1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval (LFGs "Lira" e "Cassiopeia", CTIG, 1972/73), com data de 4 de Abril de 2018:
Prezado Luís Graça,
Sempre que alguém se candidata a uma qualquer comunidade, faz sentido dar-se a conhecer aos futuros camaradas, bem como as razões de tal decisão. É o que me proponho fazer nas poucas linhas que se seguem, para não ser maçador.
Sou natural de Coimbra e tenho 71 anos (colheita de 1946). Fui para a Guiné em 1947 e obrigado a retornar ao torrão natal com 3 anos de idade, atacado pelas febres. Regressado à Guiné em 1952 para frequentar a 1.ª Classe em Teixeira Pinto (Canchungo), passei no ano seguinte a Bolama onde acabei por concluir a escola primária e o 1.º ano liceal em 1957, (o exame de admissão ao Liceu, fi-lo no Instituto Liceal Honório Barreto em Bissau). Meu pai era professor e minha mãe professora interina, por não possuir o Curso do Magistério.
Voltei à Metrópole, a fim de completar o Liceu em Coimbra e concluir o Curso de Eng.ª Química (IST) em Lisboa (1971).
Fernando Tabanez Ribeiro, "hoje"
Por ironia do destino, eis-me mobilizado para a Guiné em Comissão de Serviço Militar, como Sub-Tenente da Reserva Naval da Classe de Marinha (1972) e depois 2.º Tenente (1973), tendo exercido as funções de Oficial Imediato das LFG (Lancha de Fiscalização Grande) “Lira” e “Cassiopeia”. Estes navios faziam a vigilância dos rios Cacheu, Geba, Rio Grande de Buba, Tombali, Cumbijã e Cacine, das águas territoriais e davam ainda apoio, por vezes, a operações especiais de fuzileiros e comandos.
O 2.º Tenente da Reserva Naval Fernando Tabanez Ribeiro
Revi Bolama, mas nada era como dantes, há dezasseis anos atrás, em plena paz colonial. Os funcionários públicos e os comerciantes europeus tinham, debandado para Bissau e para a Metrópole e praticamente só se viam militares. O edificado da cidade permanecia o mesmo, aparentando alguns vestígios de degradação, mas nada comparado com o que veio a acontecer após a Independência… a ruína total... ou quase.
Devolvido à vida civil em finais de 1973 desenvolvi a minha actividade profissional como engenheiro na área da indústria alimentar, com funções técnicas, de consultoria e de gestão em Portugal e na R. P. Angola.
Já depois de aposentado, decidi recordar os meus velhos tempos, passados em Bolama, no livro
“Guiné-Bolama. História e memórias” da Âncora editora, publicado no passado mês de Fevereiro, em que procurei descrever a cidade e a vivência da respectiva comunidade colonial local na década de 1950 quando, ainda há bem pouco, havia deixado de ser a capital da Província, em favor de Bissau (1941).
Fi-lo, sempre com a preocupação de dar ao leitor uma perspectiva do quadro histórico global da Guiné, desde os Descobrimentos até ao advento da Independência. O livro suscitou alguma divergência de pontos de vista entre Mário Beja Santos e eu, que os “camaradas da Tabanca” poderão avaliar, a partir das respectivas “notas de leitura” do Blogue. Devo dizer, que esta foi a razão próxima que me levou a solicitar a minha adesão ao Blogue, embora tal intenção estivesse presente no meu espírito, desde há algum tempo. O Blogue representa na verdade, um contributo inestimável para a História da Guiné e da Guerra do Ultramar.
E por hoje é tudo.
Para o Luís Graça e para todos os camaradas, vai um abraço do
Fernando Tabanez Ribeiro
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2. Nota de editor:
Sobre o livro "Guiné-Bolama História e Memórias"
Sinopse:
Considero muitíssimo interessante e em conformidade com o que se acaba de dizer a abordagem histórica feita sobre a escravatura na área do Golfo da Guiné… Igualmente interessantes são as abordagens históricas das cidades fortificadas e da Liga Guineense, a «Pacificação» de Teixeira Pinto ou a do desenvolvimento da África Ocidental Francesa em contraponto com o da Guiné Portuguesa. É completamente inédito o capítulo que se dedica às autoridades, funcionalismo e serviços com indicação expressa de nomes e actividades, origens académicas, raciais e religiosas, correlacionando até elementos de então com os que hoje estão presentes em diversos locais e funções. O mesmo tratamento é feito para o comércio e os comerciantes e outros moradores indiferenciados. São dados de uma enorme valia para a história política, económica e social da Guiné naquele período e que até agora não vi publicados por ninguém, entrando naquele conceito do próprio Autor de que "há sempre alguém que se interessa pelas histórias que os outros livros não contam".
Sobre o Autor
Fernando Tabanez Ribeiro:
Fernando Tabanez Ribeiro nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1946. Viajou para a Guiné Portuguesa ainda na primeira infância, onde fez a escola primária e o antigo primeiro ciclo dos Liceus na modalidade de ensino particular, em Teixeira Pinto (Canchungo) e Bolama. Voltou à Metrópole para concluir o ensino secundário em Coimbra e seguidamente, o curso de Engenharia Química (1971) do Instituto Superior Técnico em Lisboa. O conhecimento da sociedade na Guiné e particularmente em Bolama, nestes dois períodos marcantes da sua vida, em criança e na fase adulta, analisado à luz da nossa histórica presença naquele território, está na origem deste livro.
Regressado à Metrópole em 1973, desempenhou a sua actividade profissional na área da indústria alimentar como engenheiro, consultor e gestor, em Portugal e na R. P. Angola, encontrando-se hoje aposentado.
Detalhes
do Produto:
SBN: 9789727806355
Edição ou reimpressão: 02-2018
Editor: Âncora Editora
Idioma: Português
Dimensões: 165 x 230 x 15 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 224
Tipo de Produto: Livro
Coleção: Programa Fim do Império
Classificação Temática: Livros em Português > História > História da África
[Com a devida vénia a
WOOK]
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3. Comentário do editor:
Caro Fernando Tabanez Ribeiro, está apresentado à tertúlia, com o número de inscrição 770.
Escusado será dizer que é muito bem-vindo a "bordo". A Marinha será o Ramo das Forças Armadas menos representado no Blogue, mas podemos dizer sem equívoco que são poucos mas bons.
Para os infantes, mais ainda para aqueles que como eu estiveram longe dos rios sinuosos e perigosos da Guiné, as peripécias com a Marinha, sejam ocorrências dentro de uma qualquer frágil embarcação, como era a maioria das que cruzavam aqueles rios, seja as em terra, vividas pelos bravos Fuzileiros, são lidas e sorvidas à custa do imaginário. Se na Guiné o terreno, mais ou menos seco, não facilitava a vida a ninguém, navegar naqueles rios, sempre a pensar nas marés para não ficar em seco, também era complicado.
Vamos ficar na expectativa das suas memórias da Guiné, sejam do tempo de menino ou de oficial da Marinha.
Abraço do camarada e amigo
Carlos Vinhal
LFG Cassiopeia
LFG Lira
Fotos: Com a devida vénia a Reserva Naval As 10 LFG Classe "Argos" na Guerra do Ultramar e ao nosso camarada Manuel Lema Santos
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de abril de 2018 >
Guiné 61/74 - P18483: Tabanca Grande (460): Gina Marques, nossa grã-tabanqueira nº 769... E não era sem tempo... A Gina foi o anjo da guarda, a enfermeira, a mulher extraordinária e corajosa, que deixou tudo (incluindo o emprego) para trazer à alegria da vida o seu homem., o António Fernando R. Marques, ex-fur mil da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... Um caso de (e)terno amor