorada, e agora minha mulher.

Será sempre um objecto muito versátil e de muita importância no campo militar. Sendo caçador, confesso que algumas vezes (será por nostalgia?) já a levei comigo nalgumas jornadas de caça.

No meu caso, julgo tratar-se de uma faca de aço temperado, mas não de aço inox, até porque já apresenta alguns pontos de ferrugem, apesar dos cuidados que ao longo destes anos lhe tenho dispensado. Não tem qualquer designação ou marca para saber onde foi produzida, mas penso tratar-se de cutelaria nacional, pois foi por mim adquirida numa feira / mercado antes do meu embarque para a Guiné. Portanto, não me foi distribuída, era e é de minha propriedade.
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quinta-feira, 31 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15918: Inquérito 'on line' (50): Nunca apanhei nenhum pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné (Augusto Silva Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 15 de Março de 2016, com o que será o último depoimento sobre os nossos pifos no TO da Guiné:

Olá Carlos Vinhal, bom dia!
Antes de mais espero que esteja tudo bem contigo e família.

No âmbito do inquérito "on line" que tem estado a decorrer sobre o assunto em epigrafe, recordo parte de um episódio que comigo ocorreu, e sobre o qual em tempos enviei para publicação, sendo que este foi mesmo o único "pifo" que apanhei em terras da Guiné.

O extracto abaixo faz parte do Post P10432 de 25-09-2012 / Estórias dos Fidalgos do Jol / 12 - A minha primeira noite no Jol:

..."Mas felizmente era apenas e só a minha preocupação de “pira” a funcionar, pois nada de anormal se passou, só que, ao contrário do que aconteceu com o “pira” do Juvenal, no meu caso era ver quem mais “álcool” me conseguia fazer beber e, obviamente, pagar.
Tanto quanto foi possível lá me fui aguentando, normalmente tentando disfarçar as grandes quantidades de whisky com coca-cola à mistura. Como sabia e “escorregava” bem, consegui manter-me durante um bom par de horas a ouvir alguns dos acontecimentos mais significativos dos últimos 12 meses (a eterna tentativa de “acagaçar” os recém chegados), e sinceramente não dei conta que já me encontrava muito perto dos limites.
Enquanto estive sentado, a coisa correu bem, o pior foi mesmo quando fiz mais do que uma tentativa para me levantar, e as pernas não me obedeciam. A minha intenção de evitar apanhar uma primeira bebedeira em terras da Guiné, definitivamente não tinha resultado. Estava mesmo embriagado e, só com alguma ajuda, lá me consegui pôr a caminho do meu abrigo. Pelo meio fui “apanhado” pelo Cabo da ronda que, “simpaticamente” me perguntou se precisava de ajuda, depois de me ver de joelhos e a vomitar. Bonito exemplo logo no primeiro dia, pensei eu…
Mas a “praxe” tinha sido cumprida e, no outro dia, era como se nada se tivesse passado. Nunca mais ninguém falou nisso, eu é que durante largos meses, nunca mais pude ver à minha frente aquela “maldita combinação” de whisky com coca-cola. Foi mesmo de arrasar"…

Se achares que tem interesse recordar, p.f. publica, fazendo as alterações que considerares oportunas.

Aproveito para juntar umas fotos tiradas em Jolmete, em Outubro / Novembro de 1972, que ilustram alguns momentos de "alegria". De salientar que o fim da comissão estava próximo.

Recebe um grande e forte abraço,
Augusto Silva Santos




Jolmete, Outubro e Novembro de 1972

Fotos: © Augusto Silva Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15892: Inquérito 'on line' (49): Pifos não eram comigo, só por duas vezes! (Manuel Joaquim, ex-Fur Mil da CCAÇ 1419)

sábado, 26 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15159: O nosso querido mês de férias (3): 10 de março de 1970: eu a partir e o ministro do ultramar, Silva Cunha, a chegar, no mesmo Boeing 707, da TAP ( Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Saída dos passageiros

Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Aguardando a chegada do 707 da TAP, com o ministro do Ultramar, Silva Cunha



Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 >  Sessão de cumprimentos. [Joaquim Silva Cunha foi ministro do ultramar, de 1963 a 1973; a visita à Guiné nessa altura foi de 10 a 19 de março de 1970].



