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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Guiné 63/74 – P20644: (De) Caras (146): Um pequeno texto, cuja essência teve o BLOGUE na sua concepção (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

É verdade!

Estou vivo!

Felizmente com saúde e vontade de viver não me falta!

Ora agora caminhando, mais logo dando largas à cavalaria automobilística, depois com uma sessão de manutenção tipo a do Prof. Marcelo, isto é, umas braçadas na piscina e uns exercícios de hidroginástica, passando por umas viagens de índole não só paisagística mas também gastronómica, a verdade é que ainda ando sem muletas ainda que nuns dias doam as costas, num outro os dedos que começaram a entortar com a artrose, a maldita hérnia também tem um sono muito leve e, quando menos espero, desperta e lá vêem uns dias de ai ais, e umas horas deitado no chão até que a coisa passa até à próxima ….

A sequência dos dias é na base das 24 horas que a Terra demora a dar uma volta completa onde se tenta que a rotina seja “toureada” e que as surpresas apareçam tal-qual ou seja, de surpresa…

Pois bem, hoje cortei com uma determinada rotina indo almoçar a um restaurantezinho que costumo frequentar com alguma regularidade.

Como não estava acompanhado, coube-me uma mesa chegada a uma outra de 4 lugares ocupados por um casal que poderiam ser os pais de um dos 2 outros elementos (casal) presentes.

Não tendo nada a ver com esta história e numa 3.ª mesa, estava uma outra família que até ao momento, me passaria despercebida não fosse a interjeição duma criança (5 anos?) que, ao serem postas as vitualhas entre cada duas pessoas, berrou a plenos pulmões: “batatiiiiiinhas !!!”…

Ri-me eu, riram-se os meus vizinhos de circunstância e tudo isso sem a mínima perturbação do faciem da referida criança.

O almoço continuou e eu devorei literalmente umas pescadinhas de rabo na boca, acompanhadas por um bem aceitável arroz de grelos.

Nisto, sou chamado à atenção do cavalheiro da mesa ao lado que, em surdina (vi-me à rasca para o ouvir pois estou surdo dum ouvido e o zururu de restaurante não me permite muito mais do que dizer que sim nas conversas…) me pergunta se conheço o sr António Garcia de Matos ….

Algo me dizia que aquela cara não me era 100% estranha mas a farta cabeleira que provavelmente existira no passado, estava reduzida aos laterais, deixando uma enorme pista de aterragem no centro, o que , de todo, me cortou as hipóteses de num exercício de fotomontagem, descortinasse minimamente, de quem se tratava.

Respondi-lhe que sim, que conhecia o tal Matos ficando agora a faltar apenas a sua identificação.

Fez render o peixe (da conversa, não as pescadinhas ) perguntando-me pela Guiné, por minas...

Perguntei-lhe se tinha sido do meu batalhão mas não, não tinha sido.

O local, o barulho, a falta de ouvido, etc. fez-nos dar um salto no tempo apressando o final não sem que me tivesse dito que o seu nome acabava em “inho”.

Ora porra! foi a estocada final na esperança de o identificar.

Finalmente disse-me que ele próprio tinha feito a tal operação de fotomontagem mental colocando-me um bigode (acabei de rapar as barbas há 8 dias …) e não teve dúvidas da minha identificação.

Tinha, de facto, estado na Guiné mas numa comissão anterior à minha. BOLAS!!!

Mas, o que lhe trouxe à memória a minha pessoa foi, vejam bem!, o blog do Luís Graça!!!

Pois é verdade, era o Branquinho, aquele que escrevia igualmente naquela altura em que eu participava activamente.

Fiquei satisfeitíssimo pelo facto de ele ter dado o passo do reencontro e saí com a certeza de querer transmitir aos antigos e actuais tabanqueiros esta história da vida cuja referência foi, exactamente, o blogue!

Um abraço a todos e um especial ao Luís Graça.
António Garcia de Matos
___________

Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em:

28 DE NOVEMBRO DE 2019 > Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (118): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

sábado, 13 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19100: (De) Caras (120): Gertrudes da Silva, comandante da CCAÇ 2790, de fevereiro a setembro de 1972, deixou um rasto enorme de simpatia, de camaradagem, de competência e de humanidade invejáveis (António Matos, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)







Guiné >Bula > CCAÇ 2790 > A equipa de futebol... De pé, do lado direito, de camuflado, o Cap Inf  Gertrudes da Silva, que sucedeu ao cap José Pedro Sucena , no comando da CCAÇ 2790, entre fevereiro e setembro de 1972. Foto gentilmente cedida pelo José Câmara (que vive nos EUA) ao António Matos, ex-alf mil, MA, CCAÇ 2790 (Bula, 1970/72). (A CCAÇ 2790 teve como unidade mobilizadora o BII 18, partiu para a Guiné em 24/9/1970 e regressou a 30/9/1972. Esteve em Ponta Augusto Barros e Bula. Comandantes:  cap inf José Pedro de Sucena, e cap inf Diamantino Gertrudes da Silva.)


Foto (e legenda): © José Câmara (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



António Garcia de Matos, ex-alf mil MA,
CCAÇ 2790  (Bula, 1970/72)
1. Comentário de António Matos ao poste P19099 (*):

Não pretendo mais do que uma singela homenagem ao Comandante, ao Capitão, ao Militar e ao Amigo com quem partilhei uma fase bem marcante da minha vida de alferes miliciano nos idos de 70 do séc. XX, muito especificamente no ano de 1972, na Guiné Bissau, sediado que estava em Bula e onde comandava um pelotão da CCaç. 2790, pertença do BCaç 2928.

