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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26942: As nossas geografias emocionais (534): Arábia Saudita, Mar Vermelho, Jeddah, "a porta de Meca", 2023 (António Graça de Abreu, Cascais)






Arábia Saudita > Mar Vemelho > Jeddah (ou Gidá) > 2023... Nas duas fotos de cima, a esposa do nosso camarada, Hai Yuan. médica.



(...) Gidá se chama o porto aonde o trato / De todo o Roxo Mar mais florescia, / De que tinha proveito grande e grato / O Soldão que esse Reino possuía. / Daqui aos Malabares, por contrato / Dos Infiéis, fermosa companhia / De grandes naus, pelo Índico Oceano, / Especiaria vem buscar cada ano. (...)



(Luís de Camões, "Os Lusíadas, canto IX, estrofe 3. Fonte: Luís de Camões: Diretório de Camonística)


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu  (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. Mais um "postal" enviado pelo nosso  incansável, (e)terno viajante António Graça de Abreu (aqui na foto à direita com a sua Hay Yuan),.

(Publicado originalmente na sua página do Facebook em 2 de junho de 2025, 20:36, enviado no dia seguinte,  3/06/2025, 15:42.)





Jeddah, Arábia Saudita, 2012

por Antóni0 Graça de Abreu


Na esteira das palavras de Claude Roy (1915-1997), grande senhor das letras francesas, concluo que já viajei por tantos países que sou capaz de falar estrangeiro na perfeição.

Nesta passagem por Jeddah, segunda maior cidade da Arábia Saudita com quase cinco milhões de habitantes, centro económico e logístico deste país, vou conversar com quem, em que língua, eu que do árabe tenho na memória uns lampejos de meia dúzia de palavras? 

Talvez seja melhor eu permanecer calado, e olhar simplesmente para Jeddah.


Posição relativa de Jeddah no Mar Vermelho.
 Fonte: Wikipedia (com a devida vénia...)
Debruçada sobre o Mar Vermelho, a cidade tem sido ao longo dos séculos um importante porto de comércio e a porta de entrada para muçulmanos vindos de todo o mundo que se dirigem à sagrada cidade de Meca, situada a apenas 88 quilómetros de distância. Chegam para cumprir um dos cinco pilares do Islão.

A importância de Jeddah está assim intimamente ligada a esse caminho terrestre, às estradas que daqui abrem para Meca. Todos os anos, todos os meses, todos os dias,  milhões, centenas de milhares, milhares de muçulmanos procuram a divina Meca, a Kaaba, o imponente edifício no centro de Meca a rodear em marcha apressada ou mais lenta por sete vezes, circundar o cubo em pedra negra erigido em outras eras que se crê ter sido inicialmente levantado pelo profeta Abraão há três mil e oitocentos anos atrás, restaurado por Maomé no século VII e casa sagrada, desde sempre, onde reside o espírito de Alá, o Deus Supremo.

Hoje, o acesso a Meca está proibido a todos quantos não são muçulmanos. 

Fiquemo-nos então pela Cidade Velha de Jeddah e pela Porta de Meca, tudo Património Mundial pela Unesco. Comecemos com a ruína bem conservada mas desinteressante do portão do burgo, aberto para Meca e logo depois avancemos para os antiquíssimos casarões com três ou quatro andares, alguns mal se sustentando em estacas para não cair. 

Numa arquitectura não muito trabalhada são edifícios com varandas, sacadas e janelas de madeira, as portas abertas para permitir a entrada e visita rápida do turista de passagem, conforto no interior da casa, poucos móveis, tapetes, alfombras, tapeçarias cobrindo as paredes. 

Na rua, os homens, quase todos vestem o thobe, uma túnica branca com um lenço na cabeça chamado shemagh, um turbante que tradicionalmente protege os sauditas, do vento, do calor e das areias do deserto. 

As mulheres, que quase não vemos percorrendo as velhas ruelas, usam a abaya preta que as tapa da cabeça aos pés.

Depois Jeddah espraia-se por quilómetros e quilómetros, a cidade cresceu aos poucos em cima da areia dos desertos, tendo hoje por horizonte, bem mais para leste, os 142 poços de petróleo que fazem destas terras inóspitas, abrasadas em calor,  lugares onde vicejam algumas das maiores fortunas da terra. 

Que o diga o futebol e o nosso Cristiano Ronaldo, há anos a chutar a bola e a marcar muitos golos no campeonato da Arábia Saudita. E a encher merecidamente o bolso no seu Al-Nassr, de Riade, a capital do petróleo, da bola e dos ricaços. 

Nassr, a equipa do Ronaldo significa “Vitória”. Estão a ver como eu, de tão viajado, quase falo todas as línguas?

António Graça de Abreu

(Revisão / fixação de texto,  título: LG)

________________

Nota do editor:

Último poste da série > 13 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26915: As nossas geografias emocionais (52): Welcome to New York (António Graça de Abreu, Cascais)

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26915: As nossas geografias emocionais (52): Welcome to New York (António Graça de Abreu, Cascais)


1. Mais um "postal" enviado pelo nosso (e)terno viajante António Graça de Abreu, em 10 de abril de 2025, 02:36.  Publicado originalmente na sua página do Facebook em 25 de fevereiro de 2025, 17:52

 
 Nova Iorque, Estados Unidos da América

Welcome to New York, it’s been waiting for you.


Uma curta semana em Nova Iorque. Tentar, de pés bem assentes no chão, avançar na descoberta e leve entendimento da cidade.

Pela primeira vez metido lá dentro, em Manhattan, rua 46, um pequeno apartamento alugado, segundo piso numa vetusta construção de cinco andares entre arranha-céus. Logo por baixo, fumega um restaurante de churrascos argentinos, largando um cheiro a parrilhadas de carne magra e gorda que tresanda. 

Ah, mas estou no coração da Big Apple. Aqui a norte, o Central Park -- um abraço a John Lennon, homem de todas as canções, de todos os sonhos --, ao lado Times Square e a Broadway, o excelso melting pot norte-americano, a Quinta Avenida, a ostentação e o luxo, o teatro das gentes.

Foram quilómetros e quilómetros a pé, por ruas e avenidas até ao sul de Manhattan. Chelsea, Tribeca, a Chinatown com estátuas de Confúcio (551 a.C - 469 a.C.) e Lin Zexu, o herói da Guerra do Ópio, em 1839/42. 

Mais a sul, tristeza, o memorial às vítimas dos aviões loucos que em 2001 colidiram deliberadamente com os dois edifícios do World Trade Center, provocando quase três mil mortos. Hoje a construção toda em vidro com nome de One World, levantado sobre as ruínas dos dois World Center é o sétimo maior arranha-céus do mundo, com 540 metros de altura e 104 andares. Não longe, Wall Street, e anexos, a exaltação do dinheiro, o maior centro financeiro do mundo.

Desta parte da Lower Manhattan se viaja no itinerário curto por barco para a ilhota onde se ergue a Estátua de Liberdade, com paragem em outra pequena ilha, Ellis Island. Aqui se procedia no passado à quarentena e exame médico dos pobres emigrantes europeus que buscavam a América na ilusão da terra do feliz concretizar de todos os sonhos. E quanta tragédia e vilania.

Ah, Nova Iorque tem tudo. Vêmo-la quase todos os dias entrando em nossas casas, com infindáveis histórias na TV. Temos o embeber das aventuras das quatro desvairadas mas brilhantes mocetonas do “Sex and the City”, os intrincados enredos nova-iorquinos de Woody Allen, quase nada e tudo “once upon a time in America.”

Sim, mas os museus de Nova Iorque com tanta Europa transplantada lá para dentro, (o dinheiro compra quase tudo). Que maravilha! A lenta passagem pelo Metropolitan Museum of Art, o Guggenheim, o MoMA e a Frick Collection.

 Fotografando e tomando notas do genial abrir da cor dos pincéis, dos encantos mil, do requintado alvoroço, corações batendo, o baloiçar do olhar. Escrevi:

  • El Greco em Toledo, águas negras do Tejo, prata pendurada nas nuvens, 
  • Velasquez, o retrato da infanta triste, no rosto, maçãs róseas de futuro, 
  • Breughel, o Velho, as ceifeiras crescendo no ouro ondulante das searas, 
  • Vermeer, um beijo na menina sem brinco de pérola, um sorriso iluminando o mundo, 
  • Goya, gatos, pássaros e a criança imaculada como o nascer do dia, 
  • Ingres, a duquesa azul, formosa e serena, uma deusa no céu, 
  • Cézanne, no vale do Oise, pintando o chilrear dos pássaros, 
  • Van Gogh nos trigais de Arles molhando os pincéis no orvalho das nuvens, 
  • Renoir, as crianças azuis com o sol poente embalando a lua, 
  • Picasso, as mãos no decote das meninas de Avignon, não disse nada, pintou tudo,
  • Modigliani, as mulheres nuas, sinuosos querubins, a dádiva, o prazer,
  • Gauguin, o sol quente entrando por dentro do mar, gáudio no rubor das ondas,
  • Chagall, o violinista verde e roxo, um sapato preto, outro branco, até um homem voa,
  • Warhol e Marilyn, a boca entreaberta, um ícone, o desenho dos deuses.

