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quarta-feira, 19 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26596: As nossas geografias emocionais (50): Gadamael com 40 anos de diferença: fotos de 1971, do Morais Silva (cmdt, CCAÇ 2796, 1970/72), e de 2010, do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau) (1949-2012)



Foto nº 1 e 1A > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) > O pau da bandeira


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > O que restava da base do pau da bandeira...





Foto nº 3, 3A, 3B, 3C > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) > O "porto"... Gadamael não era banhada pelo rio Sapo (que corria mais a sul, mais perto de Sangonhá) mas por um braço do rio Cacine, sem nome  (vd. Carta de Cacoca, 1960, Escala 1/50 mil).


Foto nº 4 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 >  O antigo cais... (Ou o nível da água do rio está subir, ou a estrutura dsgradou-se muito com o tempo: são 40 anos)




Foto nº 5, 3A, 3B > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796,. "Os Gaviões" (1970/72) >  Traseiras do edifício de comando (possivelmente a antiga casa ou loja de um comerciante)


Foto nº 6 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 >  O antigo  edifício de comando, visto de frente






Foto nº 7, 7A, 7B, 7C, 7D > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) >  Janeiro de 1972 > A "avenida principal"... O "ferIdo" que se vê em primeiro plano junto da velha GMC faz parte do "cenário" das habituais praxes aos "periquitos"... A CCAÇ 2796 seria depois colocada em Quinhamel...



1. São quarenta anos de diferença... 1971, 2010... Gadamael, um dos 3 G da Guerra da Guiné, que esteve a ferro e fogo (em maio / junho de 1973)...

Gadamael  tem mais de 430 referências no nosso blogue (Guileje tem mais  580; e Guidaje, 275).

Neste poste as fotos nºs 2, 4 e 6 são  do álbum do falecido Pepito (engº agrónomo, Carlos Schwarz da Silva, então diretor executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento) (Bissau, 1949 - Lisboa, 2012).

 Fotos (e legendas): © Pepito (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]


As restantes fotos (nºs 1, 3, 5 e 7= são do álbum do cor art ref, na altura (jan 71/ fev 72), cmdt dos "Gavióes, a CCAÇ 2796. 

Lembre-se que o cor art ref Morais da Silva:

(i) foi cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas);

(ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga; adjunto do COP 6, em Mansabá;

(iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974;

(iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.

Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacoca (1960) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Gadamael Porto, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Rio Cacine e fronteira com a Guiné-Conacri


Infografia: Morais Silva / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

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terça-feira, 18 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26594: As nossas geografias emocionais (49): Gadamael Porto, fotos do Pepito (1949-2012), de 2010 (era então diretor executivo da AD, Bissau), e do Carlos Afeitos, de 2011 (cooperante, 2008-12)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Antigas instalações do comando, centro de transmissões e residência de oficias


Foto nº 2 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > A antiga pista de aviação....


Foto nº 3  > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > O porto ou cais acostável, construído pelo exército português... (O rio que banhava Gadamael era um braço do Rio Cacine, náo tinha nome, mas havia quem, como o Daniel Matos, que  dizia era o Rio Sapo, afluente do Rio Cacine, ,mas que ficava mais a sul de Gadamael Porto).


Foto nº 4 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > A caminho do porto, situado no Rio Sapo, afluente  do  Rio Cacine...


Foto nº 5 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Restos do abrigo do morteiro 81  

Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010  > O que restava  da base do pau da bandeira...



Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Mari Dabó, antiga lavadeira do alferes Oliveira [talvez da CCAÇ  4152/73 ? ] que ficou em Gadamael depois da independência e que era de Moscavide


Fito nº 7 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Mariama Mané, lavadeira do "major Manso" (... que só pode ser o maj cav Manuel Soares Monge, penúltimo cmdt do COP 5: entre jan 73 e ago 74, o COP 5 teve como cmdts o  maj art Alexandre Costa Coutinho e Lima; o ten-cor  pqdt  Sílvio Jorge Rendeiro de Araújo e Sá; o cap inf Manuel Ferreira da Silva; o maj cav Manuel Soares Monge; e o cap ten Heitor Prudêncio dos Santos Patrício; o COP 5 mudou de Guileje para Gadamael, depois da retirada de Guileje em 22 mai 73).
 


Foto nº 8 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outbro de 2010 > Arafá Turé, aluno do professor furriel Barros, do Porto, em 1971 (devia pertencer à CCAÇ 2796, na altura comandada pelo cap art Morais da Silva, que esteve em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972).

Fotos do álbum do Pepito (engº agrónomo, Carlos Schwarz da Silva, então diretor executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento) (Bissau, 1949 - Lisboa, 2012). Na altura, em outubro de 2010, andava entusiasmado, ele e a população  local, com a ideia da criação do Núcleo Museológico de Gadamael, á semelhança do de Guileje. Este e outros foram projetos que ficaram por realizar, face à sua insperada morte, em Lisboa,  no início de 2012, aos 63 anos).

Fotos (e legendas):  © Pepito   (2010). Todos os direitos reservados  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]



Foto nº 9  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Vestígos da CART 1659, "Zorba" (Gadamael e Ganturé, 1967/68). A subunidade a que pertenceu o nosso grão-tabanqueiro Mário Gaspar (1943-2025). Mas também o  Joaquim Fernandes Alves, ex-fur mil, grão-tabanqueiro nº 625 (mora em V. N. Gaia).


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Vestígos da CART 6252/72, "Os Indiferentes" (1972-74).

A CART 6252/72, com apenas meia dúzia de referências no blogue, não tem nenhum representante, registado. Há uma página do Facebook com o nome CART 6252/72 "Os Indiferentes", criada pelo Luís Francisco Gouveia, ex-fur mil trms: telem 964 153 392 | email: luisfsgouveia@gmail.com. Fica aqui o convite para ele se juntar à Tabanca Grande.





Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Bunker a seguir à pista, no início do aquartelamento" 




Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Bunker"...



Foto nº 13 _ Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Base do pau da bandeira" (vd. foto nº 6 do Pepito, 2010)


Foto nº 13 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Espaldão do obus"...  




Foto nº 14 e 14A > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Antiga enfermaria" (informação dada ao Carlos Afeitos pela população local).



Foto nº 15 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Sem legenda" (vd. foto  nº 1, do Pepito, 2010)




Foto nº 16 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Rio Sapo >  "Cais" (1)  (vd. foto nº  3, do Pepito, 2010)...



Foto nº 18 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Rio Sapo >  "Cais" (2)  (vd. foto nº  3, do Pepito, 2010)

Fotos do álbum do  Carlos Afeitos, professor de matemática, cooperante na Guiné-Bissau, durante 4 anos (2008-2012), e nosso grã-tabanqueiro, com o nº 606.

Fotos (e legendas): © Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 19A e 18 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 >"Antiga messe de oficiais e depois hospital",  legendou o Pepito... Descobrimos que este edifício abandonado, da época colonial,  ostentava duas informações intrigantes: na parte superior da parede lateral direita a sigla ou o acrónimo ASCO, com as letras ainda perfeitamente legíveis ; e na parte da frente o ano "1918"...   

Foto (e legenda):  © Pepito 2010). Todos os direitos reservados  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]




Foto nº 20 e 20A  > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/69) > Messe e quarto de sargentos...  Foto do álbum de  Luís Guerreiro, ex-fur mil,  CART 2410 e Pel Caç Nat 65 (Guileje. Gadamael e Ganturé, 1968/70).

Neste edificio funcionou a filial da empresa ASCO - Aly Souleiman & Companhia...  A misteriosa sigla, A.S.C.O., já lá estava nessa época, e continuava  lá em 2010/2011. E nunca ninguém reparou nela nem na data da fachada (vd. fotos nº 14 e 19).

Foto (legenda): © Luís Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > 1956 > Um anúncio de um das casas comerciais mais importantes que existiam na Guiné em 1956. A empresa Aly Souleiman & Companhia (ASCO) dedicava-se à importação e exportação de produtos ultramarinos.  

Com sede em Bissau, tinha filiais em diversos pontos do território da Guiné, de norte a sul:  Bafatá, Farim, Mansoa, Pecixe, Bula, Sonaco, Mansabá, Contuboel, Bambadinca, Xime, Nova Lamego, Cacine, Campenae, Gadamael e  Catió,  "Aly Souleiman (apelido grafado à francesa...), e não "Ali Suleimane" (à portuguesa) era um próspero comerciante sírio-libanês.

O acrónimo da empresa era ASCO, tal como o seu endereço telegráfico... Algumas das mais importantes empresas estrangeiras, e nomeadamente as de origem francesas, com negócios no Senegal e na Guiné portuguesa, usavam acrónimos: NOSOCO, SCOA, CFAO... 

Ficou definitivamente explicado em  o mistério do acrónimo ASCO que aparece num edifício de Gadamael, que, no tempo da guerra, serviu de enfermaria. A data "1918" deve ser referente à sua construção.

Foto (e legenda): © Màrio Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacoca (1960) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Gadamael Porto, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Rio Cacine e fronteira com a Guiné-Conacri

Infografia: Blogue Luís Grºça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Estas fotos servem para nos recordar que o tempo também cura... Gadamael Porto não precisa de apresentação aqui no blogue. É um dos topóminos trágicos da nossa guerra, um dos 3 três G: Guidaje, Guileje, Gadamael... (Estamos sempre a esquecer Gandembel,  a batalha mais longa daquela guerra, com mais de 3 centenas de ataques e flagelações, em menos de 9 meses, de abril de  69 a janeiro de 1969: o aquartelamento, construído de raiz, seria depois mandado retirar por Spínola, à semelhança de outros aquartelamentos e destacamentos como Madina do Boé, Béli, Cacoca, Sangonhá, Ponta do Inglês, etc.).

Decifrámos o enigma das fotos nº 14 e 19 a partir de uma anúncio comercial de 1956...Um dos muitos anúncios de casas comerciais que existiam então na Guiné (*).  

O acrónimo da empresa era ASCO, tal como o seu endereço telegráfico... Algumas das mais importantes empresas estrangeiras, e nomeadamente as de origem francesas, com negócios no Senegal e na Guiné portuguesa, usavam acrónimos oi siglas: NOSOCO, SCOA, CFAO... Ficou, definitivamente, explicado no início de 2015 o mistério do acrónimo ASCO que aparece no edifício de Gadamael, e sobre o qual já especulámos durante meses e meses,

Estas fotos fazem parte das nossas geografias emocionais (**). Mais de um dúzia unidades de quadrícula guarneceram Gadamael.  Impressionante e comovente é o facto de haver gente da população que ainda se lembrava, 40 anos depois, de camaradas nossos (!) (fotos nºs  6, 7 e 8):

  • Mari Dabó, antiga lavadeira do alferes Oliveira [talvez da CCAÇ  4152/73 ?] que ficou em Gadamael depois da independência e que era  de Moscavide;
  • Mariama Mané, lavadeira do "major Manso" (... que só pode ser o maj cav Manuel Soares Monge, penúltimo cmdt do COP 5);
  • Arafã Turé, aluno do professor do posto escolar militar, furriel Barros, do Porto, em 1971 (devia pertencer à CCAÇ 2796, na altura comandada pelo cap art Morais da Silva, nosso grão-tabanqueiro, que esteve em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972).

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Notas do editor LG: 

sexta-feira, 14 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26582: As nossas geografias emocionais (48): Bissau, Bairro da Ajuda (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)



Foto nº 1A - Guiné > Bissau  Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > "Iniciado em 1965. Mandado construir por Sua Excelência o Governador da Província,  General Arnaldo Schulz, sob a direção da Administração do Concelho de Bissau". 


Foto nº 1 - Guiné > Bissau > Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > O alf mil SAM Virgílio Ferreira, mais um militar guineense, junto ao monumento que sinalizava a construção deste bairro suburbano.



Foto nº 2  - Guiné > Bissau > Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > Vista parcial do bairro (1)


Foto nº 2A  - Guiné > Bissau > Bairro da Ajuda > Outubro de 1967 > Vista parcial do bairro (2)


Foto nº 3  - Guiné > Bissau > Bairro de Santa Luzia > 1969 >  Estrada de Santa Luzia, ao cair da noite.


Foto nº 4  - Guiné > Bissau > Bairro de Santa Luzia  > Outubro de 1967 >  Uma moça cabo-verdiana com quem convivivi.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Bissau >  Planta de Bissau (edição, Paris, 1981) (Escala: 1/20 mil) > Posição relativa do bairro do Cupelon, ou "Pilão", como diziam os "tugas" (assinalado com retângulo a amarelo)... Hoje é conhecido como Cupelum. 

Fica(va) à esquerda da nossa conhecida estrada de Santa Luzia, portanto paredes meias com o QG/CTIG, em Santa Luzia... O Pilão fazia parte das nossas geografias emocionais... 

A noroeste,  a seguir a Missirá, no sentido de Brá e Bissalanca, ficava o bairro da Ajuda, reconstruído entre 1965 e 1968 (assinalado a azul), após um pavoroso incêndio. Do outro lado da estrada, era o HM 241.

A oeste e sudoeste da cidade, ficava Bandim (famosa pelo seu mercado a céu aberto) e Chão de Papel (onde nasceu o nosso querdido Estácio)
´
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)



1. Mensagem do Virgílio Teixeira (ex-mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 19567/69):


Data - quinta, 27/02/2025, 02:08

 Luis, boa madrugada.

Acerca deste poste de hoje sobre as entranhas do Pilão e outras (*), estou a ficar confuso, acho que não há nada certo.

As pessoas devem saber pouco do assunto e alguns falam aquilo que ouviram e acrescentam 10 pontos.

Quem sabe mais disto do meu tempo sou eu, que tinha uma grande facilidade de transporte para percorrer aquilo tudo (**) e o Pilão em particular, ao ponto de lá ficar muitas noites, sozinho e nunca me aconteceu nada nem vi nada de estranho, mas ouvíamos falar!

Já estão a pôr o Pilão no bairro de Bandin à entrada da capital!

O bairro da Ajuda está aqui documentado, ficava perto do HM241,em frente, para  quem seguia para Bissalanca. Fiz uma visita pormenorizada ao novo Bairro, mas não sabia da tal explosão e fogo em 1965. (***)

O Pilão ficava atrás do Palácio do Governador, quem descia de Santa Luzia, ver foto, virava à direita e aí estava ele. Não sei se era preciso coragem ou não, na minha motoreta ia a todo lado sem depender de ninguém.

A minha ingenuidade levava aquilo que eu chamo de "as minhas loucuras na Guiné". Posso dar mais um contributo para a procura da verdade, que não é uma questão sagrada.

Isso dá trabalho e pode causar conflitos de interesse, tenho muitas histórias, umas de contar aqui e outras não é possível. E posso desiludir muita gente como a mim me desiludiram sobre o trabalho que tive com os CA dos BR no CTIG (****). (E não houve nenhum comentário ou pergunta a não ser da tua parte. Hoje já não o faria se soubesse o que ligavam a isso. Mas ficou escrito, coisa que nunca tinha pensado fazer.)

Temos de ter em atenção os períodos a que nos referimos e só respondo pelo meu tempo. Não havia nada que não fosse visitavel, eu além da vantagem de não depender de ninguém, não tinha mais ninguém a mandar em mim. Só as minhas motorizadas e a lanterna, além das câmaras fotográficas.

A minha pena, que não tem remédio,  é que centenas de fotos foram queimadas devido a um acidente doméstico, além das milhares de folhas de cartas que as perdi, à exceção de 5 que guardo. Ali tinha a minha história toda e hoje só aquilo que me lembro.

Ontem tive um dia cheio de acontecimentos, a começar pelos exames, TAC s e fui para a cama com uma grande dor de cabeça, que já passou. A ansiedade também mata!

Diz por favor o que achas do meu projecto a que chamo de "O Pilão do Meu Tempo". Acho que tive muita sorte no fim de tudo.

Agora passadas as coisas das guerras,  temos o que nos resta, aquilo que deixamos ficar com aquela boa gente..

São 2h da madrugada é quando tenho mais disposição para escrever.

Abraço, Virgílio.

2. Comentário do editor LG:

Virgílio, não gosto da expressão elistista, preconceituosa, "dar pérolas a porcos"... Quando fui professor, tinha colegas que me diziam isso, por causa da "minha excessiva" preocupação em dar textos de apoio (meus!) aos alunos...

A gente partilha o que sabe e pode, e a mais não é obrigado... Como editor do blogue, só tenho que agradecer a tua generosidade. Os interesses e conhecimentos dos nossos leitores são muito variados, leem e comentam o que lhes interessa... É verdade que  nem sempre os autores têm aqui o "feedback" que deviam merecer. Mas também temos que saber captar a atenção dos outros... 

Foi se calhar o caso do teu poste, que te deu tanto trabalho,  sobre os conselhos de administração dos batalhões de reforço no CTIG. Mas é como dizes, o assunto ficou documentado, é  menos  um buraco no "puzzle" da nossa memória da Guiné (que é uma manta de retalhos). 

A gente não está aqui para ganhar audiências.  Como dizes, e bem, "agora passadas as coisas das guerras temos o que nos resta, aquilo que deixamos ficar com aquela boa gente"... 

Por exemplo, considero um "achado" a tua foto no bairro da Ajuda,  tu posando junto à placa comemorativa do início daquele "reordenamento",  depois do incêndio de 1965. Claro que hoje já não está lá, deve ter sido sido vandalizada, destruída, arrancada.  Mas tudo tem uma história, princípio, meio e fim, e há por certo gente que lá vive e continua a adorar o seu bairro, que faz este ano 60 anos...

Já que tinhas uma motoreta e fizeste a  fotorreportagem possível da Bissau do teu tempo, pois então continua a partilhar connosco essas tuas memórias. Mas tens que aceitar que a maior parte de nós só conheceu Bissau "de passagem"... Eu, por exemplo, não sabia nada sobre  este e outros bairros populares, que cresceram com o êxodo provocado pela guerra: no teu tempo, a periferia de Bissau já teria mais de 30 mil habitantes... Hoje deve viver meio milhão de pessoas em Bissau, a maior parte em condições muito precárias...

Bissau, a Bissau, de ontem, hoje e amanhã, continuará a fazer a parte das nossas "geografias emocionais"...