Recorrendo para confirmação de datas (,que os neurónios já não ajudam nas certezas absolutas), consultei a "História da Unidade" daquela minha companhia e, claro, lá apanhei o Diamantino Gertrudes da Silva que passou a fazer parte dos quadros, tomando o comando na substituição do capitão José Pedro Sucena, em Fevereiro de 1972.

Meu caro Gertrudes da Silva, já tive ocasião de manifestar os meus sentimentos à sua família mas não quis desperdiçar a oportunidade de ter recebido uma alusão a este momento de saudade por via electrónica, sem daqui lhe endereçar um sentido "Rest In Peace".

O facto de a notícia-base não o mencionar como comandante da valorosa CCaç 2790 naquele 1972, foi motivo suficiente para exarcebar os meus orgulhos ( e julgo que de todos os nossos outros camaradas) pois a experiência foi-nos gratamente positiva.

Desde logo do ponto de vista operacional mas,  não menos importante, do ponto de vista humano.
Tive(mos) o prazer de o ter entre nós por várias vezes nos jantares (poucos) que vamos fazendo de quando em vez à laia de prova de vida ...

Você, meu caro amigo, juntou-se aos que já tinham partido mas creia que deixou um rasto enorme de simpatia, de camaradagem, de competência e de humanidade invejáveis. (**)

Descanse em paz !
António A.Garcia de Matos


2. Comentário do António Matos  (***):

Pois sou mesmo eu a iniciar esta secção de comentários a este meu poste (*)

Primeiro, corrijo a legenda da (...) foto [acima], onde o capitão é o Gertrudes da Silva [e não o Pedro Sucena];

Segundo: quero dizer ao José Câmara que consegui, hoje, falar com o José João e que ele e o José Bairos são uma e só uma pessoa ! Falei e deliciei-me com aquele sotaque inesquecível intervalado com expressões americanadas a reflectir os quase 40 anos de emigrado ! Engraçadíssimo !

O Bairos era do pelotão do alferes Pires e não consigo associá-lo às imagens que ainda tenho daquela malta.

Infelizmente os EUA são grandinhos e não permitem que esta gente tenha contactos com camaradas de outros tempos e por isso não me soube dizer nada de outros ...

António Matos
_____________

sábado, 5 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15824: (De) Caras (34): Bla, bla, bla .... e o almoço de 16 de Abril (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

Bla, bla, bla... e o almoço de 16 de Abril

Não me é fácil inscrever numa confraternização onde perto de 100% dos confrades me são desconhecidos pese embora o facto de termos partilhado, pessoalmente ou por interposta pessoa, um território que, sendo hostil por missão, se tornou o nosso poiso e onde partilhámos experiências agridoces desde lutas e tiroteios, doenças ou amores, correspondidos uns, nem tanto outros ...

Tendo contribuído há alguns anos atrás com uma participação muito activa neste nosso blogue, a verdade é que optei por o seguir com interesse mas do lado de cá, de fora, e com uma assiduidade, no mínimo, duvidosa.

Todos os anos me apercebo do habitual almoço mas hoje fui possuído por uma certa vontade de estar presente em Abril.

Sem com isto estar a formalizar uma inscrição,vou deixar passar o tempo de amadurecimento da ideia e aguardar o entendimento dos neurónios para depois decidir em conformidade.

Haverá, quiçá, quem alvitre que eu esteja a fazer-me de caro, ao(s) qual(ais) e sem qualquer intuito de justificação ( parafraseando o Tenente Coronel Mexia Leitão que tive o prazer de conhecer nos Arrifes, no BII 18 em 1970 ) direi apenas : evita-te, homem !

Estando a jogar num fifty / fifty, vou aproveitar a ocasião para, admitindo a minha ausência e na pessoa do Luís Graça, desejar a todos um grande almoço e um saudável fim de semana.

Admitindo a presença, um até 16 de Abril !

Abraços,
António Garcia de Matos
___________

Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em: 4 DE MARÇO DE 2016 > Guiné 63/74 - P15820: (De) Caras (33): Somos a Tabanca Grande, com 711 elementos, dos quais 669 vivos, 602 camaradas, mais 67 amigos/as... Voltamos a juntar-nos no dia 16 de abril em Monte Real, pelo menos uns 200 (que é a lotação máxima)... "Oxalá / Inshallah / Enxalé que Deus e os bons irãs nos protejam"...

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14925: (Ex)citações (286): Fiz um telefonema surpresa para o meu irmão, no dia e hora do seu casamento, em 16/10/1971, em Guimarães...Tive que marcar a chamada oito dias antes, na casa do régulo de Bula que servia de posto dos CTT... (António Mato, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)




Foto nº1 > Região de Cacheu, Bula, dia da cavalaria (21 de julho de 1973)... O gen Spínola passa revista às tropas e viaturas em parada...  É acompanhado pelo Comandante Militar, brigadeiro Alberto Banazol



Foto nº 2 > Região de Cacheu, Bula, dia da cavalaria (21 de julho de1972)... Desfile de viaturas, debaiso de chuva



Foto nº 3 > Região de Cacheu, Bula, s/d, "ronco balanta"


Foto do álbum do Leonel Olhero, ex-fur mil cav, Esq Rec 3432 (Panhard) Bula, 1971/73.


1. Comentário de António Matos [, ex-alf mil minas e armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72] ao poste 14919 (*)


Desabituei-me de aqui escrever e hoje vi-me em palpos de aranha para dar com este local onde pretendo contribuir para a percentagem daqueles que também fizeram uso dos CTT fora de Bissau para contactos telefónicos para a Metrópole.

