Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 9 de setembro de 2023
Guiné 61/74 - P24636: Convívios (972): Almoço/Convívio do pessoal do Programa das Forças Armadas da Guiné (PIFAS), hoje, 9 de Setembro de 2023, com a presença do senhor General Ramalho Eanes (João Paulo Diniz)
Foto: © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do nosso camarada João Paulo Diniz, um dos radialistas do PFA, chegada ontem ao nosso Blogue através do Formulário de Contacto do Blogger:
Quem foi militar na Guiné decerto recorda-se do PFA - Programa das Forças Armadas, carinhosamente tratado por PIFAS! Era um programa de Rádio, com três emissões diárias, feito em instalações próprias do Comando Chefe, em Bissau.
O Pifas tinha grande impacto, não só junto dos militares, mas também da população civil.
Uma das pessoas que chefiou o Pifas foi o Capitão Ramalho Eanes, no início da década de '70.
Em 1985 - já lá vão 38 anos... - houve um jantar entre aqueles que passaram pelo Pifas. Um dos presentes foi o então Presidente da República, Ramalho Eanes que, nesse dia regressado de uma visita oficial à China, fez questão de estar junto dos seus Amigos!
Agora é tempo de reencontros, e por isso, neste sábado, 9 de Setembro, está marcado um almoço no Páteo Alfacinha, em Lisboa, a partir das 12:30. O General Ramalho Eanes estará presente, juntamente com sua esposa, a Dra. Manuela Eanes. Na ementa do almoço estão incluídos muitos abraços, algumas lágrimas de emoção e... os sorrisos felizes de todos os presentes!!!
(Abraço, Luís Graça)
Cumprimentos,
João Paulo Diniz
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Nota do editor
Último poste da série de 7 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24629: Convívios (971): CCAÇ 3398 (Buba, 1971/73): Cinquentenário do regresso, Freiriz, Vila Verde, 2set2023 (Joaquim Pinto Carvalho)
terça-feira, 1 de agosto de 2023
Guiné 61/74 - P24524: Convívios (968): Almoço da malta do "PIFAS", Lisboa, Pátio Alfacinha, 9 de setembro de 2023 (Silvério Dias / Jorge Varanda)
A mascote do Programa [de Informação] das Forças Armadas (PIFAS), da responsabilidade da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica. Autor (até à data) desconhecido.
Imagem, enviada pelo nosso camarada Miguel Pessoa, cor pilav ref (ten pilav, Bissalanca, BA 12, 1972/74).
Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)
Data - sábado, 15/07/2023, 12:59
Assunto - Reviver o "Pifas"
Caro "Tabanqueiro-mor", aceita os cumprimentos do 651.
Silvério Dias.
quarta-feira, 29 de junho de 2022
Guiné 61/74 - P23397: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (2): a minha passagem pelo Depósito de Adidos, em Brá, em 1973: como sargento de dia à Casa de Reclusão Militar, fiz uma escala de serviço para que os presos (alguns violentos) pudessem sair e entrar, "livremente", "ir às meninas" ao Pilão, petiscar em Bissau, etc. (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/72, e Depósito de Adidos, Brá, 1973)
Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > 1973 > O fur mil Augusto Silva Santos, de rendição individual: terminada a comissão da CCAÇ 3306, em dezembro de 1972, foi colocado no Depósito de Adidos, na Secção de Justiça. Regressou a acasa em dezembro de 1973.
Fotos (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
No Depósito de Adidos, para além do serviço na Secção de Justiça como escrivão, tinha também, periodicamente, para além dos serviços inerentes à Unidade, a missão de fazer Sargento de Dia à Casa de Reclusão Militar.
Lembro-me que no primeiro dia em que isso aconteceu, no Render da Guarda tinham desaparecido 12 reclusos, que entretanto ao longo da semana foram voltando. Na segunda vez desapareceram mais 5, que mais tarde também voltariam a aparecer.
Esta era uma situação comum com outros camaradas que faziam esse mesmo serviço, que igualmente se queixavam e viviam o problema.
Nunca ninguém (pelo menos no meu tempo) chegou a saber ao certo por onde os presos fugiam, só sei que eles saíam para ir ao Pilão a Bissau (às “meninas”) e deliciarem-se com alguns petiscos, e que mais tarde voltavam sempre (alguns obviamente eram apanhados pela PM).
A esta distância parece caricato, mas o que é certo é que a “medida” funcionou (para mim e para os reclusos).
O meu relacionamento com a maioria dos reclusos era regra geral muito cordial e sem grandes problemas. Alguns eram considerados como “perigosos” por terem cometido crimes com alguma gravidade no teatro de operações ou no interior das suas unidades, mas sinceramente nunca observei nada que me levasse a acreditar nessa perigosidade ou a ter receio fosse do que fosse.
Relembro que, na sua maioria, eram camaradas nossos que pelos mais diversos motivos haviam caído nesta situação. De qualquer forma não deixavam de o ser (camaradas), pelo que assim sempre os considerei, embora com as limitações a que a situação obrigava.
Quando já me faltavam escassos 3 meses para acabar a comissão, por ter discordado de uma ordem mal dada por um oficial (o que viria a ser confirmado) e chegado a via de factos, fui castigado com 5 dias de detenção. Só não apanhei 5 dias de prisão porque tinha dois louvores e tive vários Furriéis e Sargentos que presenciaram os factos a testemunharem em meu favor.
Foi-me na altura dito pelo então Comandante do Depósito de Adidos, um tal Major Francisco Ferreira, de alcunha “o Galo”( por andar sempre todo emproado, usava um boné à Hitler), que eu tinha razão, mas que a democracia ainda não tinha chegado à tropa (sic), e que a ordem de um superior, mesmo mal dada, era para ser sempre cumprida.
Como consequência, fui ainda castigado com o ter de fazer a guarda de honra ao General Spínola, na sua última deslocação a este aquartelamento, o que para mim na altura até foi mesmo uma honra.
Lembro-me que, no 2º semestre de 1973, era já grande a tensão entre as NT, principalmente por acontecimentos como os de Guileje e Guidaje (entre outros), factos dos quais íamos tomando conhecimento por relatos dos camaradas que pelo Depósito de Adidos iam passando.
O facto de o PAIGC possuir os mísseis terra-ar Strela, passou a ser um grande problema para a nossa força aérea. Também me recordo de Bissau começar então a ser cercada de arame farpado e da colocação de minas nalgumas zonas da sua periferia, e de nos ter sido comunicada a possibilidade de podermos vir a sofrer em qualquer altura um ataque por terra ou por ar, por também constar que o IN já possuía os famosos MiG.
Isto passou-se perto do final de Dezembro de 1973, altura em que terminei a minha comissão e regressei a Portugal.
De: Augusto Silva Santos
Olá, Luís e restantes Camaradas!
A propósito desta republicação, importa agora esclarecer que o nosso camarada "Grelhas" não era Fuzileiro, como na altura me fizeram acreditar, mais sim Soldado de uma CCaç., que agora não consigo identificar.
Através do nosso camarada Albino Jorge Caldas, que pertenceu à CCaç 3518, "Marados de Gadamael", (1971/74) e, por mero acaso, vim a tomar conhecimento que o famoso "Grelhas", de seu nome próprio Armando, era taxista no Porto, tendo-me inclusive facultado o seu contacto telefónico.
Após animada conversa relembrando velhos tempos e peripécias, o nosso amigo Armando "Grelhas" acabou por me confidenciar que as "saídas" eram conseguidas através de uma chave falsa de uma porta não controlada, da qual era portador. Era também ele que se encarregava de elaborar a "escala" de saídas (poucos de cada vez, para não dar nas vistas).
Embora sem ter total conhecimento do "esquema" montado, confesso que na altura foi algo que, após duas situações menos agradáveis, me deixou mais confortável (se assim se pode considerar), pois o amigo "Grelhas" nunca mais permitiu que algum recluso faltasse aquando do render da guarda, sempre que eu estava de serviço.
Forte Abraço para todos!
29 de junho de 2022 às 22:29
Guiné > Bissau > Brá > Depósito de Adidos > Casa de Reclusão Militar > Março de 1973 > O "carcereiro" em alegre e franco convívio com alguns reclusos por ocasião de um aniversário. "O camarada ao fundo, de óculos e barba, é o Carlos Boto, já aqui referenciado por outros camaradas"... Vê-se que está de gravador na mão, recolhendo declarações de outro camarada, possivelmente o aniversariante e ambos... reclusos. O Carlos Boto deve seguido depois para Cabuca, onde animaria a rádio local "No Tera" (A nossa Terra)... Ainda hoje os seus camaradas desse tempo (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74) andam à procura do seu paradeiro...
Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(*) Vd. poste de 29 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23395: A(r)didos e mal pagos: histórias pícaras da nossa guerra (1): Luanda, Depósito de Adidos de Angola, o oficial de dia e o preso cabo-verdiano (Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, 1972/74)
(**) Vd. poste de 22 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12070: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (14): A minha passagem pelo Depósito Geral de Adidos, em Brá
(...) O seu grande dinamizador foi o despromovido Carlos Boto, que, condenado disciplinarmente, cumpria a sua 3ª comissão de serviço.
Foi ele quem pediu ao Cap Vaz o aparelho de rádio RACAL que, devidamente afinado, passou a transmitir em onda curta 25 M, nas bandas dos 12.900 e 13.700 KHZ/s. Transmitia ainda em 31 M na banda dos 9.200, na onda marítima e na onda média.
A rádio era liderada por Carlos Boto (Produção, Direcção e Montagem), e contava com a colaboração de Zé Lopes (Discografia),Toni Fernandes (Sonoplastia), Arménio Ribeiro (Exteriores) e Victor Machado (Locução). (...)
Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19h30 às 23h00.
Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.
A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.
Dos programas emitidos, relembro os seguintes :
- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.
E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.
Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"
Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. O nosso camarada o Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS, é um cso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade"...Diz-nos ele: "Vou caminhando em passo lento para os 88. Corpo cansado mas com a mente ligeira. Poesia todos os dias no blogue que se conhece."
É o autor do blogue "Poeta todos os dias", que ja existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apomtamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano... Já tevee mais de 363 mil vizualizações de páginas. Apresenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; India,Moçambique e Guiné. Na velhice o vicio da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs".
Natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017) (, apresentado na Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão em 23 de março de 2017).
Recorde-se aqui o seu percurso de vida:
(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;
(ii) 1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ranalho Eanes e Otelo, entre outros;
(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau;
(iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras.
2. Do blogue "Poeta Todos Dias", reproduzimos, com a devida vénia, os seguintes versos, alusivos ao Natal, ou ao período natalício, e referentes aos últmos cinco anos: 2021, 2020, 2019, 2018 e 2017.
Desde sempre, original,
no assinalar o Natal.
Enlevo dos mais pequenos,
elaborado pelos adultos,
é um dos maiores cultos.
De longa data, os conhecemos.
O tive, quando criança,
sempre na ardente esperança
da dádiva do Deus-Menino.
Sapatinho na chaminé,
animado da maior fé,
a noite num desatino ...
Veio depois o Pai Natal,
sem dúvida bem desigual.
Bonacheirão, barba branca
e de vermelho trajado,
um novo modo, inventado,
à ignorância, fazendo estampa!
É, o "Natal Comercial",
novidade mas irreal,
visando o lucro vantajoso.
Uma explosão de alegria,
a que falta, a nostalgia
do simples, tão gostoso ...
Ainda guardo Presépio antigo.
Feito por mim, o bendigo.
Poeta Todos os Dias, 9 de dezembro de 2021, 08:58
UMA HISTÓRIA DE NATAL [2020]
Brilhavam nos altos Céus
milhares de belas estrelas
quando a palavra de Deus,
as chamou a todas elas.
Lhes disse de modo brando:
"Tereis missão a fazer.
Uma de vós, a meu mando.
Ir ver, meu Filho que vai nascer".
Respondeu a Estrela do Norte:
"Senhor, poderei ser eu.
