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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26445: Notas de leitura (1768): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, continuação dos acontecimentos em 1917-1919 (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Dezembro de 2024:

Queridos amigos,
Desde a governação interina de Manuel Maria Coelho, em 1917, até à chegada de Velez Caroço, em 1920, parece que a Guiné está a sofrer um enguiço, carências, desacatos, medidas de governação contraditórias, rebeliões, autos de vassalagem de curta duração, uma Carta Orgânica da Guiné, aprovada, depois revogada, depois reposta com emendas; de território Felupe aos Bijagós, não param as tensões. Parece que a Guiné é espelho do que se vive na metrópole, onde se sucedem os governos, há o golpe de Sidónio Pais, que acabará assassinado no final do ano de 1918. O pomo das grandes discórdias passa por Canhabaque, os Bijagós resistem, submetem-se e voltam a rebeliar-se; o major Ivo Ferreira, que sucedeu a Manuel Maria Coelho, não combate mas manda combater, mas chama a si o resultados, zanga-se com o encarregado do Governo, Josué d'Oliveira Duque volta à governação, sucede-lhe o capitão Sousa Guerra, os órgãos legislativos e administrativos estavam praticamente paralisados. Abdul Indjai é destituído de régulo do Oio, fez tantas e tão poucas que se tornou uma criatura insuportável. As coisas vão mudar de feição, chegou o tenente-coronel Velez Caroço, vai procurar pôr a casa em ordem, como vamos ver.

Um abraço do
Mário



O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, continuação dos acontecimentos em 1917-1919 (12)

Mário Beja Santos

Não é demais insistir que este poderoso acervo documental organizado por Armando Tavares da Silva nos ajuda a compreender este período histórico da I República e que serve de excelente contraponto ao Boletim Official da Província da Guiné Portuguesa, no que este é omisso no campo sociopolítico económico e cultural. Voltemos a 1917, Manuel Maria Coelho foi exonerado e na mesma data foi nomeado o tenente-coronel Carlos Ivo de Sá Ferreira, este pretendeu nomear para secretário-geral o tão problemático Graça Falcão, o ministro das Colónias Ernesto de Vilhena opôs-se, quem veio para ocupar o cargo foi Sebastião Barbosa, uma presença regular na administração. O novo governador desloca-se a Canhabaque, faz alterações nos dois postos militares existentes, envolve-se depois na constituição de um comando militar em S. Domingos, mas o governador, face ao agravamento da situação dos Bijagós aqui regressa, é recebido a tiro no posto de Bini, irá nomear o alferes Alberto Soares para comandante do posto militar de In-Orei, quando este ali chega foi confrontado com uma epidemia de beribéri e um inimigo fortemente hostil. Quem com ele colabora é Abdul Indjai, há perdas num violento combate, só em dezembro os rebeldes vão desistir dos seus atos de guerra. Armando Tavares da Silva dá minuciosamente conta das operações dos Bijagós que levaram ao ato de vassalagem do povo de Canhabaque.

É Ivo Ferreira que eleva Bolama à categoria de cidade, aprova os estatutos de uma nova associação do tipo recreativo, o Club Fraternidade de Farim, manifesta-se interessado no projeto de um caminho de ferro partindo de Bolama, ou pelo menos S. João, seguindo por Bafatá até à fronteira norte. É neste intervalo de tempo que ocorre a revolução de 5 de dezembro de 1917, um golpe chefiado por Sidónio Pais, forma-se uma junta revolucionária, a pasta das Colónias passa para Tamagnini Barbosa. Ivo Ferreira fará uma extensa visita a vários pontos do interior, fica como encarregado do Governo o coronel Guedes Quinhones, Ivo Ferreira demora-se na região do Geba pela necessidade de resolver várias questões da política indígena, caso do régulo Monjur, do Gabu, e Abdul Indjai, do Cuor. Entendeu-se dividir o território de Geba em pequenos regulados e destituir Abdul Indjai do Cuor. Regressado a Bolama, o governador envolve-se em atritos com Guedes Quinhones. Entretanto, o novo ministro das Colónias nomeou novo governador o coronel Josué d’Oliveira Duque. O autor observa a situação problemática vivida:
“Tinha sido atribulada e sinuosa a presença de Ivo Ferreira na Guiné. Sobrepusera-se e ultrapassara no tempo a governação interina de Manuel Maria Coelho, e correspondera a um período de quase dois anos em que o governador efetivo, Andrade Sequeira, se mantivera em Lisboa, sem ser demitido e sem mesmo pedir a demissão. Como resultado primeiro da sua governação, Ivo Ferreira, que não tomara parte em qualquer operação militar, ufanava-se, com a ocupação de Canhabaque, de ter conseguido a pacificação completa da Guiné. Mas teria esta, de facto, sido atingida?”