Vistas as coisas a esta distância, parece-nos incrível como tudo evoluiu, onde as tecnologias ganham foros de destaque ...

Estava no 16 de Outubro de 1971 quando tive necessidade de contactar para Guimarães onde se casava um dos meus irmãos ... 

A logística que envolvia esta tão singela operação que hoje se executa em escassos segundos, é algo que, ao recordá-la, me dá a imensa satisfação de pertencer a uma geração viva que tem sido testemunha de fabulosos avanços científicos os quais permitiram transformações civilizacionais notáveis.

O eu ter nascido;
A chegada da televisão ao país;
A ida do Homem à Lua;
O aparecimento do computador;
A invenção da internet;
O telemóvel;
Os nascimentos dos meus filhos;
A transformação da tecnologia bélica;
A proliferação da exploração espacial;
As novas geografias políticas;
As novas conturbações sociais;
Os avanços na medicina;
Os sucessos das nanotecnologias;
Os nascimentos dos meus netos;
Na ultrapassagem dos records atléticos;
Etc., etc., etc.

São apenas uma mínima parte das transformações que me apaixonam (umas pela positiva, outras pela negativa ) na certeza que as prefiro às do antigamente...

Oito dias antes, dirigi-me à casa do régulo de Bula que, concomitantemente, servia de posto dos CTT (não sei se neste momento estarei a meter os pés pelas mãos quanto a estes pormenores mas julgo que o interessante para este comentário é, tão só, o relato vivido da realização duma chamada telefónica ) e marquei para aquele dia a referida chamada.

Por se tratar dum casório, fiz as minhas preces para que à hora a que as meninas metessem as cavilhas naquelas centrais telefónicas do século passado, os noivos já se encontrassem de beijo dado e disponíveis para a surpresa.

Sim, porque aquele telefonema foi uma surpresa !!

Recordo que houve um certo atraso na conjugação concertada de toda a equipa que, passando a informação de boca em boca (via cavilha ), me pôs em contacto com o outro extremo da linha ...

Escusado será apelar às emoções do momento mas, embora nunca mais tivesse pensado no assunto, sinto uma certa nostalgia, só mitigada porque ao olhar aqui para o lado do computador, dou de caras com o mais recente dos sucedâneos das tecnologias comunicacionais - o telemóvel - com o qual já fiz e já recebi "n" chamadas enquanto escrevo este reviver ...

Ensinou-me já a experiência que, por vezes, ao fazermos o "send" duma mensagem, ela vai parar ao etéreo e nunca mais ouvimos falar dela, restando-nos a paciência para tentar recuperar parte dos raciocínios e ideias.

Por isso, junto à lista acima, mais uma vitória civilizacional que dá pelo nome de "copy & paste" e com ela guardar num limbo este trabalhinho enquanto não confirmo que o original seguiu para o destino apropriado,

Assim sendo, aqui vos deixo um abraço e os parabéns por esta ideia que me cativou. (**)


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13742: (Ex)citações (239): "Desenrascanço" (António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72,. enviou-nos a seguinte mensagem.


Caro Magalhães, se entenderes que este desabafo escrito ao correr da pena e sem qualquer pesquisa mas em resposta ao desafio do Luís Graça ao qual preferi "fazer uma declaração de voto" `perante a cruzinha que pus na sondagem, então publica se o restante corpo editorial concordar.

Abraços para todos os tabanqueiros em geral e em particular para vocês, homens que aguentam o blog de pé!

Camaradas,

Há já muito tempo que não participo no blog do Luís Graça ainda que, de quando em vez, ou o procure ou ele (blog) esbarre em mim e me desperte a natural curiosidade.

Hoje foi uma dessas vezes e o tema "desenrascanço" na sondagem de opiniões sobre a sua existência, mereceu uma reflexão da minha parte.

Perdi já uma certa dinâmica no manuseamento deste blog e não procurei muito.

Limitei-me a seguir uma referência e dei de imediato com um post meu onde, explicitamente, escrevo sobre essa nossa "nobre capacidade" ...

Passados todos estes anos e arrefecidos os ímpetos mais aguerridos que nos fizeram falar sob a influência do "ressaibiamento" de quem passara todo aquele tempo na defesa de interesses que salvaguardavam os dos políticos mas que se esqueciam literalmente dos que buliam com a vida das pessoas (falo das populações, claro), passado todos esses anos, dizia, aqui estou a corroborar o que na altura escrevi e a constatar que os homens do poder não aprenderam nada com a história pois continuam com o mesmo paradigma do quero-posso-e-mando deixando por esse mundo fora um rasto de destruição física e social que em nada faz prever algo de bom para as próximas dezenas de décadas ...

Costuma dizer-se que o povo é inteligente e não se deixa enganar mas eu tenho opinião diferente.

O povo (até porque as maiorias se comportam como carneiros) não goza desse epíteto e a prova provada aí está! Após anos de (des)governação vêm as eleições e, como que por milagre, a intoxicação intelectual revolve as mentalidades e o povo volta a votar nos mesmos !!

Muitas vezes com a desculpa de que os outros não podem fazer melhor ... Mal por mal, aguentemos os que já cá estão, dizem ....

Claro que, com o tempo e com a força das armas, vão emergindo novos "mentores", concebidos à luz daquela velha máxima de que, no reino dos cegos, o cego dum só olho é rei !

É o desenrascanço na sua fase plena !

Conclusão: o desenrascanço que nos diversos TO e que no da Guiné em particular se estabeleceu desde o 1º momento, é indiscutível pois aparece em consequência das incompetências superiores .

Li alguns artigos de autores que estudaram e tentaram fazer comparações (níveis de resiliência dos soldados à má nutrição, às condições de habitabilidade e fundamentalmente ao tempo de missão) entre a guerra na Guiné e no Vietname e foram conclusivos ao afirmarem que só o povo português aceitaria e suportaria tais condições quase sempre com um sorriso nos lábios, umas apalpadelas nas mulheres que os combatiam e com as quais, quantas vezes!, viriam a procriar e até a casar, não se apercebendo de quão infame era a sua situação.

Enfim, desenrascavam-se !

Depois vinham as dotações militares e aí era um fartar vilanagem !!!

Pelotões que enfrentavam o inimigo com deficiente armamento ...

Viaturas cujas manutenções eram verdadeiras e constantes hemorragias de dinheiro .....

Cadeias de comando que "preparavam" operações em cima dum mapa da região que desconheciam por completo ....

Comandantes que, face a emboscadas onde as nossas tropas caíam, preocupavam-se prioritariamente em saber dos danos materiais e só depois dos humanos ...

Enfim, desenrascámo-nos !
__________


Nota de M.R.:

Vd. também o poste: 


Vd. último poste da série em: 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13663: Inquérito online: a arte lusitana do desenrascanço,,, na tropa e na guerra... Postes publicados no nosso blogue sobre este tópico



Guiné > Região de Cacheu > Bula > CCAÇ 2790 (1070/72) > Uma ilustração do famoso desenrascanço" dos tugas no CTIG: o Alferes mil minas e armadilhas António Matos aos comandos de um "blindado" da CCaç 2790.

Legenda (AM): "Ainda que o cockpit não estivesse a 100%, é nos pneus que se notava o cuidado em manter o veículo preparado para os mais altos desafios fossem quais fossem as situações; Slics à frente porque a estrada estava seca; com piso atrás para ter mais tracção; redondinhos mais atrás para o que desse e viesse"...

Foto: © António Garcia de Matos (2008). Todos os direitos reservados. Edição e legendas de L.G.


1. Alguns postes por nós publicados e que fazem referência ao tema do "desenrascanço" (*):

P3596: O famoso desenrascanço... - Luís Graça ...

10 Dez 2008

Guiné 63/74 - P3596: O famoso desenrascanço...(António Matos). Condições adversas de quem faz uma guerra com a premissa do desenrascanço. Tenho sido suficientemente crítico nos textos que já mandei para este ...

 P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4)

05 Set 2006

TRANSFERÊNCIA DE CARGA (ou a arte do desenrascanço que a tropa afinal nos ensinou)... Daí a poucos dias íamos finalmente embarcar em Bissau no Carvalho Araújo para o ansiado regresso… Tinhamos acabado de ...


P7538: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (30)

31 Dez 2010

Não me estou a referir ao “desenrascanço” do dia a dia mas aquele “especial” quando cheirava a mobilização! Por ter cumprido os meus 4 anos de militar no Serviço de Saúde tenho algumas dessas “estórias” na cabeça, ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P13032 ...

24 Abr 2014

Ou a "arte suprema do desenrascanço"...LG]. Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]. 1. Continuação da publicação do álbum do Valdemar ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P11399 ...

15 Abr 2013

Temos aqui operações bem mal sucedidas, momentos de tristeza, relatos de desenrascanço e não falta a gargalhada hilariante. Acaba-se o relato e fica a saber a pouco, já se sabe que a sinceridade toca aos combatentes ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P11200 ...

06 Mar 2013

Só mesmo o desenrascanço como dizes. Falo por mim que nunca me ensinaram a saber fazer a chamada para saltar o plinto. Como é que o exército nos ia preparar se os oficiais estavam preparados apenas para desfiles?

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P6614: A ...

18 Jun 2010

Expedientes de campanha ou o velho “desenrascanço dos portugueses” sempre presente aqui, ali ou em qualquer outro lado. Quem viesse de Cacine, ao chegar ao “Cruzamento”, virava à direita e seguia paralelamente a ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P7165 ...

23 Out 2010

O seu desenfianço de Porto Gole e o desenrascanço em Bissau. Estando o Comando da CCaç 556, colocado em Enxalé, o Soldado Alfredo Ramos solicitara autorização ao Comandante da Companhia, Cap. Inf. Fernandes ...


P3091: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos)

24 Jul 2008

Era uma literatura típica dos tempos da recessão em que se exaltava o desenrascanço e o pícaro. (iv) Viva Hemingway! Li Paris é uma festa, um livro póstumo de Hemingway, de quem já lera Por quem os sinos dobram, ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 – P7366 ...

01 Dez 2010

E de modo nenhum como um elogio ao nosso tão famigerado (e até elogiado pelos estrangeiros) "desenrascanço"... Parabéns, mais uma vez, pelo tyeu texto, com as ideias bem concatenadas, especulativo mas sem ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P11694 ...

11 Jun 2013

... especialistas mais do que capazes....o nosso tradicional "desenrascanço" a tudo se sobrepôs.Os jovens que pagaram com a vida,ou graves consequëncias crónicas até hoje,mais não foram que a tal "Poeira dos Impérios".

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P10722 ...

25 Nov 2012

E tive de me desenrascar mesmo na minha “arte” de guerra, afinal o que também aconteceu à generalidade das forças combatentes, aquilo era uma guerra de desenrascanço, de vitória em vitória até à previsível derrota final ...

Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P11447 ...

23 Abr 2013

5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço (...) Daí a poucos dias íamos finalmente embarcar em Bissau no Carvalho Araújo ...

Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P4734 ...

