Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > c. 1969/70 > Xime > Margem esquerda do Rio Geba > O cais do Xime... que alimentava o "ventre do leste"... Por aqui passaram milhares de homens, viaturas, equipamentos, armas, munições, géneros alimentícios, etc. Desembarcados das LDG, seguiam depois pela estrada (alcatroada já no tempo do Jorge Araújo ) Xime-Bambadinca-Bafatá-Nova Lamego-Piche, etc. até pontos mais longínquos, já fronteira (Sare Bacara, Pirada, Canquelifá, Bajocunda, etc.).
Havia um aquartelamento na margem esquerda, guarnecido por uma companhia de quadrícula, além de um Pel Art (obus 10.5). Havia ainda uma tabanca (c. 250 habitantes), e no regulado do Xime três destacamentos de milícias (Amedalai, Demba Taco e Taibatá)..
Na margem direita do Rio Geba, frente ao Xime, situava-se a povoação e destacamento do Enxalé, /povoação outrora importante?. A montante do Xime ficava o reordenamento (e destacamento) de Nhabijões, os destacamentos de Mato Cão, Missirá, Finete, o qiartel de Bambadinca...Entre Xime e Bambadinca, no Rio Geba Estreito, circulavam as embarcações civis (também conhecidas por "barcos turras")...
Na margem direita do Rio Geba, frente ao Xime, situava-se a povoação e destacamento do Enxalé, /povoação outrora importante?. A montante do Xime ficava o reordenamento (e destacamento) de Nhabijões, os destacamentos de Mato Cão, Missirá, Finete, o qiartel de Bambadinca...Entre Xime e Bambadinca, no Rio Geba Estreito, circulavam as embarcações civis (também conhecidas por "barcos turras")...
Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário (*) do nosso camarada e colaborador assíduo do nosso blogue, Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494. Xime e Mansambo, 1971/74),
Camaradas,
Como certamente aceitarão, vivi como elemento do colectivo da CART 3494 muitas emoções/tensões na geografia do Xime (1972/73), umas mais fortes outras mais suaves, mas todas juntas dão corpo ao meu “livro de memórias” daqueles anos, experiências únicas e, até ver, inesquecíveis. Desde emboscadas em situação adversa e em inferioridade numérica, naufrágio, mortes e outras situações já descritas em narrativas publicadas anteriormente, tenho uma colecção de eventos que fazem de mim uma “pessoa rica” ou que dão título à formação militar que conclui em Lamego: «A sorte protege os audazes».
Quando se aborda a temática «A batota que fazíamos na guerra»…, tenho muitas dificuldades em responder, na medida em que não dependia de mim decidir sobre o que quer que fosse, pois estava sujeito à hierarquia, e quando entrava em operações mais problemáticas, as informações que me transmitiam eram escassas ou quase nulas.
Por outro lado, a situação geográfica do aquartelamento do Xime, não permitia fazer muitos “desvios” aos que faziam parte do “protocolo”, em que a principal missão estava relacionada com o conceito de Segurança, tarefa prioritária e diária que fazia parte da agenda dos diferentes Grupos de Combate.
Todas elas teriam de ser cumpridas com o máximo de rigor e superior atenção, pois tínhamos de garantir a segurança possível em parte do troço que ligava o Xime a Bambadinca, por causa/efeito do tráfego rodoviário que aí ocorria, uma vez que a possibilidade mais exequível para chegar à capital [Bissau], ou desta ao extremo leste do território, de que são exemplos: Bafatá, Contuboel, Nova Lamego, Piche, Canquelifá, Paunca, Galomaro, Mansambo, Xitole, Saltinho, …, só poderia acontecer por via marítima [Rio Geba].
Porque o cais do Xime era utilizado diariamente, quer como ponto de chegada e/ou de partida, por onde circulavam semanalmente centenas de militares e civis e uma vasta panóplia de produtos e equipamentos, este assumia-se como local político-militar-económico estratégico por excelência.
.Deste modo o nosso grande objectivo operacional era garantir a máxima segurança a todos os que dela necessitavam naquele troço, todos os dias, entre as 07.00/07:30H até ao pôr-do-sol ou, em situações particulares, até que ficassem concluídas as actividades portuárias, no local conhecido por Ponta Coli, onde os grupos escalados das diferentes Unidades de quadricula foram surpreendidos por bigrupos de guerrilheiros do PAIGC, no caso da CART 3494 em 22ABR1972 e 01DEC1972, daí resultando baixas de ambos os lados.
Perante o exposto, em que situações era possível “fazer batota”?.
Ab. Jorge Araújo
Como certamente aceitarão, vivi como elemento do colectivo da CART 3494 muitas emoções/tensões na geografia do Xime (1972/73), umas mais fortes outras mais suaves, mas todas juntas dão corpo ao meu “livro de memórias” daqueles anos, experiências únicas e, até ver, inesquecíveis. Desde emboscadas em situação adversa e em inferioridade numérica, naufrágio, mortes e outras situações já descritas em narrativas publicadas anteriormente, tenho uma colecção de eventos que fazem de mim uma “pessoa rica” ou que dão título à formação militar que conclui em Lamego: «A sorte protege os audazes».
Quando se aborda a temática «A batota que fazíamos na guerra»…, tenho muitas dificuldades em responder, na medida em que não dependia de mim decidir sobre o que quer que fosse, pois estava sujeito à hierarquia, e quando entrava em operações mais problemáticas, as informações que me transmitiam eram escassas ou quase nulas.
Por outro lado, a situação geográfica do aquartelamento do Xime, não permitia fazer muitos “desvios” aos que faziam parte do “protocolo”, em que a principal missão estava relacionada com o conceito de Segurança, tarefa prioritária e diária que fazia parte da agenda dos diferentes Grupos de Combate.
Todas elas teriam de ser cumpridas com o máximo de rigor e superior atenção, pois tínhamos de garantir a segurança possível em parte do troço que ligava o Xime a Bambadinca, por causa/efeito do tráfego rodoviário que aí ocorria, uma vez que a possibilidade mais exequível para chegar à capital [Bissau], ou desta ao extremo leste do território, de que são exemplos: Bafatá, Contuboel, Nova Lamego, Piche, Canquelifá, Paunca, Galomaro, Mansambo, Xitole, Saltinho, …, só poderia acontecer por via marítima [Rio Geba].
Porque o cais do Xime era utilizado diariamente, quer como ponto de chegada e/ou de partida, por onde circulavam semanalmente centenas de militares e civis e uma vasta panóplia de produtos e equipamentos, este assumia-se como local político-militar-económico estratégico por excelência.
.Deste modo o nosso grande objectivo operacional era garantir a máxima segurança a todos os que dela necessitavam naquele troço, todos os dias, entre as 07.00/07:30H até ao pôr-do-sol ou, em situações particulares, até que ficassem concluídas as actividades portuárias, no local conhecido por Ponta Coli, onde os grupos escalados das diferentes Unidades de quadricula foram surpreendidos por bigrupos de guerrilheiros do PAIGC, no caso da CART 3494 em 22ABR1972 e 01DEC1972, daí resultando baixas de ambos os lados.
Outro tipo de segurança que realizávamos estava relacionada com a protecção às embarcações que navegavam no Geba, onde os Gr Comb da CART 3494, algumas vezes reforçados por Gr Comb da CCAÇ 12, percorriam os itinerários ícones do Xime, como sejam os exemplos de «Ponta Varela», «Madina Colhido», «Gundaguê Beafada» e «Poindon», em patrulhamentos ofensivos, montagem de emboscadas e outras missões/acções mais específicas, umas vezes com contactos outras de sentido inverso.
Perante o exposto, em que situações era possível “fazer batota”?.
Ab. Jorge Araújo
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16769: Inquérito 'on line' (85): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: quais as formas mais usadas ? Responder até domingo, dia 4 de dezembro, às 18h42
(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16769: Inquérito 'on line' (85): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: quais as formas mais usadas ? Responder até domingo, dia 4 de dezembro, às 18h42
(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16790: Inquérito 'on line' (90): A "batota" que fazíamos (ou não....) quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... Só temos até hoje de manha 37 respostas, o que é pouco... Por lapso, não se incluiu a hipótese de resposta 19: "Não, não se fazia batota"...
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