1. Texto do Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Estive em Jolmete desde maio de 1969 até março de 1971. Fui de férias, uma vez,  à metrópole, no período de 10 de março a 10 de abril de 1970 [, e não em julho de 1970, como escrevi por lapso no poste P5246 (*)].

Quando fui de férias embarquei no mesmo 707 da TAP que tinha trazido Silva Cunha à Guiné, daí as fotos que tirei no aeroporto [, vd acima].

No aeroporto de Bissalanca havia grande agitação. Esperava-se a chegada do avião da TAP com o senhor ministro do ultramar, e não dos deputados da metrópole que vinham visitar a Guiné, e que depois irão morrer num acidente de helicóptero (. A minha confusão deveu-se aos 40 anos de esquecimento quase total das coisas da Guiné, só quando descobri o nosso blogue é que me comecei a entusiasmar.)

Tirei algumas fotos no aeroporto,  mas como a minha meta  era embarcar (**), não liguei muito a essa visita. Era um dia de semana, 3ª feira, o 10 de março de 1970.

Silva Cunha irá depois visitar Jolmete no dia 16 de março, 2ª feira. Silva Cunha dirigiu-se ao CAOP em Teixeira Pinto, e de lá foi a eventualmente ao Pelundo, sede do meu Batalhão. A comitiva foi depois a  Jolmete em três helicópteros.

Chegado a Jolmete, depois das férias, em abril de 1970,  fui informado  da visita do ministro do ultramar. Como havia fotos da visita,  tiradas pelo furriel Rodrigues,  da minha Companhia, eu adquiri cópias, que são as que mostro a seguir.

Terminada a visita,  os helis saíram de Jolmete para Teixeira Pinto depois do almoço, para deixarem o pessoal do CAOP. Como não estive lá,  não sei quem foi do CAOP, mas pelo menos o sr. coronel Alcino, comandante, esteve lá, como se pode ver em quase todas as fotos.

Jolmete era um aquartelamento exemplar no mato. O sr. general Spínola tinha um fraquinho por Jolmete; esta mensagem foi-nos transmitida logo à chegada. Os nossos antecessores, CCaç 2366 comandada pelo sr. cap Barbeites, construíram o quartel de raiz, nós continuamos e aperfeiçoamos. Eles tiveram uma forte actividade militar, nós continuamos e aumentamos, com saídas praticamente diárias, o que nos privou de ataques ou flagelações ao aquartelamento durante toda a comissão.

Construímos, entre outras coisas, dois abrigos, a vala de defesa em volta do quartel, uma escola e 24 casas para a população civil, graças à nossa equipa de pedreiros, como o Firmino (Régua), o Ramos, o Lima, o Spínola (não confundir com o nosso General), o Risadas e outros que não me recordo os nomes, mas que de seu modo, deram o corpo ao manifesto, erguendo obra que após a independência foi toda destruída.

A companhia que nos sucedeu, foi a CCAÇ 3306.

Manuel Resende


Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Abre-se a porta e vê-se o gen Spínola. No banco de trás o cor Alcino, cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Do outro heli saem outras individualidades



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cap Almendra, cmtd  da CCAÇ 2585 cumprimenta e dá as boas-vindas ao gen Spínola e ao ministro do ultramar, Silva Cunha





Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cumprimentos ao oficial de dia, alf mil Marques Pereira, pelo ministro Silva Cunha e gen Spínola. Vemos distanciado, à esquerda, o cor Alcino,l cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita da comitiva à cozinha. Além de Siva Cunha e coronel Alcino, vemos dois furriéis dos helis e dois repórteres

Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita à Capela



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Despedidas finais, regresso a Bissau



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete >  O capitão Almendra, cmdt da companhia, a CCAÇ 2585. Era alferes mil graduado em capitão, tendo substituído, em agosto de 1969, o capitão QP, António Tomás da Costa, promovido a major.

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15086: Inquérito online: "No meu tempo já se falava da existência de aviões inimigos sob os céus da Guiné"... Primeiro comentário: "Quando estive no Depósito de Adidos, em Brá, na secção de justiça, em finais de novembro de 1973, lembro-me de chegarmos a receber informação para estarmos preparados para a eventualidade de um ataque aéreo"... (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

A. Mensagem enviada ontem pelo correio interno da Tabanca Grande:

Camaradas:

Bom regresso ao blogue, para quem foi a "banhos" e andou por aí, pelo mundo pequeno, sem sequer mandar um bate-estradas ao pessoal da Tabanca Grande... Alguém teve que ficar a tomar conta do poilão e das moranças...

E falando em regresso, que tal falarmos sobre MiG[ues] e outras coisas esquisitas que, dizem, já no nosso tempo cruzavam o céu da Guiné ?... Quem diz  é o José Matos (*), que é o nosso grã-tabanqueiro nº 701 [, foto à direita,], e é "expert" em história da aviação militar e da nossa guerra...  Ou melhor: dizem as fontes que ele consultou nos arquivos...

De qualquer modo, ele já não é o último grã-tabanqueiro, estamos já no nº 702...

Pois, convidamo-os, a vocês todos, camaradas,  a dar uam vista de olhos ao primeiro dos seus quatro artigos sobre a "ameaça dos MiG"... E depois respondam à sondagem (no canto superior esquerdo do blogue)... Aguardamos respostas até 14 do corrente...  A respostas é sim ou não:
  
SONDAGEM: "NO MEU TEMPO,  JÁ SE FALAVA DA EXISTÊNCIA DE AVIÕES INIMIGOS NOS CÉUS DA GUINÉ"

1. Sim, já se falava

2.  Não sei / não me lembro
 
3. Não, não se falava

B. Uma primeira resposta (ou melhor, comentártio) que nos chegou, é do Augusto Silva Santos (ex-fur mil,  CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73):


Data: 7 de setembro de 2015, 23h17


Olá Luís, Boa Noite!


Espero que esteja tudo bem contigo.

Relativamente a este assunto, aproveito para recordar que, aquando da minha apresentação ao blogue em Setembro de 2010, na parte final da mesma fiz o seguinte comentário:

"Lembro-me que nos finais de 1973 era já grande a tensão entre as NT. O facto de o PAIGC já possuir os mísseis terra-ar que passaram a ser o terror da FAP  (começámos a não ter um efectivo apoio aéreo nas diversas missões) estava a ser determinante. 

"Também me recordo de Bissau começar então a ser cercada de arame farpado e da colocação de minas nalgumas zonas da sua periferia, e de nos ter sido comunicada a possibilidade de podermos vir a sofrer em qualquer altura um ataque aéreo, por constar que o IN já possuía os famosos MiG. O fim estava próximo."

Algumas pessoas na altura não concordaram com estas minhas afirmações, mas posso afiançar que, estando eu na altura colocado no Depósito de Adidos,  em Brá [, mais extamente, na Secção de Justiça,] , já na parte final da minha comissão,  em finais  de Novembro de 1973, chegámos a receber informação para estarmos preparados para a eventualidade de um ataque aéreo por estarmos relativamente perto da Base Aérea de Bissalanca. 

Não se tratou de qualquer boato. Houve até uma pequena reunião para oficiais e sargentos, onde se falou que iríamos receber instruções para o efeito. 

Até ao dia 22 de Dezembro, altura em que terminei a comissão e regressei à Metrópole, tal não se verificou. Desconheço se posteriormente essas mesmas instruções vieram ou não a acontecer. Importa ainda salientar que na altura alguns camaradas do COMBIS, que ficava ali mesmo ao lado, também confirmaram que haviam sido alertados para a hipótese de um ataque aéreo.

Não tendo sido uma comunicação oficial no sentido correcto da palavra (não nos foi passado nada escrito), pelo menos tratou-se de uma comunicação oficiosa, como se costuma dizer. Ou se quisermos, de um alerta.

Um Abraço
Augusto Silva Santos

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Nota do editor:


(...) No dia 26 de Julho de 1963, um caça português F-86F Sabre destacado na Guiné fazia um voo de teste na região do rio Corubal. A bordo do aparelho, o piloto esperava um voo calmo e sem incidentes, contudo, tem um encontro imprevisto. Enquanto testa o Sabre, avista à distância um jacto desconhecido e, quando muda de rota para tentar verificar a identidade do avião, este foge rapidamente, não permitindo a sua identificação. A única coisa que consegue perceber é que se trata, provavelmente, de um MiG ao serviço da Força Aérea Guineana (FAG) (...).

terça-feira, 28 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14942: (Ex)citações (287): Um telefonema complicado com final feliz… (Augusto Silva Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 21 de Janeiro de 2014:

Olá Camarada e Amigo Carlos Vinhal
Espero que esteja tudo bem contigo e família.
Faz tempo que não dava o meu contributo para uma publicação na Tabanca, razão pela qual e, aproveitando o tema em referência, aqui vai algo que, contado a esta distância no tempo, parece um pouco descabido, mas este foi um acontecimento que nunca esqueci pelos vários envolvimentos.

Um forte abraço,
Augusto Silva Santos


Um telefonema complicado com final feliz…

Durante a minha passagem pelo BCAÇ 3833 / CCAÇ 3306, mais propriamente por Jolmete e, após termos tido um forte contacto com o IN na “famosa” zona de Badã em 04-03-1972, muito perto da não menos “famosa” zona de Ponta Matar, contacto esse do qual infelizmente resultou em 10 feridos para as nossas tropas (alguns dos quais com bastante gravidade), tendo eu escapado ileso por “milagre”, senti nos dias posteriores uma forte necessidade de contactar / falar com os meus entes queridos.
Importa salientar que os deuses nesse dia estiveram de facto comigo… Só me lembro de ter sido projectado pela acção do sopro de um rebentamento de RPG, de ter batido numa palmeira, e ter caído em cima de um soldado, sem ter sido atingido por qualquer estilhaço, portanto sem qualquer ferimento, sorte que infelizmente não tiveram os camaradas feridos que estavam perto de mim.

Dado que tal contacto telefónico não seria possível de realizar, nem em Jolmete nem no Pelundo, restava a alternativa de tentar fazer o mesmo em Teixeira Pinto, o que não era de todo fácil de concretizar.

Assim, cerca de um mês depois, aproveitando uma coluna para o Pelundo, ofereci-me para essa deslocação, primeiro para dar um forte abraço ao meu irmão que estava naquela localidade na CCAÇ 3307 e, depois, para ver então a hipótese de me deslocar a Teixeira Pinto nesse dia para concretizar o meu segundo objectivo.
Azar… Nesse dia, no distante mês de Abril de 1972, já não estava programada mais nenhuma deslocação do Pelundo para Teixeira Pinto. Perante o meu desespero / desânimo e, sem que eu estivesse à espera, aparece o meu irmão com um jeep (ele era Furriel Mecânico Auto da sua Companhia), meteu-me nele e, apenas com uma G3, lá fomos os dois direitos a Teixeira Pinto / Estação dos Correios.

Aproveito para juntar duas fotos que testemunham tal acontecimento, a primeira tirada no varandim da dita estação dos CTT, e a segunda na estrada em frente, ambas com data de Abril 1972.

 Teixeira Pinto, Abril de 1972 - Estação dos Correios

Teixeira Pinto, Abril de 1972

Após algum tempo de espera dado o improviso (não estava programada qualquer chamada), lá consegui que me fizessem um pouco à sorte a ligação, mas finalmente consegui falar com os meus pais, algo que obviamente fiz com muita dificuldade dado o embargo da voz.

Acabámos depois por ir comer umas rolas na “tasca” do Jaime, situação mais ou menos habitual naquelas paragens.

Costuma-se se dizer, “tudo bem quando acaba em bem”, pois tanto na ida como no regresso não tivemos qualquer mau encontro, mas foi uma aventura mais ou menos perigosa, pois o normal era que estas deslocações se realizassem com uma escolta.

E tudo isto por causa da necessidade de um telefonema…

Como explicar isto à geração actual, cujas facilidades de comunicação hoje em dia, são o que são?
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14925: (Ex)citações (286): Fiz um telefonema surpresa para o meu irmão, no dia e hora do seu casamento, em 16/10/1971, em Guimarães...Tive que marcar a chamada oito dias antes, na casa do régulo de Bula que servia de posto dos CTT... (António Mato, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)