  • Frank Sinatra e Lizza Minelli, ainda com memórias de Leonard Bernstein, entoando loas a Nova Iorque. Assim:

    If I can make it there,
    I'll make it anywhere,
    Come on, come through,
    New York, New York.


    António Graça de Abreu

    (Revisão / fixação de texto, edição de foto, links, itálicos e negritos, para efeitos de publicação no blogue: LG)
    ________________


    Nota do editor:
    Último poste da série > 11 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26907: As nossas geografias emocionais (51): Jerusalém, Israel (António Graça de Abreu, Cascais)

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26907: As nossas geografias emocionais (51): Jerusalém, Israel (António Graça de Abreu, Cascais)




Israel > Jerusalém  e Nazaré, "lugares santos"> 2013 > Vista panorámica da cidade de Jerusalém; "Muro das Lamentações"; "Jesus, Maria e José"(presume-se que em Nazaré) 


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2025). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




O escritor, sinólogo, 
tradutor e "globe-trotter"  
António Graça de Abreu
com a esposa, médica,
Hai Yuan. O casal vive em
São Pedro do Estoril, Cascais
1. Texto enviado pelo nsso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74),  e já publicado, no passado dia 9, 22:29, na sua página do Facebook


“Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Eles serão os seus povos. Ele enxugará dos seus olhos todas as lágrimas.”

Apocalipse 21, 2-4

No mar tanta tormenta e tanto dano,Tantas vezes a morte apercebida.
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?



Luís de Camões, Os Lusíadas, 
canto I, 116


Ia à Palestina, minha senhora! Ia ver Jerusalém, o Jordão! (…) E havia de trazer apontamentos, minha senhora, havia de publicar impressões históricas.


Eça de Queirós, A Relíquia


As nossas geografias emocionais >
 Jerusalém, Israel

por António Graça de Abreu



Há muitos séculos é esta terra a sombra iluminada de cristãos, o lugar do acariciante respirar de Deus Pai, o altar supremo do sacrifício de Deus Filho. 

Para quem crê, aqui desceu o Espírito Santo em línguas de fogo ao encontro de Maria e dos apóstolos de Jesus, trazendo-lhes iluminação e sabedoria. 

Para os judeus é também a sua cidade sagrada, onde tomou forma o mundo, com reverências no Muro das Lamentações do tempo do rei Salomão (sec. X a.C.). 

Para os muçulmanos, aqui, na mesquita dourada de Al Aksa, construída logo por cima do Muro judeu de Salomão, subiu Maomé ao céu, três dias após a sua morte acontecida em Medina, a dois mil quilómetros de distância. 

Três religiões, duas mãos cheias de ódio e de lutas de morte entre pais e filhos transviados, gerados numa mesma terra. Onde encontrar a “Glória a Deus nas alturas e a paz na terra aos homens de boa vontade" ?

Venho desde Haifa, de autocarro até Nazaré. Almoço num kiboutz na estrada, estas unidades agrícolas criadas pelos judeus para cultivar e dominar um pequeno território que há mais de trinta séculos consideram como seu. 

Chego a Nazaré onde Jesus terá crescido e com seu pai, São José, terá aprendido a arte de carpinteirar. Venho de visita à casa da família, quase uma espécie de gruta. Antiquíssimas paredes de pedra, vetustos instrumentos para se trabalhar a madeira, Jesus passou por aqui.

Depois, a cidade de Jerusalém, a capital de David e Salomão, do Templo Sagrado, recordar maravilhas gravadas no Cântico dos Cânticos. E relembrar encantamentos e sobretudo sofrimentos de Jesus, da nossa velha fé cristã, da exaltação, da morte e ressurreição de Deus feito homem.

No Muro das Lamentações, caminho rodeado de judeus em permanente peregrinação. Votos e pedidos ao Yehowah, Deus dos hebreus, em papéis colocados nos interstícios da pedra antiquíssima. Preces pela paz. 

Logo acima, a cúpula dourada da Domo muçulmana e a mesquita de Al-Aqsa, depois de Meca e Medina, o lugar mais sagrado do Islão.

 Como é possível haver harmonia entre judeus e muçulmanos? Ao longo dos séculos, a fé e as crenças tão díspares, a terra que ambas as crenças religiosas reivindicam como apenas suas, tanto sangue judeu e muçulmano, algum também cristão a correr pelas lajes delapidadas de Jerusalém... Terra Santa e de paz, infindáveis ódios, ignomínias e guerras. As lágrimas descendo pela face dos deuses.

Avanço na esteira da divindade de Jesus. Nas ruelas de antiga Jerusalém, como outrora, os vendilhões de quinquilharia e pasmosa fancaria, parecem enraizados na pedra da cidade. 

Sigo pela Via Sacra, imagino o Senhor carregando a cruz até ao lugar do Calvário, hoje a igreja do Santo Sepulcro, quase uma fortaleza de pedra. Aqui veio morrer Jesus Cristo, crucificado entre dois ladrões, aqui os cristãos ajoelham diante das cruzes do sec. XII. Adiante, abre-se a estrutura circular no meio da qual se situa a construção que abriga o túmulo onde Cristo terá sido sepultado. Está sempre vazio porque, três dias após a morte, terá subido gloriosamente aos céus.

Todos nós, poderemos, talvez um dia, também na hora da morte, ressuscitar e ascender a paragens celestiais. Jesus Cristo disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá.” João, 11, 25-26.

Ah, homens de pouca fé – eu também, tanta incerteza e tanta dúvida, até em Jerusalém 
, porque duvido da palavra do Senhor?

domingo, 13 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26681: Histórias de vida (56): Berta de Oliveira Bento, a Dona Berta da Pensão Central, Bissau (1924 -2012)


Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Av Amílcar Cabral (antiga Av República)   > Do lado direito, de quem sobe,  e antes da Catedral e da Residencial Coimbra (hoje Hotel Coimbra), ficava  a Pensão Central, ou Pensão da D. Berta... A saudosa Berta de Oliveira Bento (1924-2012), cabo-verdiana,  radicada na Guiné Bissau há várias décadas, faleceu  aos 88 anos. Não deixou filhos, mas tinha muitos amigos, incluindo antigos combatentes, cooperantes, professores, jornalistas, membros de ONGD, pessoal diplomático, etc., de diversas nacionalidades.

Foto (e legenda): © David Guimarães (2001). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Bissau >  Av Amílcar Cabral (antiga Av República)   > 2024 > A antiga Pensão Central, hoje ocupada por uma universidade privada, Bimantecs, Bissau International Management and Technology School.


Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República) > Pensão Central >  c. 2007  > A Dona Berta e as suas "meninas", pensionistas, em noite de Natal (presume-se) ou na sua festa de anos (nasceu  12 de dezembro de 1924). A jovem da ponta direita, é a nossa amiga Sílvia Margarida Mendes, hoje esposa do músico luso-guineense Mamadu Baio (membro da nossa Tabanca Grande desde 28/1/2014). Na altura a Sílvia era professora do ensino secundário, cooperante (viveu cinco anos na Guiné-Bissau).



Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República) > Pensão Central > s/d > Sala de Jantar... A Dona Berta, ao fundo, do lado direito


Guiné-Bissau > Bissau > Embaixada de Portugal > 1994 > Berta Bento, então com 70 anos, condecorada pelo Presidente da República Portuguesa com a Medalha de Mérito... E em 2008 aos 84  anos foi também condecorada pelo Governo de Cabo Verde.


Guiné > Bissau > 1968 > Visita do Presidente da República, Américo Tomás... A Pensão Central toda engalanada.


Lisboa > Sede da CPLP > 21 de novembro de 2013 > Sessão de lançamento do livro do José Ceitil (1947-2020), nosso grão-tabanqueiro, "Dona Berta de Bissau" (Lisboa, Ãncora Editora, 2013, 200 pp.).

Sinopse do livro na Âncora Editora:

 "Berta de Oliveira Bento nasceu na Ilha do Maio, em Cabo Verde, no ano de 1924. Foi 'o sétimo filho e a terceira rapariga' do casal cabo-verdiano Manuel Joaquim Bento e Margarida de Melo Oliveira Bento. Faleceu no dia 12 de Dezembro de 2012. Passou a infância e a juventude em Cabo Verde e, aos 24 anos, deslocou-se a Bissau para acudir a uma irmã mais velha. Foi ficando e afeiçoando-se à terra, criando laços tão fortes com as pessoas que não de lá mais saiu. Casou com um português. Não foi mãe, mas desenvolveu uma protecção maternal enorme e um coração onde cabiam, para além dos amigos, a imensidão de filhos, netos e sobrinhos, encantados e venerados para o resto de suas vidas. Conseguir fazer de um negócio, a Pensão Central, o centro do mundo, para tanta gente e tanta gente que ali procurava abrigo e encontrava vida, é um dos seus dons! A forma como se relacionou com os outros devia constar nos manuais de boas práticas de conveniência dos povos do mundo. É esse o legado que nos deixa."

Fonte: fotos recolhidas e editadas, com a devida vénia, da página do Facebook Pensão Dona Berta, Bissau
 

1. Mónica Caldeira Cabral, e  Arménio  Silva Vitória são dois dos administradores da página do Facebook  Pensão Dona Berta Bissau, Grupo Público. O Arménio Silva Vitória tem apresentado fotos do espólio da Pensão Central, algumas das quais utilizadas aqui por nós, com a devida vénia.

A Pensão Central, da Dona Berta, era um dos lugares de referência da Bissau do nosso tempo. Merece ser recordada aqui a vida desta mulher que, pelos testemunhos que li, era um coração de ouro. Tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue.

Berta Oliveira Bento, nascida na ilha de Maio, em 1924,  foi para a Guiné em 1948. 

Com a devida vénia, reproduz-se também a aqui uma notícia do jornal de Cabo Verde, "A Semana", de  1 de fevereiro de 2008.


Berta de Oliveirea Bento (1924-2012) (*)


A Semana >  1 de fevereiro de 2008  > Cabo-verdiana Berta Bento, avó dos portugueses na Guiné-Bissau, homenageada pelo Governo
  
01-02-08 – Jornal On-line A Semana

A avó cabo-verdiana de todos os portugueses radicados na Guiné-Bissau, Berta de Oliveira Bento, recebe hoje do governo de Cabo Verde a condecoração por mérito, numa cerimónia a realizar na Embaixada de Portugal em Bissau.

Já condecorada por Portugal, em 1994, com a medalha de mérito atribuída pelo então presidente português Mário Soares, Berta Bento, ou avó Berta como é carinhosamente tratada por todos que a conhecem, aguarda desde 2004 a condecoração de Cabo Verde.

“Estou muito feliz e emocionada, porque estou a viver na Guiné-Bissau há 63 anos”, afirmou a avó Berta à Agência Lusa em Bissau, sublinhando que esta sexta-feira é um dia para festejar.

Berta Bento, de 82 anos, é uma das figuras mais carismáticas da Guiné-Bissau, tendo a sua vida sido já retratada em vários jornais mundiais, nomeadamente no britânico Financial Times.

Neta de um português de Santa Comba Dão, grande comerciante em Cabo Verde na época colonial, Berta Bento chegou a Bissau para ajudar uma irmã que estava grávida. Mas a estada, que deveria ser só de um mês, foi prolongada por amor a um português com quem acabaria por casar e fundar a Pensão Central, no centro da cidade de Bissau.

“Vim apenas por um mês de férias, mas depois apaixonei-me por um português e nunca mais saí da Guiné-Bissau”, contou à Lusa.

Foi na Pensão Central que recebeu, a 25 de Janeiro de 1975, os primeiros 75 cooperantes portugueses do pós-independência, a pedido do ministro da Educação guineense. Desde então, a avó Berta e a Pensão Central recebem com frequência cooperantes portugueses, nomeadamente de várias organizações não-governamentais.

Outra das particularidades da avó Berta é a de apenas sair uma vez por ano da pensão. A saída, com traje a rigor, acontece a 10 de Junho para comemorar o Dia de Portugal na embaixada portuguesa em Bissau. “Este ano vou sair duas vezes”, disse entre sorrisos.

Sobre as histórias que tem para contar, a avó Berta referiu que se emociona sempre muito, mas um dos “momentos mais felizes” foi a altura em que recebeu os primeiros cooperantes portugueses.

Hoje, depois de receber a condecoração, a avó regressa à pensão de onde só tenciona voltar a sair a 10 de Junho

Fonte: Reproduzido com a devia vénia da página Pensão Dona Berta Bissau

2. Vd. também a recensão do livro do José Ceitil, feita na altura pelo nosso crítico literário Mário Beja Santos (**)

(...) "Para quem não sabe, a Pensão Central resistiu à guerra de 1963-1974, esteve sempre acima de todos os golpes de Estado, guerras civis e estados de sítio. Mesmo quando houve períodos de escassez de alimentos, o elementar não faltava na Pensão Central. Com a independência, a Pensão Central tornou-se um espaço de livre-trânsito para todos os cooperantes. 

Quando ali aterrei em 1991, tanto podia almoçar com holandeses ligados a projetos de saneamento de água em Canchungo como peritos do Banco de Investimentos de África, como jantar com os portugueses da Medicina Tropical ou italianos do Fundo Monetário Internacional. 

Naquele tempo ainda era possível atravessar meia Bissau a pé à noite, despedia-me da D. Berta e rumava para as instalações da CICER, era uma bela caminhada de quase dois quilómetros. Às vezes o Delfim Silva dava-me boleia, era encontros agradáveis sobretudo em noites sem lua. A D. Berta nunca me saiu do coração, estou em crer que nunca saiu da recordação de ninguém que comeu ou dormiu naquela pensão. 

Uma vez, já em Dezembro de 1991, estava eu desesperado com a inércia a que chegara o projeto que me levara à Guiné (criação de uma comissão interministerial de defesa do consumidor, havia decisão do presidente Nino Vieira, o ministro português Carlos Borrego criara uma linha de financiamento para as instalações, eu conseguira encontrar uma técnica para coordenar a comissão com o perfil adequado, mas nada mexia, as nomeações não se faziam, não era possível obter a concordância para o início das obras das instalações, sitas no antigo Quartel General), e a D. Berta vendo-me à varanda abatido, chegou ao pé de mim e com voz consoladora, disse-me: “Vá lá, pense na Guiné, que o trouxe cá de novo, pense no bem da nossa gente, o que não sair perfeito hoje dar-lhe-á saudades para voltar mais tarde...”. E o meu estado de espírito mudou. Infelizmente, nada avançou, fizeram-se ainda uns programas televisivos, creio que tudo caiu no olvido." (...)

(**) Vd. poste de 14 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10798: Notas de leitura (439): "Dona Berta de Bissau", de José Ceitil (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 19 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26596: As nossas geografias emocionais (50): Gadamael com 40 anos de diferença: fotos de 1971, do Morais Silva (cmdt, CCAÇ 2796, 1970/72), e de 2010, do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau) (1949-2012)



Foto nº 1 e 1A > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) > O pau da bandeira


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > O que restava da base do pau da bandeira...





Foto nº 3, 3A, 3B, 3C > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) > O "porto"... Gadamael não era banhada pelo rio Sapo (que corria mais a sul, mais perto de Sangonhá) mas por um braço do rio Cacine, sem nome  (vd. Carta de Cacoca, 1960, Escala 1/50 mil).


Foto nº 4 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 >  O antigo cais... (Ou o nível da água do rio está subir, ou a estrutura dsgradou-se muito com o tempo: são 40 anos)




Foto nº 5, 3A, 3B > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796,. "Os Gaviões" (1970/72) >  Traseiras do edifício de comando (possivelmente a antiga casa ou loja de um comerciante)


Foto nº 6 >  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 >  O antigo  edifício de comando, visto de frente






Foto nº 7, 7A, 7B, 7C, 7D > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (1970/72) >  Janeiro de 1972 > A "avenida principal"... O "ferIdo" que se vê em primeiro plano junto da velha GMC faz parte do "cenário" das habituais praxes aos "periquitos"... A CCAÇ 2796 seria depois colocada em Quinhamel...



1. São quarenta anos de diferença... 1971, 2010... Gadamael, um dos 3 G da Guerra da Guiné, que esteve a ferro e fogo (em maio / junho de 1973)...

Gadamael  tem mais de 430 referências no nosso blogue (Guileje tem mais  580; e Guidaje, 275).

Neste poste as fotos nºs 2, 4 e 6 são  do álbum do falecido Pepito (engº agrónomo, Carlos Schwarz da Silva, então diretor executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento) (Bissau, 1949 - Lisboa, 2012).

 Fotos (e legendas): © Pepito (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]


As restantes fotos (nºs 1, 3, 5 e 7= são do álbum do cor art ref, na altura (jan 71/ fev 72), cmdt dos "Gavióes, a CCAÇ 2796. 

Lembre-se que o cor art ref Morais da Silva:

(i) foi cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas);

(ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga; adjunto do COP 6, em Mansabá;

(iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974;

(iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.

Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacoca (1960) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Gadamael Porto, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Rio Cacine e fronteira com a Guiné-Conacri


Infografia: Morais Silva / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)

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terça-feira, 18 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26594: As nossas geografias emocionais (49): Gadamael Porto, fotos do Pepito (1949-2012), de 2010 (era então diretor executivo da AD, Bissau), e do Carlos Afeitos, de 2011 (cooperante, 2008-12)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Antigas instalações do comando, centro de transmissões e residência de oficias


Foto nº 2 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > A antiga pista de aviação....


Foto nº 3  > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > O porto ou cais acostável, construído pelo exército português... (O rio que banhava Gadamael era um braço do Rio Cacine, náo tinha nome, mas havia quem, como o Daniel Matos, que  dizia era o Rio Sapo, afluente do Rio Cacine, ,mas que ficava mais a sul de Gadamael Porto).


Foto nº 4 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > A caminho do porto, situado no Rio Sapo, afluente  do  Rio Cacine...


Foto nº 5 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Restos do abrigo do morteiro 81  

Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010  > O que restava  da base do pau da bandeira...



Foto nº 6 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Mari Dabó, antiga lavadeira do alferes Oliveira [talvez da CCAÇ  4152/73 ? ] que ficou em Gadamael depois da independência e que era de Moscavide


Fito nº 7 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outubro de 2010 > Mariama Mané, lavadeira do "major Manso" (... que só pode ser o maj cav Manuel Soares Monge, penúltimo cmdt do COP 5: entre jan 73 e ago 74, o COP 5 teve como cmdts o  maj art Alexandre Costa Coutinho e Lima; o ten-cor  pqdt  Sílvio Jorge Rendeiro de Araújo e Sá; o cap inf Manuel Ferreira da Silva; o maj cav Manuel Soares Monge; e o cap ten Heitor Prudêncio dos Santos Patrício; o COP 5 mudou de Guileje para Gadamael, depois da retirada de Guileje em 22 mai 73).
 


Foto nº 8 > Guiné-Bissau >  Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de outbro de 2010 > Arafá Turé, aluno do professor furriel Barros, do Porto, em 1971 (devia pertencer à CCAÇ 2796, na altura comandada pelo cap art Morais da Silva, que esteve em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972).

Fotos do álbum do Pepito (engº agrónomo, Carlos Schwarz da Silva, então diretor executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento) (Bissau, 1949 - Lisboa, 2012). Na altura, em outubro de 2010, andava entusiasmado, ele e a população  local, com a ideia da criação do Núcleo Museológico de Gadamael, á semelhança do de Guileje. Este e outros foram projetos que ficaram por realizar, face à sua insperada morte, em Lisboa,  no início de 2012, aos 63 anos).

Fotos (e legendas):  © Pepito   (2010). Todos os direitos reservados  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]



Foto nº 9  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Vestígos da CART 1659, "Zorba" (Gadamael e Ganturé, 1967/68). A subunidade a que pertenceu o nosso grão-tabanqueiro Mário Gaspar (1943-2025). Mas também o  Joaquim Fernandes Alves, ex-fur mil, grão-tabanqueiro nº 625 (mora em V. N. Gaia).


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Vestígos da CART 6252/72, "Os Indiferentes" (1972-74).

A CART 6252/72, com apenas meia dúzia de referências no blogue, não tem nenhum representante, registado. Há uma página do Facebook com o nome CART 6252/72 "Os Indiferentes", criada pelo Luís Francisco Gouveia, ex-fur mil trms: telem 964 153 392 | email: luisfsgouveia@gmail.com. Fica aqui o convite para ele se juntar à Tabanca Grande.





Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Bunker a seguir à pista, no início do aquartelamento" 




Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Bunker"...



Foto nº 13 _ Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Base do pau da bandeira" (vd. foto nº 6 do Pepito, 2010)


Foto nº 13 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Espaldão do obus"...  




Foto nº 14 e 14A > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Antiga enfermaria" (informação dada ao Carlos Afeitos pela população local).



Foto nº 15 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 >  "Sem legenda" (vd. foto  nº 1, do Pepito, 2010)




Foto nº 16 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Rio Sapo >  "Cais" (1)  (vd. foto nº  3, do Pepito, 2010)...



Foto nº 18 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 2011 > Rio Sapo >  "Cais" (2)  (vd. foto nº  3, do Pepito, 2010)

Fotos do álbum do  Carlos Afeitos, professor de matemática, cooperante na Guiné-Bissau, durante 4 anos (2008-2012), e nosso grã-tabanqueiro, com o nº 606.

Fotos (e legendas): © Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 19A e 18 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 >"Antiga messe de oficiais e depois hospital",  legendou o Pepito... Descobrimos que este edifício abandonado, da época colonial,  ostentava duas informações intrigantes: na parte superior da parede lateral direita a sigla ou o acrónimo ASCO, com as letras ainda perfeitamente legíveis ; e na parte da frente o ano "1918"...   

Foto (e legenda):  © Pepito 2010). Todos os direitos reservados  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]




Foto nº 20 e 20A  > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/69) > Messe e quarto de sargentos...  Foto do álbum de  Luís Guerreiro, ex-fur mil,  CART 2410 e Pel Caç Nat 65 (Guileje. Gadamael e Ganturé, 1968/70).

Neste edificio funcionou a filial da empresa ASCO - Aly Souleiman & Companhia...  A misteriosa sigla, A.S.C.O., já lá estava nessa época, e continuava  lá em 2010/2011. E nunca ninguém reparou nela nem na data da fachada (vd. fotos nº 14 e 19).

Foto (legenda): © Luís Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > 1956 > Um anúncio de um das casas comerciais mais importantes que existiam na Guiné em 1956. A empresa Aly Souleiman & Companhia (ASCO) dedicava-se à importação e exportação de produtos ultramarinos.  

Com sede em Bissau, tinha filiais em diversos pontos do território da Guiné, de norte a sul:  Bafatá, Farim, Mansoa, Pecixe, Bula, Sonaco, Mansabá, Contuboel, Bambadinca, Xime, Nova Lamego, Cacine, Campenae, Gadamael e  Catió,  "Aly Souleiman (apelido grafado à francesa...), e não "Ali Suleimane" (à portuguesa) era um próspero comerciante sírio-libanês.

O acrónimo da empresa era ASCO, tal como o seu endereço telegráfico... Algumas das mais importantes empresas estrangeiras, e nomeadamente as de origem francesas, com negócios no Senegal e na Guiné portuguesa, usavam acrónimos: NOSOCO, SCOA, CFAO... 

Ficou definitivamente explicado em  o mistério do acrónimo ASCO que aparece num edifício de Gadamael, que, no tempo da guerra, serviu de enfermaria. A data "1918" deve ser referente à sua construção.

Foto (e legenda): © Màrio Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Carta de Cacoca (1960) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Gadamael Porto, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Rio Cacine e fronteira com a Guiné-Conacri

Infografia: Blogue Luís Grºça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Estas fotos servem para nos recordar que o tempo também cura... Gadamael Porto não precisa de apresentação aqui no blogue. É um dos topóminos trágicos da nossa guerra, um dos 3 três G: Guidaje, Guileje, Gadamael... (Estamos sempre a esquecer Gandembel,  a batalha mais longa daquela guerra, com mais de 3 centenas de ataques e flagelações, em menos de 9 meses, de abril de  69 a janeiro de 1969: o aquartelamento, construído de raiz, seria depois mandado retirar por Spínola, à semelhança de outros aquartelamentos e destacamentos como Madina do Boé, Béli, Cacoca, Sangonhá, Ponta do Inglês, etc.).

Decifrámos o enigma das fotos nº 14 e 19 a partir de uma anúncio comercial de 1956...Um dos muitos anúncios de casas comerciais que existiam então na Guiné (*).  

O acrónimo da empresa era ASCO, tal como o seu endereço telegráfico... Algumas das mais importantes empresas estrangeiras, e nomeadamente as de origem francesas, com negócios no Senegal e na Guiné portuguesa, usavam acrónimos oi siglas: NOSOCO, SCOA, CFAO... Ficou, definitivamente, explicado no início de 2015 o mistério do acrónimo ASCO que aparece no edifício de Gadamael, e sobre o qual já especulámos durante meses e meses,

Estas fotos fazem parte das nossas geografias emocionais (**). Mais de um dúzia unidades de quadrícula guarneceram Gadamael.  Impressionante e comovente é o facto de haver gente da população que ainda se lembrava, 40 anos depois, de camaradas nossos (!) (fotos nºs  6, 7 e 8):

  • Mari Dabó, antiga lavadeira do alferes Oliveira [talvez da CCAÇ  4152/73 ?] que ficou em Gadamael depois da independência e que era  de Moscavide;
  • Mariama Mané, lavadeira do "major Manso" (... que só pode ser o maj cav Manuel Soares Monge, penúltimo cmdt do COP 5);
  • Arafã Turé, aluno do professor do posto escolar militar, furriel Barros, do Porto, em 1971 (devia pertencer à CCAÇ 2796, na altura comandada pelo cap art Morais da Silva, nosso grão-tabanqueiro, que esteve em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972).

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Notas do editor LG: