1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 2 de Dezembro de 2010:
Carlos,
Desculpa que hoje é de rajada.
Aqui vão três sextilhas tituladas como "Pesadelo".
Abraço
Manuel Maia
Pesadelo
De um e outro lado da refrega,
em sofrimento atroz, ninguém o nega,
famílias "vivem" esta guerra horrenda...
P`ra história da Guiné, foi contributo
de esposas, pais, irmãos, pesado luto,
milhares em onze anos de contenda...
A vós, familiares dos contendores,
dum lado e d`outro todos sofredores,
pergunto como estais do vosso luto...
A vós a quem roubaram entes queridos,
na flor da idade, jovens destemidos,
perdidas vidas num fatal minuto...
Tamanho do vazio que sentis,
convosco, nós a quem destino quis
do inferno regressados, partilhamos...
Em quantas noites pesadelo empurra,
de volta à luta tuga versus turra,
e em sofrimento horrível acordamos?
__________
Nota de CV:
Vd. poste de 5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7383: Blogpoesia (93): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (9) (Manuel Maia)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Já da tabanca não faço parte, mas todos os dias vou ver o que lá diz e quando aparecem escritos teus, é uma delicia lê-los.
Amigo Maia bendita a musa que te inspira e bem hajas tu pela facilidade de escrita, para mim és o Camões da nova era.
Um abraço.
A vós, familiares dos contendores,
dum lado e d' outro todos sofredores,
pergunto como estais do vosso luto...
A vós a quem roubaram entes queridos,
na flor da idade, jovens destemidos,
perdidas vidas num fatal minuto...
É lindo, grande bardo do Cantanhez!... Não poderia eu ser mais sensível a estas palavras do poeta, aquele que fala a linguagem universal da humanidade, a linguagem da dor, da compaixão, da solidariedade...
A vós, familiares dos contendores,
dum lado e d' outro todos sofredores,
pergunto como estais do vosso luto...
A vós a quem roubaram entes queridos,
na flor da idade, jovens destemidos,
perdidas vidas num fatal minuto...
É lindo, grande bardo do Cantanhez!... Não poderia eu ser mais sensível a estas palavras do poeta, aquele que fala a linguagem universal da humanidade, a linguagem da dor, da compaixão, da solidariedade...
A vós, familiares dos contendores,
dum lado e d' outro todos sofredores,
pergunto como estais do vosso luto...
A vós a quem roubaram entes queridos,
na flor da idade, jovens destemidos,
perdidas vidas num fatal minuto...
É lindo, grande bardo do Cantanhez!... Não poderia eu ser mais sensível a estas palavras do poeta, aquele que fala a linguagem universal da humanidade, a linguagem da dor, da compaixão, da solidariedade...
Camrigo Manuel
Hoje nem tento...apenas te abraço camarigamente
Amigo Manuel Maia
Continuas o sobrevoo nas asas da tua Alma sensivel,inquieta!
Abraço
Luis Faria
amigo Manuel Maia!
A sua capacidade situa-nos no presente e no passado!
Cantar a História recente conhecida e vivida por vós na primeira pessoa, é um privilégio da nossa geração.
Daqui a uns anos, os nossos netos, acharão que é uma coisa longínqua!..
mas, ainda bem que a conta e em sextilhas, que hão-de interessar as gerações vindouras, elas hão-de procurar saber, quem foi o Manuel Maia e que guerra ele cantou e contou.
Não estaremos cá para ver, mas também Camões e outros já não estão e contudo...nós falamos deles.
Continue a contar-nos a sua vivência...a dar testemunho de um tempo e de um acontecimento que viveu, e em que foi participante activo.
Obrigada
Um abraço da
Felismina Costa
Manel,
Hoje referes-te a sentimentos, como se nós, sobrevivos, tivéssemos culpa dessas famílias enlutadas, na expressão de uma consciência nobre de saudade.
Porque com eles também perdemos um bocado de nós.
A vida corre e os sacrificios vão permanecer em lápides que o país dos governantes não merece.
Um abraço fraterno
JD
Enviar um comentário