sábado, 5 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17652: Historiografia da presença portuguesa em África (85): Revista Turismo de Janeiro de 1956 (2) (Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf)

1. Segunda parte da publicação das páginas da Revista Turismo de Janeiro de 1956, que publicitavam algumas das firmas existentes à época na Guiné, enviadas ao Blogue pelo nosso camarada Fernando Barata (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700, Dulombi, 1970/72) em 29 de Julho de 2017:

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Nota do editor

Poste anterior de 2 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17643: Historiografia da presença portuguesa em África (84): Revista Turismo de Janeiro de 1956 (1) (Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf)

Guiné 61/74 - P17651: Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XXIV Parte: Cap XIV - Revolta e dor pela morte do fur mil Humberto, já no final da comissão


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, os "Lassas" (1965/67)  > O Mário Fitas e o Humberto Gonçalves Vaz (de óculos escuros), que morre na Op Teste, já na fase final da comissão em Cufar, em 24/2/1966. Furriel mil vagomestre, era natural de Viana do Castelo.

Foto: © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro (inédito) "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra", da autoria de Mário Vicente [Fitas Ralhete], mais conhecido por Mário Fitas, ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. Do mesmo autor já aqui publicámos, em 2008, em dez postes, o seu fascinante livro "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp.

Mário Fitas foi cofundador e é "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha, escritor, artesão, artista, além de nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, alentejano de Vila Fernando, concelho de Elvas, reformado da TAP, pai de duas filhas e avô. [Foto em baixo, à direita, Tabanca da Linha, Oitavos, Guincho, Cascais, março de 2016]


Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra > XXIV Parte > Cap XIV (pp. 83-87)

por Mário Vicente  

 Sinopse:

(i) faz a instrução militar em Tavira (CISMI) e Elvas (BC 8),

(ii) tira o curso de "ranger" em Lamego;

(iii) é mobilizado para a Guiné;

(iv) unidade mobilizadora: RI 1, Amadora, Oeiras. Companhia: CCÇ 763 ("Nobres na Paz e na
Guerra");

(v) parte para Bissau no T/T Timor, em 11 de fevereiro de 1965, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa.;

(vi) chegada a Bissau a 17:
(vii) partida para Cufar, no sul, na região de Tombali, em 2 de março de 1965;

(viii) experiência, inédita, com cães de guerra;

(ix) início da atividade, o primeiro prisioneiro;

(x) primeira grande operação: 15 de maio de 1965: conquista de Cufar Nalu (Op Razia):

(xi) a malta da CCAÇ 763 passa a ser conhecida por "Lassas", alcunha pejorativa dada pelo IN;

(xii) aos quatro meses a CCAÇ 763 é louvada pelo brigadeiro, comandante militar, pelo "ronco" da Op Saturno;

(xiii) chega a Cufar o "periquito" fur mil Reis, que é devidamente praxado;

(xiv) as primeiras minas, as operações Satan, Trovão e Vindima; recordações do avô materno;

(xv) "Vagabundo" passa a ser conhecido por "Mamadu"; primeira baixa mortal dos Lassas, o sold at inf Marinho: um T6 é atingido por fogo IN, na op Retormo, em setembro de 1965;

(xvi) a lavadeira Miriam, fula, uma das mulheres do srgt de milícias, quer fazer "conversa giro" com o "Vagabundo" e ter um filho dele;

(xvii) depois de umas férias (... em Bissau), Mamadu regressa a Cufar e á atividade operacional: tem em Catió, um inesperado encontro com o carismático capelão Monteiro Gama...

(xviii) Op Tesoura: dezembro de 1965, tomada de assalto a tabanca de Cadique, cujas moranças são depois destruídas com granadas incendiárias.

(xix) Cecília Supico Pinto e outras senhoras do MNF visitam Cufar no início do ano de 1966 e Mamadu é internado no HM 241 (Bissau).

(xx) um mês depois, regresso a Cufar, regresso à guerra. Põe o correio em dia. Lê e relê a carta de Maria de Deus [MiMê], uma paixão escaldante dos tempos de "ranger" em Lamego e por quem estava quase para desertar, antes da data de embarque para a Guiné; a jovem morrerá prematuarmente, em França, aos 24 anos.

(xxi) revolta e dor pela morte do seu camarada e amigo, o fur mil Humberto Gonçalves Vaz (Op Teste, na região de Cabolol]


Pré-publicação: O livro de Mário Vicente [Mário Fitas], "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (2.ª versão, 2010, 99 pp.) - XXIV Parte: Cap XIV: Regresso à guerra (1) (pp. 83-87)
XIV Regresso à Guerra [2]


Mas… a CCAÇ [763] soma e segue, não pode parar com as divagações do furriel Mamadu.