Oliveira Duque chega à província, um decreto revogou a Carta Orgânica da Guiné, são tomadas disposições legais para a vida administrativa e financeira da colónia. Em outubro de 1918 realiza-se uma operação contra os Felupes de Varela; são tempos de uma apreciável concessão de terrenos, assiste-se a um crescente aumento da população de Bissau, devido à afluência de numerosas companhias nacionais e estrangeiras, o que motiva o novo ciclo de urbanização de Bissau. A agitação continua em Portugal, culmina com o assassinato de Sidónio Pais em dezembro de 1918. Tamagnini Barbosa para a presidente do ministério, afasta da Guiné Oliveira Duque, virá a ser nomeado governador Sousa Guerra, capitão de Infantaria.

Um dos acontecimentos mais marcantes de 1919 é a campanha contra Abdul Indjai, sucediam-se as queixas pelas suas extorsões, raptos, pilhagens descaradas. Desde a chegada de Oliveira Duque que era reconhecida a inconveniência de Abdul Indjai continuar no regulado do Oio, segue-se um período de elevada tensão que o autor descreve ao pormenor, seguir-se-á a deportação de Abdul para Cabo Verde, daqui o antigo régulo do Oio fará exposições ao ministro das Colónias, irá morrer na cidade da Praia, em junho de 1921. Também em 1919 é declarada em vigor a Carta Orgânica da Guiné, mas com alterações, nomeadamente tendentes a restringir a possibilidade de os governadores alterarem as Cartas Orgânicas.

Não obstante a contínua sucessão de Governos na metrópole, Sousa Guerra mantém-se no Governo da Guiné e manifesta a sua preocupação com o desenvolvimento, escrevendo mesmo ao ministro que devia ser feito o aproveitamento das riquezas da Guiné, fez propostas de criação de colónias agrícolas com o fim de repovoar o Rio Grande através de concessões gratuitas a colonos europeus e cabo-verdianos, e a demarcação de reservas territoriais para os indígenas, em regime de culturas obrigatórias, com prémios pecuniários e aquisição de reprodutores para melhoria da pecuária. Sousa Guerra também fez alteração da divisão administrativa. Face à carestia de vida aumentou os vencimentos do funcionalismo, os critérios não terão sido os melhores, houve greve, aumentaram as taxas fiscais, houve que fazer alterações ao orçamento, pensou-se mesmo em revogar as portarias que tinham alterado os vencimentos, depois de muitas peripécias a situação ficou esclarecida com a aprovação dos vencimentos dos funcionários. Sucedem-se os Governos na metrópole, negociantes e proprietários de Bissau enviam telegrama pedindo ao ministro que mantivesse Sousa Guerra no Governo da província, mas ele foi exonerado em novembro de 1920, Sebastião Barbosa volta novamente a ser Encarregado do Governo. Entrara-se num período ziguezagueante, a situação só ficará esclarecida em junho de 1921 com a nomeação do tenente-coronel de Infantaria Jorge Frederico Velez Caroço.

Como se fará referência a propósito do Boletim Official da Província da Guiné, Velez Caroço tem estratégia militar e administrativa, procurou pôr em funcionamento os órgãos legislativos e executivos da colónia, anulou várias nomeações que Sebastião Barbosa tinha feito para os Conselhos Legislativo e Executivo; começa a visitar o território, para se inteirar da situação nas principais circunscrições. Observa a autora: “Devem ter sido inúmeros, importantes e desagradáveis os conflitos que Velez Caroço veio encontrar entre o funcionalismo nos diversos locais que já visitara, pelo que se vê na necessidade de mandar publicar uma portaria em que lembra as palavras que tinha proferido no ato de posse. Nela afirmava que, admitindo conflitos entre os funcionários por diferenças de critério ou erradas apreciações dos atos de serviço, não tolerava o uso de uma linguagem despejada ou o emprego de termos injuriosos". E acrescentava que a correção e porte exigia ao funcionalismo era extensivo às relações sociais e ao convívio com as outras classes. Ficando clara a maneira como o governador encarava este problema de ordem, reafirmava que não se afastaria uma linha do cumprimento dos seus deveres, aplicando sem tergiversar o rigor dos regulamentos.

Armando Tavares da Silva
Tenente-coronel Velez Caroço
Abdul Indjai
Selos da Guiné Portuguesa de diferentes períodos
Guiné Portuguesa, aldeia Mancanha, bilhete-postal de 1910
Bissau, um trecho da Avenida, bilhete-postal, 1920
Rua General Bastos, Bissau, 1920

(continua)
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Notas do editor

Vd. post de 24 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26421: Notas de leitura (1766): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, os acontecimentos posteriores à campanha de Teixeira Pinto, 1917-1919 (11) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 27 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26432: Notas de leitura (1767): A colonização portuguesa, um balanço de historiadores em livro editado em finais de 1975 (3) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25955: Historiografia da Presença Portuguesa em África (443): a história (atribulada) de Bolama, segundo o Padre J.A.V (1938)


 Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...


Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia... (A estátua original, em bronze,  desapareceu, há uns largos anos; esta da foto é uma réplica... em cimento)



Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant > Base: inscrição (parcial):    
[...] Grant,   [...]  dente dos 
Estados Unidos da 
América do Norte justo
árbritro na causa de
Bolama    21 - IV-18970

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. O que sabíamos nós sobre a história da Guiné quando nos mandaram para lá "defender a Pátria" ? Nada, e muito menos desta ou daquela cidade ou vila, como Bolama, Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Tite, Buba, Cacheu, Catió, Teixeira Pinto, etc.

Cinquenta anos depois ainda temos direito a saber algo mais... sobre aquela terra a quem pagámos o  devido "imposto de sangue, suor e lãgrimas"... Por exemplo, sobre a história (atribulada) de Bolama: muitos camaradas passaram por lá, fizeram a  IAO e até foram "saudados" pela "rapaziada do PAIGC com uns foguetões 122 mm, felizmente com fraca pontaria...

O nosso colaborador permanente Mário Beja Santos (uma das pessoas que em Portugal mais sabe sobre a historiografia da presença portuguesa na Guiné) tem escrito imenso sobre estes temas, e nomeadamemnte sobre Bolama. 

Isso não nos impede de publicar aqui um apontamento com "uma resenha histórica" de Bolama, escrita por um padre, de que só conhecemos as iniciais (Pe. A. J. D.). O artigo faz parte do nº único do jornal "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938 (pp. 1, 6 e 7 de 12). É um artigo de divulgação, já com quase 90 anos, escrito por um missionário (que seguramente tinha uma grande amor àquela terra).

Recorde-se que Bolama foi elevada à categoria de cidade, com a República, em 1913. O seu plano urbano também tem a marca da época. E foi a capital da antiga Guiné Portuguesa até 1941 (portanto, ao longo de escassas sete décadas). 

O século XIX (e sobretudo o período entre 1830 e 1870) é marcado pela  disputa, npor vezes violenta.  em relação à soberania da ilha, entre portugueses.  ingleses e ilhéus. 

Correu-se até o  risco até de cair num conflito militar entre as duas potências coloniais, se bem que "velhos aliados",  o que terá sido  evitado  graças à iniciativa de  António José de Ávila (Horta, Ilha do Faial, Açores,  1807 — Lisboa, 1881) (futuro Duque de Ávila e Bolama), que pediu a intervenção de Ulysses S. Grant, presidente dos Estados Unidos, a favor de Portugal,  

 Os bolamenses erigiram-lhe uma estátua, em homenagem à sua justa arbitragem  a favor de Portugal. Infelizmemnte, há uns anos atrás a estátua (ou parte da estátua), em bronze, desapareceu...Em total decadència, a Bolama de hoje parece não saber ou poder conseguir tomar contar dos vivos, quanto mais dos mortos...

Hoje é também uma ilha de fantasmas. onde por certo por lá pára ainda a alma errante do Caetano José Nozolini (ilha do Fogo, Cabo Verde, 1800 — Bissau, 1850), grande esclavagista cabo-verdiano de origem italiana... Mas também o Bento José Nogueira, o Bevaer, o Nozolini, o Honórito Barreto,  o  Grant e tantos outros, sem esquecer os régulos bijagós e biafadas.




Jornal-programa (sic) editado pelo "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938. Composto e impresso pela Imprensa Nacional da Guiné, Bolama. Nº de páginas: 12 (doze).Visado pela Comissão de Censura,


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938 (com a devida vénia).
































(Seleção, introdução, recortes, revisão / fixação de texto: LG)


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Nota do editor:


terça-feira, 3 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25907: Manuel de Pinho Brandão: entre o mito e a realidade - Parte VIII: Nascido por volta de 1893, terá chegado à Guiné depois da I Grande Guerra, tendo-se instalado em Bolama, nos Bijagós e, mais tarde, em Ganjola: em 1960 produzia duas mil toneladas de arroz (Recorte de jornal, enviado pelo Manuel Barros Castro, que o conheceu pessoalmente, e que foi fur mil enf, CCAÇ 414, Catió, 1963/645, e Cabo Verde, 1964/65)



"Manuel de Pinho Brandão quando chegou à Guiné"




Em 1960/1961 tinha 68 anos, e mais de 40 anos de Guiné. Pelas nossas contas, terá nascido por volta de 1892/93, e terá chegado à Guiné depois da I Grande Guerra,  c. 1918/19. São as primeiras fotos que temos do "velho Brandão" de Bolama, de Ganjolá, da ilha do Como, de Catió.



Manuel Barros Castro, ex-fur mil enf,
CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65);
nascido em 1940, Pica, São Gens, Fafe;
é um dos nossos "veteraníssimos";
integra a nossa Tabanca Grande desde 4/7/2019;
tem 18 referências no blogue


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro:

Data - domingo, 1/09/2024, 16:57
Assuntio - Manuel Brandão

Caro Camarada Carlos Vinhal,

Ao entrar no blogue deparou-se-me a notícia de uma reclamação apresentada pelo sr. Manuel de Pinho Brandão, em 1935.

O meu camarada Manuel Silva emprestou-me o n.º 95 da revista ilustrada “Portugal d`aquém e d`além mar”, do ano XXIV, da qual extraí as digitalizações aqui anexas sobre o sr Brandão, que conheci pessoalmente em Ganjola.

Junto, também a capa da revista.

Com grande abraço,

Manuel Castro (tabanqueiro 793).

2. Excertos da revista ilustrada "Portugal d'Aquém e d'Além Mar",  ano XXIV, nº 95, março  de 1961, pp. 38-39.  O "diretor, proprietário e editor" desta revista, muito ao gosto da época, de divulgação e propaganda das várias parcelas do território ultramarino, está de "visita" à Guiné, em data que não podemos precisar, mas tudo indica que seria no tempo seco, no início do ano de 1961, "na hora conturbada que (o país) atravessa" (referência õbvia aos acontecimentos em Angola).  Faz questão de ir a Ganjola, a 300 km de Bissau, para conhecer os vastos "domínios" do Manuel de Pinho Brandão que havia conhecido há 5 anos atrás (c. 1955/56) e que ele descreve como um lídimo representante dos portugueses de antanho. 

Ficamos a saber algo mais sobre a história (até então de sucesso)  deste "beirão",   de "espírito industrioso e coração magnânimo",  que  vivia em Ganjola, "como um rei, nos seus vastos domínios, em cuja coroa está gravado o honrado brasão do trabalho" (...), "feliz, entre os seus leais súbditos,preocupado apenas com o bom governo do seu reino", e raramente "transpo(ndo) as suas fronteiras". 

O Santos Guerra vai visitá-lo "de surpresa", encontrando-o em plena atividade, no campo,  "em cima do camião carregado  de sacos e de pretos, de peito e barriga à vela" (sic). 

Não há qualquer referência aos seus primórdios na Guiné, e às razões que o levaram até lá... Nem à sua família.  

Estabeleceu-se primeiro em Bolama e nos Bijagós (apanhou a guerra de Canhabaque, em 1936), para se tornar mais tarde  um grande agricultor, instalando-se em Tombali...  Produzia erntão mais de 2 mil toneladas de arroz... Tinha meia centena de trabalhadores permanentes (e três vezes mais, de trabalhadores sazonais) e já um parque de máquinas, razoável para a época.

(A quantidade de produção de arrroz, destinado a exportação e ao consumo interno, era notável, sabendo-se que a média de exportação do arroz, na Guiné, no período de 1956-60 foi de 1398 toneladas e no valor de  4238 contos, destinada sobretudo a Cabo Verde. LG. )

Em suma, o Manuel de Pinho Brandão era um típico colono na época, cujo património e atividade (agrícola e comercial) vão ser profundamente afetados com o início da guerra, a começar pela ocupação da ilha do Como pelo PAIGC em 1963.   Do retrato que o autor lhe faz,  ficamos também a saber que, "embora de aspeto rude", tinha "boa presença", era "amável" (...) "conversa(va) muito bem e não e(ra) nada tolo".

E o autor remata com um piscar de olho a Lisboa: "Não seria demais o Governo da Nação tributar-lhe a homenagem que ele merece"... O que, pensamos, nunca chegou a acontecer: com a guerra, o velho Brandão caiu em desgraça e perecebe-se a razão por que ele nunca quis nada com a tropa de Catió...



















Portugal d'Aquém e d'Além Mar - Revista Ilustrada, Ano XXIV, nº 95, março de 1961
Proprietário, diretor e editor: Manuel dos Santos Guerra, pp. 38-39.


(Recortes, revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25903: Manuel de Pinho Brandão: entre o mito e a realidade - Parte VII: A Bolama de finais dos anos 30