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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25373: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (8): Periquitos, velhinhos e a famosa "batota no mato"...

1. Comentários ao poste P25349 (*)

Joaquim Luís Fernandes (foto à direita), natural de Leiria, foi alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973, e Depósito de Adidos, Brá, 1974; é autor da série "Acordar memórias"


(i) Luís Graça 

Joaquim, aconteceu-nos a todos... Nos primeiros seis meses (qual quê ?!, nos primeiros três meses), o "periquito" tem os cincos sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato) atentos a todas as potenciais ameaças que vêm do exterior...

Fomos treinados (mas mesmo assim mal e à pressa) para adotarmos comportamentos de segurança na Guiné (nunca ninguém me falou da Guiné, e das suas "armadilhas"!)...

Depois,começamos a relaxar, e acontecem as primeiras "baldas" e os primeiros lamentáveis "incidentes"...

Ao fim de seis meses fomos já "veteranos", "velhinhos como o c...", e depois tudo podia acontecer: as primeiras mortes, estúpidas, por acidente, com o dilagrama, a granada de bazuca 8.9 ou de morteiro 60, as granadas de mão, a mina A/P, o Unimog que capotou, o companheiro que saiu da fila para ir mixar ou cagar na orla da mata, e leva um tiro no regresso...

Parabéns, não tens mortos inocentes na tua consciência...porque foste um oficial competente e responsável, disciplinado e disciplinador... Não era fácil, chamavam-te logo nomes feios, "chicalhão"... (Espero que possas ir alimentando a tua série, interrompida em 2014; eu dou-te uma ajuda, repescando comentários como este...)

7 de abril de 2024 às 12:52 

(ii) Joaquuim Luís Fernandes:

Viva.  Luís Graça! E obrigado pela atenção.

Sei que devo alguns postes ao blogue, mas não sei quando pagarei essa dívida. Tenho sempre outros assuntos prioritários que me escasseiam o tempo e a disposição para me sentar a escrever as minhas memórias e a compor os postes com algumas fotos de jeito.

Por enquanto fico-me pelos comentários, que saem ao impulso do que sinto nos postes que leio. E quando posso.

As observações que fazes no teu comentário supra, no que me respeita, suscitam-me outros tantos comentários, mas hoje não me quero alongar, como algumas vezes faço.

Direi apenas que me interrogo como eu com 21 anos (só fiz os 22 em 30 de Julho de 73) consegui comandar um pelotão de "pessoal já velhinho" que não conhecia nem me foi formalmente apresentado, conquistando gradualmente a sua confiança, sem indisciplinas que perturbassem o normal cumprimento das missões que nos destinaram.

E havia no grupo alguns com modos de ser e estar um pouco problemáticos. Mas tive o bom senso de me conduzir de modo ajustado às circunstâncias.

Concluo que comandei um pelotão disciplinado e não foi por força de usar o RDM para impor a disciplina. isto é: Eu procurei ser disciplinado, correto e respeitador para com todos e penso que o meu comportamento induziu no grupo disciplina e respeito.

Creio que nunca me julgaram de "chicalhão". Sabiam que eu era um paisana a cumprir o serviço militar obrigatório, sem tiques militaristas.Também sabiam, porque várias vezes lhes disse, que o que fazia, era para que tudo nos corresse bem, sem azares, sem castigos, sem mortes e sem feridos.

Mas ouvi algumas reclamações e queixumes por cumprirmos os exigentes patrulhamentos nas matas do Balenguerez e do Burné, nas "barbas" da Caboiana, que sabíamos perigosos. Sabiam que outros grupos que connosco alternavam, muitas vezes se baldavam.

Só nunca lhes disse porque assim procedia. E não era por ser guerreiro. Alguns terão pensado que eu via perigo onde não existia, na minha prudente atitude de conduzir os patrulhamentos como se caminhasse-mos em áreas de contacto eminente. (será que o não eram?)

Mesmo assim, terei-me baldado a um patrulhamento ao Balenguerez (que deu para fazer uma caçada aos javalis) e uma outra tentativa de balda, que foi interrompida pelo Comando em T.Pinto, via rádio, a perguntar qual a nossa posição, pois pretendiam fazer uns tiros de obús a partir do Bachile, visando atingir um grupo do PAIGC que tinha roubado vacas numa tabanca próximo de Bassarel.

Foi uma aflição: Nós estacionados na estrada velha, próximo do local onde as viaturas nos tinham deixado, quando com quase 2 horas de percurso já deveríamos estar perto do Balenguerez.

Chovia a bom chover! Lá dei as coordenadas na direção que deveríamos ter seguido, não muito longe de onde estávamos. E foi caminhar debaixo de chuva a passo acelerado, dentro do possível.

Não intercetámos o grupo que tinha roubado as vacas, mas sim o trilho por onde tinham passado,com vestígios evidentes: a bosta das vacas e os rastos que a chuva não tinha apagado.

E ainda bem, que na balda, atrasámos o percurso. E ainda bem que o grupo do roubo das vacas, vindo em nossa direção, no mesmo trilho, pouco depois de passarem pelo Balenguerez, desviarem para o lado das Matas de Cacheu, que já não era zona da nossa intervenção. Deste modo evitou-se o contacto, frente a frente, cujas consequências não sabemos no que poderia dar.

E fico por aqui. E dizia eu que não me queria alongar.

Abraços
JLFernandes

8 de abril de 2024 às 01:07

2. Comentário do editor LG:

Sobre a famosa "batota no mato", temos 13 referências no blogue. E fizemos inclyusive um "inquérito on line" que, infelizmente, só obteve 45 respostas... As eventuais diferenets formas desta prática estão identificadas e listadas... As três mais frequentes (**):
  • Emboscar-se perto do quartel > 17 (37%);
  • Começar a “cortar-se", c/ o fim da comissão à vista > 17 (37%)
  • “Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo > 11 (24%)
(**) Vd. poste de 5 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P16800: Inquérito 'on line' (93): "Batota no mato" ... ou no blogue ?... Esperávamos 100 respostas, obtivemos apenas 45... Resultados: as três formas mais frequentes de batota: (i) emboscar-se perto do quartel (37%); (ii) começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista (37%); e (iii) “acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo (24%)... Só não fazíamos batota era com o Natal no mato...

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19240: (Ex)citações (346): Ainda e sempre 'o inferno do Xime'... A propósito da Op Abencerragem Candente (25 e 26 de novembro de 1970) ( Vitor M. Amaro dos Santos, 1944-2014; José Nascimento, António Duarte, Luís Graça; António J. Pereira da Costa)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Xime > Madina Colhido > CART 2520 (1969/70) e CCAÇ 12 (1969/71) > Op Boga Destemida > 9 de fevereiro de 1970 > A helievacuação de feridos em Madina Colhido, no regresso ao Xime ...