Temos informações concisas de que os grupos do PAIGC que actuam agora em Cabolol, estarão baseados em Cansalá, sendo rendidos mensalmente. Numa emboscada na estrada de Catió, junto ao pontão do rio Cadengar, no final da festa, ficamos sem mais um homem. Saldo final, um morto e três feridos. Começa, em algumas cabeças, a confirmação da desconfiança destes acontecimentos. Os Lassas iam a Catió para trazer uma companhia de periquitos, a quem deviam dar treino operacional. Mamadu, macaco velho com cu calejado, acha determinadas situações muito coincidentes mas é perigoso falar. Adelante, como dizem nuestros hermanos.

Temos notícias que o nosso amigo Nino recolheu a Conakri, na República da Guiné, ficando como chefe da base do Cafal e da Zona Sul, o amigo Joãozinho Guade. São coisas que vamos sabendo e analisando, para melhor entendermos como funcionam e se comportam os chefes do PAIGC. Com esta alteração de Comando, quem ganha é o pessoal da ilha do Como. A desgraçada da população era obrigada a entregar todo o arroz produzido na ilha, sendo enviado para a zona do Cantanhez, pois há dificuldades na alimentação às FARP. Pansau na Isna, homem grande do Como, com a sua sensibilidade, faz com que Guade autorize os habitantes do Como a venderem o seu arroz em Catió, e assim conseguirem pelo menos, com dinheiro ou por troca directa, alguma roupa, medicamentos e outros bens de primeira necessidade.

O chefe da tabanca de Mato Farroba, Clusse na Ufna, raptado pelo IN, foi abatido no Cafal, quando tentava a fuga. O Bia, chefe da tabanca de Impungueda, desapareceu misteriosamente. Seria o efeito da duplicidade nas informações a causa? Quatro nativas indocumentadas foram feitas prisioneiras, tendo confessado terem sido enviadas para observação das NT. Temos um sistema de informações mais precisas e concisas do que o gajo da PIDE de Catió que se preocupa mais com questões políticas do que com guerra. Estamos a trabalhar fortemente, só que as informações para cima, não surtem efeito. Aqui há gato.

Carlos desabafa:
- Valia mais que me mandassem a Companhia do Cachil para aqui, e acabassem com aquele presídio! Dávamos a volta toda até Cobumba e a Força Aérea que visitasse o Como!

Preparando a Companhia [, CCAÇ 1500,] a quem estamos a dar a fase operacional vamos, em conjugação com mais duas companhias, varrer novamente Cabolol. Pelas seis da manhã, um rebentamento e os periquitos têm os primeiros feridos, numa mina antipessoal. Pelas oito da manhã, Lassas e periquitos, depois de grande força, destroem mais um novo acampamento IN. Quando nos dirigíamos para Cantumane, a secção do Carlos Manuel que seguia em último escalão, foi fortemente emboscada, e tentaram isolá-la do resto da CCAÇ que se encontrava já fora da mata. Os outros dois grupos de combate manobraram, conseguindo repelir o IN. Dois furriéis ficaram ligeiramente feridos. Estava terminada a operação Tubarão.

E não desistimos, vamos novamente tentar a abertura do troço de estrada Cufar-Cobumba. Temos então a operação Teste em mãos. A nossa missão é instalarmo-nos na estrada que diverge para Cabolol e impedir o acesso do IN aquela região. A outros com as viaturas e respectivos guinchos, estará destinado o trabalho de desobstrução, retirando as abatises, tarefa que não vai ser nada fácil dado o numeroso e tamanho das árvores tombadas e das valas abertas na estrada.

Pelas vinte e três horas, os Lassas saem do aquartelamento e fazem a progressão pela estrada Cufar-Catió, com a companhia a quem estamos a dar treino operacional, em segundo escalão. Chegados ao cruzamento do Cabaceira, seguimos já pela estrada que se propõe limpar. Por volta das quatro da madrugada, o grupo de combate que progride em primeiro escalão atinge o caminho para Cabolol Nalu, junto à ponte do rio Caianquebam, os Lassas preparam-se para montar o dispositivo de segurança.

E aqui, meus amigos, desculpem-me, vão todos para a profundeza dos infernos. Serão poucas as asneiras que terei de dizer, e os nomes que terei de chamar a quem nos traiu. Comigo, cabrão nenhum brinca e eu não respeito ninguém neste momento. Eu mato a sangue frio, “fornico os cornos” e vou procurar aos confins do mundo o verme que nos traiu! Arranco-lhe o coração pelas costas, ou enfio-lhe pela boca abaixo uma granada descavilhada! Filhos da puta, havia fuga de informação! Os amigos do PAIGC estavam à nossa espera e sabiam perfeitamente que nós lá íamos e qual o nosso itinerário. Tinham informações precisas sobre toda a operação. Assim, não! Fomos apunhalados pelas costas, caralho. Também temos a certeza! Esse alguém, que deu à língua e passou informações ao IN, esteve em conversa na Administração de Catió. Nunca mais terei confiança nesta merda! Vão todos para a puta que os pariu!
- Quem diz que não é capaz de matar? Quem? Falem, digam!

Ninguém?

Tudo é possível fazer pelo homem, meus amigos, tudo depende das circunstâncias e ocasião em que as situações se apresentem.

Não é possível, não há palavras nem actos para suster a revolta do momento.

Foi dos maiores festivais a que assistimos!

Quando procedíamos à instalação, a CCAÇ foi emboscada de tal maneira que ficou toda na zona de morte. Os “gajos” envolveram os dois lados da estrada com duas metralhadoras pesadas 12,7, com projecteis tracejantes, atacaram o flanco direito dos Lassas com armas automáticas e metralhadoras ligeiras, e bateram todo o troço da estrada onde nos encontrávamos com morteiro 82 e RPGs, atacando a testa da coluna com granadas de mão.

Assim estivemos, debaixo de intenso fogo durante, aproximadamente, uma hora, altura em que sofreu um abrandamento. Tentamos responder da forma possível. Foi então detectado um helicóptero voando no sentido Cansalá-Cabolol Nalu, cessando por alguns minutos o tiroteio. Não nos foi possível alvejá-lo dado o seu rápido encobrimento pela mata. Pelas cinco e vinte voltou a crescer, com grande intensidade, o fogo de morteiro e RPGs. A nossa reacção só começou a dar efeitos já passava das seis e meia da manhã. Nesta altura já contávamos com dois mortos, um desaparecido e dezassete feridos. Entre os mortos estava o meu grande amigo furriel miliciano Humberto.
- Porquê tu, meu Amigo?

Havia determinadas prioridades a executar e a principal era no momento fazer as evacuações, pelo que a companhia que nos acompanhava dirigiu-se para Camaiupa a fim de procurar um local propício para efectivar essa operação, montando a segurança. Junto à mata de Camaiupa, foram evacuados os feridos e mortos, tendo sido os Lassas remuniciados, dado encontrarem-se logisticamente nas lonas em termos de munições. E voltamos, para continuar.

Mais um acerto de contas, mais uma cobrança!

Pelas oito e meia, aproximadamente, dado o número de baixas e o esgotamento do pessoal, o Comando estacionado em Cufar mandou suspender a operação. Entre os evacuados para o Hospital de Bissau conta-se o Bolinhas, capitão miliciano que vem substituir Carlos que será transferido para o Q.G. Não teve sorte o Bolinhas pois, logo na primeira experiência, uma bazucada atirou com ele contra uma árvore.
- O meu amigo Humberto, capacete furado, cabeça feita em duas! Não!
- Porra! Os amigos estão-se a ir embora!
- Ainda não! Ainda não vou chorar, só se for de raiva! Mas também não!
- Agora encontro-me completamente no fundo. Deixem-me falar mal desta merda; deixem-me dizer asneiras. Por favor, quero apanhar alguém e torcer-lhe o pescoço, até ficar com a cara para as costas, depois de três voltas. Quero... quero... ir até ao aquartelamento e embebedar-me até ficar em coma!... É dificílimo dar a volta a isto tudo!

Um bando de homens malteses, cabisbaixos, entra ao fim da manhã no aquartelamento. Não há nada a dizer!... Olham-se os militares uns aos outros, em silêncio como desconhecidos, agora bem lá no fundo do esgoto. A dor da perda dos amigos é transmitida por mensagem secreta, do olhar daqueles que sofrem a sua ausência.

Mamadu entrou na messe e no duche. Deitou-se não dizendo palavra a ninguém. Chico Zé e António Pedro nas camas, ao lado, fizeram o mesmo. Até a vontade de beber passou. Não era a primeira, nem seria a última que alguém nos iria trair.

Miriam entrou no quarto em silêncio, com a roupa lavada para Mamadu. Vendo os três furriéis deitados, como cachorro à espera do dono, sentou-se no chão aos pés da cama de Mamadu e chorou. Este enfureceu-se e gritou:

- Fora daqui, isto não é para chorar ainda, caralho! Não é isto mesmo a guerra!? Fora, não quero ver roupa, não quero ver ninguém.

O coração do furriel Mamadu, chefe dos Vagabundos, sangrava de dor e revolta.
- Deixa-nos ficar sós! Fora, escarumba de merda!

Com rudeza expulsou a lavadeira. Pobre Miriam, estava sensibilizada também e apenas queria acompanhar a dor do furriel. Mas este apenas via as tracejantes balas e as metades da cabeça do Humberto. Aos ouvidos apenas lhe chegavam os rebentamentos das morteiradas, dos lança granadas foguetes e os gemidos dos amigos feridos. Completamente transfigurado, só sentia o desejo mórbido de vingança. Esvaziara-se de tudo o que era humano, e encontrava-se possesso de ódio, blasfemando contra tudo e contra todos.

De barriga para baixo, estendidos sobre as camas, Chico Zé e António Pedro, num silêncio sepulcral, nem pareciam respirar. Mamadu não conseguia dormir. Tânia apareceu por momentos e o furriel entrou em delírio.

Abundante fonte fizeste nascer neste peito, por onde se alimenta, em frémita dor trespassante, um fraco coração saudoso, desfeito nestas longínquas paragens e acossado por fome de justiça, entre balas e sangue, alimentos de guerra. Já não sei o que sou! Só sei que é no meu corpo que morreste, minha mulher inexistente, adormecida pelo leve sono que pesou no dia dos animais falantes. O lodo, em que me atolo, adormeceu as conhecidas boas maneiras, que pouco saber lhes cabe. São nuvens duvidosas o saber que sabemos. E sonho com a mulher que me beijasse as feridas da alma e me amasse até à raiz da minha sombra. Estou lutando e tentando fazer um poema de amor, mas a dor tira-nos o tempo todo ao nosso lado distante, em guerra sempre presente.

Esta não é a minha Gloriosa Pátria Amada. Esta é a de Miriam e outros muitos mais, que nem eles próprios sabem quem são, pois até os irmãos já se traem e matam uns aos outros. A minha fica lá bem longe, a Norte, a milhares de quilómetros. É essa pequenina aldeia da Planície que é minha, de meus pais e avós, a essa, sim, posso ter a honra de lhe chamar ditosa e amada.

Fundamentalisticamente e com muita razão, como dizia o capitão de Aleluias Alacrau, “esta Aldeia é uma Nação”. Sim, a minha Pátria é a Planície da Tânia e da Florbela, poeta e mulher a corpo inteiro. Sim, Florbela, como no seu poema, aqui bem longe neste momento, são horas mortas só que a Planície não é brasido, aqui ela é saudade e dor.

Árvores! corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!


Tenho saudades de todos os meus amigos, dos que vivem e dos que já partiram. Hoje aperta-me o coração pelo meu amigo Humberto, pois deixei o esquife dele em Catió.

Acabei de juntar as cartas da nascente que fazia brotar nele o amor e afeição por uma mulher, criança ainda. Para a mãe de Humberto, juntei as coisinhas, como se diz na planície. As merdas todas: farda, farrapos, para dela ser maior o sofrimento.

Porquê eu!? Fazer o espólio das intimidades de um amigo?

Choro!

É por acaso vergonha um homem chorar, quando lhe dói a alma e aperta o coração?

Será?

Não, para mim não! Por isso choro e não tenho vergonha. É bonito, é enfim sinal que ainda não me bestifiquei.

Chorar é correr riscos e só quem arrisca é livre!

É, pois, o chorar o risco de parecermos sentimentais, assim como expor os nossos sentimentos é correr o risco de patentear o nosso verdadeiro eu. Sendo também o amar correr o risco de não sermos amados em troca. Estes riscos, conheço-os eu como as palmas das minhas mãos. Com tudo isso, não evitei o sofrimento e a tristeza, é verdade! Mas aprendi, senti, mudei, cresci, amei e vivi!

Chego ao limite, com apenas vinte e três anos. Que interessa que Tânia me não ame, se a amo eu?

Não é sonho! Um dia acontecerá, Tânia virá, amar-me-á e beijará as feridas da minha alma.

A eternidade não é poder humano! É incomensurável!...

Desculpa, Humberto, a divagação, mas tu também sabias, não sabias?!. ..

Vou-te escrever. Sei que é uma tentação, mas esta carta é só para ti.

"Sufoca-me esta sede de libertação. Quantas vezes o dizias?...

Todos os dias, a todas as horas e a todos os minutos. Pobre de til .. De que te serviu a merda do capacete? Sim, eras um aborto da própria natureza. De que te valeu morrer? Nada!

Que fizeste? O que deixaste? Simplesmente a dor de ser eu, este teu amigo, a enviar as tuas sucatas para tua mãe e as cartas para Luísa. Dezoito anos incompletos e já a levar assim bordoada ...

Mas, pobre de ti!... O tempo, dizem que tudo cura. Talvez seja verdade, acredito! Sim, porque ninguém mais te ligou. Aquilo que tu eras, tudo naquele momento terminou. Não sabes? Vou contar-te tudo o que se passou depois: ficaste com a cabeça horrivelmente grande, feita em duas!...

Passaste ainda dois dias connosco. À noite havia muitos mosquitos, mas não te deixámos só. Não chorámos! Talvez interiormente o tivéssemos feito, porque a garganta só consentia que algo escorregasse, quando à boca se levava o velho e sebento copo de bambu. Recordas-te dele? Ali se afogavam as mágoas e tristezas passadas. Nele chafurdámos como ratas nas sarjetas. Sabia bem matar a sede por ele. Estávamos unidos, e sempre estaremos, mesmo sem ti e os outros que ao nosso lado tombaram.

Olha, está aqui o Jata que também te quer falar, mas não consegue! É natural, vocês eram irmãos de guerra! ...

O Dabó, preto manjaco, chorou como um puto sentado no teu caixão, pois a última vez que te acompanhámos foi pela maldita estrada. Deves ter dado muitos saltos dentro do caixote!

Gosto de te escrever, pois tenho feito o mesmo com os outros. Espero que quando for a minha vez, tenhas uma garrafinha de Dimple à espera que eu levo o copo de bambu.

Um abraço dos outros Lassas.

Mamadu

P.S. - Afinal encontraste a liberdade desejada?”
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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17650: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (19): Amigos e camaradas de Cufar - Parte II: O Rivoli, soldado do Pel Canhão s/r 3079, antigo jogador de hóquei em patins do Campolide


Foto nº 1


 Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 >   O alf mil Luís Mourato Oliveira com o Rivoli. Conheciam-se desde a adolescência: o Luís Mourato Oliveira praticante de andebol (chegou a ser campeão nacional de júniores), o Rivoli, promissor jogador de hóquei em patins, no mesmo clube (CAC - Centro de Atletismo de Campolide, se bem percebi ao telefone)... Dois "pintas" de Campolide. O Rivoli já morreu há coisa de 3 anos, o Luís Mourato Oliveiro encontrou-o pela última vez num encontro da malta da CCAÇ 4740. Por causa do seu "fardamento" original, acabou por apanhar uma porrada desmedida (3 dias de prisão) do alferes miliciano Lopes, já falecido, da CCAÇ 4740. É caso para dizer que havia milicianos mais "chicos" do que os "chicos"... O Rivoli não voltou a praticar hóquei, e mudou de residência depois do regresso da Guiné...



Fotos (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). 

De rendição individual, foi o último comandante do Pel Caç Nat 52. Irá terminar a sua comissão no setor L1 (Bambadinca), em Missirá, depois de Mato Cão, e extinguir o pelotão em agosto de 1974.

Até meados de 1973 esteve em Cufar, a comandar o 3º pelotão da CCAÇ 4740, no 1º semestre de 1973. Tem bastantes fotos de Cufar, que começámos a publicar no poste P17388.

Hoje mostram-se mostram-se fotos dele com o Rivoli, um amigo de Campolide e um camarada de Cufar. Era do Pelotão de Canhões s/r 3079. Além da CCAÇ 4740, unidade de quadrícula, de origem açoriana, Cufar era uma verdadeira base militar, com pista de aviação e porto fluvial, contando com forças da marinha, da força aérea, do CAOP1, e ainda as seguintes: Pel Caç Nat 51; Pel Caç Nat 67; Pel Canhões s/r 3079; Pel Art 18; Pel Rec Fox 8870; PINT 9288; Milícias.

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Guiné 61/74 - P17649: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (11): Págs. 81 a 88

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Primeiros 10 postes da série de:

30 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17529: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (1): Até à pág. 8

4 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17542: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (2): Págs. 09 a 16

7 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17553: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (3): 17 a 24

11 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17566: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (4): Págs. 25 a 32

14 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17581: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (5): Págs. 33 a 40

18 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17595: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (6): Págs. 41 a 48

21 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17608: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (7): Págs. 49 a 56

25 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17617: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (8): Págs. 57 a 64

28 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17625: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (9): Págs. 65 a 72

1 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17640: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (10): Págs. 73 a 80

Guiné 61/74 - P17648: Notas de leitura (983): Um belo conto de Abdulai Sila, “O Reencontro” (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Temos aqui feito referência a toda a obra literária deste magnífico romancista, contista e dramaturgo.
É escritor luso-guineense, o amor pelo seu país atravessa toda a sua obra, não esconde a deceção de todas as desditas guineenses, brande a esperança, caustica os prepotentes, é um paladino da libertação da mulher, como este conto tão magnificamente atesta. É incompreensível que os editores portugueses o ignorem, ele que tem obra já publicada no estrangeiro. Maneja pericialmente o crioulo, trata o colonialismo sem retórica e, acima de tudo, tudo parece aceitar menos a resignação e as palhaçadas do poder.

Um abraço do
Mário


Um belo conto de Abdulai Sila

Beja Santos

À procura de elementos relacionados com a literatura da Guiné-Bissau, deparei-me num arquivo com o número 1 da revista Tcholona (palavra crioula que poderá significar arrancada), datada de Abril de 1994. Foi aqui que encontrei o conto "O Reencontro", de Abdulai Sila, inquestionavelmente o grande prosador guineense atual. A palavra ao escritor:

O Reencontro

O tempo passava e ela continuava à espera.

O silencia era quase absoluto. Naquela noite, misteriosamente, não se ouvia nem o ladrar habitual dos cães vadios que àquela hora costumavam relatar as suas aventuras. Mesmo o vento, por razões desconhecidas, caminhava silenciosamente, arrastando consigo um bando de nuvens, as quais ameaçavam retirar-lhe a sua única companheira naquela noite sem estrelas. A lua insistia todavia em manter a companhia, continuando a espreitar entre as nuvens. Este ato de solidariedade desinteressada permitia confirmar o vazio da estrada lamacenta que passava perto e, esporadicamente, dava aos charcos de água que povoavam a mesma estrada um brilho extravagante, que contrastava com a densa escuridão que cobria todo o bairro.

O tempo passava e ela continuava à espera.

Sem piedade nem compaixão, os mosquitos picavam. Subitamente, ela viu-se engajada num combate feroz que a obrigava a movimentos bruscos das mãos e dos pés. Movimentos que se multiplicavam com a intensidade da batalha e ameaçavam seriamente violar o silêncio que se impusera e que convinha manter. Como solução de recurso, ela abriu a carteira pendurada no encosto da cadeira onde se encontrava sentada e sacou dela um lenço. Deixou de haver baixas, mas o silêncio foi reconhecido e respeitado.

Mas o tempo passava e ela continuava ainda à espera.

Pegou no blusão e pôs sobre os ombros. As costas tiveram maior proteção, mas os braços perderam em liberdade de movimento. Os últimos botões da camisola de algodão foram abotoados e as calças voltaram a ser esticadas para baixo, até as pontas beijarem as sapatilhas. Excetuando estas últimas, as restantes peças eram todas relíquias de uma era distante, de um passado que se pretendia agora presente. Era o traje que ele dizia gostar mais e ela usava frequentemente para lhe agradar.
Um clarão surgiu na sua memória e segundos depois foi o estrondo no seu coração. Um relâmpago fez reviver momentos do passado e que provocou o despertar de emoções e sentimentos impiedosamente recalcados. As recordações começaram então a desfilar uma a uma, com toda a prepotência e altivez que o tempo e a vitória sobre o esquecimento lhes tinham atribuído. Foi uma parada como ela nunca tinha vivido.
As recordações da adolescência ainda eram tão nítidas! Os olhares carregados de simpatia e os sorrisos que sempre lhes acompanhavam. A vergonha camuflada que vinha depois. A atração mútua e o desejo de estarem juntos, de conversarem, de sonharem acordados. A repreensão de amigas e familiares que inviabilizam os sonhos e reputavam o amor de impossível. A juventude trouxe os encontros secretos e os beijos frenéticos. A descoberta dos prazeres do corpo e o pecado que se lhe seguiu. O amor manifestou-se amputado e a ele se seguiram a desilusão e a deceção sem parceiros. O casamento forçado surgiu como prémio e dele resultaram duas certezas contraditórias: o amor pelos filhos e o amor pelo primeiro amor. Um trazia o alento, o outro a frustração. Um suscitava alegria sem limites e oferecia carinho, o outro era uma doença, cujo tratamento dons de que não dispunha. Entre a esperança e a tragédia, a ansiedade e a miséria, o casamento diluiu-se. Ficaram os dois amores que, paradoxalmente, cresciam juntos.

O tempo passava e ela continuava à espera.

