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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27228: No 25 de Abril eu estava em... (41): Bissau, com mais seis "atiruenses" e uma metralhadora ligeira HK-21 a defender... a sede da PIDE/DGS (Abílio Magro, ex-Fur Mil Amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74)



HK 21 (Fonte: Wikipedia / Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)




 
1. Mais uma crónica deliciosa do nosso "mano" Abílio, Magro e Valente (ou, melhor Valente Lamares Magro... Ou tão só Abílio Magro, ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG (Cacine e Bissau, mar 1973 / set 74). Foi repescada da sua série "Um amanuense em terras de Kako Baldé" (2013-2016). Tem 75 referências no nosso blogue. E é nosso  grão-tabanqueiro, com muita honra, desde 2013. Nasceu em Porlalegre, vive em  Rio Tinto, Gondomar.

Perguntei-lhe há dias como é que estava... Respondeu-me com o seu saudável humor bem português: 

"Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas e a saúde a entrar nos eixos"....

Recorde-se que ele é o mais novo de seis irmãos que fizeram todos tropa e foram ao ultramar...  Formavam, o que ele chamava em 2013, a Companhia Magro: 

(....) "Quando inicio o CSM no RI 5, Caldas da Rainha, em abril de 1972, encontrando-se, nessa altura, a Companhia Magro assim distribuída: (i) Rogério Magro, que estivera em Angoka, e então na disponibilidade; Dálio Magro - Moçambique; Carlos Magro - Angola; Fernando e Álvaro Magro - Guiné; Abílio Magro - RI 5, Caldas da Rainha" (...)



No 25 de Abril eu estava em... Bissau, com mais seis "atiruenses" e um metralhadora ligeira HK-21,  a defender... a sede  da PIDE/DGS 

por Abílio Magro



No dia 25 de Abril de 1974, logo pela manhã, com uma molhada de documentos debaixo do braço, dirigi-me como de costume, à repartição que possuía o selo branco do CTIG (1ª ou 2ª, já n´~ao me lembro) a fim de o apor, nas assinaturas do brigadeiro Alberto da Silva Banazol, comandante do CTIG.

Esta repartição era chefiada por um major do SGE, já de meia-idade e de quem também já não me recordo o nome.

Eram talvez 9h30 da manhã, estava eu muito entretido a "trincar" o Banazol com o selo branco e entra o capitão Cirne (julgo que miliciano) e, virando-se para o major, de braços abertos e punhos cerrados "grita", mais ou menos em surdina:

− Vive la revolution, vive la revolution!

E continua:

 O Marcelo refugiou-se no Quartel da GNR, no Carmo, e está cercado pela tropa!

Claro que orientei logo as "antenas" para o capitão Cirne e aguardei o desenvolvimento da conversa, mas este deitou-me um olhar que transparecia alguma felicidade, mas algum receio também, e diz:

− Furriel ...!  − como quem diz:  Tem lá calma, pá,  e vê lá o que vais para aí espalhar!.

A conversa pareceu-me ter alguma consistência e como, umas semanas antes, tinha havido aquele episódio da coluna das Caldas da Rainha que avançara sobre Lisboa, fiquei intrigado e, na CSJD tratei de contar aos meus camaradas o que tinha ouvido e aguardar algum "feedback".

Nessa altura já o tal 1º sargento, a quem o major Lobão chamava de "Gebo", tinha terminado a comissão e tinha sido substituído por um 1º sargento que usava sempre chapéu de pala. Em 18 meses de Guiné, julgo nunca ter visto nenhum militar do Exército usar chapéu de pala.
 
O homem tinha mesmo queda para polícia e, tendo ouvido o meu relato, tratou logo de dizer:

 − Tenha cuidado com o que anda para aí a dizer, que ainda pode ter chatices.

Claro que eu traduzi para:

− Põe-te a pau que eu conheço uns gajos na PIDE e não tarda nada vais até Guiledje tomar conta daquilo sozinho!

Enfiei a viola no saco.

Entretanto o PIFAS  (Programa de Informação das Forças Armadas, julgo que era assim) dedicava-se à música sinfónica, o que fazia pensar que efetivamente havia qualquer coisa no ar, embora ainda se tivesse ouvido, nesse dia, um discurso qualquer do Ministro dos Negócios Estrageiros, o Dr. Rui Patrício. Mas, pasmem-se, também se ouviu, aqui e ali, alguma música do Zeca Afonso! Das mais suavezinhas, é certo, mas...

−Alto lá, que aqui há coisa!

Aguardávamos com alguma ansiedade pela hora do almoço, altura em que o PIFAS transmitia um serviço noticioso mais elaborado.
 
Na messe de Sargentos havia uma aparelhagem de som com várias colunas espalhadas pelo recinto:  bar, esplanada e sala de jantar.
 
Na sala de jantar as mesas eram para 4 pessoas e, embora não houvesse lugares marcados, os "habitués da casa" sentavam-se sempre nos mesmos lugares.

Numa mesa à minha direita, com outra de permeio, sentavam-se quatro camaradas sui generis, já que dois deles eram completamente fanáticos pelos seus clubes (um do Belenenses e outro do Sporting) discutindo constante e acaloradamente sobre futebol e, os outros dois, aguentavam impávidos e serenos.
 
O fanatismo era de tal ordem que, tanto um como outro, chegavam ao ponto de relatar com algum pormenor a vida dos futebolistas do seus clubes (onde e quando nasceram, onde moravam, que clubes representaram e em que ano, etc., etc.) numa demonstração de grande cultura futebolística.

Pois,  naquele dia 25 de Abril de 1974, à hora do almoço, quando toda a gente, em silêncio, aguardava com alguma ansiedade novas de Lisboa sobre o que por lá estaria a passar-se na realidade, estavam aqueles dois "fabianos" em acesa discussão acerca, provavelmente, da cor das cuecas que determinado jogador usou no jogo tal, marimbando-se completamente para o que se estava a passar na Capital do Império!

Nesse dia foram-se adensando as suspeitas de que algo de importante se estaria a passar em Lisboa. Aos poucos as notícias foram chegando, mas nada de oficial. Eram transmitidas de boca em boca e, nessa situação, não havia que fiar e continuava-se a combater no mato.

O brigadeiro Alberto da Silva Banazol estaria a banhos na ilha de Bubaque, mas tardava em aparecer.
O general Bettencourt Rodrigues nada dizia.

Começa a "boatice". Que houve um golpe de Estado liderado pelo gen Spínola..., que o gen Bettencourt estava contra..., que íamos ficar sem reabastecimentos de Lisboa..., etc., etc..

Baixou a qualidade da alimentação... Faz-se um levantamento de rancho... Fazem-se reuniões por tudo e por nada... A confusão é mais que muita...

O brig Banazol desaparece... O QG/CCFAG, a Amura,  é cercado e o gen Bttencourt, na manha~de 26 de Abril, é preso.

Em Bissau os estabelecimentos são pilhados... É reforçado o patrulhamento nas ruas... A sede da PIDE em Bissau corre perigo ...

Sou escalado para sargento de piquete e, à noite, põem-me uma HK-21 nas mãos e a respectiva fita de balas... Não sei o que hei-de fazer com aquilo... Mandam-me com mais 6 homens fazer segurança à PIDE/DGS... Eu sou amanuense, mas ninguém quer saber... Eu também já não quero saber... Só quero é que ninguém me chateie...

E lá vou eu!

Coloco o pente de balas ao pescoço e cruzo-o no peito, qual Pancho Villa liofilizado. Seguimos de Unimog em direcção ao objectivo, a sede da PIDE/DGS, em Bissau.

Lá chegados, havia que montar o dispositivo de segurança... Começam os problemas... Nas Caldas da Rainha tinha tido uma formação em HK-21 de cerca de ... 10 minutos e recordava-me bem de como colocar a arma com o tripé no chão, mas como se metia a fita, aí é que já era pior..., tinha-se-me varrido completamente.

Um homem nunca se atrapalha:
 
 Há aqui algum atirador?
 
− Eu sou!  − responde alguém.
 
 − Então monta lá isso e anda para aqui!


O equipamento estava montado no meio da ruela que passava por detrás da DGS. Havia agora que colocar estrategicamente o pessoal, e assim fiz:
 
 − Sentem-se aí nesse canto e façam pouco barulho... (estratégia para não espantar a caça).

Entretanto, como já me estava a dar o sono por ouvir ressonar, levantei-me e fui andar um pouco para perto da HK, não fosse alguém a "gamar", e vi uma caixa de papelão que me deu uma ideia genial!

A HK ali sozinha, montada no chão, não fazia muito sentido. Era conveniente pôr lá um homem a apontar para qualquer lado (o factor psicológico é muito importante nestas ocasiões). Como a arma me tinha sido entregue a mim, parecia-me óbvio que o homem seria eu. Mas eu sou pacifista e, além disso, tinha de me deitar no chão e ia sujar-me todo naquela terra barrenta.

Desfiz a caixa de papelão e fiz uma espécie de tapete que coloquei atrás da HK.. Chamei o atiruense  e disse-lhe para se deitar que a cama já estava feita.

E ali estava, em todo o seu esplendor, uma segurança com preocupações estéticas, de higiene e de conforto.

E foi neste quadro burlesco que a força que nos veio render nos encontrou, às 4 horas da madrugada, não se tendo registado qualquer incidente.

(Revisão / fixação de texto, título: LG)
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Nota do editor LG:


domingo, 25 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26843: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte IV: Na Repartição de Autos Víveres, tenho de assinar o ponto todos os dias, trabalha-se das 8h00 às 12h30, e das 15h00 às 18h30, sábado e domingo de manhã... "Estamos em guerra, até em Bissau", dizem-me!...

Fotoo nº 1 > Exemplar de aparelho de rádio que era oferecido à população no âmbito das políticas "Por uma Guiné Melhor». Estava sintonizado para o PIFAS,,,




Foto nº 2 > O "Pifas", a popular mascote do Programa das Forças Armadas

(Cortesia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
 


1. Mais alguns extratos das "Recordações de um Furriel Miliciano, Guiné -1973/1974" (*)
 





O Carlos Filipe Gonçalves, Kalu Nhô Roque (como consta na sua página no facebook): (i) nasceu em 1950, no Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde; (ii) foi fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74; (iii) ficou em Bissau até 1975; (iv) radialista, jornalista, historiógrafo da música da sua terra, escritor, vive na Praia; (v) membro da nossa Tabanca Grande desde 14 de maio de 2019, nº 790; (vi) tem 2 dezenas de referências no nosso blogue.(*)
 

(...) "Convém alertar neste ponto, que todas as citações, indicações na gíria militar e documentação referida nos textos (já publicados e a publicar) beneficiam de uma 'Nota de Rodapé' explicativa, mas, infelizmente a formatação de textos no Facebook não aceita essa modalidade gráfica. 

"Os textos integrais e respetivas notas estarão disponíveis numa eventual edição do livro em papel, o que dará aos leitores uma outra perspetiva das descrições e personagens. 

"Continuação, pois, das minhas impressões, no primeiro dia da minha apresentação na Chefia dos Serviços de Intendência (Chefint),  situada no Batalhão da Intendência (Bint), no perímetro de Santa Luzia, onde estão o QG e outras infra estruturas." (...)




Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) (*)

Parte IV:   Na Repartição de Autos Víveres, tenho de assinar o ponto todos os dias, trabalha-se das 8h00 às 12h30, e das 15h00 às 18h30, sábado e domingo de manhã... "Estamos em guerra, até em Bissau", dizem-me!...



Ainda na Repartição de Autos Víveres (…),  fico a saber que tenho de assinar o ponto todos os dias à entrada e saída e que os horários de trabalho nos períodos da manhã (das 8h00 às 12h30) e à tarde (das 15h00 às 18h30) contam com mais uma hora do que o normal na metrópole... 

Sábados, trabalha-se de manhã, folga-se à tarde… Logo me dizem que também se trabalha aos domingos de manhã entre as 10 e o meio-dia. Folga? Só no domingo à tarde. 

Penso com os meus botões: isso é de arrebentar uma pessoa! Vendo o espanto na minha cara, explicam: 

“Temos de estar sempre operacionais, porque estamos em guerra! Bissau é também uma zona operacional!”

Pouco depois é hora de saída, vamos ao almoço na messe, onde há muita conversa e movimentação. Entra-se no refeitório, escolhe-se um lugar vago e sentamo-nos à mesa, já lá estão os pratos e talheres, a comida, o vinho, uma garrafa de água e um «balde de gelo», verifico depois que é «fundamental»! Os veteranos enchem os copos com o gelo para refrescar o vinho! 

O calor é intenso, sempre acima dos 33 graus de dia, à noite a temperatura desce um pouco, mas não se nota. Devido ao calor e humidade, ando sempre encharcado em suor, pois acabo de chegar, vindo do frio da metrópole. 

Tenho sempre sede e quanto mais bebo… mais sede tenho! Os ventiladores no teto não criam nenhum efeito de frescura, só roncam e movimentam o ar quente. Mas, a ventoínha é um utensílio que ninguém dispensa, por isso, também comprei uma no bar da messe, que tem quase tudo o que se precisa a preços módicos… 

Nos quartos, todos têm um ventilador que colocam na parede por cima da cabeceira da cama, explicam os veteranos é para evitar a projeção do ar diretamente no corpo… porque já houve paralisias de braços devido à incidência direta do ar do ventilador, noite inteira!

Chama-me atenção e vai marcar a minha rotina de todos os dias a difusão das emissões da rádio na esplanada da messe. Ouve-se o PIFAS, Programa das Forças Armadas,  que antecede o jornal da tarde às 13 horas em direto da Emissora Nacional em Lisboa. O PIFAS é um programa do Comando-Chefe, dizem-me, produzido pelo Departamento APSIC (Acção Psicológica).

“Na Guiné existe apenas uma emissora de rádio, prolongamento da Emissora Nacional. É divertida, tem anúncios locais, passa discos pedidos, ação psicológica, etc.” recorda o ex-militar António Graça de Abreu. 

A partir das 11 da manhã, começava o PIFAS, um programa de altíssima qualidade com muita animação e informação, transmite muita música Pop, os últimos sucessos em Portugal e na Europa! 

A malta em Bissau escutava nas repartições; eu, como ainda não tinha rádio, só ouvia depois do meio-dia, na esplanada da messe. Os discos pedidos eram o prato forte, mas havia também falatório sobre os mais diversos assuntos, notícias do mundo da música, cinema, etc. Recebia, muitas cartas, todas de militares espalhados pelo mato, em lugares com nomes esquisitos. 

Este programa de rádio tinha um boneco que o personificava/simbolizava (hoje diz-se marketing/ merchandising) sob a forma de um repórter, fardado de camuflado e microfone em punho, chamado Pifas! Era distribuído como prémio de concursos e a ouvintes com envio assíduo de cartas, ou por simples cortesia.

Depois do noticiário das 13:00 da Emissora Nacional, em direto de Lisboa, toda a malta recolhe para a sesta. No pavilhão metálico onde estou alojado, o calor é insuportável, impossível tirar uma soneca. 

Nesta altura, toda a instalação de Santa Luzia, é invadida, pelas lavadeiras! Batem à porta, para fazer a entrega da roupa lavada e tomar a roupa suja, há muita conversa, discussões sobre tal peça que desapareceu, ou não está bem lavada… enfim! 

Pouco depois estamos todos a caminho das repartições, verifico que há outras centenas de civis também a caminho, eles trabalham nas diferentes repartições e serviços deste complexo militar onde fui colocado. Homens e mulheres, civis guineenses, trabalham como datilógrafos, arquivistas, escriturários, etc. Espalham-se pelas salas juntamente com os militares. 

Compreendo agora a tal falta de pessoal militar, que o tenente-coronel apontou quando me apresentei; imagino também que é uma forma de se dar trabalho às pessoas. Soube depois que a utilização de civis na tropa é uma consequência da política «Por Guiné Melhor» lançada pelo general Spínola, que consiste em trazer bem-estar às populações, dar emprego, acesso aos serviços de saúde, acesso a toda a espécie de benefícios…

A rádio tem um papel importante e integra-se nas acções desenvolvidas nesta política, como recorda o ex-militar Miguel Pessoa: “uma das acções desenvolvidas era a sensibilização da população através da distribuição de rádios (recetores).” E chama então atenção para o seguinte pormenor: 

“O mais curioso daquele rádio (o recetor distribuído) é que o sintonizador rotativo estava naquele caso particular (não posso garantir que fosse em todos) colado na frequência do Pifas, o que impedia a sintonia do aparelho noutras emissões menos favoráveis às nossas cores...” 

Mas, rapidamente esse «bloqueamento» era desfeito e sintonizavam outras rádios como a «Maria Turra»,  nome pelo qual é conhecida entre a tropa portuguesa a Rádio Libertação do PAIGC. 

Um outro militar diz: 

“Lembro-me bem desses rádios que foram distribuídos a elementos da população do Dulombi e que eles se passeavam com os ditos (rádios) aos domingos, pela área do quartel.” 

Convém notar que na época, o «regime colonial» procurava impedir por todos os meios que a população e a tropa ouvissem a «propaganda» da Rádio Libertação do PAIGC.


(Revisão / fixação de texto: LG)

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sábado, 22 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26606: Desaparecido do nosso radar (2): Silvério Dias, o "senhor PIFAS!



A mascote do Programa [de Informação]  das Forças Armadas (PIFAS), da responsabilidade da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica. Autor (até à data) desconhecido.  Imagem cedida  pelo nosso camarada Miguel Pessoa, cor pilav ref (ten pilav, Bissalanca, BA 12, 1972/74). 



1. Publicou há dias o Manuel Resende na página do facebook da Magnífica Tabanca da Linha > 6 de março às 17:34 

Caros Magníficos, já procurei em tudo onde podia estar o nosso Magnífico, e não o encontro. 

Alguém sabe dele? 

Mora(va) em Oeiras, o telefone está desligado, já contactei alguém da Biblioteca de Vila Velha de Ródão, onde ele era colaborador e natural, e ninguém sabe dele. 

Silvério Dias

Tinha um blog "Poeta Todos os Dias", desactivado desde finais de 2023. Disse-me ele, "Manel,  publico todos os dias alguma coisa em verso até morrer".

O seu nome é Silvério Pires Dias.

Se alguém souber algo sobre ele, diga.



2. Comentário do editor LG:

O nosso camarada o Silvério Dias, 1º srgt ref, ex-radialista do PIFAS, grão-tabanqueiro nº 651 (*),  é um cso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade"...

Mas também deixei, infelizmente, de ter notícias dele (**), depois do último convívio da  malta do Pifas no "Páteo Alfacinha", em Lisba, em 9/9/2023, com a presença do general Ramalho Eanes (***).

Tinha então 89 anos completados em 18 de agosto. Ainda me desafiou para aparecer, o que não me foi possível por estar fora de Lisboa. Um das últimas vezes que o vi, erá sido em Oeiras, em 2017.



Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Recorde-se aqui, muito sumariamente,  o  percurso de vida do nosso camarada Silvério Dias: 

(i) nasceu em 19/8/1934,  em Sarnadinha, Vila Velha de Ródão  

(ii) como militar passou pela Índia, Moçambique e Guiné (ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69):

(iii) 1º srgt art, locutor do PFA - Programa das Forças Armadas, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ramalho Eanes e Otelo, entre outros; 

(iv) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau; 

(v) 1º srgt art ref, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas',  vivia em Oeiras até finais de 2023;

(vi) editou, até 26/11/2023,  o  blogue "Poeta Todos Dias"  (criado em 2011 e onde todos os dias, publicava um, dois, três, quatro , cinco ou seis apontamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano, e suas memórias de militar);

(vii) teve, até então, cerca de 526,5   mil vizualizações de páginas;

(viii)  apresentou  na Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão em 23 de março de 2017 o seu livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017); 017, o seu livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017) (,

(ix) é membro da Tabanca Grande desde 24/3/2014; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue.

Se alguém tiver notícias do Silvéro Dias, que partilhe connosco.

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12894: Tabanca Grande (430): Silvério Dias, 1º srgt art ref, o senhor PIFAS, e "poeta todos os dias!...Nove anos de permanência em terras guineenses, incluindo uma comissão na CART 1802 (Nova Sintra, 1967/69)... É agora o grão-tabanqueiro nº 651

(**) Último poste da série > 3 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22168: Desaparecido do nosso radar (1): António Duarte de Paiva, ex-sold cond ambulâncias, HM 241, Bissau, 1968/70

(***) Vd. poste de 9 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24636: Convívios (972): Almoço/Convívio do pessoal do Programa das Forças Armadas da Guiné (PIFAS), hoje, 9 de Setembro de 2023, com a presença do senhor General Ramalho Eanes (João Paulo Diniz)

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25734: In Memoriam (506): Armando Carvalhêda (1950-2024), "um senhor da Rádio", que passou pelo Programa das Forças Armadas da Guiné, o "PIFAS", entre Abril de 1972 e Setembro de 1973, morre aos 73 anos (Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS - TSF)

IN MEMORIAM


ARMANDO CARVALHÊDA (1950-2024)


1. Mensagem do nosso camarada Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS, TSF  (Piche e Bissau, 1970/72), com data de 10 de Julho de 2024:

Caros amigos,

Fiquei surpreendido pela notícia do falecimento deste nosso "camarada da Guiné" que esteve em Gadamael e depois no PIFAS.

Como radialista foi um grande divulgador da música portuguesa.

Não pertenceu ao nosso Blogue por incompatibilidades com outra pessoa.
Se acharem que é pertinente, podem usar, no todo ou nas partes que melhor considerem.
Se acharem que não tem cabimento ou tem pouco, pois então arquivem...

Abraços
Héder Sousa



SOBRE O ARMANDO CARVALHÊDA

Como já se devem ter apercebido, faleceu o Armando Carvalhêda1, nosso camarada da Guiné, que teve alguma notoriedade no PIFAS.

Natural de Almada, passou a infância e juventude em Setúbal. Teve a sua primeira experiência radiofónica na primeira rádio-pirata nacional, o Rádio Clube de Alcácer do Sal, onde esteve em 1967.

Foi mobilizado para a Guiné, colocado em Gadamael mas depois foi cooptado para O PIFAS.
Quando voltou acabou por integrar a Emissora Nacional e já mais recentemente dava corpo a um notável programa de defesa e divulgação da música portuguesa, designado por “Vivá Música”.

Amigos comuns aqui de Setúbal, que com ele partilharam aulas no então Liceu de Setúbal, recordaram-me que, para além de excelente amigo era um brincalhão compulsivo.

Entre várias peripécias, mais ou menos divertidas, contaram-me uma que se passou na época de Carnaval, em que o bom do Armando resolveu colocar várias “bombinhas de carnaval” numa sanita da Escola e, claro está, o excesso fez rebentar aquilo. Contactado o pai (naqueles tempos havia essa noção de responsabilidade…) para que a situação fosse reposta, o Armando foi “aconselhado” pelo pai a transportar a nova sanita às costas desde o local da compra até ao Liceu (cerca de 400 metros), o que ele fez perante o divertimento do pessoal discente, principalmente o feminino.

O Armando era também conhecido do “nosso outro Armando”, o Pires.

Tentei que entrasse ou colaborasse com o nosso Blogue, conforme podem apreciar na troca de mails que tivemos, mas o seu (dele) desentendimento com um outro elemento do PIFAS não lhe permitiu.


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2. Mail que enviei a 06/03/2012

Boa noite!

Peço desculpa duma intromissão deste tipo mas estou como uma curiosidade que não consegui conter.

E curiosidade sobre quê? Bem, sempre que me desloco de carro e como tenho quase sempre sintonizada a "Antena 1", ouço muitas vezes programas do "Armando Carvalhêda" e dou por mim a pensar: "será que eu o conheço?"...

É que tenho ideia de haver um "Armando Carvalhêda" que trabalhou na "Rádio Azul", em Setúbal e também em outros locais aqui à volta de Setúbal, onde vivo, e com o qual já tive contactos. E acresce ainda que esse mesmo "Armando" foi meu contemporâneo na Guiné, em Bissau, e era conhecido dum camarada meu aqui de Setúbal, chamado Nelson Batalha.

Acontece ainda que estou 'associado' a um blogue de pessoas que estiveram na Guiné, a que chamamos "Tabanca Grande", promovido por um tal Luís Graça, professor na Escola Nacional de Saúde Pública, podendo também ser encontrado por "Luís Graça e Camaradas da Guiné" e acontece ainda também que, por estes dias, nesse blogue têm passado muitas recordações sobre um programa que por lá havia, o PFA (programa das Forças Armadas), mais conhecido na gíria por PIFAS.

Recordação atrás de recordação, veio inevitavelmente à baila o nome do João Paulo Diniz e também apareceu citado o "Armando".

Acresce que o JPDiniz, alertado pelo Joaquim Furtado sobre a existência do Blogue, foi lá espreitar e já entrou em contacto connosco propondo-se até para participar no nosso Encontro, o VII, que terá lugar em Monte Real em 21 de Abril.

Por isso, meu amigo, se for o "Armando " errado, peço desculpa pela intromissão e pelo atrevimento.

Se for o "Armando" certo, fico muito satisfeito e mais ficarei se houver 'volta do correio'.

Com consideração
Hélder Sousa


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3.
Mail recebido a 07/03/2012

Olá Hélder,
De facto sou eu mesmo esse tal Armando Carvalhêda. O que esteve no PFA na Guiné; o que passou em dois momentos diferentes pela Rádio Azul; e, ainda antes de tudo isto, o que estudou no Liceu de Setúbal e no Externato Frei Agostinho da Cruz; o que, enquanto estudante, ajudou a fazer (e a desfazer…) em 66/67, o Rádio Clube de Alcácer do Sal – RCAS.Emissor 225.

É assim: acabamos sempre “descobertos” e chamados a “prestar contas”…

Um abraço do
Armando Carvalhêda
Direção de Programas Rádio
armando.carvalheda@rtp.pt


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4. Mail enviado a 12/03/2012

Ora então, muito boa tarde, ou melhor, boa noite! e... "VIVÁ MÚSICA!"
Armando, foi com bastante emoção que vi e li a tua resposta ao meu mail 'exploratório'.
E antes de continuar quero-te pedir desculpa por não ter reagido logo de imediato, mas tive um problema com o carro e outras coisas e só agora estou então a dar seguimento.

Pronto, 'foste descoberto', como dizes. Bem que tinha 'quase' a certeza que eras tu mas como já passou tanto tempo podia ser mais a vontade que fosses e não estava a querer 'dar barraca'.
De facto essa tua frequência do Liceu de Setúbal é que te deve ter dado o conhecimento do Nelson Batalha ("o Nelsinho de olho azul, o menino-bonito do Bairro da Conceição", como ele costumava dizer, e que casou com a namorada de sempre, a Zezinha, filha do Chico Primo, grande jogador do Vitória).

Na época eu não tinha relação com Setúbal, vivia em Vila Franca de Xira, só vim para cá 2 meses antes de 25 de Abril de 74 e foi portanto com o Nelson e através dele que eu estive contigo em Bissau algumas vezes. Nós pertencíamos às Transmissões, fizemos o curso do STM juntos, ele foi para Catió onde foi ferido e eu fui para Piche. Depois regressámos a Bissau e fomos integrar e desenvolver a "Escuta" donde enviávamos trabalhos para a ACAP, entre outras coisas.
Entretanto tenho também a ideia, como já disse, de ter estado posteriormente contigo na "Rádio Azul" e não sei ao certo mas talvez também na "Rádio Pal" ou qualquer coisa assim, nuns programas de divulgação de empresas de região, mas posso estar a fazer confusão.

Como te disse antes, o João Paulo Diniz, informado pelo Joaquim Furtado, consultou o tal Blogue de que te falei, quando na semana passada se fizeram vários 'post' e comentários sobre o PFA ou "PIFAS" como a malta mais genericamente se referia ao programa, e entrou em contacto através dos endereços que lá estão sendo que já se inscreveu para participar no nosso VII Encontro a ocorrer em Monte Real no sábado 21 do próximo mês de Abril. Muito sinceramente gostava de te ver por lá e acho até que seria muito engraçado e curioso essa 'reedição' do JP Diniz e Armando Carvalhêda. Tenho a certeza que muitas lágrimas furtivas haveriam de afluir a muitos olhos...
Entretanto, para não te maçar com estes revivalismos, fico por aqui.
Quando quiseres e tiveres paciência responde e diz qualquer coisa.

Um forte abraço
Hélder Sousa


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5. Mail recebido a 13/03/2012

Olá Hélder,

Pois é… como se vê, cada vez menos, é impossível viver isolado e passar despercebido. Neste caso, é saudável e permite retomar memórias que habitam as zonas mais “adormecidas” do nosso cérebro.
Não sei o que é feito do Nelson, meu companheiro do Liceu e do Colégio, mas também meu vizinho – visto eu ter morado perto de sua casa no Bairro da Conceição – e ainda companheiro de músicas. Ele tocava teclados e eu tinha a mania, entre outras, que tocava bateria. Depois dessa vivência conjunta em Setúbal, reencontrámo-nos em Bissau.

Andava eu a dizer mal da minha vida, após ter desembarcado e sido “abandonado”, aguardando colocação – viria a sair-me em sorte a “bela estância turística” de Gadamael –, encontrei o Nelson que me proporcionou um luxo verdadeiramente principesco: um duche numa vivenda que ele tinha alugado com outros companheiros de Transmissões, ali para os lados do QG.

O que um e-mail pode espoletar…

Já agora, fui de facto contemporâneo do J. Paulo Diniz no PFA mas, ao contrário das boas recordações que o Nelson me suscita, em relação a ele nada de bom retenho. São, enfim, histórias antigas, e algumas até dolorosas, já com quatro décadas de “pó” acumulado nas prateleiras da memória.

Um abraço grande do
Armando Carvalhêda


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6. Mail enviado a 26/03/2012

Olá, Armando!

Retomemos então as nossas informações e memórias.

Começo por te agradecer o que escreveste, que me avivou ainda mais a memória e, sem nostalgias, ajuda a recarregar baterias.

Falo agora do Nelson.Pois o nosso amigo Nelson, mercê da nossa vivência, amizade e companheirismo, acabou por ter bastante influência no facto de eu ter vindo trabalhar para a Sapec e viver em Setúbal. Eu sou 'produto' da margem norte do Tejo. Nascido numa aldeia perto do Cartaxo, Vale da Pinta mais exatamente, mas logo com 3 meses a seguir para Vila Franca de Xira onde bebi toda a formação que aquela boa terra me foi capaz de possibilitar e eu de absorver.
O Nelson e a mulher, a namorada de sempre, a 'Zezinha' filha do Xico Primo, acabaram por ser os meus padrinhos de casamento, melhor dizendo, da cerimónia religiosa ocorrida em 1998, já que o casamento civil ocorreu em 1972 quando ainda estava na Guiné.~

Referiste o 'banhinho' que te proporcionaram lá numa vivenda.... tudo certo, apenas que não era uma vivenda alugada pelo Nelson e amigos mas sim alojamentos proporcionados pelo Agrupamento de Transmissões a sargentos e furriéis. Se te conseguires lembrar e visionar era um conjunto de três edifícios separados, cada qual com três fogos. O fogo do meio, do edifício do meio, era onde funcionava a "Escuta", onde na ocasião o Nelson, eu e mais uns quantos desempenhávamos funções. Olhando da estrada de acesso ao conjunto para a frente desses edifícios, o fogo à direita da "Escuta" era onde, num dos três quartos que cada fogo possuía, eu e o Nelson tínhamos o nosso poiso. Portanto, na época, o quarto tinha dois ocupantes, eu e ele (e umas osgas, e baratas e mosquitos, e...).

Dos conhecidos do Nelson, aqui de Setúbal, para além é claro, também estive lá com um tal João, sobrinho do 'Isidro dos frangos' mas lembro-me de pouco. Ele também me falou de um tal Pedro 'qualquer coisa', também morador no Bairro da Conceição, salvo erro na Av. Jaime Cortesão, que vai dar lá abaixo ao Quebedo e que o pai dele era (ou foi depois) diretor da Alfândega. Para não falar do Vítor Raposeiro, que ele chamava de Vítor 'Caniços' e que era guitarrista num dos conjuntos que havia na época e que foram aos 'concursos yé-yé'. Sei que também foste colega do António Justo Tomaz, que também esteve na Guiné e que foi requisitado para a Câmara de Bissau e mais tarde Presidente do Vitória.

Do Nelson posso falar-te de mais coisas com amizade, respeito, consideração, pois tenho muitas histórias dele e/ou passadas com ele.

O problema é o Nelson atual e foi por isso que demorei mais tempo a responder. Vacilei em dar-te as notícias mas agora acho que as coisas são como são e há que falar francamente. O nosso amigo Nelson está com um problema de 'alzeimer', que se tem vindo a agravar progressivamente e agora está muito complicado. Quando falamos com ele, às vezes lembra-se, outras não, e o tipo de linguagem é quase só 'pois, pois, pois', 'o dinheiro, pois, pois, o dinheiro' (está a chamar dinheiro a tudo por lhe faltar o vocabulário).

 Isto custa-me muito, a impotência de fazer qualquer coisa, está a rebentar com os nervos dos familiares, como calculas. Já não estou com ele há mais de um mês, embora telefone com regularidade a saber dele.

Enfim, amigo, uma nota triste, mas achei preferível dar-te conhecimento.

Agora, um outro assunto. Com que então Gadamael... não podias ter tido melhor sorte... local arborizado, perto dum rio, com muito fogo de artifício, nada de monotonias.... quando hoje se conta um bocadinho dessas autênticas epopeias a malta nova não acredita e pensa que se está a exagerar. Enfim, espero que não tenham que passar por nada semelhante.

Relativamente ao resto.... pois, sendo uma coisa que não te é agradável, não falo disso. Apenas gostava que desses então uma olhadela no tal Blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné" (ou então procura por "Tabanca Grande") e diz-me qualquer coisa. O meu interesse é que gostava de ter alguma intervenção tua em termos de recordação da tua participação na Guiné (em geral, ou no PIFAS em particular, se possível). Isso pode ser entrando diretamente em comunicação para o Editor de acordo com os endereços lá disponibilizados ou então para mim que posso veicular, já que sou um "colaborador permanente".

Já agora, que estou numa de escrever... talvez pudesse ser para ti uma proposta de trabalho ires repescar o que fazem (individualmente ou ainda como grupo) as várias 'bandas' ou conjuntos desses tempos dos concursos no Monumental...

Um forte abraço.
Hélder Sousa


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7. Mail enviado mais tarde, a 07/12/2015

Meu amigo Armando
Aqui te envio um texto (um 'post') saído na passado sábado no Blogue de que te já falei, "Luís Graça e Camaradas da Guiné". (trata-se do “post” 15449).

É a propósito da tua intervenção no programa das músicas do tempo da guerra, do Marinho.
Vê se gostas.

Acho que está bem...

Abraço
Hélder Sousa


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8. Mail recebido a 09/12/2015

Olá Hélder,

É sempre bom recordar momentos marcantes da nossa vida. E como a Guiné nos marcou a todos…
Obrigado pelo que escreveste sobre o que tem sido o meu percurso profissional.

Um abraço forte do
Armando Carvalhêda
Antena 1


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Depois disto não houve mais troca de mails.

Cheguei a tentar combinar com o Armando Pires aparecer num dos programas ao vivo do “Vivá Música” mas por diversas razões nunca aconteceu.

Hélder Sousa
Fur Mil Transmissões TSF

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Notas do editor:

[1] - Vd. post de 5 DE DEZEMBRO DE 2015 > Guiné 63/74 - P15449: O PIFAS de saudosa memória (19): O Armando Carvalhêda no programa "Canções da Guerra", do Luís Marinho, na Antena Um: "O PIFAS, o Programa das Forças Armadas, era mais liberal do que a Emissora Nacional"...:

1. O Armando Carvalhêda é outro dos grandes senhores da rádio (*) que passou pelo Programa das Forças Armadas, o popular PIFAS, entre abril de 1972 e setembro de 1973, conforme ele recorda em conversa com o Luís Marinho, no programa da Antena Um, Canções da Guerra. O seu depoimento pode ser aqui ouvido, em ficheiro áudio de 4' 55''.

Segundo o Armando Carvalhêda, o PIFAS, transmitido pela Emissora Oficial da Guiné, era "mais liberal" do que a estação oficial, transmitindo canções de "autores malditos", como José Mário Branco, Sérgio Godinho ou Zeca Afonso, que não faziam parte da "playlist" (como se diz agora) da Emissora Nacional, em Lisboa.

Eram os próprios radialistas, os locutores de serviço, jovens a cumprir o serviço militar e coaptados para a Rep Apsico, para o Serviço de Radiodifusão e Imprensa, que faziam "a pior das censuras", que era a autocensura...

O Armando dá um exemplo, com o LP do José Mário Branco, "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" (que tinha sido editado em Paris, em 1971)... Havia um consenso tácito sobre algumas músicas que não deviam passar no PIFAS. Neste LP, era, por exemplo, o "Casa comigo, Marta!"...


Último post da série de 5 DE JULHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25718: In Memoriam (505): A. Marques Lopes, cor inf ref, DFA (1944-2024), um histórico do nosso blogue: despedida amanhã, às 11h45, no Tanatório de Matosinhos; e Elisabete Vicente Silva (1945 - 2024), viúva do nosso camarada, dr. Francisco Silva (1948 - 2023): o funeral é hoje, na igreja de Porto Salvo, Oeiras, às 16h00

sábado, 9 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24636: Convívios (972): Almoço/Convívio do pessoal do Programa das Forças Armadas da Guiné (PIFAS), hoje, 9 de Setembro de 2023, com a presença do senhor General Ramalho Eanes (João Paulo Diniz)

Lisboa > Páteo Alfacinha > 31 de maio de 1985 > Convívio do pessoal do emissor regional da Guiné e do PFA - Programa das Forças Armadas.

Foto: © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada João Paulo Diniz, um dos radialistas do PFA, chegada ontem ao nosso Blogue através do Formulário de Contacto do Blogger:

Quem foi militar na Guiné decerto recorda-se do PFA - Programa das Forças Armadas, carinhosamente tratado por PIFAS! Era um programa de Rádio, com três emissões diárias, feito em instalações próprias do Comando Chefe, em Bissau.

O Pifas tinha grande impacto, não só junto dos militares, mas também da população civil.

Uma das pessoas que chefiou o Pifas foi o Capitão Ramalho Eanes, no início da década de '70.

Em 1985 - já lá vão 38 anos... - houve um jantar entre aqueles que passaram pelo Pifas. Um dos presentes foi o então Presidente da República, Ramalho Eanes que, nesse dia regressado de uma visita oficial à China, fez questão de estar junto dos seus Amigos!

Agora é tempo de reencontros, e por isso, neste sábado, 9 de Setembro, está marcado um almoço no Páteo Alfacinha, em Lisboa, a partir das 12:30. O General Ramalho Eanes estará presente, juntamente com sua esposa, a Dra. Manuela Eanes. Na ementa do almoço estão incluídos muitos abraços, algumas lágrimas de emoção e... os sorrisos felizes de todos os presentes!!!

(Abraço, Luís Graça)

Cumprimentos,
João Paulo Diniz

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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24629: Convívios (971): CCAÇ 3398 (Buba, 1971/73): Cinquentenário do regresso, Freiriz, Vila Verde, 2set2023 (Joaquim Pinto Carvalho)

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24524: Convívios (968): Almoço da malta do "PIFAS", Lisboa, Pátio Alfacinha, 9 de setembro de 2023 (Silvério Dias / Jorge Varanda)


A mascote do Programa [de Informação]  das Forças Armadas (PIFAS), da responsabilidade da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica. Autor (até à data) desconhecido. 

Imagem, enviada pelo nosso camarada Miguel Pessoa, cor pilav ref (ten pilav, Bissalanca, BA 12, 1972/74). 



Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)

Recorde-se aqui o  percurso de vida do nosso camarada Silvério Dias: 

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69; 

(ii) 1º srgt art, locutor do PFA. Porgrama das Forças Armadas, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ramalho Eanes e Otelo, entre outros; 

(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau; (iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras;

(v) edita o  blogue "Poeta Todos Dias" que já existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apontamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano: 

(vi) já teve mais de 400  mil vizualizações de páginas; 

(vii) presenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; Índia, Moçambique e Guiné; na velhice o vício da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs"; 

(viii) natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017);

(ix) é membro da Tabanca Grande desde 24/3/2014; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS (1969/74), que é um caso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade": aos 92 ou 93 anos (julgo que nasceu em 1930) ainda continua de "mente sã em corpo (já) cansado"... 

Data - sábado, 15/07/2023, 12:59

Assunto - Reviver o "Pifas"

Caro "Tabanqueiro-mor", aceita os cumprimentos do 651.

Venho solicitar que anuncies o que se aprasenta em epígrafe e simultaniamente, convidar-te a estar present, no evento que reunirá "pifanianos" mui ilustres.

Resumindo e não baralhando: 

Almoço no "Pátio Alfacinha". Em 9 de Setembro.

Para mais pormenores, contacta 962 333 147 (alferes Jorge Varanda).

Comigo, pelo E-mail que conheces. E... diz coisas.

Sempre amigo,
Silvério Dias.

2. Comentário do editor LG:

Meu caro e ilustre "pifiano" Silvério Dias: com este tandém, tu e o Jorge Varanda, e uma ajudinha do nosso blogue, vamos fazer do dia 9 de setembro, no "Pátio Alfacinha",  uma grande jornada de convívio dos "radialistas" e demais colaboradores e fãs do Pifas!...

Para já sai este primeiro anúncio do convívio. Depois vamos chamar a capítulo os "pifianos" que integram a nossa Tabanca Grande. O Jorge Varanda   (que eu conheço de outras guerras, as da saúde) terá que ser o próximo, uma vez que ainda não deu a cara... 

Em princípio, lá estarei (dependendo, embora, da minha complicada agenda terapêutica. ...). 

Um alfabravo para ti e para o Jorge. Um chicoração para a "senhora tenente". LG
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24429: Convívios (967): 52º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 22 de junho de 2023, juntando 45 comensais

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23397: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (2): a minha passagem pelo Depósito de Adidos, em Brá, em 1973: como sargento de dia à Casa de Reclusão Militar, fiz uma escala de serviço para que os presos (alguns violentos) pudessem sair e entrar, "livremente", "ir às meninas" ao Pilão, petiscar em Bissau, etc. (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/72, e Depósito de Adidos, Brá, 1973)




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > 1973 > O fur mil Augusto Silva Santos, de rendição individual: terminada a comissão da CCAÇ 3306, em dezembro de 1972, foi colocado no Depósito de Adidos, na Secção de Justiça. Regressou a acasa em dezembro de 1973.


Fotos (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Esta é mais uma "história pícara" (*) que fomos repescar, com a devida vénia, à série "Os fidalgos de Jó", da autoria do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, e Depósito de Adidos, Brá, 1971/73) (**)


A minha passagem pelo Depósito de Adidos, Secção de Justiça, 1973

por Augusto Silva Santos




Depois da partida do BCAÇ 3833 para a metrópole no navio Uíge, que ocorreu em Dezembro de 1972, fui colocado no quartel do Depósito de Adidos,  em Brá. Naquele Batalhão pertenci à CCAÇ 3306 colocada em Jolmete, para onde fui em rendição individual.

No Depósito de Adidos, para além do serviço na Secção de Justiça como escrivão, tinha também, periodicamente, para além dos serviços inerentes à Unidade, a missão de fazer Sargento de Dia à Casa de Reclusão Militar.

Lembro-me que no primeiro dia em que isso aconteceu, no Render da Guarda tinham desaparecido 12 reclusos, que entretanto ao longo da semana foram voltando. Na segunda vez desapareceram mais 5, que mais tarde também voltariam a aparecer.

Esta era uma situação comum com outros camaradas que faziam esse mesmo serviço, que igualmente se queixavam e viviam o problema.

Nunca ninguém (pelo menos no meu tempo) chegou a saber ao certo por onde os presos fugiam, só sei que eles saíam para ir ao Pilão a Bissau (às “meninas”) e deliciarem-se com alguns petiscos, e que mais tarde voltavam sempre (alguns obviamente eram apanhados pela PM). 

Tive alguns dissabores (ameaças de levar uma “porrada” se os reclusos não aparecessem), pelo que, a partir de determinada altura e por sugestão de outros camaradas mais antigos (inclusivé de um 1.º Sargento), combinei com um dos reclusos (o mais velho, um Fuzileiro com a alcunha de “Grelhas” e que se dizia havia tido um “confronto directo” com o cor paraquedista Rafael Durão, tendo este como consequência partido uma mão), para fazer uma “escala de saída”, com a condição de todos estarem presentes ao Render da Guarda.

Remédio santo, ou seja, nunca mais faltou nenhum recluso quando estava de serviço.
A esta distância parece caricato, mas o que é certo é que a “medida” funcionou (para mim e para os reclusos).

O meu relacionamento com a maioria dos reclusos era regra geral muito cordial e sem grandes problemas. Alguns eram considerados como “perigosos” por terem cometido crimes com alguma gravidade no teatro de operações ou no interior das suas unidades, mas sinceramente nunca observei nada que me levasse a acreditar nessa perigosidade ou a ter receio fosse do que fosse.

Relembro que, na sua maioria, eram camaradas nossos que pelos mais diversos motivos haviam caído nesta situação. De qualquer forma não deixavam de o ser (camaradas), pelo que assim sempre os considerei, embora com as limitações a que a situação obrigava.

Quando já me faltavam escassos 3 meses para acabar a comissão, por ter discordado de uma ordem mal dada por um oficial (o que viria a ser confirmado) e chegado a via de factos, fui castigado com 5 dias de detenção. Só não apanhei 5 dias de prisão porque tinha dois louvores e tive vários Furriéis e Sargentos que presenciaram os factos a testemunharem em meu favor.

Foi-me na altura dito pelo então Comandante do Depósito de Adidos, um tal Major Francisco Ferreira, de alcunha “o Galo”( por andar sempre todo emproado, usava um boné à Hitler), que eu tinha razão, mas que a democracia ainda não tinha chegado à tropa (sic), e que a ordem de um superior, mesmo mal dada, era para ser sempre cumprida.

Como consequência, fui ainda castigado com o ter de fazer a guarda de honra ao General Spínola, na sua última deslocação a este aquartelamento, o que para mim na altura até foi mesmo uma honra.

Lembro-me que, no 2º semestre de 1973, era já grande a tensão entre as NT, principalmente por acontecimentos como os de Guileje e Guidaje (entre outros), factos dos quais íamos tomando conhecimento por relatos dos camaradas que pelo Depósito de Adidos iam passando.

O facto de o PAIGC possuir os mísseis terra-ar Strela, passou a ser um grande problema para a nossa força aérea. Também me recordo de Bissau começar então a ser cercada de arame farpado e da colocação de minas nalgumas zonas da sua periferia, e de nos ter sido comunicada a possibilidade de podermos vir a sofrer em qualquer altura um ataque por terra ou por ar, por também constar que o IN já possuía os famosos MiG.

Isto passou-se perto do final de Dezembro de 1973, altura em que terminei a minha comissão e regressei a Portugal.

Esclareciment posteriro do autor, em comentário a este poste P23397:

De: Augusto Silva Santos

Olá, Luís e restantes Camaradas!

A propósito desta republicação, importa agora esclarecer que o nosso camarada "Grelhas" não era Fuzileiro, como na altura me fizeram acreditar, mais sim Soldado de uma CCaç., que agora não consigo identificar. 

[O "Grelhas" pertencia à CCS/BCAÇ 2930, Catió, 1970/72, segundo informação do camarada Rolando Rodrigues, no Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022] 
 
Através do nosso camarada Albino Jorge Caldas, que pertenceu à CCaç 3518, "Marados de Gadamael", (1971/74) e, por mero acaso, vim a tomar conhecimento que o famoso "Grelhas", de seu nome próprio Armando, era taxista no Porto, tendo-me inclusive facultado o seu contacto telefónico.
 

[ No Facebook da Tabanca Grande, 29/6/2022, o Albino Jorge Caldas confirma que o "O Grelhas hoje é taxista na cidade do Porto, sempre em forma e pronto para umas confusões se necessário."]

Após animada conversa relembrando velhos tempos e peripécias, o nosso amigo Armando "Grelhas" acabou por me confidenciar que as "saídas" eram conseguidas através de uma chave falsa de uma porta não controlada, da qual era portador. Era também ele que se encarregava de elaborar a "escala" de saídas (poucos de cada vez, para não dar nas vistas).

Embora sem ter total conhecimento do "esquema" montado, confesso que na altura foi algo que, após duas situações menos agradáveis, me deixou mais confortável (se assim se pode considerar), pois o amigo "Grelhas" nunca mais permitiu que algum recluso faltasse aquando do render da guarda, sempre que eu estava de serviço.

Forte Abraço para todos!

29 de junho de 2022 às 22:29




Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > Casa de Reclusão Militar > Março de 1973 > O "carcereiro" em alegre e franco convívio com alguns reclusos por ocasião de um aniversário. "O camarada ao fundo, de óculos e barba, é o Carlos Boto, já aqui referenciado por outros camaradas"... Vê-se que está de gravador na mão, recolhendo declarações de outro camarada, possivelmente o aniversariante e ambos... reclusos. O Carlos Boto deve seguido depois para Cabuca, onde animaria a rádio local "No Tera" (A nossa Terra)... Ainda hoje os seus camaradas desse tempo (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) andam à procura do seu paradeiro...


Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23395: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (1): Luanda, Depósito de Adidos de Angola, o oficial de dia e o preso cabo-verdiano (Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, 1972/74)

(**) Vd. poste de 22 de setembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12070: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (14): A minha passagem pelo Depósito Geral de Adidos, em Brá

(***) Último poste da série > 13de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18313: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (48): Clube de Cabuca

(...) Na Guiné e, também, em teatro de guerra, se viveram grandes momentos de paródia guerreira, relatados na Rádio “No Tera”.

(...) O seu grande dinamizador foi o despromovido Carlos Boto, que, condenado disciplinarmente, cumpria a sua 3ª comissão de serviço.

Foi ele quem pediu ao Cap Vaz o aparelho de rádio RACAL que, devidamente afinado, passou a transmitir em onda curta 25 M, nas bandas dos 12.900 e 13.700 KHZ/s. Transmitia ainda em 31 M na banda dos 9.200, na onda marítima e na onda média.

A rádio era liderada por Carlos Boto (Produção, Direcção e Montagem), e contava com a colaboração de Zé Lopes (Discografia),Toni Fernandes (Sonoplastia), Arménio Ribeiro (Exteriores) e Victor Machado (Locução). (...)


Vd. também poste de 15 de março de  2012 > Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...

(...) No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau!

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19h30 às 23h00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

(...) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) (...)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"


Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada o Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS, é um cso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade"...Diz-nos ele: "Vou caminhando em passo lento para os 88. Corpo cansado mas com a mente ligeira. Poesia todos os dias no blogue que se conhece."



É o autor do blogue "Poeta todos os dias", que ja existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apomtamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano... Já tevee mais de 363 mil vizualizações de páginas. Apresenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; India,Moçambique e Guiné. Na velhice o vicio da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs".

Natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017) (, apresentado na 
Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão em 23 de março de 2017).


Recorde-se aqui o seu percurso de vida:

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;
(ii) 1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ranalho Eanes e Otelo, entre outros;
(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau;
(iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras.


2. Dblogue "Poeta Todos Dias", reproduzimos, com a devida vénia,  os seguintes versos, alusivos ao Natal, ou ao período natalício, e referentes aos últmos cinco anos: 2021, 2020, 2019, 2018 e 2017. 

É uma pequena antologia, e também uma singela homenagem, da Tabanca Grande, so senhor PIFAS, com votos que não lhe falte a ele, e à senhora "tenente", motivos para continuar a celebrar, em verso (e com o humor q.b.),  a vida e o amor.


O PRESÉPIO  [2021]

Desde sempre, original,
no assinalar o Natal.
Enlevo dos mais pequenos,
elaborado pelos adultos,
é um dos maiores cultos.
De longa data, os conhecemos.

O tive, quando criança,
sempre na ardente esperança
da dádiva do Deus-Menino.
Sapatinho na chaminé,
animado da maior fé,
a noite num desatino ...

Veio depois o Pai Natal,
sem dúvida bem desigual.
Bonacheirão, barba branca
e de vermelho trajado,
um novo modo, inventado,
à ignorância, fazendo estampa!

É, o "Natal Comercial",
novidade mas irreal,
visando o lucro vantajoso.
Uma explosão de alegria,
a que falta, a nostalgia
do simples, tão gostoso ...

Ainda guardo Presépio antigo.
Feito por mim, o bendigo.

Poeta Todos os Dias, 9 de dezembro de 2021, 08:58

UMA HISTÓRIA DE NATAL  [2020]

Brilhavam nos altos Céus
milhares de belas estrelas
quando a palavra de Deus,
as chamou a todas elas.

Lhes disse de modo brando:
"Tereis missão a fazer.
Uma de vós, a meu mando.
Ir ver, meu Filho que vai nascer".

Respondeu a Estrela do Norte:
"Senhor, poderei ser eu.
Dai-me, uma luz bem forte"...
E foi assim que aconteceu.

O Senhor Todo Poderoso
indicou qual a missão:
Guiar de modo cauteloso
uns Magos de adoração.

Iluminando esses Reis
por terras de Galileia,
até Belém, como sabeis,
foi cumprida a odiseia.

Satisfeita a vontade de Deus,
nascido o Menino Jesus,
que seria Rei dos Judeus
e morreu, pregado na cruz.

Após isso, pelo Natal,
quem elevar a vista ao Céu,
verá, bela e sempre igual,
estrela que nunca morreu!


Bastará acreditar,
com toda a fé, no altar.

Poeta todos os dias, 22 de dezembro de 2020, 9:36

NATAL BEIRÃO  [2019]

Celebrar o Natal Beirão,
Na mais pura tradição,
Impõe o fritar as filhós,
Assistir à "Missa do Galo"
E sentir todo esse regalo,
Que junta netos e avós.

Bem assim, toda a Família,
Na Santa Noite da Vigília.

Poeta Todos os Dias 16 de dezembro de 2019, à(s) 07:40


POSTAIS DE BOAS FESTAS  [2018]


Feliz Natal, a celebrar.
Quem, por mal, apenas
Se ficou, só no desejar,
Carpindo, ais e penas,

Pois, nessa desgraça,
Compaixão se lhe faça.

Aos que não têm festa
E só Esperança lhes resta,
Estou com eles e neles penso.
Pela Fé, sejam "alimentados"
E possam ver, ultrapassados,
Os motivos, do bem suspenso.

Este novo,festejado Natal,
Terá mais luz e muita cor
Mas ganhou, por nosso mal,
O que se perdeu, em Amor.

Do Presépio da simplicidade
Ao fausto do esbanjamento,
Perdeu-se, a notável verdade
Da noite de encantamento.

Anunciada a boa nova
De que o Menino nasceu
O poeta compôs a trova
E esta quadra apareceu.

Poeta todos os dias, 23 de dezembro de 2018,0 9:07

FESTA DO NATAL [2017]


Terminada a festa,
É ver o que lhes resta,
No saldo em carteira.
Quem muito gastou,
Além do que ganhou,
Decerto fez asneira!

Virá agora o malparado
E nem sequer o ordenado
Dará para tapar o buraco.
Na era do consumismo,
Não se encara com realismo,
Esta verdade, que destaco!

Poeta Todos os Dias 26 de dezembro de 2017, à(s) 11:45

[Seleção, revisão, fixação de texto, para efeitos de edição deste poste no blogue: LG] (**)

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Notas do editor: