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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26674: A Bissau do Meu Tempo (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte II



Foto nº 12A e 12




Foto nº 15A e 15



Foto nº 14


Foto nº  11


Foto nº 10


Foto nº 8



Foto nº 9 e 9A




Foto nº 13A e 13

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Fot0s do álbum do Virgílio Teixeira: membro da Tabanca Grande desde 19/12/2017. Tem cerca de 200 referências no nosso blogue. Natural do Porto, vive em Vila do Conde. É economista e gestor reformado.



A Bissau do meu tempo (Virgílio Teixeira,ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


- Parte II








1.  Fotos e legendas:


Foto 8

No Restaurante Tropical

Frequentei este restaurante tradicional várias vezes, mas não me lembro onde ficava, talvez na Bissau Nova.

Estamos 3 na mesa, um deles o Riquito foi bater a chapa, está um prato a mais. O rapaz na minha frente, que aparece inúmeras vezes nas fotos, nem sei o nome, era um soldado que julgo ser irmão do nosso ex-Furriel Riquito, pois é parecido com ele.

Duas garrafas de vinho, que não sei a marca, e um móvel cheio de coisas, que não
consigo agora identificar. Pede-se ajuda!

O penso no meu cotovelo, são as reminiscências da enorme queda nos acessos à Messe de Oficiais no Clube de Santa Luzia, onde já noite, vindo de Safim, com o meu amigo ex-alferes Verde, com uns copos a mais, caímos que nem sapos da motorizada, nas enormes valas de escoamento de chuvas. Ainda fomos à enfermaria tratar das mazelas sem ninguém se aperceber desta bronca.

Foto 9

Na estátua a Mouzinho de Albuquerque (o autor queria dizer, navegador Diogo Gomes, c. 1402/1420-c.1502), era eu e o meu homólogo "bianense", do BCAÇ 1932. Meu amigo do Porto e colega, de que já falei, no ICP (Instituto Comercial do Porto, fu
turo ISCAP - Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, a partir de 1976).

Em Fevereiro de 1968. Bissau

Foto 10

Marginal e ponte-cais de Bissau

Estou a deslumbrar-me com aquelas vistas, do rio, cais, porto. Está comigo o mesmo individuo que ainda não sei quem é, mas provavelmente irmão do Furriel Riquito (foto 8).

Bissau, em Fevereiro de 1968

Foto 11

Pub Bar A Meta

A tomar um copo neste bar, que era também de jogos de corridas de minicarros, etc,

À esquerda o soldado condutor Espadana, era também o Chefe de Mesa na Messe de oficiais, vestia sempre de branco, e tinha uns galões vermelhos, pelo que era conhecido como o nosso Brigadeiro. Era um rapaz simples e afável, parecia mais morcão do que veio a saber-se,

Foi ele que geriu o Bar no mês em que fui nomeado. Todos beberam à grande, nunca fiz contas nem vi o dinheiro, mas no final deu saldo positivo.

Veio a saber-se nos almoços do batalhão, que ele, não morava dentro do arame farpado! Tinha uma bajuda, isto pelo menos em S. Domingos, com quem fazia vida conjugal e com certeza levava algumas coisas da messe. Nunca soube de nada, só alguns e poucos colegas e amigos.

Nunca deram falta dele, estava a horas no Bar e Messe.

Quando eu nos anos de 1984 e 1985 andei em viagens de e para a Guiné, em negócios, fui e como sempre, antes de embarcar na TAP na Portela, jantar ou almoçar ao mesmo restaurante às Portas de Santo Antão, pegado ao Gambrinus.

Eis que dou com ele, ali numa churrasqueira ao lado, a servir frangos na esplanada. Lá nos abraçamos, era hora de ponta, ele não tinha muita disponibilidade, disse o que fazia agora na Guiné, ele demonstrou alguma saudade ou saudosismo (da bajuda talvez?!).

Já pertence àqueles que da lei da morte se foram libertando. Paz à sua alma.

A seguir o tal rapaz que não sei identificar, mas que andava com esta malta.

Depois aí está o chamado ‘Artolas nº 1’ Era um bom amigo, e fez comigo as marchas finais em Mafra, e depois em Lisboa Lumiar Carregueira na EPAM. Formou-se um grupo autodenominado o Grupo dos Artolas. Era eu, o meu homólogo,  o "Bianense", o chamado ‘Cachadinha’ que morava em Vila do Conde, foi candidato à Camara de Matosinhos pelo PCP, e que foi durante muitos anos, o Diretor Chefe da Alfândega de Leixões. Eu ia lá em serviço muitas vezes, mas nunca facilitava nada. Era severo. Tinha a voz rouca e grossa, baixinho como eu, daí a voz de bagaço a que chamamos de Cachaça, logo o Cachadinha. Era o Madureira. Tinha o curso do ICP e foi parar a outro local qualquer, mas não na Guiné.

A seguir ao Artolas, falha-me o nome, sou eu já conhecido. (Policarpo). Os pais tinham uma pensão junto à Estação de São Bento, onde serviam na tasca, bebidas e petiscos, e fui lá algumas vezes, na Rua da Picaria.

Bissau em 25 de Março de 1968. Faz hoje 57 anos.

Foto 12

No cais de embarque em Bissau e Marginal

Das primeiras fotos que tirei, uns dias depois de ter desembarcado e ainda em Setembro de 67.

A apreciar paisagem com o tal personagem que não sei quem é, o meu batalhão ainda não tinha chegado, eu ia para ali para ver a sua chegada, em 3 de outubro de 67.

Os "bocas de sapo" eram talvez do Estado, pelo aspecto.

Não sei identificar o navio no cais, mas era pequeno, porque os grandes ficavam ao largo.

Bissau, em fins de Setembro de 1967

Foto 13

Junto a navio patrulha da armada portuguesa Esse é um navio, talvez Patrulha ou Fragata, não sei. Mas a bandeira não é Portuguesa, daí a minha confusão. Mas para lá entrar era dos nossos.

Nesta fase, já estou desempregado, e a aguardar a chegada do "Uíge" para me levar
embora.

Bissau, Maio de 1969

(Nota do editor LG: Provavelmente é um rebocador. o pavilhão é alemão (bandeira tricolar: preto, vermelho e dourado, da então República Federal Alemão; o navio estava matricialdo em Hamburgo, lê-se na boia de salvação; o nome do navio é ilegível.)

Foto 14

Grande Hotel de Bissau

Já fumava charuto? Não me lembro, mas talvez esporadicamente.

Vinha muitas vezes para este Hotel, tinha um optimo serviço, parava lá a fina flor de Bissau e visitas,

Passei por lá algumas noites, quando não me apetecia ir para o "Biafra", tinha casa de banho completa. Lembro-me do cheiro a creolina para desinfectar tudo especialmente expulsar as baratas que por lá andavam e os fungos de muita gente com doenças,

Tinha pequeno almoço tipo hotel, e muitas vezes almocei e jantei por lá, onde via
frequentemente os altos comandos militares, incluindo Spínola.

Tinha uma loja de venda de muitas coisas que não existiam no comércio local e
tradicional. Ali comprei os primeiros polos.

Na esplanada não faltavam os sardões de meio metro a subir pelas árvores, mas vinham visitar-nos à beira dos pés.

Os jagudis era a sua sombra negra.

Bissau, Novembro de 1968

Foto 15

Avenida da Liberdade (isto é, da República), em Bissau, com duas faixas de rodagem e separador central

Pouco movimento, tudo maltratado, ao cimo a Praça do Império, e o Palácio do
Governador.

Quem sobe do lado direito, depois do Bento, e depois da Pensão da Dona Berta, temos o Stand da Peugeot e venda de gás em botija. Era o Gascidla, muito famoso aqui na metrópole. Devia pertencer à Sacor.

Acima estão as bombas de gasolina da Sacor, onde eu abastecia as minhas motorizadas.

Bissau em 3 de Outubro de 1967, no dia de chegada do T/T Timor com o meu batalhão.

(Continua)

(Revisão / fixação de textyo: LG)
______________

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23696: In Memoriam (455): Mensagens do Coronel Paraquedista Nuno Mira Vaz, enviadas a Mário Beja Santos, a propósito do falecimento ocorrido no passado dia 2 de Outubro do Alf Mil Paraquedista Jorge da Cunha Fernandes (JOTA) (Nuno Mira Vaz / Mário Beja Santos)

1. Mensagem do Coronel Paraquedista Nuno Mira Vaz, enviada a Mário Beja Santos em 7 de Outubro de 2022, a propósito do falecimento do Alf Mil Paraquedista Jorge da Cunha Fernandes (JOTA), ocorrida no passado dia dia 2 de Outubro:

Caro Mário Beja Santos

Muito lhe agradeço ter-me notificado da morte do Jota, um jovem que ficará para sempre na minha memória como um grande combatente e um excelente camarada. Depois da nossa convivência na Guiné só voltei a vê-lo uma única vez, com as tais barbas de missionário, numa romagem de saudade em Tancos. Desconheço as razões por que não voltou a essas confraternizações, pois só tinha amigos na comunidade pára-quedista.
Dos cinco oficiais dessa CCP 121, é o segundo a rumar às nuvens.

No que respeita aos comentários sobre a actuação do general Schulz como Comandante-Chefe, estou inteiramente de acordo consigo: o homem é persistentemente e injustamente desvalorizado e não vejo razão para tal.

Um abraço com muita consideração deste velho camarada de armas.
Nuno Mira Vaz

********************
Jorge da Cunha Fernandes (JOTA) (23/04/1942 - 02/10/2022)
Ex-Alf Mil Paraquedista da CCP 121/BCP 12, Guiné, Dezembro de 1966 – Maio de 1968


2. Nova mensagem do Coronel Paraquedista Nuno Mira Vaz, enviada a Mário Beja Santos, no mesmo dia, pouco depois:

Caro Mário Beja Santos

Depois de lhe enviar a MSG anterior, decidi pesquisar num livro de memórias que escrevi exclusivamente para os meus filhos, eventuais referências ao Jota.
Aqui as tem, com sincera estima e consideração

1. - A repartição dos subalternos pelas duas Companhias tinha sido acordada com o Manuel Morais durante a viagem a bordo do Manuel Alfredo: eu ficava com o Ramos, que ia na segunda comissão e que tinha sido na primeira, tal como eu, alferes da 2.ª companhia do BCP 21 em Luanda, e com o Preto, que fora meu condiscípulo no Colégio Militar. 

O Manuel escolheu em seguida os seus quatro alferes e eu completei o elenco com o Cunha Fernandes e o Américo. Este estava a acabar a comissão e foi substituído passados poucos meses pelo Taliscas. Cada um com o seu feitio, eram quatro máquinas em combate. Quatro verdadeiros “Leões”, se me é permitido estabelecer uma analogia com o indicativo de combate da CCP 121.

 Mas, por ora, o combate era travado com sacos de cimento, vigas de ferro e placas de lusalite, numa febre de construir que nos permitiu pôr de pé, num tempo recorde, as novas instalações do Batalhão. Espaço era coisa que não faltava. E cada pelotão ficou desde logo com um jardim privativo, cujo arranjo passou a ser tema de renhido concurso anual.

2. - Recordo o Quartel de Santa Luzia com a piscina de águas tão espessamente esverdeadas que nada se via a dez centímetros de profundidade, o UDIB onde passavam filmes de cowboys, a Associação Comercial com os torneios de bridge e o naipe de restaurantes e cervejarias: o Café Portugal, o Zé da Amura, o Solar do Dez e o Grande Hotel. 

Neste pontificava o gerente, o senhor Marques, ziguezagueando por entre as mesas a cativar a clientela. O Jantar da Casa custava na altura 65 escudos e dava direito a repetir os pratos. Isto até o dia em que o Cunha Fernandes e o Taliscas, entretanto tornados clientes habituais, se sentiram acometidos por um apetite especialmente devorador. 

Cansado de ver passar travessas com repetição para a mesa dos dois alferes, o Marques decidiu interpelá-los. Delicadamente mas com inquebrantável veemência, fez-lhes ver que, embora fosse timbre do Grande Hotel a repetição dos pratos do Menu, fazê-lo tantas vezes era absolutamente incomportável. Os nossos alferes não se desmancharam. Deram-lhe razão e, daí para o futuro, de cada vez que iam comer ao Grande Hotel, mandavam servir quatro jantares da casa: tendo em conta o que comiam, ainda compensava largamente.

3. - Nada, mas nada, nos faz suspeitar de que um vulto negro está prestes a saltar para a picada para disparar uma granada de bazooka e sumir-se de imediato no arvoredo. Lançados ao chão pela violência da explosão, os homens da 1.ª secção mal têm tempo de ver o corpo do Galego revolutear no ar como um boneco de palha antes de cair inerme. Gatinhamos a procurar abrigo, enquanto o inimigo atira com meia dúzia de armas automáticas e as bazookadas explodem de cinco em cinco segundos. O sargento Serigado, a comandar o 1.º pelotão, faz manobrar os seus homens com uma calma olímpica.

Entretanto, a metralhadora da secção do André encravou. Da frente, reclamam aos gritos outra arma. Não decorreram sequer dez segundos quando o alferes Cunha Fernandes passa por mim acompanhado por um apontador de metralhadora do seu pelotão. 

Naquele exacto momento, nova bazookada estoira na árvore por cima de nós, partindo uma pernada que cai sobre o alferes e o soldado. Felizmente, os estragos resumem-se a uns míseros arranhões que não os impedem de se levantar rapidamente e de continuar a correr. Daí a pouco, já se ouve o rugir furioso da MG-42 na frente da Companhia.

4. - (Operação Ciclone II, 25Fev1968 no Cantanhez, a tal que destroçou por completo um bigrupo do PAIGC):

Entretanto, desembarcou o 4.º pelotão, do alferes Cunha Fernandes, um “maçarico” que em nada desmerecia dos “veteranos” e a quem mandei explorar a orla da mata para Leste, na direcção de Cafal, a fim de estabelecer ligação com a CCP 122.

Nuno Mira Vaz

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Notas do editor:

Vd. poste de 6 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23678: In Memoriam (454): Jorge da Cunha Fernandes (23/4/1942 - 02/10/2022), ex-Alf Mil Paraquedista da CCP 121/BCP 12 (Guiné, 1966/68) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18920: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXIX: Afinal o "Chez Toi" era o antigo restaurante e casa de fados "O Nazareno", que eu frequentei no meu tempo


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8

Guiné > Bissau > Virgílio Ferreira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Diomingos, 1967/69)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de  75 referências no nosso blogue.

Guiné - Portugal 67/69 - Álbum de Temas:

T009 – O ‘CHEZ TOI’ AFINAL ERA O ANTIGO RESTAURANTE E CASA DE FADOS ‘O NAZARENO’


I - Anotações e Introdução ao tema:

INTRODUÇÃO:

Vem este Poste comentar e tirar ainda algumas dúvidas do mal-afamado caso do ‘Chez Toi’ .

A reportagem do ano de 2011, que eu li agora do camarada Carlos Pinheiro, com 25 meses de Bissau (*), veio afinal desvendar alguns mistérios e dúvidas, que eu vou tentar acrescentar algo, com o meu tempo incomparavelmente inferior ao do Carlos, mas que também tenho algum contributo a dar, não me vou alongar, pois não é caso para isso.

Já li muita coisa sobre o Chez Toi, uma delas, um comentário que dizia que ficava numa Rua esquisita de má fama, e tinha uma Pensão, e outras coisas mais.

Partindo do princípio de que o Carlos Pinheiro sabe mais disto do que todos nós, e que se manteve em Bissau já passados uns anos após a minha saída, mantenho a minha versão que afinal eu não conhecia uma casa, boîte, cabaré seja o que for com este nome, aliás não havia casas nenhumas desta especialidade.

Então o Nazareno, restaurante e casa de fados, que era propriedade de um empregado da Casa Pintosinho, presumo que o Sr. Machado, que não deveria ter qualquer Cabo Verdiana por sua conta, isto é juntos, companheiros, amantes, pois que se for o Sr. Machado e julgo que deve ser, tenho esse pressentimento pois, como eu sou Machado também, ficou-me no chip este nome e a figura do homem.  [...] Pelo que sei é que ele não tinha mulher nenhuma e vivia lá há muitos anos.

Vamos então ao excelente comentário do Carlos Pinheiro, que praticamente já disse tudo, excepto que o Grande Hotel era o lugar por excelência em toda a Guiné, mesmo não sendo nada como o Polana em Lourenço Marques, era para aqui que vinha a malta toda da alta classe, as visitas importantes, os Comandos do QG, incluindo o Spinola, com quem tive o prazer de jantar na mesma sala no mesmo dia. Também no Solar dos 10 ali encontrei uma ou duas vezes o Spinola com convidados.

(i) O Carlos fala na Casa Santos e dos seus grandes bifes, que ficava na saída do QG! Não conheço e já agora teria interesse em saber. Tantas vezes eu vim do QG para Bissau e não me lembro desta afamada casa de comidas.

(ii) E o Bolola, pelo nome,  também não me diz nada, pode ser uma coisa mais recente.

(iii) A Casa Costa Pinheiro também pelo nome não vou lá, devia ser uma das muitas que faziam parte daquele ‘centro comercial’ da baixa de Bissau.

E agora vamos acrescentar alguns outros locais e sítios que não foram mencionados:

(iv) A Pensão da Dona Berta, ainda no mesmo quarteirão do Bento e da Gelataria, fui lá várias vezes e até tenho umas fotos lá no 1º andar.

(v) E o Stand da Peugeot com os seus carros e motas na montra, logo acima da Gelataria? Foi lá que comprei as minhas 2 motorizadas, e fiz a encomenda de um carro Peugeot, não sei qual, para levar a quando da minha saída, e que tanto prometi à minha então namorada, mas que depois não levei nada, pois devia ser complicado e dar trabalho para o transportar. Quando cheguei comprei o carro que estava na moda então, um Mini 1000.

(vi) Mais acima a caminho da Praça do Império, tínhamos do lado direito a Bomba de gasolina da SACOR, onde eu abastecia a minha motorizada, e até lá havia um mecânico que várias vezes fez umas reparações às motorizadas. Não me lembro dessa boba à saída de Bissau, deve ser mais recente para mim.

(vii) O Nazareno, se passou a ser a casa de má fama, Chez Toi, não é do meu tempo.

(viii) E a reportagem do Luís Graça passada lá, dá a entender que aquilo era mesmo mau, embora já tenha vindo à cena alguém dizer que nunca viu nada de especial.

(ix) Embora outro camarada, tenha dito que lhe doía a alma ver as raparigas ali fechadas na cave do estabelecimento. Outro também comentou que naquela Rua, dada a sua ligeira inclinação, os miúdos já praticavam as corridas nos carrinhos de rolamentos, que eu também tinha em criança.

(x) Pelas fotos anexas, e pelas muitas descrições já feitas, pode ver-se que o local não ficava em nenhuma zona de mau aspecto e de má fama, bem pelo contrário, era uma zona da parte nova e nobre de Bissau, onde mais tarde, 1984/85, lá vi instaladas as Embaixadas de Portugal e da França pelo menos.

(xi) As ‘Caves’ referidas, julgo tratar-se do Rés-do-chão da casa, como se pode ver nas fotos, a sala de jantar ficava no 1º piso, e tinha uma boa varanda para a rua e para as vistas, que eram excelentes, dado o contexto das outras.

(xii) O nome da Rua não sei, pode ser Arnauld Shulz ou Sá Carneiro, mas tenho a ideia que esta rua era uma perpendicular à Avenida do Império, ou andava por ali próximo, já um pouco afastada do ‘centro’ da cidade, desconheço os outros estabelecimentos que lá tinha, eu ia lá só para comer e beber.

(xiii) Faltaria ainda acrescentar às demais infraestruturas existentes, a Tabanca de uma amiga minha e depois lhe perdi o rasto.

(xiv) E temos de realçar as instalações do ‘600’ o Quartel onde ficavam instaladas as tropas que faziam a segurança ao Quartel General. Passei lá 2 meses a acertar as minhas contas.

(xv) E as magnificas instalações do Clube de Oficiais de Santa Luzia, não se pode deitar fora, era um oásis no meio do deserto, a sua piscina, a messe, os bares, as esplanadas, e até o Biafra que apesar de tudo não era assim tão mau.

Bom, quanto ao Chez Toi  está para já tudo dito, quem tiver mais que volte à carga.

Em, 2018-08-10


II – As Legendas das fotos familiares [, de 1 a 8].

F01 – Um jantar no Nazareno, em vésperas de Natal, Bissau, Dez 1967. Junto com o Furriel Riquito, camisa branca, e Alferes Verde, fardado. Era uma casa de fados também,

F02 – No restaurante e Casa de Fados ‘O Nazareno’ em Bissau, 23Dez67. Nesta foto estou sozinho, e não vejo imagens de mais ninguém que lá estivesse. Tem a data de 23 de Dez 67, e eu passei a véspera de Natal 67, de 24 Dez 67 em Nova Lamego, não há duvidas. A foto anterior poderá ser da mesma data, mas não parece. Devo ter embarcado nesse dia ou no seguinte no Dakota para Nova Lamego.

F03 – Na Varanda e esplanada do piso superior no restaurante ‘O Nazareno’ também com data na foto de Bissau, 23Dez67.

F04 – Novamente na esplanada-varanda do Nazareno, já passou o ano de 1968 e já estamos em 1969, não sei que data tem, pois são de slides e não tenho nada escrito. Pode ver-se que se trata de um lugar localizado em zona de bom aspecto. Bissau, 1969.

F05 – E nesta foto à porta do Nazareno, já se pode ver melhor o local, e agora também reparo numa ligeira inclinação da Rua e Passeio, onde os miúdos andavam de carrinhos de rolamentos. Continua a ser um local aprazivel, estamos na zona nova, Bissau 1969.

F07 – No Bento – 5ª Rep – porque era o local da ‘Contra Informação’ , onde todos sabiam e falavam de tudo, ao lado talvez de guerrilheiros do PAIGC ou familiares. Também se engraxavam os sapatos, não me lembrava antes de ver esta foto. Bissau, finais de 1967.

F08 – Na pensão da Dona Berta, um local privilegiado na Avenida do Império, a esplanada no 1º andar dava uma panorâmica de excelência. Bissau, Out/Nov de 1967.

Disse-me o meu amigo da CHERET, com quem estive na Quarta Feira dia 8 no Continente em Vila do Conde, encontramo-nos por acaso, eu e a minha mulher e ele e a sua nova companheira, mulher de estilo e bem apresentada, com os seus anitos. Conversamos de muitas coisas, que um dia vou falar quando voltarmos ao CHERET, mas não deixo de contar esta, que tem a ver com a foto. Foi aqui que ele esteve e o encontrei em Outubro de 67, na sua Lua de Mel.

Diz ele então que encontrou aqui um tal Mário Cláudio, que ele não conhecia (***), e que tinha recebido a visita da sua mãezinha que o veio ver, e aqui se encontraram. Mais tarde, muitos anos depois, já era o famoso escritor, e eles encontraram-se e falaram desse tempo. Estou a ler agora um livro dele, recomendado pelo meu amigo, mas é muito chato, tem palavras difíceis e algumas nem sei o significado, mas fica a ideia: ‘Os Naufrágios de Camões’.

F09 – Apresento a Suzi, uma moça que conheci na Piscina do Clube, nos primeiros dias em que cheguei à Guiné. Esta já é muito mais tarde. Bissau, Abril de 68.

Estamos a fazer exercício de barras, eu com os meus 47 kg fazia elevações até sempre.

Mando esta, das muitas, por causa da barra, pois o meu amigo CHERET – vamos chamar assim até ele me autorizar a dar o seu nome – contou-me há dias, que também fez exercícios na barra, só que ele com mais de 70 kg, a barra partiu, ele estatelou-se no solo e bateu com a coluna na beira de uma pedra, ficou paralisado, foi para o HM 241 esteva lá internado uns dias, e diz que ainda hoje sente dores na coluna devido a essa queda. Disse-lhe que ainda vai a tempo de meter um requerimento para uma Pensão de Invalidez, mas aquilo não foi em serviço, falta-lhe o nexo de causa-efeito, não há nada a fazer.

A Suzi era a filha do Coronel a quem foi dado o cognome de ‘O Lavrador’ pois era o responsável por toda a área do Clube e gostava de cultivar muitas coisas, nunca o conheci.

A Suzi, eu chamo-lhe a minha amiga, mas eramos apenas conhecidos, eu ia até a Piscina e ela estava lá sempre, por isso metemos conversa, mas sempre à distância. Nunca soube que o pai era o Coronel e Chefe lá do Clube, tenho muitas fotos com ela, em diversas alturas, mas acho que nem um cumprimento de mão demos um ao outro, para ela devia ser ‘mais um’ a tentar a sua sorte, mas nunca me passou pela cabeça nada a não ser o convívio e conversar, não sei a sua idade, mas vendo bem as fotos, e se aumentarmos o zoom em zonas pontuais, poderei concluir que ela teria os seus 15-16 anos, não sei, talvez.

Virgílio Teixeira, Em, 2018-08-10

(Faz hoje 49 anos da minha chegada a bordo do UIGE ao Cais de Alcântara, seguindo para Tomar, onde foi feita a parada militar pela cidade, dando assim por terminada a minha missão militar ‘Com Orgulho’.)

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«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

Caro Luís, conforme já tinha dito, e depois de ler já tanta coisa sobre este tema, resolvi escrever este relatório, para eventual Poste ou não, mas dar um contributo daquilo que eu tenho algum conhecimento, ou julgo que tenho. Alguém o dirá.

Mesmo em tempo de férias, a vida continua, e 'abortado' que foi o anterior Tema, vamos dar mais um pouco de algo para ler, e sonhar à sombra de um Poilão.

Um abraço,
Virgílio Teixeira
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(**) Vd. poste de 9 de agosto de  2018 > Guiné 61/74 - P18908: Estória de Bissau (20): A cidade onde vivi 25 meses, em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)... [Afinal o "Chez Toi" era a antiga casa de fados "Nazareno"...]

(***) Mário Cláudio, pseudónimo literário do nosso camarada e membro da nossa Tabanca Grande, Rui Barbot Costa [, nascido no Porto, em 1941, ex-alf mil, na secção de justiça, QG, Bissau, 1968/70, foto atual à direita], chegado até nós pelo braço de outros dois camaradas, o Carlos Nery e o saudoso João Barge (1944-2010)... Recorde-se que os três participaram num espectáculo teatral, inédito em Bissau, estreado em 5/4/1970: a peça de Ionesco, "A Cantora Careca", encenada pelo Carlos Nery.

O Mário Cláudio é hoje considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa. Sobre o seu último romance, "Os Naufrágios de Camões" (2017), ver aqui entrevista (polémica) que deu ao Diário de Notícias, em 13 de fevereiro de 2017.