O encontro tinha sido marcado de uma maneira muito discreta. Foram um olhar e uma frase curta. “Depois vou passar”, tinha ele dito entre os dentes. Não havia referência do local nem da hora. Como nos velhos tempos. E como nesses tempos, ela aceitara com o silêncio. Como depois de todo aquele tempo, ela aguardava com paciência. Paciência de quem não tinha mais ilusões. Das lições de uma vida sem parâmetros definidos tinha ela aprendido a arte de não sonhar, a faculdade de viver sem ambições, o martírio permanente de reprimir ansiedades e ambições hipotéticas à felicidade matrimonial, o direito a um companheiro…
Sabia que podia ser tempo perdido em vão, aquele que estava a gastar esperando. Sabia também que poderia naquela noite acontecer algo que estava pressentindo há muito tempo. Foi provavelmente esse “algo” que a arrastou para o comício e a obrigou a ouvi-lo falar e a seguir atentamente os seus gestos. Descobriu, no meio do discurso, que as suas palavras tinham um outro significado. Eram palavras e gestos que os outros aplaudiam com entusiasmo, mas que ela sabia que eram de quem estava perdido, arrependido, e pedia a sua ajuda. Uma ajuda que ela ia prestar.

Por isso o tempo passava e ela continuava à espera.

Um novo relâmpago e surgiram emoções inéditas. O coração batia um novo ritmo e os lábios puseram-se a dançar. Desejos insolentes começaram a desfilar. O corpo inteiro foi abalado. Um abalo semelhante a outros ocorridos vários anos atrás, que faziam crescer a ansiedade e sequestravam a razão. Subitamente, ocorreu o inesperado. As mãos tremeram e os sentidos vacilaram. No cérebro, um único desejo. Mas o tempo passava e ele não aparecia.
No céu, a lua, provavelmente comovida, desaparecera sob o espesso manto escuro das nuvens no exato momento em que, de um dos charcos de água, começou a cantar um sapo, numa voz muito comovente, uma canção de amor. O texto da canção eram extratos de um longo poema de amor. Falava de uma paixão de infância que nunca tinha sido correspondida. Era a história de uma menina com coração de ouro, mas sem dotes, que vivia numa sociedade de gorilas. Os versos rimavam maravilhosamente e a melodia era fascinante. O tempo parecia não ter fim e o sapo não dava sinais de cansaço. Descreveu as desavenças e revelou as injustiças. Falou de esperanças rejuvenescidas e de um reencontro que se anunciava.
De repente o vento, achando aquela canção uma blasfémia, irritou-se e começou a berrar forte e feio. O sapo, aborrecido, abandonou o palco.

Começou a chover e ele não aparecia.

Ela levantou-se e, lentamente, desceu os degraus das escadas um a um. Em poucos instantes ficou completamente molhada. O vento irritado não viu, mas o sapo observou atentamente, com os seus grossos olhos, como os pingos espessos da chuva acariciavam a sua pele. As gotas limparam-lhe as lágrimas e o batom da cara. Inquilina de longa data, a tristeza ainda quis resistir, mas acabou sendo levada pela corrente de água para uma morada desconhecida.
Ninguém, nem o sapo-dijidiu, soube dizer se o encontro teve lugar. O que todos viram depois daquele banho foi um brilho diferente nos olhos dela.
Houve quem dissesse que aquele brilho era a manifestação da felicidade que se instalara finalmente no coração da mulher que era uma menina que um dia sonhara com um amor impossível. Uma mulher que tinha um coração de ouro que, sob uma forte chuvada, numa noite escura sem luar, se reencontrara a si mesma.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17638: Notas de leitura (982): “L’Afrique Étranglée”, por René Dumont e Marie-France Mottin, Éditions du Seuil, 1980 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17647: Parabéns a você (1292): José Nunes, ex-1.º Cabo Mec Auto Electricista do BENG 447 (Guiné, 1968/70) e TCor Inf Ref Rui Alexandrino Ferreira, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1420 e ex-Capitão Inf, CMDT da CCAÇ 18 (Guiné, 1965/67 e 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 31 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17633: Parabéns a você (1291): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17646: Agenda cultural (577): "Heróis que o tempo não apaga", palestra de capitão Aveiro, o escritor Valdemar Aveiro, Clube de Vela da Costa Nova (CVCN), Costa Nova do Prado, Ílhavo, 18 de agosto de 2017, às 21h30


Palestra baseada no livro do ilhavense Valdemar Aveiro, mais conhecido por Capitão Aveiro, "Heróis que o tempo não apaga: um conto real de vida", obra que acaba de ser editada, em maio último, pela Fundação Gil Eanes, com sede em Viana do Castelo.

São histórias e memórias da faina diária a bordo de um lugre bacalhoeiro, contadas na primeira pessoa do singular, por quem viveu de perto esta nossa odisseia coletiva, a pesca do bacalhau à linha.

Apresentação a cargo de Artur Aguiar.

Local, data e hora: Clube de Vela Costa Nova (CVCN), av José Estevão, Costa Nova do Prado, Ílhavo, tele 234 369 300... No dia 18 de agosto de 2017, às 21h30.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de julho de 2017 >  Guiné 61/74 - P17627: Agenda cultural (576): Montemor o Novo, Biblioteca Municipal, Clube de Leitura, ciclo temático "A guerra colonial", 2ª sessão: "África na Literatura Portuguesa - Um tema de uma geração", por Carlos Matos Gomes, 4 de agosto, às 18h00. Entrada livre, aberta e incentivada à participação de todos/as.

Guiné 61/74 - P17645: Convívios (820): Almoço do pessoal da Tabanca da Maia, realizado no passado dia 29 de Julho de 2017 (Abel Santos, ex-Soldado At Art)


1. Em mensagem do dia 31 de Julho de 2017, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) enviou-nos o rescaldo do Almoço/convívo de Julho da Tabanca da Maia:


Almoço/convívio do mês de Julho da Tabanca da Maia

Mais um almoço/convívio da Tabanca da Maia Tertúlia, que se realizou no pretérito sábado, dia 29 de Julho de 2017. 

Foi mais uma jornada de salutar convívio e de afirmação castrense, entre camaradas que outrora, lá na longínqua África se bateram pela sua Pátria, dignificando a sua Bandeira com sangue suor e lágrimas, que ainda hoje rebeldes, descem pelas faces como que recordando tempos idos, no qual ainda meninos e moços se transformaram em homens.


Jesus Dias e Abel

Da direita para a esquerda: Abel, Joaquim Marques, José Marques, Oliveira e Novais

Fernando Pinto e o Régulo Casimiro

Marco, Abel, Armando e José Marques

Um pezinho de dança

Casimiro saudando os presentes

Marco guloso e o confrade das cebolas

Pinho, Fernando Pinto e Casimiro

Joaquim Almeida, é dos primeiros a chegar à Guiné

Novais, Casimiro, Jesus Dias e Vilas

O camarada cantor
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17624: Convívios (819): Estão convocados os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro para atacar a monumental "batatada tradicional de peixe seco" no dia 31 de julho, segunda feira, com concentração por volta das 19h, na Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (do Mar), Lourinhã.... E, já agora, sabem porque é que as tropas de Junot perderem a batalha do Vimeiro em 1808 ? É porque não sabiam que o peixe seco da Lourinhã era um produto "gourmet"... (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17644: Efemérides (262): recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808). Parada e desfile na vila da Lourinhã, dos grupos de recriadores (Portugal, Espanha, França e Inglaterra)



Vídeo (0' 38'') > You Tube > Luís Graça (2017)


Vídeo (1' 12') > You Tube > Luís Graça (2017)





Foto nº1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Recriação da batalha do Vimeiro (1808). Desfile dos grupos de recriadores (oriundos de Portugal, França, Espanha e Inglaterra) pelas ruas da Lourinhã em direção à Praça José Máximo da Costa. Cerimónia do hastear de bandeiras junto ao edifício dos Paços Município, seguida de mensagem de boas-vindas do Presidente da Câmara, eng João Duarte.


Fotos e vídeos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se que a Batalha do Vimeiro foi travada no dia 21 de agosto de 1808 entre o Exército Francês, comandado por Junot, e o Exército Anglo-Luso, sob o comando de Arthur Wellesley.

Após os combates na Roliça (que integra hoje o concelho de Bombarral),  no dia 17 de agosto,  Arthur Wellesley marcha para a zona do Vimeiro, Lourinhã,  a fim de fazer o desembarque de reforços na Praia de Porto Novo (, concelho de Torres Vedras).

As tropas anglo-lusas mantiveram uma posição defensiva no Vimeiro, aproveitando a geografia do terreno. Os franceses, reunidos em Torres Vedras, decidiram tomar a ofensiva, chegando à Carrasqueira na manhã de 21 de agosto. A partir desse ponto, Junot (antigo embaixador da França em Portugal...) deu ordem de marcha para a batalha.

Os confrontos mais importantes e decisivos aconteceram no outeiro do Vimeiro. Após dois ataques fracassados e percebendo a impossibilidade de tomar o outeiro, Junot enviou tropas para tomar a localidade. Na zona da igreja, travou-se uma sangrenta peleja que acabou com a retirada dos franceses, perseguidos pela cavalaria anglo-lusa.

Sem conhecimento da situação do flanco esquerdo, duas brigadas francesas confrontaram os britânicos nos altos da Ventosa. Uma vez mais, os franceses viram-se forçados a recuar.

A batalha do Vimeiro foi uma vitória inegável do Exército Anglo-Luso sobre as forças da França Imperial, pondo termo à Primeira Invasão Francesa. Junot perdeu cerca de 2000 homens, entre mortos, feridos e prisioneiros e o exército anglo-luso cerca de 700.

Fonte: Sítio do Município da Lourinhã.

Para saber mais:
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