É uma imagem que se repetia ao longo dos meses, sempre ou quase sempre que havia operações à península da Ponta do Inglês, nomeadamente na época seca. Como acontecerá em 26/11/1970 (*), já no tempo da CART 2715 / BART 2917, a subunidade de quadrícula do Xime que foi render, em maio de 1970, a CART 2520. Era comandada pelo cap art  Vitor Manuel Amaro dos Santos, então com 26 anos (acabados de fazer em 22 de novembro)...

Na Op Abencerragem Candente, que envolveu 3 destacamentos (CART 2714, CART 2715 e CCÇ 12), num total de 8 grupos de combate (c. 250 homens), a CART 2715 e a CCAÇ 12 apanharam uma das mais sangrentas emboscadas na história do subsetor do Xime (e até do setor L1), com 6 mortos e 9 feridos graves. Os mortos foram penosamente transportados até ao Xime, em macas improvisadas, os feridos foram encaminhados para Madina Colhido e dali helievacuados para o HM 241, em Bissau... Não temos fotos desse dia de inferno...

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Ando a viver o inferno do Xime [em caixa alta].
Minuto a minuto.
Ambos sofremos isso.
[Você] sabe tudo [o] que fiz para evitar a tal op[eração]…
Sem a CCAÇ 12 talvez tivesse “acampado” [sic]
em Gundagué Beafada.
Não existia estrada [Xime-Ponta do Inglês]….
Era tudo mata densa…
Qual dispositivo [?!].
Aceito que o estado maior do CACO [sic, gen Spínola]
tenha feito relatório
[, incriminando-me,]
porque não denunciei [a] discussão c[om] Anjos [sic, major Anjos de Carvalho]
[, 2º cmdt do BART 2917].

Aliás [a] História[da] Unidade diz
embos[cada] [na] estrada.
[O] relatório [da] op[eração]
[foi] feito [por] Anjos e cap[itão] Brito [sic, Carlos Brito]
[, cmdt da CCAÇ 12].

Evacuado [, em 1 janeiro de 1971], fui bode expiatório.
Essa op[eração] alterou para sempre
[o] meu (des)equilíbrio [sic] psico[lógico].


Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, DFA, ex-cmdt CART 2715 (Xime, 1970/72). Excerto de mensagem, enviada por telemóvel ao editor do blogue, em 2 de março de 2012, às 10h15, dois anos antes de morrer, em Coimbra, aos 69 anos. Membro da Tabanca Grande, nº 781, a título póstumo.


1. Comentários dos leitores e do editor do blogue:

(i) José Nascimento [ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71)


Lamento muito a morte destes camaradas, principalmente do Cunha, com o qual estabeleci uma relação de amizade no tempo de sobreposição das companhias, mas também me lembro do Senhor Capitão [Amaro dos Santos] ironizar: "Isto aqui não há guerra", pelo facto de nos primeiros 15 dias em que as duas companhias [, a CART 2520 e a CART 2715]  estiveram juntas, não ter acontecido nada.

José Nascimento
26 de novembro de 2016 às 01:33 

[Foto acima: Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca> Xime > Enxalé > CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) > O José Nascimento na margem direita do Geba]..

Foto (e legenda): © José Nascimento (2017). Todos os direitos resevados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



(ii) António Duarte [ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola]


Impressionante a dor que se percebe no texto da mensagem enviada [, pelo ex-cap da CART 2715]. Aquela referência de que teria "acampado" antes do objetivo, se não estivesse presente outra unidade, menciona uma prática corrente, (pelo menos no meu tempo,  dez 71 a jan 74).

Curiosamente não me recordo do assunto tratado no nosso blogue. (**)

Já agora recordo uma emboscada que a CCAÇ 12 teve perto de Madina Colhido, em 1973, onde apanhámos, com surpresa, para as duas partes, um grupo do PAIGC, que supostamente iria atacar o Xime. Parámos praticamente, logo que o último homem da coluna deixou de avistar o quartel. Iam dois pelotões. A operação era para ser feita através de "rádio".

Explicando melhor, à medida que o tempo ia passando informava-se o aquartelamento da nossa falsa posição, "percorrendo-se" todo o itinerário. Riscos deste procedimento, era os obuses fazerem fogo para locais onde estava a nossa tropa. Suponho que até ao nível de capitão todos percebíamos o tema, pelo que nada de grave aconteceu... que seja do meu conhecimento.
Abraços a todos e renovando a memória dos camaradas que tombaram nesse malfadado dia.

António Duarte

Cart 3493 e CCAÇ 12

26 de novembro de 2016 às 19:05 


(iii) Tabanca Grande [editor LG]
CCAÇ 12, 2º Gr Comb, c. 1969/70.
Foto de Humberto Reis (2006)


António Duarte. essa famosa discussão com o 2º cmdt do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), dizem, terá terminado com o célebre ultimato: "O nosso capitão vai e torna a ir [, à Ponta do Inglês,] nem que seja a reboque de uma GMC!"...

Só me lembro de ver o Amaro dos Santos, completamente transtornado a entrar na messe de sargentos, com a malta pronta a sentar-se, e ele lançar um salto de felino sobre as garrafas de vinho que estavam 
alinhadas para a refeição (, deve ter sido 
à hora do almoço!)...

Há imagens que não se apagam... Está a ver o efeito devastador que cenas como esta tinham sobre o moral do pessoal... E, sem o sabermos, tinha acando de decorrer, em 22 de novembro de 1970, a Op Mar Verde... Estávamos todos em "alerta máxima" sme saber a razão... E o subsetor do Xime era "pressuposto" estar desfalcado, em termos de efetivos do PAIGC...

27 de novembro de 2016 às 09:12 


(iv) Tabanca Grande  [editor LG]

António, a tua o observação é pertinente: a técnica de "acampar" (recusando-se a ir ao objetivo ou não cumprir a missão) era usada com maior ou menor frequência pelas NT, e nomeadamente pelas subunidades de quadrícula...

A nível da CCAÇ 12 era mais difícil, porque éramos pau para toda a obra, "pau para a colher" do comando de batalhão do setor L1... Quando se fazia operações com PCV e vários destacamentos (caso desta, Op Abencerragem Candente: 3 destacamentos, 8 grupos de combate, 250 homens...) era mais dífícil fazer batota e acampar... Além disso, o nosso capitão, 38 anos, em vésepra de ser promovido major, também alinhou, o que estragou os planos do Amaro dos Santos de "acampar" em Gundagué Beafad... Além,d a avaria do rádio, que nos obrgiou a seguir juntos, os dois destacamentos, B e C... O A era o de Mansambo...