24 Jul 2009

Como sempre, o eterno "desenrascanço" à portuguesa. Este assunto, dava para imensos posts, com imensos pontos de vista. Mas, estes "franceses", são tão caracteristicamente portugueses como os que foram para a ...

 P4619: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria)

01 Jul 2009

Afinal nós tinhamos uma capacidade de desenrascanço fantástica. A minha homenagem ao Mário Pinto da C.Caç 2317 - Gandembel, que em Buba preparava este petisco às 4 da tarde,para quando eu e mais três ou quatro ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P3298: O ...

12 Out 2008

Eis senão quando, dou conta que me havia antecipado e num expedito desenrascanço gritei para o pelotão: "P'ra baixo"! Houve sorrisos e assobios no local, uma chamada de atenção superior, posteriormente, mas nada ...

 Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P1541 ...

22 Fev 2007

5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço 19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, ...

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 28  de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13659: Sondagem: "Desenrascanço é uma qualidade nossa. Na Guiné demos boas provas disso"... Falso ou verdadeiro ? Totalmente falso ou totalmente verdadeiro ?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12402: Controvérsias (129): Pequena reflexão


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

Pequena reflexão

Hoje venho exercitar a função de copy / paste dum texto meu no facebook mas que teve na sua génese um conjunto de opiniões que me pareceram pouco consistentes com uma postura mais digna de ex combatentes ao lado dos quais tive muito orgulho em combater e com quem, periodicamente, também relembro e conjecturo sobre o passado.

A tarefa é-me difícil pois pode criar mal-entendidos mas esse é o risco que quero correr.

Caríssimos camaradas, não misturemos as coisas!

No real confronto com um cenário de guerra, todos nós fomos actores de atitudes, gestos, opiniões enfim, das quais hoje não nos orgulharemos, mas que nem por isso deixaram de fazer parte do nosso ADN alterado com essa dura realidade. 

A temática "minas" é uma daquelas à qual não se passa indiferentemente quer na perspectiva de quem as montou, de quem as desmontou, de quem por elas cravou os dentes na terra e se retorceu com as dores, quer mesmo daqueles que viveram aqueles horrores apenas pelo som das detonações...

Tudo isso alterou o tal nosso ADN psicológico ( para não falar de outros ) mas temos que continuar a viver sem falsos pudores pois fomos coagidos a fazê-lo.

Não nos martirizemos com esse passado, de nada nos valendo agora atirarmo-nos como gato a bofe a gajos que não tiveram nada a ver com isso!

Os nossos políticos, por exemplo, são uma camada de putos imbecis que nem à tropa foram pelo que não podem ser intitulados de cobardes ! Refiro-me à enorme maioria que hoje engrossam as fileiras dos partidos desde a extrema esquerda à extrema direita!!

O nosso problema deve ser outro ! Por razões que os sociólogos melhor nos explicarão, o povo português tem nas suas características intrínsecas, coisas absolutamente extraordinárias mas também ostenta genes da mais baixa índole dentre os quais menciono a maledicência, a inveja perante o sucesso dos outros e a incapacidade total de elogiar o parceiro do lado e de o aplaudir.

Pelo contrário, somos mesquinhos e isso reflecte-se de geração em geração e agora, cá estamos a zurzir as nossas frustrações nas orelhas de inocentes... Para quem me estiver a ler, não confunda ! Estamos a falar de guerra e de minas e nada mais!!!

Confrontemos os nossos (des)governantes com as actuais políticas e sobre isso exijamos-lhes responsabilidade e punição pelas atitudes dolosas!

Tudo o mais, ao aceitarmos entrar numa discussão de culpabilização tipo caça às bruxas, põe-nos ao nível deles.

Eu não entro nessa.

Abraços para todos e bom Natal para cada um e respectiva família.
____________ 
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12167: Blogoterapia (238): Descansa em paz, Luís Faria (1948-2013), meu amigo, meu camarada (António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

1. Comentário do António Matos (ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72) (*):


À laia de discurso fúnebre e para os amigos e conhecidos comuns, deixo aqui a minha homenagem póstuma ao Luis Faria que a emoção não permitiu verbalizá-la in loco.

"Luís,

A bombástica e surpreendente notícia do teu falecimento tolhe-me o discernimento para articular as palavras que gostava de te dirigir aqui e agora.

Contudo, recordo que bastos foram os bons 
e os menos bons momentos que passaram a constituir o acervo da nossa amizade.

Foram várias as fases das nossas vidas que, ao se cruzarem, alicerçaram essa amizade e a tornaram muito sincera, verdadeira, fraterna e sempre condimentada com o sal das nossas diferenças comportamentais, os feitios e a postura face às agruras e felicidades do momento.

Recordo-te desde os tempos liceais em Guimarães onde, um dia, te "contratei" para fazeres parte dum número musical numa récita de finalistas atendendo à tua mestria no domínio da viola...


Posteriormente, viemos a encontrar-nos aquando dos nossos tempos militares...

Apresentámos-nos ambos nas Caldas da Rainha mas logo nos separámos com o meu ingresso em Mafra...

Com os preparativos da ida para o ultramar, fui para os Açores de onde embarquei.

Um dia, na viagem a bordo do Carvalho Araújo, alto mar, descubro que seguias também nessa odisseia ...




Uma vez na Guiné, fomos para locais diferentes; tu para Teixeira Pinto e eu para Bula mas em 1971/72, voltamos encontrar-nos fazendo parte da equipa de montagem (e posterior desmontagem) daquele imenso campo de minas ao longo de cerca de 10 kms ...

Foram tempos terríveis mas que executámos com a perícia, a garra e a sorte que só a frescura dos nossos 20 anos permitiu ...

Regressados e com arraiais montados na zona de Lisboa, cada um a seu tempo casou, apareceram os filhos, e partilhámos vidas ...

Integrámos os nossos familiares no núcleo duro do nosso habitat ...

Conheci os teus pais, os teus sogros, conheço os teus irmãos, cunhados, sobrinhos ...Apadrinhei o teu filho ...

O tempo passava ...

Mantivemos sempre o contacto quer pessoal quer através das redes sociais quer mesmo através das intervenções que ambos fazíamos no blog da Guiné ...

Hoje, sem aviso prévio, de surpresa, com a saudade a instalar-se em todos nós, foste embora ...

Descansa em paz, Luis Faria !" (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12157: In Memoriam (162): Faleceu ontem, dia 15, o Luís Sampaio Faria, que foi Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72; tinha 65 anos (1948/2013), era natural de Felgueiras, vivia em Paranhos, Porto. O funeral é 5ª feira, dia 17, pelas 15h00, na igreja de Paranhos (Magalhães Ribeiro)

(**) Último poste da série >  14 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12149: Blogoterapia (236): Sê feliz, Cátia (Paulo Santiago)

domingo, 21 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11437: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (20): Resposta (nº 36): António Matos, ex-alf mil minas e armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72

1. Resposa do António [Garcia de] Matos,  ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72,


Assunto: 9º aniversário do blogue + prova de vida + questionário ao leitor

Caríssimo Luís Graça,

Bons olhos te vejam, bons ouvidos te ouçam e bons postes te bloguem !

Tenho imenso prazer em te dizer que continuo vivo e como tal aqui venho dar a minha prova de vida respondendo ao inquérito (*). Lá vai :


(1/2)  Quando descobri o blogue ? A data ? Não sei responder a essa tão prosaica questão mas, calcula, foi na festa de casamento da filha do camarada Luís Faria ! Nessa altura ele falou-me da existência do blogue e quando regressei a Lisboa tive a curiosidade de ver do que se tratava.... Gostei e fiz a minha "apresentação"...

(3) Foi um período que recordo de grande dinamismo do blogue onde eu tive ocasião de participar activamente durante uma catrefada de tempo com as minhas intervenções. Depois ...

(4)... depois a coisa foi esmorecendo (é usual com o passar dos anos ... ) , foram aparecendo questiúnculas e outras interessantes participações noutros foruns em desfavor do MEU blogue sobre os tempos de guerra

(5) Hoje visito-o muito esporadicamente ... Por isso não tenho participado como gostaria

(6) Conheço o espaço facebookiano.

(7) Pelas razões já abordadas, é tão esporádico ir ao facebook como ao próprio blogue.

(8/9) Sou um grande utilizador do facebook mas acho que o blogue torna-se mais "friendly" [amigável] do que ele.

(10) Não tenho notado [ dificuldades no acesso] ...

(11) Refiro-me ao blogue ( a minha opinião é sustentada na experiência que tive e admito que esteja ultrapassada ); este blogue teve um impacto imenso em mim. Fui dos que vim da Guiné com os meus problemas TODOS resolvidos,  daí que não precisei de catarse para restabelecer os meus índices de integridade, felizmente.

Porém, a constatação do abandono que os combatentes portugueses tiveram face ao carinho, admiração, elogio, gratidão, etc. com que os nossos pares são tratados no estrangeiro, revoltou-me particularmente.  As homenagens, por exemplo, aos americanos, mortos ou vivos, envolvidos no Vietname, continuam a ter aquele efeito demolidor de me pôr o beiço a tremer e as lágrimas a saltarem num sentimento de total solidariedade com eles !

Cá, e porque pertenci ao oficialato do exército português, sou agraciado com 0,40 € por dia !! Sujeito a descontos !! E ainda tenho que ser solidário com uma governança que, numa grande maioria, ainda andava de fraldas naquela altura ...

(12) Não [, nunca participei em encontros anteriores].

(13 )  Não estou a pensar [participar neste].

(14 ) Desculpa, Luís Graça, mas eu acho que o blogue sofre do que tudo na vida sofre : cansaço. Sou
de opinião que deveria ser reinventado pois as potencialidades do acervo que já adquiriu o merece ! O trabalho dos colaboradores mais activos será sempre de elogiar mas, parece-me, com conteúdos esgotados. Digo isto com todo o respeito por quem participa mas se neste momento eu abrir o blogue, não vou ser surpreendido com temas fora dos aniversários, das mortes, das notícias de que vai haver um encontro e ... e ... pouco ou nada mais.

Pedir-me-às alternativas e eu respondo que a tanto não me permite o engenho e a arte ... Isto não pode ser impeditivo de se estudar um voltar de página ! Porque não as histórias de vida de cada um nos 40 anos subsequentes aos da nossa guerra ? Como se processou a reintegração individual ? Como vivem ? De que forma se amarfanham com as recordações do tempo de armas ? Que traumas carregamos ? Não só os físicos mas também os psíquicos !

Que estórias contámos aos nossos filhos ? E aos nossos netos ? E às nossas companheiras ? E aos nossos pais ? Que sabemos nós dos seus sofrimentos por nós ?

Luís Graça, o que acabo de escrever não foi sujeito a qualquer re-leitura. Foi ao correr da pena com o coração nas mãos !

Um abração! António
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Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Se não, porquê ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

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Nota do editor:

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10592: História da CCAÇ 2679 (55): A mina do acaso - Pauleiro, o feeling do combatente (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 27 de Outubro de 2012:

Olá Carlos,
Hoje envio-te outro pedaço da história da CCaç 2679, uma ocasião de grande felicidade para mim.
É uma estória sobre esses engenhos traiçoeiros, que constituem verdadeiros riscos. Daqueles que dois camaradas, embora em circunstâncias muito diferentes, já aqui deram muitos testemunhos de fazer arrepiar; e a quem dedico o presente texto. Refiro-me ao António Matos e ao Luís Faria.
Para o Foxtrot, um excelente grupo de combate, vai a minha admiração e apreço.

Para ti e para o Tabancal envio um grande abraço
JD


HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (55)

A mina do acaso
Pauleiro, o feeling do combatente

A época seca já durava há muito, corria lenta e escaldante, às vezes sentia-se uma brisa quente do deserto. Nós entráramos no segundo ano de permanência e de hábitos em relação ao clima e ao relevo. As reservas físicas compensavam as assaduras do sol, mas os cantis eram indispensáveis nas bagagens individuais. Naquele dia saímos cedo para uma coluna a Copá.

Tratava-se de uma acção vulgar, apesar de termos a "obrigação" de picar um pouco mais além do que meio caminho. A picada arenosa, levantava uma escassa e fina poeira à nossa passagem, por meio de uma vegetação de capim amarelado e seco, e algumas árvores de pequeno e médio porte, umas vezes espaçadas, outras em definhada mata, marginavam a "estrada" durante quase todo o percurso. O chão evidenciava uma vegetação rala, quase limpo sob as copas das árvores. Agradava-me o calor matinal.

A coluna alongava-se pelos vagares da caminhada. e acompanhava as ligeiras curvas que desviavam a picada de árvores mais volumosas, que não apaziguavam os calores de cada um, porque, naquela região, a luz solar incidia na vertical. Caminhei durante algum tempo, mas depois de iniciar uma conversa com o condutor da Mercedes que seguia após os picadores, decidi subir e sentar-me a seu lado. Distraía-me do que estava a fazer, e o ramerrão daquelas viagens dava "confiança" para descurar. Mas não vou contar-vos nada que se possa imputar a uma distração, além de que outros cumpriam as suas funções, e eu não tinha lugar certo no dispositivo, andava por onde achava que devia andar.

Picadores em acção. Foto: © Jorge Teixeira (Portojo) (2009). Direitos reservados.

A velocidade da deslocação seria de uns cinco/seis quilómetros por hora, conforme as pernas permitiam e a determinação do momento. Não se ouvia mais do que o suave ruído dos motores, uma ou outra pica bater em solo mais rijo, um ou outro chamamento das aves. De súbito, ligeiramente à frente e a partir da orla da mata, ouviu-se com estrondo. Há minas!

As reacções eram as que tínhamos treinado e intuído. Não havendo tiros, cada um dos que seguiam na frente aguardava no lugar pela minha aproximação, que de pica, e lentamente, descobria caminhos da saída. Depois de uma olhada pelas bermas, verificou-se que não havia cordões detonantes. A mata apresentava-se serena, não havia turras emboscados. O Pauleiro permanecia no local de onde soltara o brado. Aproximei-me: - Por que é que há minas? Respondeu-me apontando para uma porção de terra seca, que eu achei que seria o resto de algum pequeno baga-baga. Mas o Pauleiro estava determinado de que se tratava de terra removida da picada. Mexi na terra quase solta e a dúvida estava instalada.

Andei em frente da Mercedes a avaliar a situação. Depois pedi aos picadores para picarem densamente e com toda a atenção desde a viatura. Eles fizeram-no sem resultados. No entanto, dei-me conta de que havia um espaço entre a roda e o extremo do pára-choques onde as picas não iam. Pedi ao condutor para engatar a marcha-atrás, mantendo a direcção, e que movimentasse a viatura cerca de um metro. Sem alteração da trajectória, não aconteceu nada. Voltei a pedir aos picadores para usarem as picas desde as rodas a cobrir aquela zona onde nada víramos. Agachei-me a olhar atentamente para o trabalho que desenvolviam. A um dos picadores pedi para recomeçar, porque andara depressa em relação aos outros e tinha-me distraído. Reiniciou-se a operação. O resto do pessoal estava disposto ao longo da estrada e fazia segurança. Ouvia-se o silêncio, apenas quebrado pelo picar o chão.

Ao bater de uma das picas, fiquei com a sensação de se ter projectado um pedacinho de madeira. Alto, fiz sinal. Não via qualquer pedaço de madeira, mas sabia de onde o imaginava ter partido. Saquei da faca e actuei. As primeiras tentativas revelaram um solo duríssimo, mas, de repente, novo indicio de madeira. Mais uns movimentos de remoção e a mina estava identificada, talvez a escassos quinze centímetros da roda da Mercedes sobre a qual eu seguia sentado. Com a faca fiz uma avaliação do terreno envolvente e não havia outros engenhos. Os picadores foram avaliar a situação em redor da viatura e até à terceira.

Eu esgravatava no solo, pedi ajuda a alguém para remover a terra de um lado, enquanto eu o fazia do outro, mas os progressos eram lentos, pois o chão afigurava-se rijo, rijo demais para um terreno argiloso. No entanto, a tampa do caixote já estava a descoberto. A transpiração escorria e os olhos acusavam o salitre com grande incómodo. Quase me esfarrapei para cavar até à dobra inferior do caixote. Talvez uma hora depois, limpei as zonas envolventes, o braço direito a acusar o esforço, e a mina apresentava-se esplendorosa e exercia o magnetismo de atracção. Apesar de cansado, apesar da ajuda, estava tranquilo do que devia a fazer.

Nunca me tinha acontecido uma tarefa tão difícil. Os turras estavam a evoluir na técnica, e fora um milagre que o Pauleiro se tivesse deslocado da picada para uma mijinha, tivesse olhado para a terra removida e suspeitado do que vira. Era um militar com faro e com muitas provas dadas de excelentes capacidades. Concluí que ao colocarem a mina terão feito uma massa de argila e água, que depois serviu para a cobrir. Em seguida cobriram-na com uma camada de areia fina, e depois o sol e o calor completaram a intenção de dissimulação. Aquela devia estar armadilhada, a avaliar pelos cuidados, desconfiei.

Uma equipa de minas e armadilhas neutralizando uma mina AC. 
Foto: © Carlos Vinhal (2012). Direitos reservados.

Pronto, só faltava retirar a mina. Mandei a todos que se afastassem e deitassem no terreno, quando fiz um laço em torno do caixote, pelas faces laterais. e puxei, puxei com força por mais duas ou três vezes, movimentando-a. Do meu conhecimento só havia um disparador por descompressão - o célebre rato, que funcionava subitamente quando era aliviado do peso. Aproximei-me do buraco levantei a corda, e pedi para a puxarem pela extremidade, o que conferia novo ângulo de movimentação. A mina deslocou-se sem que dali viessem indesejáveis barulhos. Não estava armadilhada.

Foi um dia de muita sorte para mim, seguramente dos mais afortunados. Aquele engenho tinha sido astutamente instalado, com recurso a nova técnica, que consistia no recurso à lama que cose ao sol e fica como cimento, mas o grupo de combate, mais uma vez conseguiu dar a resposta adequada. Prosseguimos viajem e imaginava a decepção do artista que colocou o minão. Seguia a pé junto dos picadores, mas aquela era uma mina solitária.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10530: História da CCAÇ 2679 (54): Quatro tiros para o Pedro (José Manuel M. Dinis)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9888: (Ex)citações (178): Estrutura do campo de minas (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos uma mensagem a propósito da guerra das minas em Bula, publicada em 4 de Maio de 2012 no poste P9850, da autoria do nosso Camarada Luís Faria e onde havia colocado o seguinte comentário: 

"Caro Luís, viva!

Mais uma vez dou uma espreitadela ao blog, rodopio o botão do rato 1/2 dúzia de vezes e detenho-me nesta tua dissertação àquelas aventuras danadas que vivemos conjuntamente. 

Venho aqui para te mandar um abraço e faço-o com a possibilidade de ser extensível a toda a rapaziada que o queira receber.

Falaste de minas e provocaste-me aquele ódio de estimação que elas ainda hoje me causam.

Regredindo àqueles anos 1970/72, plantados que fomos em terra Balanta, acampados em Bula e na área que hoje chamaríamos de grande Bula (à semelhança do grande Porto ou grande Lisboa)- Augusto Barros, Mato Dingal e João Landin - dou por mim, uma vez mais, a suar frio e a acelerar o ritmo cardíaco enquanto desfilam em frente aos meus olhos fechados as mais dilacerantes cenas de gritos de dor por partes do corpo arrancadas brutalmente pela deslocação de ar e perante a impotência de evitar o mal que se instalara já...

Aproveito, entretanto, para mandar uma boca sobre o croqui que desenhaste sobre a disposição das minas nos cachos pois não está correcto.

A incorrecção está no facto de mencionares ( se bem entendo o desenho ) 5 minas por cacho quando elas eram apenas 4: a célebre portuguesa colocada na perpendicular à linha imaginária entre os dois pontos escolhidos como referência do troço e a 1 metro e 1/2 dessa linha; depois e em relação a esta mina, havia outra a 1 metro e 1/2 para a esquerda, outra a 1 metro e 1/2 para a direita e outra ainda a 1 metro e 1/2 para a frente.


Estas 4 minas desenhavam um semi-círculo cujo seguinte mantinha a mesma estrutura mas do lado oposto à tal linha imaginária e assim sucessivamente ao longo de 9 kms e em duas fiadas mais ou menos paralelas.


A densidade de minas por metro quadrado era imensa e tornava-se tarefa quase impossível atravessar o campo sem accionar uma delas.

Já muito se escreveu sobre o número que tu referes como tendo sido um total de 10.000 engenhos.

Eu faço um desafio: se calcularem haver 12 minas colocadas por cada 10,5 metros e se depois multiplicarem por 2 (foram 2 fiadas paralelas), verão que o total foi de 20.000 minas!

Quanto à finalidade daquele campo de minas, tens razão nos teus argumentos pois aquela arma de guerra tinha como finalidade primeira o dificultar dos reabastecimentos entre o IN instalado em Ponta Matar e o de Choquemone (este mais saltitão).

A esta distância ponho-me a pensar no confrangedor amadorismo com que encetámos aquela tarefa a qual era observada pelo inimigo empoleirado nas árvores de tal modo que só apanhámos indivíduos avulso enquanto o Nino passava com várias dezenas de guerrilheiros e não accionavam uma única!

Sirva-nos a experiência para sermos fervorosos pedagogos na abolição de tão execrável material de guerra nos conflitos que por aí andam..."

Camaradas,

Aproveito também para referir que ao reler um comentário que fiz ao poste P9850 do Luís Faria - "Viagens... 52"- convenci-me que pode ter ficado pouco clara a descrição que feita.

Peguei numa folha de papel e rabisquei a estrutura do campo de minas (Bula - S. Vicente) em complemento ao tal comentário.

Anexo esse papelucho pela curiosidade que possa provocar aos que não viveram este tipo de situações. 


Abraços fraternos,
António Matos
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
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Nota de M.R.: