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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna



Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  "Eu estava sob as ordens do Capitão Osório [, de origem macaense,  aqui na foto], homem da artilharia, já falecido. No relatório desta operação está referido a forma elevada como o pessoal da Artilharia participou na resposta ao fogo IN, na sequência de emboscada, logo no primeiro dia, 22".


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  O fur mil art Domingos Robalo, adjunto do cap art Osório: "A minha posição na coluna era na retaguarda, numa Berliet com um obus 14. Noutra viatura, na retaguarda da minha, ía o alferes Sá Viana Rebelo (sobrinho o Ministro do Exército)."

Imagens da progressão da coluna, de Piche  até à fronteira (, no rio Campa): "Sem fazer grandes cálculos, mas tendo em mente as tropas envolvidas, a nossa coluna teria um comprimento, em movimento de cerca de entre 1500 m a 1800m".

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda].

Já no final da comissão, que terminaria em abril de 1971 [, 24 meses!], o  Domingos Robalo, de rendição individual, colocado no BAC 1 / GAC 7,depois de trer comandado o 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70),  ainda participa na Acção Mabecos, em 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (**):

A Acção Mabecos, executada a partir de Piche, tinha como objecto a retaliação,  com fogo de artilharia, à base IN de Foulamory, na região fronteiriça, a cerca de 12/13 km  Os obuses adequados e definidos para a operação eram os de 14 cm [, Saré Bacar e Canquelifá], e as peças de 11,4 cm, com maior alcance [ Piche.]

Então, convocaram-se os Pelotões de Artilharia de Saré Bacar, com 3 obuses 14,0; Canquelifá com 2 obuses [,14,0] e o pelotão reforçado de Piche, com 4 obuses [, peças 11.4]. [Bajocunda e Pirada tinham obuses 10,5 cm, não sendo adequados à operação.] 

O objectivo era Posicionar - se próximo da fronteira, Rio Campa, junto ao Corubal, e bombardear posições IN na região de Foulamory (Guiné Conacri).

Participaram as seguintes forças:

(i) 1º, 2º, 3º e 4º P el / CART 3332.

(ii) 3º e 4º Pel / /CCAV 2749 / BCAV 2922).

(iii) Duas secções de milícias da CM 249;

(iv) Uma secção de milícias da CM 246, com Morteiro 60, e 30 granadas;

(v) Uma secção Morteiro 81, 30 granadas;

(vi) Artilharia Pesada: 4 peças 11,4 com 160 Granadas [Piche], 2 Obus 14, com 100 [Canquelifá], 3 Obus 14 com 120 [Sare Bacar] ;

(vii) duas WHITE PEL/REC 2.


(...) Estávamos em semana de carnaval. A emboscada foi ao fim da tarde, de 22 de fevereiro de 1971. desencadeada com fogo muito forte. Lembro-me de haver referência à existência de soldados cubanos nas forças que nos atacaram. 

Com o decorrer do tempo parecia que o fogo era cada mais intenso.Daqui resultou que ordenei aos meus soldados que instalassem o obus 14 em posição de fogo. Creio que 5 minutos depois, estavam no ar as primeiras granadas do obus 14. Passados momentos aparece o Capitão Osório, também do GAC7, apoiando a decisão tomada. Passados 2 ou 3 minutos, o fogo do inimigo cessou. Todavia, as noticias não eram agradáveis porque, no pelotão que estava na frente [, o 3º Gr Comb / CART 3332], havia baixas e na manhâ seguinte havia a confirmação de um desaparecido, a do 1º cabo Duarte Fortunato [, além de 3 mortos e feridos graves]

Naquela mesma área, a artilharia [, 9 bocas de fogo,] tomou posição e durante toda a noite efectuaram-se bombardeamentos.   O erro desta operação foi a demora na reunião da logística bélica, porque estivemos em Piche alguns dias com movimentações anormais, o que despertou a curiosidade da população e consequentemente a organização do inimigo.

De certo modo, lembro-me que havia a expectativa de haver condições para uma emboscada, que se verificou. Lembro-me, também do acidente, na caserna, com uma bazuca [ que fez 3 vítimas mortais entre o pessoal do 4º Pelotão da CCAV 2749 / BCAV 2922]. O pessoal já saiu para a operação completamente desmoralizado e entristecido. (...)





Guiné > Região de Gabu > Carta de Piche (1957) (Escala 1/50 mil) > A tracejado azul, o provável trajecto da coluna, com um cumprimento de 1500 a 2000 metros, que, no âmbito da Acção Mabecos, partiu de Piche até fronteira. (Em linha reta, não devem ser mais de 15 km.)

Nas proximidades do Rio Campa, afluente do Rio Coli,  a par do Rio Cimongru e do Rio Nhamprubana, 9 bocas de fogo (obuses 14 e peças 11.4, c. 500 granadas) flagelaram toda a noite de 23 para 24 de fevereiro de 1971 a base IN de Foulamory, do outro lado da fronteira: A fronteira, aqui,  é delimitada pelo Rio Coli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
_____________


(**) Vd. postes de:

22 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (113): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..

21 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20368: Blogues da nossa blogosfera (115): "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": o dramático relato da Acção Mabecos, Piche, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (texto de Eduardo Lopes; fotos de Jorge Carneiro Pinto, CART 3332, 1970/72)

19 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20364: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - IX (e última) Parte: Nunca mais esquecerei aquele abraço, num lojeca em Bissau, antes do meu regresso a casa, daquele negro de Fulacunda, o Eusébio, suspeito de colaborar com o IN, e a quem poderei ter salvo a vida...

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20368: Blogues da nossa blogosfera (115): "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": o dramático relato da Acção Mabecos, Piche, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (texto de Eduardo Lopes; fotos de Jorge Carneiro Pinto, CART 3332, 1970/72)



Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos >  Rio Campa > 22 de fevereiro de 1971 > "10 segundos antes da emboscada. O 4º pelotão da CART 3332 abrigou -se na mata à direita onde estava postado,


 Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 23 de fevereiro de 1971 > Bombardeamento matinal, após uma noite dramática, entre nevoeiro, pó e fumo, à posição Foulamory (Guiné Conacri)



Guiné > Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 23 de fevereiro de 1971 > Os obuses,   no regresso. O cenário é o  da emboscada no dia anterior


Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 24 de fevereiro de 1971 > "Regresso dos guerreiros a casa (Piche). Empoeirados e tristes e com sede de vingança. A missão 'soube' a derrota"

Fotos do alferes at art Jorge Carneiro PInto, CART  3332  (1970/72). Legendas: Eduardo Lopes. Reproduzidas aqui com a devida vénia....


1. Eduardo Lopes ou Eduardo Teixeira Lopes, ex-1º cabo trms, CART 3332 ( Bolama, Piche, Nhacra, Dugal,Fatim, Chgué, 1970/72)  tem um notável blogue, "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate". Publicaram-se mais de meia centena de postes desde março de 2010 até abril de 2015. Um deles é respeitante à Acção Mabecos, de 22/2/1971. 

Vamos reproduzir, em parte, com a devida vénia e as necessárias adaptações, o seu dramático e emocionante relato desta operação, que decorreu no subsetor de Piche, junto à fronteira, de 22 a 24 de fevereiro de 1971.

 Fica também aqui, além do nosso agradecimento, o  convite para o Eduardo Lopes (bem como o Jorge Carneiro Pinto autor das preciosas fotos acima editadas e reproduzidas) integrar a nossa Tabanca Grande, onde tenos camaradas de todos os períodos da guerra (, de 1961 a 1974), dos três ramos das Forças Armadas e que passaram por todas as regiões e setores do TO da Guiné.



"A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 > Guiné : Operação Mabecos, 22 de fevereiro de 1971

Operação Mabecos, segunda feira, 22 de fevereiro de 1971

Ordem de operações nº 1, de 21 de fevereiro de 1971;

Composição das forças: 

(i) 1º,  2º,  3º  e  4º P el / CART 3332.

(ii)  3º e 4º Pel / /CCAV 2749 / BCAV 2922). 

(iii) Duas secções de milícias da CM 249;

(iv) Uma secção de milícias da CM 246, com Morteiro 60, e 30 granadas;

(v) Uma secção Morteiro 81, 30 granadas;

(vi) Artilharia Pesada: 4 peças 11,4 com 160 Granadas, 2 Obus 14, com 100, 3 Obus 14 com 120 ;

(vii)  duas WHITE PEL/REC 2. 

Objectivo: 

Posicionar - se próximo da fronteira, Rio Campa, Junto ao Corubal, e bombardear posições IN na região de Foulamory (Guiné Conacri).

Desenrolar da operação: 

(...) Mas ia ser um dia muito negro e amargo, para estes bravos guerreiros. Nesse dia, depois de ir para o mato, incorporado no 1º Gr Comb / CART 3332 numa manobra de despiste, integrada nos planos da operação Mabecos, regressei e almocei. Já na caserna pequena, (CSS da CART 3332 ) junto à piscina, ouvi rebentamentos dentro do aquartelamento. Com outros camaradas, saltei para a vala e, só depois deste impulso e ouvindo gritos e pessoas a correr, é que admiti que era de facto um acidente. 

Aproximei - me da caserna onde já estavam vários camaradas a prestar socorro e, por entre fumo, gritos e destruição, reparei à entrada, no chão... uma bota com um pé calçado com parte da perna, Um camarada ensanguentado e esbaforido, sai para o exterior sem uma perna. No interior, havia gritos de dor e vultos tombados. 

Enfermeiros e outros que ali se encontravam pediram me para retirar, e assim fiz. Saí dali consternado com o cenário, e como se deve imaginar completamente destroçado com a "derrota" e, sofrimento daquelas vitimas, do 4º  Pelotão da Companhia de Cavalaria 2749 (BCAV 2922). Este, estava nesse dia, destacado para participar na Operação Mabecos. . O seu comandante, alferes at  acv . Luís Alberto Andrade, estava impossibilitado de chefiar, em virtude de uma lesão num joelho, substitui-oo o furriel at cav Carlos Alberto Carvalho, que havia saído da caserna segundos antes, após distribuir rações de combate e saber da operacionalidade da força...Sorte?!. As "sortes" e o azar estavam lançados.

 (...) A Operação Mabecos que tinha começado de manhã às 6:00. Ia ser executada mesmo já atrasada na hora prevista. A força pôs -se em movimento (...)

Conforme o previsto, rumaram ao objectivo. Já próximos, os "piras" do 3º Gr Comb / CART 3332 passam para a testa da coluna. E são vislumbrados à distância negros fardados. Uma consulta rápida para saber se ali havia segurança das nossa tropa..., e não havia...  Há que flanquear a progressão das tropas. Em contínuo e, mal entrados no mato, o IN tenta o assalto. Abre-se a emboscada,que de inesperada e traiçoeira e olhos nos olhos, é sufocante e tremenda. Há que se posicionar fazendo um recuo para se entrincheirar.

(...) Metralha intensa e violenta. Explosões que surpreendem, com fumo e pó que cegam .Tentativa de avanço do IN. Os "piras" do 3º  Gr Comb / CART 3332, defendem, ripostando, como podem a posição.Uma White cai numa cova e fica imobilizada: a metralhadora encrava. A segunda White fica inoperacional, sem ter dado um tiro. Há Unimogues semidestruídos. Feridos: alguns, com gravidade. 

O resto da força tinha ficado fora da linha de fogo. A 1ª secção do 3º Gr Comb já havia pago a factura: 3 mortos e um capturado em virtude da execução do flanqueamento. Anoitecia. O inimigo não abrandava a intensidade do fogo. Os nossos homens ripostavam. 

Entretanto os homens da Artilharia Pesada desengatam as peças de obus das Berlliets e de imediato fazem tiro directo, sobre as copas das árvores em direcção à posição inimiga. E silenciam - na, com mais munições.

A noite vai ser terrivelmente dramática. O inimigo,  "manhoso", vai se aproximar, silencioso, para não ser alvejado. Vai ter oportunidade de assaltar e vandalizar os corpos feridos e, já mortos, do 1º Cabo Costa e dos soldados: Mota e Araújo. Os obuses batem a zona mais próxima com tiro tenso... No terreno os combatentes em trincheiras feitas com as mãos e facas do mato não dormem. 

A manhã que tarda, sabe a poeira, pólvora, e a uma sensação estranha, que só quem viveu a guerra olhos nos olhos, sente. Para todos, era a segunda vez em menos de 15 dias. E ainda havia a lamentável e, dolorosa surpresa. Ninguém sabia, a já contada aqui.... Morte dos nossos 3 heróis e o desaparecimento do 1º Cabo Fortunato. Surpresos, não queriam acreditar.Na acção de recuo posicional e, porque já de noite, não fora dada a falta destes elementos. Assim, era de espanto e derrota o semblante "negro"dos nossos heróis periquitos que juravam vingança....


Relato de 1º Cabo trms inf  Eduardo Lopes, CART 3332 (Guiné, 1970/72)

Fotos de alferes at  art  Jorge Carneiro Pinto, CART 3332 (Guiné, 1970 - 1972)



Um abraço, porque estou comovido. Domingos Robalo, ex Furriel Miliciano Nº 192618/68, do GAC7 / Bissau.

3. Resposta do editor e administrador do blogue, Eduardo Lopes, em 26/10/2011

Domingos: também acabei por ficar comovido com o seu relato que estimo e, agradeço, e que pelo seu conteúdo é subsídio de muito valor para o conhecimento total da Operação e enriquecimento da nossa história e notoriedade do nosso Blogue.

Participei na Operação Mabecos de maneira diferente.Como trms na operacionalidade, passei duas ou três vezes integrado em acções pela Pista de Aviação e, ali, do lado esquerdo, no Campo de Futebol,lá estavam alinhadas as 9 bocas de fogo. No dia da Operação Mabecos fui escalado para saída às 6:00 (+/-). e não deixei de referenciar a imponência das peças alinhadas,e, lá segui em direcção ao Rio Corubal com o 1º grupo de Comb. da CART 3332,  à zona de Sutocó para que,  capinando uma área considerável de mato e árvores, intuisse o IN que seria dali a base de fogos. 

Regressamos ao aquartelamento pelo meio-dia, extenuados, com a missão cumprida.Para mim as acções para esse dia estavam realizadas. Uma escala de quase 12 operadores de rádio quase que que me garantia esse direito.

Mas era um dia de raiva, já contado na história que, emotivamente, acima escrevi.
Ainda no aquartelamento,aquando dos rebentamentos,ficamos apreensivos e ansiosos,fui até ao posto de rádio. onde os operadores "lutavam" contra a electricidade estática que nos deixou sem comunicação. 

Pela noite adentro eram os bombardeamentos dos vossos obuses que nos iam contando as horas à espera do início do dia, para depois, que já com boas condições de sinal, afinal, sabermos que havia três baixas: Cabo,Costa e os Sold. Arújo e Simplício (este natural de Atei, Mondim de Basto, por quem tinha um grande amizade). Que somadas com a três da CCAV 2749 e o desaparecimento do Fortunato, tornavam a manhã radiosa de sol num inferno negro.

Tive a coragem de estar presente quando chegaram as viaturas e nas três mortalhas de ponches camuflados, não consegui verter uma lágrima, a raiva e o desejo de vingança não deixaram. Mais tarde fui beber (não era meu hábito),  perdi as estribeiras, ainda andei à pancada sem razão. Passou - me. Nunca mais bebi whisky ou outras bebidas alcoólicas até ao fim da comissão, e como trms sempre que sa+ia para o mato, além da pistola, levava a G3, dois pares de cartucheiras, 4 granadas, faca do mato, o respectivo Racal, e rações de combate se fosse caso de Operação. Voltamos a ter uma emboscada fatal, mas não estive lá. Será hoje, dia 26 de Outubro, motivo de uma nova edição, aqui no nosso Blogue.

Estou- lhe particularmente grato por se ter apresentado e, pelo oportuno artigo para a nossa história que muito me sensibilizou,  levando-me de volta a Fevereiro de 1971.

Bem Haja. Disponha do blogue sempre que desejar. Grande abraço.
Saudações Artilheiras (...)

[Revisão / adaptação / fixação de texto para efeitos de edição no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné: LG]

segunda-feira, 28 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15909: Blogues da nossa blogosfera (74): "Desaparecido em combate", entrevista com Duarte Dias Fortunato (ex-1º cabo at art, CART 3332, 1970/72), em 10/11/2012 ("Posts de Pescada", blogue dos alunos de comunicação social da Escola Superior de Educação de Coimbra)

1. O "Posts de Pescada" é um blogue que existe desde 2010, é um projecto realizado por estudantes de Comunicação Social, da Escola Superior de Educação de Coimbra.  

Foi lá que encontrámos esta entrevista com o nosso camarada Duarte Dias Fortunato, o primeiro prisioneiro de guerra português a voltar a ocupar uma cela da famigerada "Montanha", a prisão do PAIGC em Conacri, em 26/2/1971, três meses depois da Op Mar Verde (22/11/1970), na sequência da qual foram libertados todos os militares portugueses que lá estavam, na altura (26, ao todo).


Guiné > Bissau > HM (Hospital Militar) 241 > 14 de setembro de 1974 > Os sete ex-prisioneiros portugueses, libertados pelo PAIGC.  Foto do Duarte Dias Fortunato (que é o terceiro a contar da direita).  O nosso grã-tabanqueiro Batista é o primeiro da ponta, do lado direito.

Cortesia da revista da GNR, "Pela Lei e Pela Grei", edição de abril de 2000, onde vem inserido um artigo do Duarte Dias Fortunato, "Desaparecido em combate", e de que o nosso camarada Mário Beja Santos já fez uma recensão (*), reproduzindo também largos excertos. 

Na altura, em 2000, o Fortunato era sold inf da GNR, colocado no posto territorial de Quiaios, Figueira da Foz. Presumimos que já esteja reformado, e que continue a viver na Figueira da Foz. É natural de Pombal, Na Guiné era 1.º Cabo, estava em Piche, quando foi capturado em 22/2/1971,  na sequência de uma terrível emboscada, no decurso da Acção Mabecos, comandada pelo Maj Cav Mendes Paulo (**), e levado para a prisão "Montanha", em Conacri, onde deu entrada a 24/2/1971. [Sobre Mendes Paulo: oficial de operações do BCAV 2922, é autor do livro "Elefante Dundum", e faleceu em 2006; vd. recensão bibliográfica do Beja Santos (***)].

Em abril de 1972, juntou-se-lhe, ao Fortunato, o nosso saudoso António de Sousa Batista (1950-2016) e em junho o José António Almeida Rodrigues, que em 7 de março de 1974 irá conseguir evadir-se e chegar ao Saltinho. 

Depois da morte de Amílcar Cabral, os 8 prisioneiros portugueses foram transferidos para um "campo" algures no Boé Ocidental, perto da fronteira e junto à margem esquerda do rio Corubal, Depois da fuga do Rodrigues, os 7 são levados para o "outro lado" da fronteira, na província de Boké. Nas imediações do rio Kogon, relativamente perto da base do PAIGC, em Kandiafara, onde é-lhes construída um "barraca de madeira"... 

Chega finalmente a hora da libertação, sendo trocados por guerrilheiros, que eram prisioneiros das NT. Depois de 3 dias de viagem chegam a Bafatá (,segundo o depoimento do Fortunato, mas deve ter sido em Quebo/Aldeia Formosa, onde se fez a troca de prisioneiros) (****), a 14 de setembro de 1974, e dali seguem para Bissau, por avião militar. 

Gostaríamos de saber do paradeiro deste camarada e convidá-lo para integrar a nossa Tabanca Grande. Contamos com os camaradas da Figueira da Foz para o localizar e convidar... O Fortunato era 1.º cabo at art  da CART 3332 (1970/72), do 3.º pelotão.  Nesta operação também participou o nosso saudoso grã-tabanqueiro Luís Borrega (1948-2013), ex-fur mil cav MA, CCAV 2749 / BCAV 2922 (Piche, 1970/72).

[Entrevista com Duarte Dias  Fortunato]

(Reprodução com a devida vénia) (*****)

A Guerra do Ultramar vitimou muitos portugueses que nunca mais tiveram a oportunidade voltar para Portugal e estar com as suas famílias. No entanto existem vários ex-combatentes que conseguiram voltar e contar as suas histórias. Num número bastante mais reduzido ainda há portugueses que, para além de ex-combatentes, são também ex-prisioneiros de guerra. Duarte Dias Fortunato, de 62 anos, residente na Figueira da Foz, é uma dessas pessoas que conseguiu sobreviver a 43 meses de prisão na Guiné, e foi denominado o desaparecido em combate.

Posts de Pescada [PP]: - Como foi a sua reacção quando descobriu que tinha de ir para a guerra lutar por uma causa em que poucos acreditavam?

Duarte (D): - Como eu, todos fomos obrigados a ir defender as nossas colónias para África, a reação nunca pode ser boa visto que deixei a minha família para trás sem saber se algum dia os ia voltar a ver.

PP: - E quando lá chegou?

D: - Quando lá chegamos, deparamo-nos com uma situação que não estávamos a espera, os nossos números eram bastante inferiores e, pior, não conhecíamos o terreno.

PP: - Foram essas as razões para a nossa derrota?

D: - Sim,  são algumas, mas foi desde início uma guerra sem sentido, já todos os países da Europa tinham libertado as suas colónias, menos Portugal. E morreram assim pessoas a lutar por uma causa perdida.

PP: - Como foi capturado?

D: - Foi numa emboscada que nos fizeram na mata sem estarmos à espera, a maior parte conseguiu fugir, outros morreram, eu fui capturado. Naquele momento percebi que tinha perdido a minha liberdade e que me tinha tornado num simples prisioneiro à mercê do nosso inimigo.

PP: - Sentiu que a sua morte estava perto naquele momento?

D: - Sem dúvida,  pensei que os meus dias iam acabar por ali, mas de repente o comandante do grupo ordenou que não me fizessem mal, visto que eu não tinha vindo para a guerra voluntariamente mas sim obrigado, e que como eles eu era um ser humano.

PP: - Nesse momento o que pensou?

D:
- Muitas coisas me vieram a cabeça, ganhei um bocado de esperança em poder vir a ser libertado, e também perdi algum medo, mas eu vi nos olhos do resto do grupo a vontade que tinham em fazer me mal e de se vingarem, e isso bastou para me intimidar mais.

PP: - Então quando o comandante não estava por perto o que acontecia?

D: - Era constantemente agredido, vinham uns pontapés depois uns empurrões e passava o tempo todo assim.

PP: - Porquê "Desaparecido em combate"?

D: - Ninguém sabia o que me tinha acontecido, se tinha sido preso, se tinha fugido ou se tinha sido morto.

PP: - O que lhe custou mais nos 43 meses de prisão?

D: - Foi uma tortura a nível físico e mental, era espancado para lhes dizer onde era a nossa base, só comia arroz cozido sem sal, a solidão era muita, mas sem dúvida o que me custou mais foi a distância da minha família.

PP: - Que noticias tinham eles?

D: - A eles já tinha sido comunicado o meu desaparecimento, e com o passar dos anos acabaram por fazer o meu funeral sem qualquer esperança do meu regresso, ou de sequer estar vivo.

PP: - E você tinha essa esperança?

D:
- Bem, eu sonhava em um dia poder voltar para casa, para a minha mulher e para uma filha que tinha nascido pouco antes de partir para a Guiné, mas a esperança era pouca, a situação era bastante difícil.

PP: - Como foi quando soube que ia ser libertado?

D: - Certo dia apareceram uns guardas com uns rádios e diziam para nós "Tuga, tuga, Marcelo caiu", referiam-se ao 25 de Abril em Portugal.

PP: - Qual foi a sua reacção?

D:
- A alegria era imensa, só pensava na minha família, que os ia voltar a ver, que consegui superar 43 meses de prisão em condições miseráveis.

PP: - O que aconteceu depois?

D: - Fomos trocados por outros prisioneiros, tratados com cuidados médicos e levados para Portugal de avião.

PP: - Como foi quando chegou?

D:
- Quando cheguei, fui directamente a casa da minha irmã que tinha em Lisboa, ao baterem à porta dizendo que o seu irmão estava lá, ela gritou da janela que isso era impossível visto que tinha desaparecido na Guiné.

PP: - E quando ela reparou que era verdade?

D:
- Desmaiou, quem abriu a porta foi a minha sobrinha. Reparei que estavam de luto pela minha morte. Mas depois acabei por passar uns dias no hospital de Lisboa,  visto que me encontrava bastante fraco, tanto física como psicologicamente

PP: - O que pretende fazer com esta história?

D:
- Muito mais havia para contar, pois cada dia que lá passei foi de fome, sofrimento, morte e vida por um fio nos longos 3 anos e 202 dias que passei preso por uma causa injusta. No entanto,  já tenho uma espécie de livro que conta mais detalhadamente a minha história.
________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


26 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15905: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (18): "Prisioneiros de guerra": Duarte Dias Fortunato, António Teixeira, em 1971 (e depois mais seis, por ordem alfabética: António da Silva Batista, Jacinto Gomes, José António Almeida Rodrigues, Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho, Manuel Vidal e Virgílio Silva Vilar)

(**) Vd.  blogue A Guerra Nunca Acaba Para Quem se Bateu em Combate > 22 de fevereiro de 2011 > Guiné - Operação Mabecos , 22 de fevereiro de 1971

ACÇÃO MABECOS

Segunda-feira, 22 de fevereiro de 1971

- Ordem de operações nº 1, de 21 Fev. 1971 - Composição das forças: 1º, 2º, 3º e 4º PEL / CART 3332. 3º e 4º PEL /  CCAV 2749 ( BCAV 2922). Duas secções de milícias 249. Uma Secção de milícias 246, com Morteiro 60, e 30 granadas. Uma Secção Morteiro 81, 30 granadas. Artilharia Pesada: 4 Obus 11,4 com 160 Granadas, 2 Obus 14, com 100, 3 Obus 14 com 120 , e duas WHITE PEL/REC 2. 

- Objectivo. Posicionar-se próximo da fronteira, Rio Campa, junto ao Corubal, e bombardear posições IN na região de Foulamory (Guiné Conacri). (...)

(...) Rumaram ao objectivo. Já próximos, os "piras" do 3º GC CART 3332 passam para a testa da Coluna. E são vislumbrados à distância negros fardados. Uma consulta rápida para saber se ali havia segurança das nossa tropa... Não havia... Há que flanquear a progressão das tropas. Em continuo e, mal entrados no mato,, o  IN tenta o assalto. Abre-se a emboscada que,  de inesperada e traiçoeira e olhos nos olhos, é sufocante e tremenda. Há que se posicionar fazendo um recuo para se entrincheirar.

(....) Metralha intensa e violenta. Explosões que surpreendem, com fumo e pó que cegam. Tentativa de avanço do IN. Os "piras" do 3º GC CART 3332 defendem, ripostando, como podem a posição. Uma White cai numa cova e fica imobilizada:  a metralhadora encrava. A segunda White fica inoperacional, sem ter dado um tiro.  Há Unimogues semidestruídos. Feridos: alguns, com gravidade. O resto da força tinha ficado fora da linha de fogo. A 1ª secção do 3º GC já havia pago a factura: 3 mortos e um capturado em virtude da execução do flanqueamento. Anoitecia. O inimigo não abrandava a intensidade do fogo. Os nossos homens ripostavam. Entretanto os homens da Artilharia Pesada desengatam as peças de obus das Berliets e de imediato fazem tiro directo, sobre as copas das árvores em direcção à posição Inimiga. E silenciam - na, com mais munições.

A noite vai ser terrivelmente dramática. O inimigo, "manhoso", vai se aproximar, silencioso, para não ser alvejado. Vai ter oportunidade de assaltar e vandalizar os corpos feridos ou, já mortos, do 1º Cabo Costa e dos soldados Mota e Araújo. Os obuses batem a zona mais próxima com tiro tenso... No terreno os combatentes em trincheiras feitas com as mãos e facas do mato  não dormem. A manhã que tarda, sabe a poeira, pólvora, e a uma sensação estranha, que só quem viveu a guerra olhos nos olhos, sente. Para todos, era a segunda vez em menos de 15 dias. E ainda havia a lamentável e, dolorosa surpresa. Ninguém sabia, a já contada aqui.... Morte dos nossos 3 heróis e o desaparecimento do 1º Cabo [Duarte Dias] Fortunato. 

Surpresos, não queriam acreditar. Na acção de recuo posicional e, porque já de noite, não fora dada a falta destes elementos. Assim, era de espanto e derrota o semblante "negro" dos nossos heróis periquitos que juravam vingança (...).

(***) Vd. postes de;

30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)

(****) Vd. poste de 11 de dezembro de  2011 >  Guiné 63/74 - P9180: Troca dos últimos prisioneiros: 35 guerrilheiros do PAIGC e 7 militares portugueses (Parte II) (Luís Gonçalves Vaz)

(...) Relativamente à troca de prisioneiros no teatro de operações da Guiné (...), gostaria ainda de adiantar, com base no Relatório da 2ª Repartição do QG do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné), autenticado pelo Chefe da 2ª Rep, o major de infantara Tito José Barroso Capela, classificado na altura como um Dossiê SECRETO, a saber:

De acordo com o previsto no Acordo de Argel, tudo se preparou (da parte dos Portugueses), para que a operação "troca dos prisioneiros" se efectuasse na data estipulada. Assim a 9 de Setembro [de 1974], seguiram de Bissau para a Aldeia Formosa os 35 prisioneiros (guerrilheiros do PAIGC), que no dia anterior tinham vindo da Ilha das Galinhas, e a comitiva das nossas tropas que os acompanhavam.

Esta era constituída por, a saber: 2ª comandante do CTIG, coronel tir CEM Santos Pinto; director do Hospital Militar, tenente-coronel médico Viegas; chefe da 2ª Rep do CTIG, major de inf Tito Capela e o comandante do COP5, capitão-tenente da marinha Patrício; major inf Hugo dos Santos; 1ª tenente da marinha Brandão, capitão de cav Sousa Pinto; capitão de cav Ramalho Ortigão e dois soldados da Polícia Militar.

Todos estes elementos foram transportados de Nord Atlas, comandado pelo capitão piloto-aviador Carvalho, que fez duas viagens entre Bissau - Formosa e que levou igualmente um representante do PAIGC, o comandante Lamine Sissé, e cerca de vinte jornalistas nacionais e estrangeiros que se propunham fazer a cobertura do acontecimento.

A permuta de prisioneiros não chegou a efectuar-se em 9 de setembro de 1974, em virtude do PAIGC não ter apresentado os prisioneiros das NT (nossas tropas), retidos em seu poder, nessa data. Como consequência, os elementos das NT e jornalistas (nacionais e estrangeiros) regressaram pelas 16h00 a Bissau,  tendo ficado em Aldeia Formosa o capitão-tenente Patrício com os 35 PG / PAIGC, que aí aguardaram até a chegada dos PG / NT.

Nesse sentido, o Encarregado do Governo da Guiné telegrafou à Direcção do PAIGC manifestando a sua estranheza pela não apresentação dos prisioneiros de guerra  [PG] por parte do Partido. Em resposta, Luís Cabral apresentaria desculpas,  esclarecendo que a demora tinha sido devida "ao mau estado das estradas", não tendo sido possível por isso transportar os prisioneiros como fora planeado...

(...) Imediatamente após a troca, foi feita a identificação (, soldados António Teixeira, Jacinto Gomes, António da Siva Batista, Manuel Pereira Vidal; e 1ºs cabos Duarte Dias Fortunato, Virgílio da Silva Vilar e Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho), tendo os prisioneiros e a comitiva regressado de avião a Bissau. Ficaram instalados no Hospital Militar de Bissau e,  no dia seguinte, dia 15 de setembro de 1974, seguiram por via área para Lisboa. (...)


(*****) Último poste da série > 19 de janeiro de 2016 >Guiné 63/74 - P15638: Blogues da nossa blogosfera (73): No Blogue "Portugal e o Passado", A Agonia do Império, de Fernando Valente (Magro)

sábado, 10 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11926: In Memoriam (157): Luís Filipe Borrega - † 10 Agosto 2013, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922 (Piche, 1970/72)

CADA VEZ SOMOS MENOS

LUÍS FILIPE BORREGA

Ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922 - Piche, 1970/72
N. 27 de Setembro de 1948 - † 10 de Agosto de 2013

É uma frase que nos arrepia ”Cada vez somos menos”. Ainda estamos a recuperar da notícia do falecimento do Manuel da Silva Marcelino e acabamos de saber, pela página do facebook: Voz dos Combatentes, que o nosso Camarada Luís Filipe Borrega, faleceu hoje, dia 10 de Agosto, por volta das 10H30, vítima de problemas cardíacos. 

Era um tabanquista de peso, colaborador e habitual comentador deste blogue, tendo enriquecido sobremodo este nosso virtual “aquartelamento” brindando-nos e legando-nos o seu valioso testemunho em vários postes, que podem ser vistos clicando no seguinte link: 
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Lu%C3%ADs%20Borrega

A propósito, pessoalmente, gostei muito de uma sua mensagem que muito diz do seu grau de camaradagem e amigável personalidade, publicada em 26 DE OUTUBRO DE 2009 > Guiné 63/74 - P5161: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (11): Operação Tripas na Cidade Invicta (Luís Borrega)

Em nome dos editores e demais Camaradas desta imensa tertúlia, resta-nos endereçar à enlutada família, esposa e filhos, as nossas mais profundas condolências e sentidos pêsames.

2. Comentário do editor: 

Vamos endereçar uma mensagem aos Camaradas desta tertúlia dando conhecimento da infausta notícia, sensibilizando também os camaradas de Setúbal e Arredores que tenham oportunidade de estar presentes, compareçam nas cerimónias fúnebres deste nosso camarada: Luís Borrega.
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste da série em: 


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10505: Antropologia (20): Funeral Fula / Funeral Islâmico (Luís Borrega / Luís Encarnação)

1. Texto enviado a 8 do corrente pelo Luís Borrega [, foto atual. à direita,] a quem no próprio dia dos anos, a 27 de setembro,  fiz um pedido de comentário ás fotos do Armindo Batata, uma sequência fotográfica de um funeral fula:

"Tu que conviveste com os fulas, como eu, e tens inclusive um pequeno dicionário fula-português (*), é possível que tenhas assistido a algum funeral... Lembras-te como eram celebradas as cerimónias fúnebres entre os fulas, islamizados ? Mais do que um funeral fula, deve tratar-se de um funeral muçulmano... Ou não ? Só assisti a um funeral, e foi de um soldado nosso, da CCAÇ 12... Levámo-lo à sua aldeia numa urna de madeira, e prestámos-lhe honras militares... Não me lembro de ter assistido à descida do corpo à terra... Foi no regulado do Cossé, a 8 ou 9 de setembro de 1969... Ele morreu a 7. Não sei se a urna ia chumbada".


2. Funeral fula / funeral islâmico

por Luís Borrega / Luís Encarnação


[Foto à esquerda, de Armindo Batata]

Foi-me solicitado, pelo nosso Tabanqueiro-Mor Luís Graça, informações sobre os procedimentos referentes a um Funeral Fula, em virtude de eu ter convivido bastante com esta etnia, na minha permanência no Leste da Guiné (Pitche).

Acontece que,  como não tenho conhecimentos sobre a totalidade dos procedimentos de um Funeral Fula , contactei o Fur Mil.Cav  MA Luís Encarnação, meu Camarada e Amigo desde os tempos da EPC (Santarém) e que me acompanhou sempre no percurso Militar, Curso de Minas e Armadilhas na EPE (Tancos), RC 3 em Estremoz para formar o BCav 2922 que foi para o CTIG.

O BCav 2922 foi colocado em Pitche, assim como a minha CCav 2749, e o Luís Encarnação foi colocado na CCav 2748 que ficou sediada em Canquelifá. Só nos víamos quando o meu Gr Comb  estava a fazer a escolta às colunas para Canquelifá. Aí, ele viveu mais a vida da população na tabanca e elucidou-me sobre os funerais fulas, que mais adiante passo a narrar.

Quando estive colocado no Destacamento de Cambor, no itinerário Pitche-Canquelifá, tive um enorme contacto com a população fula da tabanca. Como estava a exercer a "vaguemestria" no Destacamento , tinha a oportunidade de fazer o que queria neste campo. A nossa Padaria (o forno era um baga baga adaptado) confeccionava um pão para cada elemento da Guarnição. Dei ordem para se cozer mais cinco ou seis pães para distribuir pelos Homens Grandes de Cambor [, a nordeste de Piche].

Todos mandavam diariamente alguém buscá-los, à excepção do Cherno Al Hadj Mamangari Djaló, que era o Chefe religioso do "Centro Fixo de Difusão" do Islamismo de Cambor, com real influência religiosa em toda a região do Gabu, mesmo além fronteiras. [O título Al Hadj é dado ao crente que já foi a Meca].

Diariamente eu tomava a missão de entregar em mão própria o pão a este Homem Grande. Ficávamos horas a fio a conversar, umas vezes sós, outras acompanhados pelos Homens Grandes, nessa altura punhamo-nos todos de cócoras em circulo debaixo do mangueiro existente à porta da "morança" do Al Hadj. Eu também tinha aulas de árabe. Ainda hoje tenho o livro de ensino da Língua Árabe (ofertado). Éramos Amigos...

Mais tarde por incompatibilidade de feitios com o Alf Mil Cav Jorge Malvar, pedi ao Capitão Cav João Luís Pissarra a minha tranferência por troca com o Fur Mil Cav Belard da Fonseca. Fui para o 3º Gr Comb /CCav 2749 comandado pelo Alf Mil Cav José Belchiorinho. Os tempos livres começaram a escassear, e portanto as idas à Tabanca foram mais espaçadas, devido à carga operacional,a que estávamos sujeitos em Pitche.

Na véspera de eu partir para Pitche, fui-me despedir do Al Hadj Mamangari Djaló. Ambos estávamos emocionados, com os olhos "embaciados ", disse para eu esperar, entrou na sua "morança " , trouxe o seu Alcorão que tinha levado na sua peregrinação a Meca e um terço árabe e deu-mos. Depois tirou o seu barretinho (sabiá) branco e ofereceu-mo também e disse:
- Furiel Boriga , durante a tua vida ouve sempre o teu coração.

Abraçámo-nos , virei costas com as lágrimas a rolar pela cara... e ainda hoje guardo uma grata recordação deste Homem Bom. E os objectos que ele me ofertou, dão-me um enorme, mas enorme prazer possuí-los...

Quando havia funerais ( em Cambor, enquanto lá estive não houve nenhum), pelo pitoresco das cerimónias ía até à " morança "do morto(a) e assistia. O funeral propriamente dito no Cemitério, nunca vi.

Quando se dava o óbito, o viúvo(a) mandava abater vacas, ovelhas ou cabras, conforme o seu grau de riqueza, para fazer o Choro,  obsequiando os Familiares e Amigos com comida, pois para eles,  Islâmicos, a " verdadeira vida começava após a morte". Havia Ronco com batuque e depois havia os procedimentos abaixo indicados, conforme a informação do Luís Encarnação.

(i) Cavavam um buraco do comprimento do falecido e com a largura de +/- 60 cms;

(ii) O corpo era envolvido num pano branco;

(iii) O corpo era disposto deitado no buraco ( desconhece-se a posição em que ficava);

(iv) A sepultura tem nos topos e a meio de cada lado uma espécie de degrau;

(v) Um tronco com mais ou menos 15 cms de diâmetro é colocado a meio, encaixado nas concavidades;

(vi) Uma estaca feita de um ramo de uma árvore da Mata Sagrada, é pregada no canto superior, a prender a ponta do lençol do lado da cabeça;

(vii) Em todo o comprimento da sepultura são colocados ramos (fortes), a preencher toda a largura do buraco;

(viii) (Toda a folhagem dos ramos utilizados é colocada em cima , de maneira a fazer um tapete:

(ix) Depois leva a terra em cima (tirada do buraco);

(x) Só tem este ritual , todo o Mulçumano que respeite a Religião ( não pode ter comido carne de porco (combaro) ou beber álcool).

CONCLUSÃO : Se ele não estiver morto, tem ar suficiente e pode abrir a tampa...

Espero que tenham ficado elucidados, como se fazia os Funerais Fulas/Funerais Islâmicos.

3. Comentário de L.G.

Obrigado aos dois. Djarama! Peço ao 1º Luís (Borrega) que traga o 2º (Encarnação) até à nossa Tabanca Grande. Para que ele se possa também sentar no bentém à sombra do nosso mágico, secular, grandiosos, simbólico, fraterno poilão!

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:
24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3785: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (1): Nafinda, nháluda, naquirda... Bom dia, boa tarde, boa noite...

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3786: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (2): Gô, Didi, Tati, Nai, Joi.../ Um, Dois, Três, Quatro, Cinco...

26 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3798: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (3): Jungo, neuréjungo, ondo... / Braço, mão, dedo, ...

1 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3827: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (4): Nhamo, nano... / Direita, esquerda...


14 e fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3889: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (5): Jubi, ala poren, iauliredu... / Miúdo, avião, tem medo...

Comentário de L.G.:

(...) Obrigado, Luís Borrega, camarada e amigo! O teu esforço por tentar comprender o outro (neste caso, os fulas, que eram e são um dos principais grupos étnico-línguísticos da Guiné-Bissau) é, só por si, um gesto de grande abertura de espírito, de recusa do etnocentrismo, e sobretudo de ternura. Bem hajas! 

Espero que a tua recolha (que não obviamente não tem a pretensão de ser um dicionário...) possa ser útil a muita gente, os nossos camaradas que voltam à Guiné em 'turismo de saudade', os nossos antigos camaradas fulas que vivem em Portugal, os seus filhos e netos, nascidos em Portugal (que estão em idade escolar, e que já não sabem ao idioma dos seus pais e avós)... 

Todos os idiomas do mundo fazem parte da riquíssima diversidade cutural da humanidade, diversidade que devemos conhecer, apreciar, manter e preversar... Por que só há uma terra, só há um raça (humana) (...) 

(**) Último poste da série > 19 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6762: Antropologia (19): Os muçulmanos face ao poder colonial português e ao PAIGC (Eduardo Costa Dias)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7536: In Memoriam (67): Fur Mil Cav, CCAV 2749 (Piche, 1970/72), Armindo de Matos André, natural de Gavião, morto em emboscada na estrada Nova Lamego-Piche, em 26/12/1971,quando vinha em coluna, de Bambadinca, com os seus novos milícias... desarmados (Luís Borrega / Paulo Santiago)



Guiné > Zona leste > Região de Gabú > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Coluna logística, vinda (presumivelmente) de Nova Lamego e a chegar a Piche... À frente uma Chaimite,  seguida de uma ou duas White... As viaturas deveriam, possivelmente, pertencer ao Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)

 Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Pormenor da carta de Nova Lamego (1957)> Escala: 1/50000 > Foi na região de Oco Munde, na estrada Nova Lamego - Piche que foi foi morto o nosso camarada André e mais dois milícias... Infelizmente não consegui encontrar nenhuma foto desta camarada CCACV


1. Comentário do Paulo Santiago ao poste P7517:


Data: 31 de Dezembro de 2010 15:18
Assunto: Fur Mil André

Camarada Borrega

Só hoje li um teu comentário publicado no poste  P 7517 (*), fiquei chocado, mas também aliviado. Aliviado porque consegui lembrar-me do Fur Mil André que tu evocas com emoção. Já tempos atrás, quando escrevi sobre os meus tempos de Bambadinca, falei sobre essa trágica emboscada que ocorreu logo a seguir ao encerramento do Curso de Mílicias, que tivera ínicio em Outubro de 1971. A data certa, também não a lembrava, sabia que tinha sido após o dia 24/12/71, data na qual houve a cerimónia de encerramento. Assim a tragédia aconteceu em 26/12/71 e não a 26 de Novembro como, certamente por lapso, escreves. 

Penso que nesses postes pedias a algum camarada, que tivesse conhecimento do caso que indicasse o nome do Fur Mil tragicamente abatido. Hoje, agora, depois de ler o teu comentário, fez-se luz na minha cabeça, o nome André começou a dizer-me muito, e curiosamente, até já consigo lembrar-me da fisionomia, ainda que um pouco esbatida. Estranhamente, ainda não consigo lembrar-me, dos nomes dos outros dois comandantes de pelotão que me acompanharam na instrução dessa Companhia de Mílicias, e convivíamos diariamente, não só na instrução como também na tasca do Zé Maria. [, junto ao Rio Geba, à saída de Bambadinca para Bafatá; era o sítio  onde se comia o melhor marisco da zona leste; foto  de H.R., acima, à direita, com malta da CCAÇ 12: HR, Alf Rodrigues, e Tony].


Fiquei chocado quando soube da emboscada, e hoje ao evocar esses factos continuo a sentir a mesma revolta, aquilo não se fazia, aquilo foi um convite à tragédia. Andámos, perto de três meses, a instruir aqueles homens, em educação física, em tiro, em técnicas de combate, para ao fim desse tempo os mandarem DESARMADOS (!!!!) numa coluna de Bambadinca para Pitche... 

Não se fazia. Ainda não sei quem foi o responsável, e não sei se os outros dois pelotões também foram desarmados para os seus destinos, é possível ter acontecido. No curso seguinte, Janeiro a Março de 72, tal leviandade não aconteceu, perto do final da instrução foram distribuídas as armas que os instruendos levariam para as respectivas tabancas, mas foi necessário a morte do André e alguns milícias para que um qualquer irresponsável abrisse os olhos... Lamentável!

Abraço, Santiago
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Nota de L.G.:

(*) Vd.  poste de 28 de Dezembro de 2010  > Guiné 63/74 – P7517: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (35): Morte a vinte e oito… na CAÇ 675



 [Comentário de Luís Borrega]

Caro Jero

Também já senti essa maldita sensação de perder um Grande Amigo nessas circunstâncias:
Dia 26/[12]/71 na emboscada às NT na região de OCO MAUNDE (Perto de Nova Lamego), morreu o meu amigo Fur Mil Cav Armindo de Matos André (CCav 2749/BCav 2922). Tinha estado em Bambadinca a dar instrução a um GE de Milícias, e vinha em coluna para Pitche juntamente com o Pel Mil GE sob o seu comando. Acresce dizer que vinham todos DESARMADOS, à excepção do André.

Como é possível não terem distribuído o armamento em Bambadinca ? Além do André ainda morreram 2 Milícias e um desapareceu em combate.

Este meu Amigo foi convidado pelo Alferes Comandante do Pel Esq Rec 3431 a vir dentro da Chaimite e a resposta dele foi que o seu lugar era junto com os seus Milícias. Soube logo da sua morte via rádio.

À tarde na distribuição do Correio, recebi um aerograma do André no qual dizia que estava ansioso de me dar um abraço. As lágrimas caíram-me pela face em torrente.
Ainda hoje não consigo lidar com isto. Estou a escrever este comentário e as lágrimas estão a rolar face abaixo.


Abraço Camarigo
Luís Borrega


PS - Vai C/C ao Luís porque é um texto longo para meter nos comentários, publicar ou não fica ao critério dele.
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Último poste desta série > 7 de Dezembro de 2010> Guiné 63/74 - P7399: In Memoriam (66): A morte dolorosa de um dos últimos homens a chegar a Gandembel, o ex-Alf Mil João Barge (1944-2010)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7327: Facebook...ando (1): O aerograma traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, na estrada Piche-Nova Lamego, e em que morreram 4 camaradas da CART 3332 (Carlos Carvalho)


O nosso camarada Carlos Carvalho, que ingressou recentemente na nossa Tabanca Grande, publicou,  no mural da nossa conta no Facebook, a seguinte mensagem que nos fez arrepiar a espinha... Achei que devia partilhar isto com o resto dos nossos amigos e camaradas da Tabanca Grande, inaugurando uma nova série, a que chamarei Facebook...ando

Este Aerograma foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou  estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada à Coluna  Piche-Nova Lamego, em que faleceram o Alf Mil Soares, o 1º. Cabo Cruz, o  Sold Cond Ferreira e o Sold Manuel Pereira, todos da CART 3332.

Guardo-o religiosamente comigo...

Ele, porém, não diz onde ia o aerograma... Muito provavelmente no saco do correio... Pelo que se depreende, o destinatário era um seu familiar, possivelmente a sua mãe (Rosa Maria Silva Simão Melo Rodrigues de Carvalho), que vivia em Lamego. 

Recorde-se que o Carlos Alberto Rodrigues Carvalho foi Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, é irmão da nossa amiga Júlia Neto e, portanto, cunhado do nosso saudoso Zé Neto (*). 
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Nota de L.G.:

(*) 5 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7227: Tabanca Grande (253): Carlos Carvalho, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, residente em Fânzeres, Gondomar, irmão da nossa querida Júlia Neto

sábado, 6 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7234: Memória dos lugares (109): Ponte Caium (Carlos Carvalho, CCAV 2749, 1970/72)

1. Mensagem de Carlos Alberto Rodrigues Carvalho*, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, com data de 2 de Novembro de 2010:

Boa noite, meu caro Luís Graça.
Dado que se falou, neste 1.º de Novembro do monumento aos mortos da Ponte Caium (**), e dum nicho onde estaria a frase "Nem só do pão vive o homem", aqui vai a foto do nicho de N. Sra. de Fátima, arranjado na altura em que eu estive a comandar a Ponte Caium, em 1971, e pintado pelo Soldado Condutor Cardoso Pereira, que era um expert nas artes de quadros e pinturas.

Numa das fotos estou eu com os djubis que todos os dias estavam connosco, e que pertenciam a uma das tabancas situadas muito perto da Ponte.

Um abraço amigo
Carlos Carvalho
ex-Fur Mil Cav
4.º Pel/CCav 2749/BCav 2922


Ponte Caium > Nicho de Nossa Senhora de Fátima

Ponte Caium > Junto do nicho

Ponte Caium > O Carlos Carvalho com a miudagem das Tabancas
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7227: Tabanca Grande (253): Carlos Carvalho, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, residente em Fânzeres, Gondomar, irmão da nossa querida Júlia Neto

(**) Vd. postes de:

26 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7039: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (3): De facto, Eduardo, nem só de pão vive o homem...
e
1 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7203: Memória dos lugares (107): A Ponte Caium e o monumento, construído por nós, e dedicado aos nossos mortos: Cardoso, Torrão, Gonçalves, Fernandes, Santos, Silva (Carlos Alexandre, radiotelefonista, natural de Peniche, 3º Gr Comb, CCAÇ 3546, 1972/74)

Vd. último poste da série de 6 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7233: Memória dos lugares (108): Cabuca (António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7227: Tabanca Grande (253): Carlos Carvalho, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, residente em Fânzeres, Gondomar, irmão da nossa querida Júlia Neto

1. Mensagem de Carlos Alberto Rodrigues Carvalho, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, com data de 28 de Outubro de 2010:

Adesão à Tabanca Grande

O meu nome é Carlos Alberto Rodrigues de Carvalho, fui Furriel Miliciano de Cavalaria, no 4.º Pelotão da CCav 2749/BCav 2922, que se formou em Estremoz, e foi destinado à zona de Piche (ou Pitche). Além desta localidade, estive também por três vezes no nosso Destacamento da Ponte Caium.  Estou já na Tabanca de Pitche e Arredores, e começarei a frequentar os almoços dos Gondomarenses que estiveram na Guiné, na companhia do nosso estimado Carlos Silva.

Resido em Fânzeres-Gondomar, e encontro-me reformado há cerca de ano e meio, do Banco BPI.

Posso informar que sou irmão da Júlia Neto, que está já na vossa companhia, por falecimento do meu cunhado José Neto

Envio os meus cumprimentos de amizade.
Carlos Carvalho


2. Comentário de CV:

Caro Carvalho, bem aparecido na Tabanca Grande (*) onde te poderás instalar à vontade e começares a trabalhar. Passas a ser o nº 460...

A ideia é que cada um de nós possa, a seu modo, colaborar com as suas histórias e fotografias para aumentar este espólio de memórias, já importante, dos ex-combatentes da Guiné.

Seres cunhado do nosso saudoso Capitão Zé Neto (1929-2007), acarreta-te alguma responsabilidade porque ele deixou-nos um património de memórias bem recheado, principalmente sobre Guileje do seu tempo, e sobretudo o rastro de grande afecto, continuado pela Júlia que está connosco por mérito próprio.

A colaboração do Zé Neto, essa, começou na nossa primeira série (**). Se ele fosse vivo, seria o nosso decano, com 81 anos.

No teu próximo contacto manda uma foto actual para te reconhecermos, se nos cruzarmos contigo nos caminhos de Portugal.

Da CCAV 2749 temos, para já, entre nós, há cerca de 2 anos, o camarada Luís Borrega.

Um abraço do Carlos Vinhal, em nome dos demais editores e de toda a Tabanca Grande.
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Notas de CV:

(*) Último poste da série de 3 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7220: Tabanca Grande (252): Jochen Steffen Arndt, estudante do programa de doutoramento da Universidade de Illinois em Chicago, EUA

(**) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXXV: Memórias de Guileje (1967/68) (Zé Neto) (Fim): o descanso em Buba

(...) (Publica-se a 10ª (e última) parte das memórias do primeiro-sargento da Companhia de Artilharia nº 1613 (Guileje, 1967/68), o então 2º Sargento José Afonso da Silva Neto (e hoje, capitão reformado) (...).

Recorde-se a justificação que ele deu para partilhar connosco as suas memórias de Guileje: "Depois de muito meditar cheguei à conclusão de que, pelo menos tu, mereces a minha confiança para partillhar contigo uma parte muito significativadas memórias da minha vida militar. São trinta e três páginas retiradas (e ampliadas) das 265 que fui escrevendo ao correr da pena para responder a milhentas perguntas que o meu neto Afonso, um jovem de 17 anos, que pensava que o avô materno andou em África só a matar pretos enquanto que o paterno, médico branco de Angola, matava leões sentado numa esplanada de Nova Lisboa (Huambo). Coisas de família"...

Esta confiança, em mim e na nossa tertúlia, eu tenho que a agradecer ao camarada Zé Neto. Faço votos para que este seja apenas um até breve, até ao meu regresso... LG (...)