No fundo, era um técnica para gerir o mosso próprio esforço de guerra e fazer o "curto circuito das besteiras" do major de opeerações... Uma das técnicas que se usabva era o silêncio rádio, para evitar que o PCV nos localizasse... Arranjava-se a desculpa da falha nas transmissões...
27 de novembro de 2016 às 09:32 

 
(v) Tabanca Grande  [editor LG]

António:

Em boa verdade, desenvolveram-se, no TO da Guiné, diferentes formas de "pôr um pauzinho na engrenagem”... Não direi que se tratava de “contestação” política da guerra, insubordinações ou revoltas de caserna ou coisas do género…. mas sim de simples “contestação” da autoridade dentro do quartel…

Ao longo da guerra (1961/74), em diferentes unidades e lugares, todos teremos exercido (em maior ou menor grau, com maior ou menor regularidade, com maior ou menor “acordo tácito” dos nossos capitães…), o mais elementar direito à resistência passiva face a comportamentos de prepotência do comando (em geral do setor ou batalhão) ou a processos reiterados de uso e abuso do nosso "coirão": excesso (e elevado grau de risco) de operações, de saídas para o mato, de emboscadas, patrulhamentos, colunas, etc.

Além da técnica de "acampar" na orla da mata (referida pelo cap art QP Amaro dos Santos) ou a uns escassos quilómetros do quartel, fora das vistas do “comando”, havia ainda outras, mais ou menos encapotadas, umas mais fáceis, outras mais arriscadas, não pondo todavia em risco a segurança imediata de ninguém…

Algumas que me vêm à cabeça: “falsificar” os relatórios de ação, sobrevalorizar o número de baixas causadas ao IN, sabotar os planos de operações, evitar o contacto com o IN, “inventar” avarias nos rádios ou dificuldades de ligação com o PCV (posto de comando volante), fazer silêncio-rádio, reportar “enganos” do guia (ou até fuga do guia-prisioneiro) nos trilhos levando ao não cumprimento das missões, simular problemas de saúde do pessoal (obrigando a um regresso antecipado ao quartel), etc.

Claro que era mais fácil "fazer batota" a nível de um simples pelotão ou grupo de combate ou até de um companhia, desde que o capitão e os alferes alinhassem… Era mais difícil "fazer batota" quando as operações eram a nível de batalhão, e havia PCV (com o major de operações ou 2º comandante a dar ordens lá de cima, da DO-27)...

Toda a gente sabe o "ódio" que tínhamos ao PCV por denunciar no mato a nossa posição...
27 de novembro de 2016 às 17:46 


(vi) Tabanca Grande  [editor LG]

Já aqui se escrevu, por diversas vezes, que a malta começava a "cortar-se", a partir dos 18 meses de comissão, para evitar sofrer mais baixas... Precisamos de recuperar esses escritos... A ideia que se tem vindo a transmitir seria a seguinte: (i) nos primeiros seis meses, "os piras" são cautelosos, respeitam as normas de segurança, estão-se a "aclimatar", a "ambientar" a conhecer as manhas do IN e do comando do setor (ou batalhão); (ii) nos dozes meses seguintes faz-se a guerra pura e dura; e (iii) os últimos 3 a 4 meses, com o fim da comuissão á vista, a começa-se a fazer a "gestão do coirão"...

Verdade ?

27 de novembro de 2016 às 17:58



(vii) António José Pereira da Costa [ cor art ref, ex- alf art , CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; autor da série A minha guerrra a petróleo"]

Olá, Camaradas

Nunca aprovei e não pratiquei a técnica do campismo (***). Era arriscada para ambos lados. Por um lado informávamos falsamente o comando, dizendo que fazíamos uma guerra que não fazíamos; por outro deixávamos de criar no inimigo o respeito em que tinha da nos ter para não vir à porta-de-armas perguntar: "corpo di bó?

Quando fui colocado no Xime, em 22JUN72, informei lealmente o comando de que se me mandasse a qualquer lado e eu aceitasse a missão escusava de ir verificar porque era verdade. Porém, se eu dissesse que não ia era escusado empurrar. Dei-me bem com o sistema, embora sentisse que da parte do comando houvesse sempre essa dúvida. Numa das tais operações com PCV cheguei a ser mal guiado e isso custou um embrulhanço sem consequências, mas sem vantagens.

De outra vez fui sobrevoado por um DO-27 mas não fui visto embora fosse a atravessa (mal) uma superfície lateritizada (ferruginosa e sem mato). Ou íamos bem camuflados ou o observador era coxo dos olhos. Inclino-me para a segunda hipótese, dado o sucedido na operação com PCV.
No caso da operação à Ponta do Inglês diria que não vejo a vantagem, a menos que houvesse elementos de informação importantes a explorar... Nunca lá fui, mas sei que se tratou de um destacamento ao nível grupo que se tornou insustentável, o que já diz qualquer coisa.

No fundo poderemos concluir que a lealdade e a inteligência deveriam andar juntas naquela "Guerra a Petróleo". Tapar o Sol com a peneira dá mau resultado. (****)

Um Ab.
António J. P. Costa
________________

Notas do editor:

(*) 26 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16762: Efemérides (240): a Op Abencerragem Candente, 6 mortos, 9 feridos graves... Faz hoje 46 anos... Msn do antigo cmdt da CART 2715, Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), em 2/3/2012, dois anos antes de morrer, dizendo: "Ando a viver o inferno do Xime"...

(**) Vd. poste de 5 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16800: Inquérito 'on line' (93): "Batota no mato" ... ou no blogue ?... Esperávamos 100 respostas, obtivemos apenas 45... Resultados: as três formas mais frequentes de batota: (i) emboscar-se perto do quartel (37%); (ii) começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista (37%); e (iii) “acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo (24%)... Só não fazíamos batota era com o Natal no mato...

(...) Estamos a falar de "batota no mato"... Afinal, "pequena batota", da arraia miúda, os filhos do povo que fizeram a guerra (e a paz)... Treze anos de "sangue, suor e lágrimas".. Um milhão de homens, portugueses e africanos,,,

Nunca vi um oficial superior, de G3 na mão, oito carregadores, e dois cantis de água, a meu lado, em operações a nível de batalhão (!)... Falo de oficiais de posto superior a capitão, majores ou tenentes coronéis !...

Onde estavam os nossos comandantes, os nossos líderes ? Não passavam de burocratas, chefes de secretaria, alguns deles!... E no máximo, andavam lá em cima, de DO-27, no chamado PCV, a quem tínhamos, nós, os infantes, um ódio de morte!

Acredito que, pelo menos no TO da Guiné, eles já eram demasiados velhos para alinhar no mato connosco!... Tinham idade para ser nossos pais!...

Só conheci um, que foi comigo, connosco (CCAÇ 12), explorar as "imediações" do famiegrado inferno do Xime, no início de 1971, quando já estávamos em fim de comissão: chamava-se Polidoro Monteiro, era tenente coronel de infantaria, oficial da confiança de Spínola, e honrou-nos a todos, honrou as melhores tradições do exército português!..

