Guiné > Carta de Mansoa > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bissorã, a norte de Biambe e de Mansoa, bem como de Queré (onde em 1967 o PAIGC tinha uma base)...
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)
Guiné> Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: posição relativa de Bissorã, Biambe e Encheia, entre Mansoa, Binar e Bula, em plena região do Oio... A vermelho, está sinalizada Queré, uma base do PAIGC, ativa em 15/3/1970. As estradas Biambe-Bissorã e Encheia-Bissorã estavam na altura cortadas.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
1. Descobrimos há dias, eu e o Virgínio Briote, esta "preciosidade" que reproduzimos a seguir. Trata-se do relatório sucinto da Op Beluário, que vem na página 65 do historial da CART 1525, "Os Falcões" (Bissorã, 1966/67). Foi um dos nossos camaradas do Arquivo Histórico-Militar, cujo nome não fixei, que deu a "dica" ao Virgínio Briote.
1. Descobrimos há dias, eu e o Virgínio Briote, esta "preciosidade" que reproduzimos a seguir. Trata-se do relatório sucinto da Op Beluário, que vem na página 65 do historial da CART 1525, "Os Falcões" (Bissorã, 1966/67). Foi um dos nossos camaradas do Arquivo Histórico-Militar, cujo nome não fixei, que deu a "dica" ao Virgínio Briote.
Confirmámos a informação, que consta da história da página de "Os Falcões", uma das mais antigas, existentes na Internet, das páginas dos ex-combatentes da Guiné. Achámos por bem fazer este poste na série Efemérides (**). Na realidade, a Op Beluário realizou-se há precisamente 55 anos, em 6/5/1967.
O que torna digna de registo a Op Beluário, para além do "desenrolar da ação" (comum a muitas outras operações realizadas no TO da Guiné), é que nela participou um estrangeiro, o tenente coronel H. Meyer, Adjunto do Adido Militar Americano em Lisboa... Era para todos os efeitos um estrangeiro, embora representando um país amigo de Portugal, e aliado da NATO.
Não sabemos a que a título, nem em que circunstâncias, integrou esta operação. Nem sabemos se foi armado ou levou guarda-costas. Tanto quanto sabemos, não era "normal" a participação de militares estrangeiros em operações do exército português no TO da Guiné. Todavia, o adido do Adjunto Militar Americano em Lisboa, podia estar de visita à Guiné, ao tempo do gen Arnaldo Schulz. Podia ter visitado Bissorã e ter sido convidado pelo comandante da companhia, o Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão (**), para "fazer o gosto ao dedo"... Por certo que não foi uma "missão secreta", para tal facto, honroso para "Os Falcões", vir mencionado na história da unidade. Humor à parte, talvez o camarada Rogério Freire possa satisfazer a nossa natural curiosidade.
QUERÉ, carta de Mansoa, 06Mai67
MISSÃO
MISSÃO
Golpe de mão ao esconderijo onde se presumia a existência de armamento pesado, seguindo-se uma batida a toda a zona.
FORÇA EXECUTANTE
- Comandante da Companhia;
- Companhia (Comandos e 1º Gr Comb), um Pelotão de Milícia e um Pelotão de Polícia Administrativa;
- Tomou parte na operação o Exº Ten Coronel H. Meyer, Adjunto do Adido Militar Americano em Lisboa (negritos nossos);
- Actuou ainda na zona a CART 1612;
- Apoio Aéreo.
DESENROLAR DA ACÇÃO
Saíram as NT pelas 00h00, seguindo pela estrada do Biambe, e atingindo a zona do objectivo pelas 05h00. O deslocamento fez-se sem incidentes.
Chegados ao local indicado pelo guia, este não deu quaisquer indicações dignas de crédito, confundindo-se e provando cabalmente que desconhecia por completo qualquer refúgio do IN, onde ele albergasse o seu armamento.
Feita uma pequena batida na zona indicada inicialmente pelo guia, em Mansoa 2 C/5, nada de especial foi referenciado, a não ser vestígios de comida e permanência inimiga, debaixo de uns mangueiros. No intuito de provocar o IN, obrigando-o a referenciar-se, iniciou-se então uma batida para S, a W da bolanha do Queré.
Pouco depois de a mesma se haver iniciado, o IN efectivamente reagiu à penetração das NT, com intenso tiro de LRock (10 granadas), Mort 60 (6 granadas) e Mort 82 (2 granadas), ML e PM, durante cerca de 30 minutos.
O fogo foi aberto do nosso lado esquerdo, sensivelmente em Mansoa 2 D1/51, e muito perto das tropas que seguiam desse lado da batida (Pol Adm), ocasionando imediatamente 12 feridos (9 Pol., l Mil. e 2 soldados).
Entretanto, na reacção, as NT tentaram envolver o IN na sua posição, cercando-o por S, mas este mal se apercebeu da nossa manobra retirou sem mais fogo.
Pelas 06h45 surgiu o PCV, sendo-lhe pedido o indispensável apoio e meios para as evacuações, que contudo só terminaram cerca das 08h30.
Por indicação do PCV, continuou-se depois a batida mais para S, até se atingir a bolanha de Camã. Aqui foram incendiadas algumas tabancas abandonadas e, próximo do local (Mansoa 2 B8/41), foi destruída uma escola, com capacidade para cerca de 50 alunos.
Continuando-se a batida, no dispositivo adequado, e sem que o IN jamais se tenha vindo a revelar, destruíram-se mais algumas tabancas, junto à orla O da bolanha do Queré.
Pelas 10h00 e debaixo de um sol escaldante, iniciaram as NT a retirada, a qual por esse facto se tornou particularmente penosa, vindo a atingir a estrada do Biambe, e ali serem recolhidas em viaturas, chegando a Bissorã pelas 12h00.
Fonte: Página da CART 1525, "Os Falcões", Bissorã, 1966/67, criada, administrada e editada pelo nosso amigo e camarada, ex-alf mil mil MA, Rogério Freire, ex-alf mil art MA, membro da nossa Tabanca Grande desde 13 de outubro de 2005.
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 1 de maio de 2022 > uiné 61/74 - P23219: Efemérides (366): "O primeiro 1.º de Maio", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887(**) Vd. poste de 30 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22764: A nossa guerra em números (8): CART 1525, "Os Falcões" (Bissorã, 1966/67): mais de 3500 km percorridos a pé, e mais de 4700 km em viatura...