Leiria > Monte Real > Palace Hotel > 26 de Junho de 2010 > V Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > O João Barge, levado pela mão do seu camarada da CCAÇ 2317, o Idálio Reis...
Fotos: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do Idálio Reis (ex-Alf Mil, CCAÇ 2317, Ganbembel, Balana, Buba, Nova Lamego, 1968/70) [, foto à esquerda]:
IN MEMORIAM: A morte dolorosa de um dos últimos homens a chegar a Gandembel: o ex-alferes João Barge
A efemeridade da vida. Aos 66 anos de idade, o João deixou-nos mais sós, e numa indelével e profunda consternação os seus entes mais queridos, onde incluo com um carinho muito especial a sua mãe.
O Barge chega a Gandembel, em rendição individual, para substituir o Francisco Trindade, atingido gravemente por uma mina anti-pessoal no fatídico local de Changue-Iaia. Estava-se em meados de Outubro de 1968, quando um estudante de Coimbra quase a finalizar o seu curso, chega àqueles aterradores confins de África.
Tendo sido bem recebido por todos, soube adaptar-se com enorme senso ao seu grupo de combate. Felizmente que a situação geral de Gandembel/Ponte Balana havia melhorado substancialmente, graças à acção notável que os pára-quedistas tinham conseguido levar a efeito.
Nos outros lugares, Buba e Nova Lamego, o João Barge haveria de continuar com a sua CCAÇ. 2317, até esta acabar a sua comissão. E a ele, faltava-lhe contar os últimos meses, agora em Bissau e entregue à parte logística de envio de víveres para as forças de quadrícula disseminadas pela Província.
No Gabú, onde a guerra se nos arredou em definitivo, relembro a sua intensa azáfama em preparar as últimas cadeiras do curso, que após o seu regresso definitivo, haveria de concretizar muito rapidamente.
Só nos viemos a reencontrar há cerca de 3 anos, já ele estava aposentado após um desempenho brilhante como Professor do Instituto Politécnico de Leiria. E a partir daqui, íamo-nos encontrando ainda que esparsamente, e uma das últimas vezes em que o instiguei a estar presente, foi ao último convívio da Tabanca Grande. Aqui, uma malta contemporânea de Buba, com o Carlos Nery a merecer justa honra de capitanear, viríamos a preencher uma mesa em franca confraternização.
A efemeridade da vida. Aos 66 anos de idade, o João deixou-nos mais sós, e numa indelével e profunda consternação os seus entes mais queridos, onde incluo com um carinho muito especial a sua mãe.
O Barge chega a Gandembel, em rendição individual, para substituir o Francisco Trindade, atingido gravemente por uma mina anti-pessoal no fatídico local de Changue-Iaia. Estava-se em meados de Outubro de 1968, quando um estudante de Coimbra quase a finalizar o seu curso, chega àqueles aterradores confins de África.
Tendo sido bem recebido por todos, soube adaptar-se com enorme senso ao seu grupo de combate. Felizmente que a situação geral de Gandembel/Ponte Balana havia melhorado substancialmente, graças à acção notável que os pára-quedistas tinham conseguido levar a efeito.
Nos outros lugares, Buba e Nova Lamego, o João Barge haveria de continuar com a sua CCAÇ. 2317, até esta acabar a sua comissão. E a ele, faltava-lhe contar os últimos meses, agora em Bissau e entregue à parte logística de envio de víveres para as forças de quadrícula disseminadas pela Província.
No Gabú, onde a guerra se nos arredou em definitivo, relembro a sua intensa azáfama em preparar as últimas cadeiras do curso, que após o seu regresso definitivo, haveria de concretizar muito rapidamente.
Só nos viemos a reencontrar há cerca de 3 anos, já ele estava aposentado após um desempenho brilhante como Professor do Instituto Politécnico de Leiria. E a partir daqui, íamo-nos encontrando ainda que esparsamente, e uma das últimas vezes em que o instiguei a estar presente, foi ao último convívio da Tabanca Grande. Aqui, uma malta contemporânea de Buba, com o Carlos Nery a merecer justa honra de capitanear, viríamos a preencher uma mesa em franca confraternização.
Morre ainda relativamente novo, vítima de um tumor maligno e num espaço de tempo muito curto. Num ápice, uma folha de Outono tomba para sempre. Somos nada, perante tamanhas adversidades, e que nos espreitam e avassalam a todo o momento.
A notícia da morte do João [, foto à esquerda,] foi-me dada em primeira mão pelo Carlos Nery, em voz de grande comoção.
E hoje, com outro companheiro - o seu ex-furriel Nabais Pinheiro- residente em Alcobaça, deslocámo-nos a Leiria para nos despedirmos de um homem simples, afável, reservado, de uma enorme estatura intelectual, que nos faz falta. Deixa-nos mais pobres, pois a perda de um amigo é sempre uma fatalidade pesarosa.
Pediu para ser enterrado na sua Murtosa, a terra das suas gentes, que o viu nascer. E aí jazerá eternamente.
Uma das suas filhas entregou-nos um pequeno cartão onde se pode ler:
"Cada pessoa que passa na nossa vida é única e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. É esta a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que essas pessoas não se encontram por acaso…"
O João Barge, de todo, não conseguiu resistir. Talvez, neste dia de o homenagear mais sentidamente, o do seu definitivo adeus, um turbilhão de sentimentos e comoções mais transparece nas preces que lhe endereçámos. Curvemo-nos em silêncio à perenidade da sua memória.
Até sempre, bom amigo.
Um forte abraço a toda a Tertúlia do Idálio Reis.
Pediu para ser enterrado na sua Murtosa, a terra das suas gentes, que o viu nascer. E aí jazerá eternamente.
Uma das suas filhas entregou-nos um pequeno cartão onde se pode ler:
"Cada pessoa que passa na nossa vida é única e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. É esta a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que essas pessoas não se encontram por acaso…"
O João Barge, de todo, não conseguiu resistir. Talvez, neste dia de o homenagear mais sentidamente, o do seu definitivo adeus, um turbilhão de sentimentos e comoções mais transparece nas preces que lhe endereçámos. Curvemo-nos em silêncio à perenidade da sua memória.
Até sempre, bom amigo.
Um forte abraço a toda a Tertúlia do Idálio Reis.
15 comentários:
Lamento sinceramente tão infausto acontecimento. Resido em Leiria há mais de 30 anos e não tive o privilegio de o conhecer o Joao Barge.
Sentidas condolências á familia.
Antonio Nobre
Ex-Furriel Miliciano da C.CAÇ 2464-Guiné 69/70
Mensagem do nosso camarigo Joaquim Pinheiro,"o brasileiro":
É com imenso pezar, que tomo ciência de mais uma baixa.... Não o conhecia, mas nem por isso a mágoa que me faz sufocar o peito poderia ser menor...... Mais um "dos nossos" (ex-combatentes) que "pela lei da morte, se vão da vida libertando"...
Meus mais nobres sentimentos de pezar aos familiares do João Barge. E que Deus lhe reserve um lugarzinho lá no seu aconchego.
Joaquim Pinheiro da Silva (o brasileiro)
CCaç 3566, "Os Metralhas"
(Empada e Catió, 1972/74) (*)
São Paulo/Brasil
quim_pinheiro@hotmail.com
_____________
(*) Vd. poste, I Série,
15 Maio 2006
Guiné 63/74 - DCCLIV: Que maravilha de trabalho (Joaquim Pinheiro, CCAÇ 3566, Empada/Catió, 1972/74)
http://blogueforanada.blogspot.com/2006/05/guin-6374-dccliv-que-maravilha-de.html
As minhas condolências á Família do camarada João Barge.
Um abraço ao Idálio Reis, seu camarada e amigo de Gandembel.
Mais um camarada que parte e com sua partida, dirijo-me a todos os tertulianos, é um pouco de nós que parte.
AB T.
JOão
Trilhamos algumas picadas junto, meu amigo.Bem duras por sinal.
Nunca mais nos encontramos.
Agora a notícia da tua partida final...
Em cada partida que acontece ficamos mais pobres.
Descansa em paz João.
À tua família, os meus sentidos pesames
Os meus sentidos pêsames à Família do Camarigo João Barge, que apenas recordo do Encontro de Monte Real deste ano.
Tendo sido sepultado hoje na sua terra de nascimento, Murtosa, juntou-se a outra grande figura deste concelho, o ex-Bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas, que também hoje foi sepultado na sua terra.
Jorge Picado
Morreu o João Barge!
Paz à sua alma!
À família sofrida e aos amigos próximos,envio daqui um abraço solidário.
manuelmaia
Ao João Barge
Um bravo de Gadamael, que em sua honra cantemos o seu Hino, "Gadamael terra das morteiradas".
Perante ti meu camarada me vergo e que aterra te seja leve.
À família as minhas sentidas condolencias.
Descansa em paz camarada
Mário Pinto
Adeus João,
Não nos deixas-te, apenas vais á frente na estrada por onde todos iremos.DESCANSA EM PAZ.
Aos familiares de João Barge, os meus sentidos pésames
António Paiva
Ex-Condutor do HM241- 68/70
É esta dor que nos invade quando sentimos que mais um de nós partiu...Que esteja em paz.
Sentidos pêsames aos familiares e aos amigos mais directos.
Luís Dias
Ex-Alf Milº CCAÇ3491-Guiné 71-74
João Barge deixou-nos mais sós.
Mais um Camarada que partira para o além, sendo meu desejo que haja paz e iterno descanço para a sua alma.
Trilhamos os mesmos terrenos em Gandembel, Buba e Sambasabali-Nhala.
PS: Mário Pinto, penso que por lapso indicaste "Gadembel."
À familia enlutada as minhas sentidas condolências.
Arménio Estorninho
C.Caç. 2381 "Guiné 1968-70
Só ontem soube, através de um amigo comum, da morte do João Barge, meu velho amigo e colega de liceu em Aveiro, e depois em Coimbra, e do qual poucas notícias tinha desde há uns anos. Nunca poderei esquecer a sua Poesia de que guardo dois livros no recanto dos Amigos da minha biblioteca pessoal. A todos vocês e à Família deixo o meu abraço solidário.
vieira da silva
Amigo João, soube da tua viagem para o Além, alguns dias depois de ter acontecido.Recordo com carinho e saudade as idas a pé até ao Bico, na Murtosa, com o nosso grupo de amigos, para tomarmos banho na ria.Recordo os tempos do liceu de Aveiro, a ilustração que fiz para o teu primeiro livro de poemas" Para além do teu sorriso" e recordar-te-ei para sempre como amigo. Até ao nosso encontro João.Zezé Miranda
Não me leves a mal João quanto ao título do teu primeiro livro de poesia.Inicialmente era para ser "Para além do teu sorriso", mas depois escolheste "Para lá do teu silêncio".Já lá vão quase 50 anos.Até sempre João.
Os camaradas da Guiné que me perdoem por usar o vosso espaço, mas era muito importante para mim despedir-me deste amigo tão especial que fez parte da minha juventude.Zezé Miranda
João Paiva Rodrigues Barge (02.04.1944 – 05.12.2010)
Leiria
Agradecimento. Sua esposa, filhas e restante família na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio agradecer a todos aqueles que se incorporaram no funeral do seu ente querido ou que de alguma forma manifestaram o seu apoio e carinho neste momento difícil. Será celebrada Missa de 7º Dia, no dia 11 de Novembro (Sábado), pelas 19.30 horas na Igreja dos Franciscanos
Tratou Agência Funerária Jaime
________________
Publicado em 10/12/2010, no jornal 'on line" Região de Leiria.
Sobre o nosso camarada João Barge sabíamos pouco:
(i) Aveirense de nascimento, já tinha publicado em 1964 o livro de poesia "Para lá do teu silêncio" (Aveiro, Livraria Borges, 54 pp).
(ii) Foi professor efetivo da Esc Sec Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria;
(iii) Foi também Docente, da área de Ciências Sociais, na Escola Superior de Educação / Instituto Politécnico de Leiria
(iv) Vi algures por aí também um outro título, de poesia, "A Gramática do Sossego" (desconheço o ano de edição, e a editora):
(v) É autor de "Registos", juntamente com Miguel Homem e Orlando Cardoso (Leiria, Gato Preto, 1981).
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