Já morreu há muito: que descanse em paz! (...)



(****) Último poste da série > 16 deoutubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19106: (Ex)citações (345): a Pátria, a classe social, a cunha, o mérito, os "infantes"... e que Santa Bárbara nos proteja!... (C. Martins / Luís Graça)

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16805: Inquérito 'on line' (95): Texto e contexto: batota, balda, ronha, cobardia, indisciplina, traição?... Ou às vezes, também bom senso, experiência, velhice, sensatez ? (Hélder Sousa, ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)



Guiné > s/l > c. 1970/72 > Algures, o nosso Hélder Sousa, fur mil trms TSF, em funções de radiolocalização... Um trabalho onde, teoricamente,  era fácil (?)  fazer batota (*)...

Foto: © Hélder Sousa (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário.ao poste P16800 (**), nosso colaborador permanente Hélder Valério de Sousa (ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72): 

Texto e contexto: batota, balda, ronha, cobardia, traição ?... Ou às vezes,  também bom senso, experiência, velhice, sensatez ?... [Título do editor]

Desta vez não participei no inquérito.

Não por qualquer reserva mental ou discordância. Apenas porque a minha situação no CTIG (rendição individual), o meu enquadramento 'operacional' (enquanto no 'mato' dependente da Direcção de Bissau e depois em actividade tipo repartição funcionando em turnos) e o próprio tipo de acção (centro de escuta e guerra electrónica) não configuravam nenhuma das opções para escolha.

Também não iria entrar aqui pela porta do 'ouvi dizer' ou do 'houve uma vez um camarada que me disse que...'
Portanto, aguardei as conclusões do inquérito e o meu comentário não foge muito ao que os antecessores disseram.

O que o Carlos Vinhal diz é muito justo, "marcar operações pelo mapa é uma coisa, progredir no terreno é outra", pelo que admito que algumas vezes fosse bastante ajuizado não cumprir à risca as determinações abstractas. 

Seria isso 'balda'? Depende da forma se abordar. Se se tratou de uma acção deliberada do género "quero que as ordens se lixem, eu quero é defender a integridade da pele", sem qualquer outro tipo de situação que em certa medida justificasse esse 'contorno' das ordens, pois certamente que seria 'balda'. Caso contrário pode ser enquadrado numa atitude de sensatez de comando no local, em função das circunstâncias.

Claro que não faltarão os 'vigilantes', almas boas zelosas do cumprimento cego dos regulamentos, que apontarão o dedo acusador a tais camaradas e sentenciarão "cobardes, traidores" e outros mimos.
Como de costume, há de tudo!

Lembro-me de ter relatado aqui o que me aconteceu ainda não teriam decorrido duas semanas (nem tenho já a certeza de não ter sido mesmo ao fim de uma semana) em que fui incumbido de acompanhar um dos dois elementos da Racal [Eletronics] que estavam em Bissau a promover a venda de um dos seus equipamentos. 

Como disse na altura, um era um Oficial do exército da África do Sul e o outro engenheiro da Rodésia (ou vice versa, para o caso isso agora é irrelevante) e eu, com meia dúzia de dias, acompanhei no interior fechado duma viatura das transmissões o Oficial e o rádio lá instalado e ia-se fazendo comunicações em vários locais à volta de Bissau para o 'posto director' onde estava o Engenheiro com o outro aparelho de rádio instalado numa tenda no pátio do STM. 

Durante o dia correu tudo normalmente. Foi necessário fazer também as experiência à noite para verificar quanto as interferências nocturnas seriam, ou não significativas. 

Hélder Sousa, hoje
Como disse, estava há duas semanas, no máximo, na Guiné, apenas em Bissau, de onde ainda não tinha saído, pouco ou nada conhecia para além dela e para além das notícias e deturpações que se costumavam contar (havia também os ecos dos embrulhanços do outro lado do Geba) e estava dentro do espaço fechado da viatura. Na cabina de condução, para além do condutor ia também um outro Furriel, periquito como eu, totalmente desconhecedor dos procedimentos, dos perigos e dos mitos.

Em certa altura do processo apercebi-me que se andava para a frente e para trás, no mesmo percurso, e depois que se andava em círculos. O Oficial também percebeu, procurámos saber o que se passava e o condutor disse que assim era melhor, mais seguro, pois para onde nos estavam a mandar ir não era seguro à noite. 

Relatei isto e logo os 'vigilantes' caíram em cima com observações de exacerbado patrioteirismo... não tiveram em conta o enquadramento, só tinham como alvo a crítica.

Portanto, formas de 'tornear ordens' houve muitas. O que eu relatei, que se passou comigo, será, ou não, uma delas. (***)

Hélder Sousa
________________

Notas do editor:

(*)  Vd.postes de radiolicalização:


12 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5636: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (8): Como fui parar ao Centro de Escuta

26 de abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1702: A guerra também se ganhava (ou perdia) nas ondas hertzianas (Helder Sousa, Centro de Escuta e de Radiolocalização, Bissau)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16802: Inquérito 'on line' (94): Inofensivas batotas (António Tavares, ex-Fur Mil SAM do BCAÇ 2912)

Quartel de Galomaro


1. Mensagem do nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil SAM da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), datada de 4 de Dezembro de 2016:

Inofensivas batotas

Camarigos,

Estávamos em finais de Fevereiro de 1972, quase no final da comissão. Atrás deste tronco, sito a uns metros depois da pista dos hélis, do quartel de Galomaro, estacionei, embosquei e comandei um grupo de camaradas. BATOTA...

Tinha de me embrenhar uns bons metros além deste local que militarmente não era muito aconselhável. O tronco estava bem posicionado porquanto de lá via o quartel, ouvia o barulho do gerador e até as vozes dos meus camaradas mais noctívagos. Barulhos inofensivos para quem por vezes ouvia gritos de dor e ruídos do fogo IN.

Não foi o caso daquela noite. O quartel tão perto e ninguém via do quartel. Havia um inconveniente: ficava perto do local onde os guinéus enterravam os mortos. Eu sabia.

O cheiro da Metrópole estava mais próximo de cada um de nós e a vontade de aventuras era menor. Alguns dos meus camaradas, que conheciam bem o local, protestaram mas por ali ficámos durante seis horas, das 20H00 às 02H00.


Galomaro

Foto: © Carlos Filipe



A “VALENTIA” e a “CORAGEM” do início da comissão, em Maio/70, estavam muito gastas.
Foi o meu último serviço, fora do quartel, em postos avançados.
(…)

Essas patrulhas eram a pé,
Feitas com poucos homens e muita pressa,
Abordávamos o chefe da tabanca
E dávamos dois dedos de conversa.

Enquanto éramos “periquitos”,
Cumprir a rigor procurávamos,
À medida que íamos ficando cansados
O percurso traçado encurtávamos.

O encurtar foi tanto,
Esquema usado por toda a gente,
Até havia quem saísse do quartel
E entrasse na tabanca quase em frente.

Era preciso fazer passar o tempo,
Como se tudo fosse cumprido,
E aproximar do quartel
Pelo lado contrário ao que tínhamos saído.

(do livro – Guineíadas, de 2003)


Na secretaria dos Reabastecimentos do BCaç 2912:

- Alterávamos os mapas de SITMUNIÇÕES; SITARMAS; SITVIATURAS…

- Eram acrescentados alguns quilómetros às distâncias percorridas pelas viaturas civis utilizadas nas colunas de reabastecimentos, isto é, um percurso real de 40 Kms era pago por 50 Kms.
O COMCHEFEGUINÉ, em Bissau, aprovava ou não as distâncias utilizando os mapas Cartográficos do Exército.

Inofensivas BATOTAS,  realizadas em 1970/72, em que procuravam não prejudicaros civis ou os militares do batalhão.

____________

Nota do editor

Último poste da série de 5 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16800: Inquérito 'on line' (93): "Batota no mato" .. ou no blogue ?... Esperávamos 100 respostas, obtivemos apenas 45... Resultados: as três formas mais frequentes de batota: (i) emboscar-se perto do quartel (37%); (ii) começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista (37%); e (iii) “acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo (24%)... Só não fazíamos batota era com o Natal no mato...

Guiné 63/74 - P16800: Inquérito 'on line' (93): "Batota no mato" ... ou no blogue ?... Esperávamos 100 respostas, obtivemos apenas 45... Resultados: as três formas mais frequentes de batota: (i) emboscar-se perto do quartel (37%); (ii) começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista (37%); e (iii) “acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo (24%)... Só não fazíamos batota era com o Natal no mato...






Lisboa > Praça do Comércio > 4 de dezembro de 2016 > Iluminações de Natal... Mais de meio século depois da guerra colonial, aquela que foi a praça mais emblemática da encenação imperial na época do Estado Novo (*)... Era aqui que se condecoravam, alguns a  título póstumo, os nossos heróis... 

Batota? Todos fizemos batota: a grande batota que  os políticos e os generais faziam na capital do império, a pequena batota que nós, soldados de Portugal, fazíamos, a nível operacional, no TO da Guiné... E batota que todos fazemos hoje, negando a pés juntos que nunca fizemos batota (no mato, na secretaria, no gabinete de planeamento de operações, no quartel-general em Bissau, nos ministérios da Praça do Comércio, e por aí fora)... A batota que ainda hoje fazemos autocensurando-nos, negando, branqueando, esquecendo... muita coisa de que fomos atores ou testemunhas...

Fotos (e legenda): © Luís Graça  (2016). Todos os direitos reservados.



Lisboa > 6 de outubro de 2013 > Praça do Comércio / Terreiro do Paço > Estátua equestre de D. José, com o Cais das Colunas e o estuário do Rio Tejo, ao fundo... Vista panorâmica a partir do topo do Arco da Rua Augusta.(*)

Foto (e leenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.




I. Inquérito 'on line' (**):



"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... 

ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS


Resultados definitivos: total de respostas > 45



As formas mais frequentes de 'batota'...

2. Emboscar-se perto do quartel > 17 (37%)

17. Começar a “cortar-se", c/ o fim da comissão à vista > 17 (37%)

1. “Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo >  11 (24%)

14. Simular problemas de saúde  > 10 (22%)

18. Outras formas  > 10 (22%)

3. “Andar às voltas” para fazer tempo  > 9 (20%)

16. Falsificar o relatório da ação  > 9 (20%)

10. Falsas justificações para perda de material  > 9 (20%)

4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo)  > 8 (17%)

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos  > 6 (13%)


As formas menos frequentes de 'batota'...


6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV  > 5 (11%)

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN>   5 (11%)

15. Regresso antecipado p/alegados problemas de saúde  > 5 (11%)

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT > 4 (8%)

5. Provocar o silêncio-rádio  > 3 (6%)

8. Outros problemas de transmissões  > 3 (6%)



As formas de 'batota' ainda não referidas...


12. Deixar fugir o guia-prisioneiro  > 0 (0%)

13. Liquidar o guia-prisioneiro  > 0 (0%)


A sondagem encerrou no dia 4/12/2016, às 18h42.


II. Comentário do editor:


Estamos a falar de "batota no mato"... Afinal, "pequena batota", da arraia miúda, os filhos do povo que fizeram a guerra (e a paz)... Treze anos de "sangue, suor e lágrimas".. Um milhão de homens, portugueses e africanos,,,

Nunca vi um oficial superior, de G3 na mão, oito carregadores, e dois cantis de água, a meu lado, em operações a nível de batalhão (!)... Falo de oficiais de posto superior a capitão,  majores ou tenentes coronéis !... 

Onde estavam os nossos comandantes, os nossos líderes ? Não passavam de burocratas, chefes de secretaria, alguns deles!... E no máximo, andavam lá em cima, de DO-27, no chamado PCV, a quem tínhamos, nós, os infantes,  um ódio de morte! 

Acredito que, pelo menos no TO da Guiné, eles já eram demasiados velhos para alinhar no mato connosco!... Tinham idade para ser nossos pais!... 

Só conheci um, que foi comigo, connosco (CCAÇ 12),  explorar as "imediações" do famiegrado inferno do Xime, no início de 1971, quando já estávamos em fim de comissão: chamava-se Polidoro Monteiro, era tenente coronel de infantaria, oficial da confiança de Spínola, e honrou-nos a todos, honrou as melhores tradições do exército português!.. 

Já morreu há muito: que descanse em paz!

Pois é, ficam de fora do âmbito deste inquérito, as outras formas mais ou menos "engenhosas" que encontrávamos para "resolver" problemas, típicos da tropa ou da burocrcia militar: por ex, material em falta, que estava "à carga", e que por qualquer razão deu sumiço, foi desviada, estragou-se, danificou-se...

Nada como um ataque ao quartel (ou a explosão de uma mina numa coluna de reabastecimentos) para o 1º cabo quarteleira, o furriel vaguemestre, o 1º sargento e o capitão "atualizarem" os inventários...Essa era a pequena batota de secretaria, a que eu não dou muita importância...

Todos sabemos que, no mato, em operações (mas também em ataques ao quartel ou ao destacamento) havia material e equipamento que podia ficar destruido ou danificado ou ser extraviado: armas, granadas de morteiro e de bazuca, viaturas, sacas de arroz, caixas de uísque e outras bebibas espirituosas, importadas, etc. As vezes, uma minazinha na picada vinha mesmo a calhar, desde que não matasse ou não ferisse ninguém.,..

Não sei se essas práticas se podiam classificar como "batota"... Batota era, para todos os efeitos,  viciar as regras do jogo, violar impunemente o RDM,  quebrar a unidade  comando controlo e o espírito de corpo, perder a confiança no comando, não cumprir as normas, não seguir os procedimentos, etc. O patamar acima de batota, esse, já era crime... Mas não  é de crime que estamos a falar...Referimo-nos, ao fim e ao cabo, aos pequenos trques da autogestão do esforço de guerra...
.
Pode ser que alguém, entretanto,  tenha histórias para contar sobre estas diversas formas de batota que estava ao nosso alcance: (1) batota no mato, (ii)  batota no quartel; (iiii) batota  na secretaria; (iv) batota na arrecadação; (v) batota na caserna...

Este inquérito sobre a "batota no mato" não provocou grande entusiasmo, nem emoção, nem controvérsia, nem muito menos surpresas... Nada de novo, na guerra da Guiné, a norte, a sul, a centro, a leste ou a oeste... 

Em contrapartida, as respostas parecem-nos verosímeis, consistentes... Por exemplo, ninguém assinalou as hipóteses 12 (deixar fugir o guia-prisioneiro) e 13 (liquidar o guia-prisioneiro). 

Simplesmente não eram prática corrente, pelo menos no meu tempo... E eu que fiz diversas operações com guias-prisioneiros, nos medonhos matos do Xime, estou aqui para confirmar que nunca deixámos fugir (muito menos liquidar) nenhum guia-prisioneiro...Não quer dizer que vontade não nos faltasse, às vezes...

Simplesmente isso não aconteceu, embora possa ter ocorrido episodicamente noutros tempos e lugares... E, pelo menos, até agora, ao fim de 13 anos de blogue (!), ninguém até agora teve a coragem ou a frontalidade de confessar que liquidou um prisioneiro no mato!... Nem era expectável que algum camarada nosso viesse, publicamente, confessar ter liquidado um prisioneiro ou um guia-prisioneiro, no mato, em operações, por sua iniciatuva ou por ordem hierárquica... Temos conhecimentos de alguns casos, mas que são contados "off record", nas nossas longas e inytermináveis conversas e inconfidências... Muitas dessas conversas e inconfidências morrerão connsosco... O blogue não é o confessionário do padre nem o divã do psiquiatra... Tentámos abrir uma série "O segredo de...", mas foi um fracasso, um desastre....

A época (natalícia) não ajuda nada à participação bloguística... Andamos já todos com o stresse natalício, com a lista das compras na cabeça e no bolso, com a claustrofobia dos centros comerciais, com a musiquinha do Pai Natal e das renas a azucrinar-nos de manhã à noite,,, E, os mais privilegiados, assoberbados com os preparativos para a passagem de ano no "bem bom" dos hoteis, cá dentro ou lá fora, nos "resorts" de luxo, com vista para o fogo de artifício... Afinal, só o fogo e que nos purifica, simbolicamente falando...

Queimemos mais um ano de vida, camaradas, que este ano já está a chegar ao fim!...  

Os editores, tirando ilações da aparente fraca resposta a este inquérito (45 respostas contra as habituais 100 ou mais), prometem não vos maçar mais com estes passatempos bloguísticos, pelo menos até ao fim do ano... Esta é a boa notícia... (Não nos falte o bacalhau especial à mesa de Natal!)

A má notícia é a de que aí vem um novo ano, o ano de 2017...Como sói dizer-se o novo ano é sempre uma incógnita,  uma "black box", uma "caixa negra", uma verdadeira caixinha de Pandora... Cuidado ao abrir!... Mas, como os nossos leitores já deram conta, os nossos editores, ou pelo menos eu, já começam a dar o tom festivaleiro da quadra natalícia... 

Ontem como hoje, o Natal não se pode/não se podia contornar, adiar, protelar... Aqui é que não se  pode mesmo fazer batota... Quem disse que o Natal é quando um homem quiser ? O tanas!... Por favor, não façam batota!... Desde que nascemos. o Natal é a noite de 24 para 25 de dezembro, e todos queremos lá estar, nessa noite mágica, bem vivinhos da costa, de boa saúde, e com muito sede e muito apetite... LG
_________________

Notas do editor:

(*) Vd .poste de 14 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14027: Manuscrito(s) (Luís Graça) (41): Maresias, Lisboa, Tejo, memórias, amnésias... Parte II: O Terreiro do Paço e a(s) cenografia(s) do poder

(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16793: Inquérito 'on line' (92): A "batota no mato": Nunca aprovei e não pratiquei a técnica do campismo"... (António J. Pereira da Costa, cor art ref)

Vd. postes anteriores:


2 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16790: Inquérito 'on line' (90): A "batota" que fazíamos (ou não....) quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... Só temos até hoje de manha 37 respostas, o que é pouco... Por lapso, não se incluiu a hipótese de resposta 19: "Não, não se fazia batota"...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Guiné 61/74 - P16793: Inquérito 'on line' (92): A "batota no mato": Nunca aprovei e não pratiquei a técnica do campismo"... (António J. Pereira da Costa, cor art ref)



Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério ... Uma DO 27 na pista... Era uma aeronave que  adorávamos  quando nos trazia de Bissau os frescos e a mala do correio ou, no regresso,  nos dava boleia até Bissau, para apanharmos o avião da TAP e ir de férias... Era uma aeronave preciosa nas evacuações (dos nossos feridos ou doentes militares, bem como dos civis)... Era um "pássaro" lindo a voar nos céus da Guiné, quando ainda não havia o Strela...

Em contrapartida, tínhamos-lhe, nós, os infantes, um "ódio de morte" (sic)  quando se transformava em PCV (ponto de comando volante) e o tenente coronel, comandante do batalhão, ou o segundo comandante,  ou o major de operações,  ia ao lado do piloto, a "policiar" a nossa progressão no mato...  Quando nos "apanhavam" e ficavam à nossa vertical, era ver os infantes (incluindo os nossos "queridos nharros") a falar, grosso, à moda do Norte, com expressões que eram capazes de fazer corar a Maria Turra..."Cabr..., filhos da p..., vão lá gozar pró c..., daqui a um bocado estamos a embrulhar e a levar nos corn...".

Também os nossos comandantes operacionais (capitães QP ou milicianos) não gostavam nada do "abelhudo" do PCV, em operações no mato...

Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
.
1. Comentário, ao poste P16762 (*), assinado pelo nosso grã-tabanqueiro António J. Pereira da Costa:

[Foto à esquerda: António José Pereira da Costa, cor art ref (ex-alf art , CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt , CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; tem mais de 110 referências no nosso blogue]


Nunca aprovei e não pratiquei a técnica do campismo.

Era arriscada para ambos lados. Por um lado informávamos falsamente o comando, dizendo que fazíamos uma guerra que não fazíamos; por outro deixávamos de criar no inimigo o respeito em que tinha da nos ter para não vir à porta-de-armas perguntar: "corpo di bó?

Quando fui colocado no Xime, em 22 de junho de 1972 [, na CART 3494,] informei lealmente o comando de que se me mandasse a qualquer lado e eu aceitasse a missão,  escusava de ir verificar porque era verdade. Porém, se eu dissesse que não ia,  era escusado empurrar. 

Dei-me bem com o sistema, embora sentisse que da parte do comando houvesse sempre essa dúvida. Numa das tais operações com PCV [, posto de comando volante, em geral em DO 27,]  cheguei a ser mal guiado e isso custou um embrulhanço sem consequências, mas sem vantagens.

De outra vez fui sobrevoado por um DO-27 mas não fui visto embora fosse a atravessar (mal) uma superfície lateritizada (ferruginosa e sem mato). Ou íamos bem camuflados ou o observador era coxo dos olhos. Inclino-me para a segunda hipótese, dado o sucedido na operação com PCV.

No caso da operação à Ponta do Inglês,  diria que não vejo a vantagem, a menos que houvesse elementos de informação importantes a explorar... Nunca lá fui, mas sei que se tratou de um destacamento ao nível grupo que se tornou insustentável, o que já diz qualquer coisa.

No fundo poderemos concluir que a lealdade e a inteligência deveriam andar juntas naquela "Guerra a Petróleo". Tapar o sol com a peneira dá mau resultado. (**)

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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P16791: Inquérito 'on line' (91): A "batota" que fazíamos no mato ?... Tenho dificuldade em responder por dois motivos: (i) a decisão não estava nas minhas mãos; e (ii) no Xime não podíamos deixar de privilegiar o conceito "A segurança, em primeiro lugar"... (Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Especiais, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > c. 1969/70 > Xime > Margem esquerda do Rio Geba > O cais do Xime... que alimentava o "ventre do leste"... Por aqui passaram milhares de homens, viaturas, equipamentos, armas, munições, géneros alimentícios, etc. Desembarcados das LDG, seguiam depois pela estrada (alcatroada já no tempo do Jorge Araújo ) Xime-Bambadinca-Bafatá-Nova Lamego-Piche, etc. até pontos mais longínquos, já fronteira (Sare Bacara, Pirada, Canquelifá, Bajocunda, etc.).

Havia um aquartelamento na margem esquerda, guarnecido por uma companhia de quadrícula, além de um Pel Art (obus 10.5). Havia ainda uma tabanca (c. 250 habitantes), e no regulado do Xime três destacamentos de milícias (Amedalai, Demba Taco e Taibatá)..

Na margem direita do Rio Geba, frente ao Xime, situava-se a povoação e destacamento do Enxalé, /povoação outrora importante?.  A montante do Xime  ficava o reordenamento (e destacamento) de Nhabijões, os destacamentos de Mato Cão, Missirá, Finete, o qiartel de Bambadinca...Entre Xime e Bambadinca, no Rio Geba Estreito, circulavam as embarcações civis (também conhecidas por "barcos turras")...

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Comentário (*) do nosso camarada e colaborador assíduo do nosso blogue, Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494. Xime e Mansambo, 1971/74),  


Camaradas,

Como certamente aceitarão, vivi como elemento do colectivo da CART 3494 muitas emoções/tensões na geografia do Xime (1972/73), umas mais fortes outras mais suaves, mas todas juntas dão corpo ao meu “livro de memórias” daqueles anos, experiências únicas e, até ver, inesquecíveis. Desde emboscadas em situação adversa e em inferioridade numérica, naufrágio, mortes e outras situações já descritas em narrativas publicadas anteriormente, tenho uma colecção de eventos que fazem de mim uma “pessoa rica” ou que dão título à formação militar que conclui em Lamego: «A sorte protege os audazes».

Quando se aborda a temática «A batota que fazíamos na guerra»…, tenho muitas dificuldades em responder, na medida em que não dependia de mim decidir sobre o que quer que fosse, pois estava sujeito à hierarquia, e quando entrava em operações mais problemáticas, as informações que me transmitiam eram escassas ou quase nulas.

Por outro lado, a situação geográfica do aquartelamento do Xime, não permitia fazer muitos “desvios” aos que faziam parte do “protocolo”, em que a principal missão estava relacionada com o conceito de Segurança, tarefa prioritária e diária que fazia parte da agenda dos diferentes Grupos de Combate.

Todas elas teriam de ser cumpridas com o máximo de rigor e superior atenção, pois tínhamos de garantir a segurança possível em parte do troço que ligava o Xime a Bambadinca, por causa/efeito do tráfego rodoviário que aí ocorria, uma vez que a possibilidade mais exequível para chegar à capital [Bissau], ou desta ao extremo leste do território, de que são exemplos: Bafatá, Contuboel, Nova Lamego, Piche, Canquelifá, Paunca, Galomaro, Mansambo, Xitole, Saltinho, …, só poderia acontecer por via marítima [Rio Geba].

Porque o cais do Xime era utilizado diariamente, quer como ponto de chegada e/ou de partida, por onde circulavam semanalmente centenas de militares e civis e uma vasta panóplia de produtos e equipamentos, este assumia-se como local político-militar-económico estratégico por excelência.

.Deste modo o nosso grande objectivo operacional era garantir a máxima segurança a todos os que dela necessitavam naquele troço, todos os dias, entre as 07.00/07:30H até ao pôr-do-sol ou, em situações particulares, até que ficassem concluídas as actividades portuárias, no local conhecido por Ponta Coli, onde os grupos escalados das diferentes Unidades de quadricula foram surpreendidos por bigrupos de guerrilheiros do PAIGC, no caso da CART 3494 em 22ABR1972 e 01DEC1972, daí resultando baixas de ambos os lados. 

Outro tipo de segurança que realizávamos estava relacionada com a protecção às embarcações que navegavam no Geba, onde os Gr Comb da CART 3494, algumas vezes reforçados por Gr Comb da CCAÇ 12,  percorriam os itinerários ícones do Xime, como sejam os exemplos de «Ponta Varela», «Madina Colhido», «Gundaguê Beafada» e «Poindon», em patrulhamentos ofensivos, montagem de emboscadas e outras missões/acções mais específicas, umas vezes com contactos outras de sentido inverso.

Perante o exposto, em que situações era possível “fazer batota”?.

Ab. Jorge Araújo

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Guiné 63/74 - P16790: Inquérito 'on line' (90): A "batota" que fazíamos (ou não....) quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... Só tínhamos, até hoje de manhã, 37 respostas, o que é pouco, o habitual é 100... Por lapso, não se incluiu a hipótese de resposta 19: "Não, não se fazia batota"...



Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > Op Tridente (14 de janeiro a 24 de março de 1964) > LDG, desembarcando tropas

Foto: © Mário Dias (2005), Todo os direitos reservados




I. INQUÉRITO 'ON LINE': 



"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... 
ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS



Resultados preliminares (n=37 respostas, até hoje de manhã)


As formas mais frequentes de 'batota'...


2. Emboscar-se perto do quartel > 15 (40%)

17. Começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista > 15 (40%)

1.“Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo > 9 (32%)

10. Falsas justificações para perda de material > 9 (24%)

3. “Andar às voltas” para fazer tempo > 9 (24%)

16. Falsificar o relatório da ação > 8 (21%)

4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo) > 7 (18%)

14. Simular problemas de saúde > 7 (18%)

18. Outras formas > 7 (17%) 

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos > 6 (16%)


As formas menos frequentes de 'batota'...


6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV > 5 (13%)

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN > 5 (13%)

15. Regresso antecipado ao quartel p/ alegados problemas de saúde> 5 (13%)

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT > 4 (10%)

8. Outros problemas de transmissões > 3 (8%)

5. Provocar o silêncio-rádio > 2 (5%)


As formas de 'batota' ainda não referidas...


12. Deixar fugir o guia-prisioneiro > 0 (0%)

13. Liquidar o guia-prisioneiro > 0 (0%)



II  Comentário do editor (*):


Repare.se que falamos de "batota" grupal ou coletiva, ou seja a nível de seção, pelotão ou companhia. Não falamos de "batota" individual, "fazer ronha", "desenfiar-se", etc,,, Falamos de batota operacional, não falamos da batota que os nossos generais e políticos faziam... Falamos da "pequena" batota... E muito menos ainda de "resistência" (política) à guerra... São coisas diferentes...

É evidente que ninguém tem que "enfiar a carapuça", tanto os superiores como os subordinados,,. É um assunto para se falar entre camaradas, incluindo os nossos copmandantes operacionais.

Nem é desonra nenhuma admitir-se. como mera hipótese teórica, "a batota que se fazia no mato"...

Os camaradas, que foram operacionais, sabem do que se trata... A generalidade admite  que sim, que havia várias formas possíveis de "gerir o esforço de guerra", podendo isso implicar  não cumprir, no todo ou em parte, as missões que nos eram confiadas... 

 Claro que o questionário não se aplica a nenhuma companhia  nem a ninguém, em particular. Não é isso que está em causa. Como diz o José Martins, fizeram-se dezenas, centenas de milhares de operações, em todo o período da guerra que vai de 1961 até 1974... 

Era bom ouvir (e saber ouvir)  testemunhos tanto dos velhinhos de 63/64 , como  também dos periquitos de 73/74 que fecharam a guerra

Passámos estes anos todos, "podemos abrir o livro", e falar "olhos nos olhos" uns com os outros, e escrever as nossas histórias, sobretudo as que ficaram por contar... Se calhar, ainda há muita história por contar... É isso que justifica a existência (e a longevidade) do nosso blogue (que é único no seu género).

Esste tema da "batota no mato" não é de fácil abordagem,,, Partimos do pressuposto que havia batota, que nós (ou os nossos "vizinhos do lado"... ) fazíamos algum tipo de batota...sem com isso comprometer deliberadamente a nossa segurança e a dos nossos camaradas.  

Até à data, e a dois dias de se encerrar a viotação (, no domingo, dia 4, às 18h42), este inquérito não teve grande adesão... Estamos longe das habituais 100 respostas... É preciso saber porquê... Há camaradas que disseram que este questionário não se aplicava à sua companhia... E, portanto, que a resposta só podia ser NÃO...

No questionário devia estar prevista essa hipótese: 19. Não, não se fazia batota no mato

As sondagens de opinião são frequentemente acusadas de utilizarem a técnica dos pressuspostos implícitos, de modo a manipular, voluntária ou involuntariamente, as respostas. Não foi essa a nossa intenção... Esquecemo-nos mesmo da hipótese 19. Não, não se fazia batota no mato...

Este procedimento do "pressuposto implícito" é utilizado conscientemente noutros contextos,. como por exemplo, o da entrevista piscoterapêutica, para fazer admitir, à pessoa que procura ajuda, aspectos delicados, do foro íntimo, que dificilmente ela  confessarioa. Por exemplo, o psiquiatra,  ao longo de uma anamnese,  não costuma pôr a questão ‘vocês masturbou-se?", antes pergunta directamente 'com que idade começou a masturbar-se?’. Há aqui um pressuposto implícito o de que a masturbação é um comportamento humano normal e universal, nomeadamenmte na adolescência e juventude.

Aqui também há um pressuposto implícito. Na guerra, há sempre algum tipo de batota ou forma de fazer batota.  Quantoaio resto, todos fonos heróis, ou como a gente diz aqui na Tabanca Grande, "mais do que homens, menos que deuses"...Bom fim de semana. E não se esqueçam, os retardatários, de responder ao inquérito "on line", diretamente no blogue, ao canto superior esquerdo,

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Nota do editor


(*) Último poste da série > 2 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16789: Inquérito 'on line' (89): Batota havia, ponto assente: Dancei conforme a música e, quando fui maestro, assumi... Dou três exemplos: a CCAÇ 12, no tempo do cap mil inf José Antóno de Campos Simão; o CIM de Bolama; e a CCAV 3404, em Cabuca (João Candeias, ex-fru mil, CCav 3404, CINM e CCAÇ 12, 1971/73)


Vd. postes anteriores:

1 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16783: Inquérito 'on line' (88): A malta fazia alguma batota a nível de pelotão, sobretudo no que dizia respeito aos locais de emboscada... [Mário Pinto, ex-fur mil at art, CART 2519 (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71); e José Manuel Cancela (ex-sold apont metralhadora, CCAÇ 2382, (Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)]

30 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16780: Inquérito 'on line' (87): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... E já temos 28 respostas: "emboscar-se perto do quartel" (50%) é a forma mais referida, seguida de "começar a 'cortar-se', com o fim da comissão à vista" (46%)...Comentários: José Martins, César Dias, Rogério Cardoso


29 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16775: Inquérito 'on line' (86): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: depois do 25 de abril de 1974, continuávamos a fazer patrulhamentos ofensivos, encontrávamos gente do PAIGC que vinha "visitar família no Bissorã", "partíamos mantenhas" e depois lá seguíamos à procura... do "turra"!... Além de cansados, sentíamo-nos "ridicularizados"... (Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)


28 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16769: Inquérito 'on line' (85): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: quais as formas mais usadas ? Responder até domingo, dia 4 de dezembro, às 18h42