Dai-me, uma luz bem forte"...
E foi assim que aconteceu.
O Senhor Todo Poderoso
indicou qual a missão:
Guiar de modo cauteloso
uns Magos de adoração.
Iluminando esses Reis
por terras de Galileia,
até Belém, como sabeis,
foi cumprida a odiseia.
Satisfeita a vontade de Deus,
nascido o Menino Jesus,
que seria Rei dos Judeus
e morreu, pregado na cruz.
Após isso, pelo Natal,
quem elevar a vista ao Céu,
verá, bela e sempre igual,
estrela que nunca morreu!
Bastará acreditar,
com toda a fé, no altar.
Poeta todos os dias, 22 de dezembro de 2020, 9:36
NATAL BEIRÃO [2019]
Celebrar o Natal Beirão,
Na mais pura tradição,
Impõe o fritar as filhós,
Assistir à "Missa do Galo"
E sentir todo esse regalo,
Que junta netos e avós.
Bem assim, toda a Família,
Na Santa Noite da Vigília.
POSTAIS DE BOAS FESTAS [2018]
Feliz Natal, a celebrar.
Quem, por mal, apenas
Se ficou, só no desejar,
Carpindo, ais e penas,
Pois, nessa desgraça,
Compaixão se lhe faça.
Aos que não têm festa
E só Esperança lhes resta,
Estou com eles e neles penso.
Pela Fé, sejam "alimentados"
E possam ver, ultrapassados,
Os motivos, do bem suspenso.
Este novo,festejado Natal,
Terá mais luz e muita cor
Mas ganhou, por nosso mal,
O que se perdeu, em Amor.
Do Presépio da simplicidade
Ao fausto do esbanjamento,
Perdeu-se, a notável verdade
Da noite de encantamento.
Anunciada a boa nova
De que o Menino nasceu
O poeta compôs a trova
E esta quadra apareceu.
Poeta todos os dias, 23 de dezembro de 2018,0 9:07
FESTA DO NATAL [2017]
Terminada a festa,
É ver o que lhes resta,
No saldo em carteira.
Quem muito gastou,
Além do que ganhou,
Decerto fez asneira!
Virá agora o malparado
E nem sequer o ordenado
Dará para tapar o buraco.
Na era do consumismo,
Não se encara com realismo,
Esta verdade, que destaco!
Poeta Todos os Dias 26 de dezembro de 2017, à(s) 11:45
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Notas do editor:
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
Guiné 61/74 - P22426: Tabanca Grande (523): O cap art Otelo Saraiva de Carvalho, com quem trabalhei na Rep ACAP, QG/CCFAF, em 1971, ao tempo do major inf Ramalho Eanes e do ten cor inf Mário Lemos Pires (Ernestino Caniço)... Em sua memória,.é reserado o lugar nº 846, à sombra do nosso poilão
Foto 1A > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: o Major Ramalho Eanes, de óculos de sol (Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa). à ponta esquerda; o ten cor Lemos Pires (chefe da repartição), na ponta direita; o alf mil Ernestino Caniço está ao centro, na segunda fila.
Foto 1B > Guiné > Bissau > Amura > QG / CC FAG > Rep ACAP (Assuntos Civis e Acção Piscológica) > 1971 > Uma foto histórica: na segunda fila, o então capitão de artilharia Otelo Saraiva de Carvalho, na ponta esquerda, na segunda fila; ao centro, o terceiro a contar da direita deve ser o então já ten cor Luz Almeida (, será comandante da Polícia Militar em 1973).
Foto 2 > Guiné > Bissau > Fortaleza da Amura > QG/CCFAG > 1971 > Rep ACAP (Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica) > Departamento de Fotocine > Ao centro, o Cap Art Otelo Saraiva de Carvalho e à sua esquerda o Alf Mil Cav Ernestino Caniço, seu colaborador.
Fotos (e legendas): © Ernestino Caniço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Subject: Otelo
Amigo Luís Graça:
Perante o teu convite para umas referências à Rep ACAP, a propósito do Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, pela sua empatia, munificência e humanismo, vou espichar algumas linhas, tentando que, após meio século, não seja atraiçoado pela memória.
Como já tinha referido, fiz parte da Rep ACAP, no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura -Bissau no ano de 1971. À data era chefe da repartição o Major Lemos Pires (posteriormente promovido a Tenente Coronel).
Faziam parte, com funções de relevo, o Major Ramalho Eanes, o Major Luz Almeida, o Capitão Otelo Saraiva de Carvalho, o Alferes Arlindo Carvalho e o 1º Cabo João Paulo Dinis.
O Major Ramalho Eanes era o Diretor da Secção de Radiodifusão e Imprensa do Comando-Chefe. Com ele partilhei a responsabilidade da biblioteca, além de outros contactos nas nossas funções.
Na manobra psicológica em curso no T.O. o Capitão Otelo era Relações Públicas por mim coadjuvado e dentro da missão da Rep ACAP, com enfoque nos contactos internacionais, acompanhando figuras proeminentes, nomeadamente jornalistas, atores, senadores, etc., instalando-os e preparando programas, que o Tenente Coronel Lemos Pires apresentava ao General Spínola.
O louvor que me foi atribuído pelo Agrupamento de Bissau, foi redigido pelo Capitão Otelo por indicação do Tenente Coronel Lemos Pires.
Para a entrada na ACAP (após a desativação do meu pelotão Daimler) tinha-me sido destinado a Secção de Assuntos Civis. À minha chegada e pelos contactos anteriores, entendeu o Major Lemos Pires que eu tinha perfil para a Ação Psicológica, pelo que me colocou na Secção de Operações Psicológicas, dirigida pelo Major Luz Almeida.
Competia-me então (entre outros) dar apoio logístico ao General Spínola, Governador e Comandante Chefe, nas suas intervenções nas populações, bem como a feitura de ofícios para as entidades civis e militares por determinação do chefe da repartição.
Numa outra área intervinha na sensibilização das populações, nomeadamente através de
obras e estruturas efetuadas pelas nossas tropas. A gestão e fruição destas informações estavam a cargo do Alf mil Arlindo Carvalho, de acordo com as normas emanadas superiormente e com a supervisão do Major Ramalho Eanes.
O 1º Cabo João Paulo Diniz animava a rádio das Forças Armadas na Guiné-Bissau, sendo locutor no Pifas (Programa de Informação para as Forças Armadas).
Espero ter correspondido ao solicitado.
Um abraço, Ernestino Caniço
Médico – Chefe Serviço MGFGestor Serviços Saúde – Ordem Médicos
Pós Graduação em Direito da Medicina – Faculdade Direito Universidade de Coimbra
2. Comentário do editor L.G.:
Dois camaradas, o José Belo e o Ernestino Caniço, já aqui fizeram o elogio fúnebre do cor art Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021), que fez duas comissões de serviço em Angola e a última na Guiné (1970/73). (*)
Independentemente do seu lugar na nossa História, ele aqui é tratado como qualquer outro "camarada da Guiné", desde que tenha referências no nosso blogue. E o Otelo tem quase duas dezenas.
O Otelo faleceu
Segundo li no jornal
não haverá luto nacional
para o mentor da Revolução.
Dele ficará, pois, "enfermo".
Este, será, um termo
que indico como senão.
Mas já consta da História,
à margem da reles escória.
O povo não o esqueceu.
À despedida, acorreu.
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Notas do editor:
25 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22402: In Memoriam (399): Coronel Otelo Saraiva de Carvalho (1936 - 2021), autor do Plano de Operações do 25 de Abril de 1974 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné entre 1970 e 1973
domingo, 20 de dezembro de 2020
Guiné 61/74 - P21668: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (16): A pensar nos meus antigos ouvintes... O Pifas, lembram-se?! (Silvério Dias, 1.º srgt art ref, locutor do PFA, QG/CTIG, 1969/74)
A pensar nos meus antigos ouvintes... [vd. imagem acima]
(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;
(v) autor do blogue "Poeta Todos Dias", donde reproduzimos os seguintes versos, publicados ontem:
Também estive infectado.
Felizmente, fiquei curado,
desse vírus, ao momento.
Tive efeitos indesejáveis,
cuidados por mãos hábeis.
Sumiram, no tratamento.
No Hospital das Forças Armadas,
as melhoras tão desejadas.
Será pois, bem natural
que a todos deseje "Bom Natal"!
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
Guiné 61/74 - P20396: (D)o outro lado do combate (53): Quando um comando das FARP, da Frente Nhacra / Morés, destruiu, em 6 de maio de 1972, o centro emissor regional de Nhacra...(Comunicado do PAIGC, em francês, assinado por Amílcar Cabral)... Afinal, a propaganda era uma arma, tão ou mais eficaz que as minas A/C, a Kalash, a "costureirinha", o morteiro 120 ou o RPG 7... Nesse aspeto, a "Maria Turra" ganhava ao "Pifas"...
(1972), "Comunicado do PAIGC sobre o ataque das FARP à estação emissora portuguesa de Nhacra", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_42407 (2019-11-28)
Comunicado assinado por Amílcar Cabral.
Data: Quinta, 11 de Maio de 1972
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Documentos.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
2. O PFA - Programa das Forças Armadas (, popularmente conhecido por PIFAS) era emitido a partir de Nhacra, a 25/30 Km de Bissau, onde se situava o emissor regional da Guiné, que integrava a rede da Emissora Nacional de Radiodifusão (*).
Recorde-se que em 1969, no governo do Marcelo Caetano, e sendo ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi integrada, na Emissora Nacional de Radiodifusão, a até então chamada Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, pelo Decreto-Lei nº 49084, de 16 de junho de 1969.
3. Nesse ano de 72, e segundo informação do nosso camarada Eduardo Campos (, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), Nhacra e o centro emissor terão sido flagelados duas vezes:
(*) Vd. poste de 7 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9576: O PIFAS, de saudosa memória (8): Homenagem aos atuais profissionais da rádio Armando Carvalhêda, João Paulo Diniz e Faride Magide, evocados aqui pelo nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011)
(***) Último poste da série > 25 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - 20010: (D)o outro lado do combate (52): O T-6G FAP 1694 e o cap pilav João Rebelo Valente, desaparecido em 14/10/1963, na região do Óio- Morés (Jorge Araújo)
sábado, 11 de maio de 2019
Guiné 61/74 - P19774: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (17): felizmente, estou vivo; infelizmente, não posso estar com vós, em Monte Real, dia 25 (Luís de Sousa, Garcez Costa, Mário Santos, Jorge Coutinho, Manuel Coelho, Valdemar Queiroz, Manuel Vaz, José Manuel Alves, Mário Serra de Oliveira e Paulo Salgado)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O nosso homem do PIFAS, o Garcez Costa, ex-fur mil... Os outros dois representantes do PIFAS, com "morança" na Tabanca Grande, Silvério Dias e João Paulo Dinis, não estão estão inscritos no XIV Encontro Nacional, Monte Real, 25 de maio de 2019... O Garcez ainda não sabe se pode vir...O João Paulo Dinis não vem. Do Silv´rio Dias (e da "senhora tenente" não tenho notícias,,,
Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
I. Mais 10 camaradas e amigos, com "morança" na Tabanca Grande, que felizmente estão vivos, mas que infelizmente não poderão estar connosco em Monte Real, no dia 25 de maio, sábado... Registe-se com agrado e apreço o seguinte: tiveram a gentileza de responder ao nosso convite...
Entretanto, temos um novo prazo para inscrições dos "retardatários": dia 15, 4ª feira, até às 24h00... Temos, até ao dia 10, sexta-feira, 94 inscrições...
1. Luís de Sousa, 4 de maio de 2019, 14h46
Olá, muito obrigado pelo contacto e respectivo convite.
Estou, de facto, (ainda) vivo mas não conseguirei de certeza me deslocar a Monte Real como seria o meu desejo.
Para todos desejo uma belíssima jornada.
Luis de Sousa
2. Tony Sacavém [Garcez Costa], 4 de maio de 2009, 16h23 |
3. Mário Santos, 4 de maio de 2019, 16h32
Meus caros amigos e antigos camaradas da Guiné.
A minha actual residência ( Loulé, Algarve) impossibilita-me de estar atempadamente presente como seria meu desejo.
Sou um assíduo, frequentador dos convívios da Tabanca da Linha, onde ainda não falhei um único encontro da Tertúlia desde que me fiz membro em 2017...
Desejo-vos a todos uma alegre, saudável e feliz confraternização.
Saudações especiais aos meus antigos camaradas FAP.
Tudo de bom, e espero ainda um dia vir a poder estar convosco.
Grande abraço, Mário Santos
4. Jorge Coutinho, 4 de maio de 2019, 17h11
Amigos
Mais uma vez quero agradecer o convite, mas ainda não vai dar... Já tive de recusar o Encontro organizado pela 1ª. Compnhia do 4610, pois tenho uns dias a seguir uma deslocação grande, e não me convém fazer desvios nessa altura.
Um abraço para todos, e bom convívio!!!
Jorge Coutinho
5. Manuel Coelho, sábado, 4/05/2019, 18h02
Mantenho-me por cá e os meus dados não sofreram alterações. Não vou ao convívio.
Um abraço para todos, Manuel Coelho
6. Valdemar Queiroz, 4 de maio de 2019, 18h03
Luis, a minha resposta:
Estou vivo, gostaria de ir mas não vou.
Não vou por que nesse mesmo dia, também, a minha CART 2479 / CART 11, faz o seu encontro/almoço anual.
Este nosso evento é sempre feito no último sábado do mês de Maio e, desta vez, o encontro vai ser nas Caldas da Rainha, seguindo para a Tornada, com almoço no Restaurante 'O Cortiço' e espero ter a habitual pachorra do Abílio Duarte de fazer o favor de ser o 112 para me levar e trazer do 'anofelino tratamento'..
Mas, por problemas de saúde não iria ao grande encontro da nossa Tabanca Grande, em Monte Real , que é o grande encontro/convívio da rapaziada que esteve na guerra na Guiné.
Abraços e saúde da boa pra todos, Valdemar Queiroz
7. Manuel Vaz, sábado, 4/05/2019, 21:29
Amigo Luís Graça:
Estou a responder, logo estou vivo, mas não estou cá nessa altura. Um abraço, Manuel Vaz
8 José Manuel Alves, 5/5/2019, 11h03
Obrigado pela comunicação.
Gostaria de estar presente, mas não posso;
Que tudo corra bem
Um abraço a todos, J.M.Alves
9. Mario S. de Oliveira,5/5/2019, 10h06
Tal como o "defunto, antes de o ser" (palavras de um defunto antes de o ser)...ainda mexe! Abraço camarada Luis Graça. Já há tempos...e ainda bem que dá noticias. Assim, quando terminar "Bissaulonia", comuni
10. Paulo Salgado, sexta, 10/05/2019 à(s) 19:20
Não sou um "habitué" nos encontros da Tabanca Grande - do que me penitencio. Infelizmente, tem calhado em momentos de afazeres domésticos ou familiares ou mesmo profissionais...apesar de aposentado. Direis que não programo convenientemente...
Desta feita, outro encontros - da minha companhia e dos professores - curso de 1962-1964.
Um abraço e boas recordações, Paulo Salgado
II. Em relação ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, vamos continuar a receber inscrições até quarta-feira, dia 15, às 24h00...
Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : Para as criancinhas, até aos 12 anos são só 18 "morteiradas"...
Para quiser ficar alojado no Palace Hotel Monte Real (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído: Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€
Inscrições a cargo de:
Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email:carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220
Último poste da série > 10 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19772: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): Felizmente, estou vivo; infelizmente, não poderei ir a Monte Real, no dia 25 ( José Saúde / J. F. Estrela Soares)
domingo, 7 de outubro de 2018
Guiné 61/74 - P19080: (De)Caras (119): Marco Paulo, um dos nossos camaradas, hoje famosos, que passaram pelo CTIG... Era o 1º cabo escriturário João Simão da Silva, e foi colocado no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura
Guiné > Bissau > Junho de 1969 > Fortaleza da Amura > QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné) > O Virgílio Teixeira, numa das vezes que foi ao QG / CCFAG, na fortaleza da Amura, em data que já não pode precisar (c. 1967/68), encontrou no Bar de Oficiais o cantor Marco Paulo ("era 1.º cabo, e o responsável pelo Bar").
2. Em tempos publicamos dois extractos de entrevista com o Marco Paulo (, nome artistico de João Simão da Silva, nascido em Mourão, na margem esquerda do Guadiana, Alentejo, em 21 de janeiro de 1945).
(...) –Fez tropa na Guiné durante dois anos. Do que se recorda?
– Recordo-me de ter pedido a todos os santos para não ir, acima de tudo porque eu sabia que se fosse para a Guiné possivelmente quando regressasse já não podia dar seguimento à minha carreira. A minha sorte foi que o meu produtor, Mário Martins [, da Valentim de Carvalho], fazia sempre questão que eu viesse de férias. Durante esse período eu gravava, e quando voltava para a Guiné a editora lançava o disco. Por isso nunca caí no esquecimento.
– Chegou a sentir medo?
– Quando cheguei à Guiné não foi fácil. Pensei: “Olha, vou para o mato. Levo lá um tiro na cabeça e pronto!” Só que fui para o quartel da Amura, para a secção de Justiça, como escriturário. Ouvia os bombardeamentos, mas não deu propriamente para sentir medo. Depois, como a rádio lá passava muitos discos meus, eu era aproveitado para abrilhantar as festas militares.
– Compreendeu, à época, as motivações daquela guerra?
– Eu não estava por dentro dos assuntos da política. Disseram-me que Guiné era Portugal e eu acreditei. Hoje, olhando para trás, vejo que foram dois anos perdidos.
Outra das entrevistas, com o Marco Paulo, "a propósito dos 35 anos de carreira e dos 3 milhões de discos vendidos". conduzida pelo jornalista e escritor Luís Osório, e publicada nas Selecções do Reader's Digest - Portugal - Revista, em nembro de 2011, pode ler-se:
(...) Luís Osório [LO] - Sei que está a comemorar mais um ano de carreira..
Marco Paulo [MP] - E são já 35 anos a cantar, imagine só. Tanto tempo que quase parece, bem, quase parece que a pessoa que sou hoje nada tem a ver com a pessoa que fui... Passei muitas dificuldades no início, não foram apenas rosas.
LO - Que tipo de dificuldades?
MP - No início tive de cumprir 18 meses de serviço militar obrigatório, depois tive também de viver com o que diziam e faziam os meus críticos. Durante muitos anos o meu nome esteve vetado na televisão. Fui muitas vezes mal tratado. (...)
(...) LO: Voltando um pouco atrás. Onde cumpriu o serviço militar?
LO: Recorda o dia em que partiu para a guerra?
MP: Muito bem. No fundo, não sabia para onde ia. Foram dias muito inquietantes, mas por sorte acabei por ir parar a Bissau. Os meus pais choraram quando se despediram de mim, choraram tanto como eu. Aliás, lembro-me de ter chorado duas vezes na minha vida: nessa ocasião e quando me deram a notícia de que tinha um cancro. Não é nada fácil alguém me ver chorar, nada fácil mesmo.
LO: O estatuto de cantor beneficiou-o de alguma forma durante a Guerra Colonial?
MP: De forma nenhuma. Por sorte, não estive nos sítios onde se vivia a guerra, limitei-me a estar numa zona mais resguardada. Fui obrigado a ir. Estava numa secção de escritório a fazer cartas, para mim foram quase umas férias. Só me apercebia de que existia guerra quando me convidavam para ir cantar a algum hospital ou à Força Aérea; no sítio onde estava não percebia nada. Deu-me muito prazer cantar na Guiné, os meus camaradas pediam-me e eu nunca recusava. (...)
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(*) Vd. poste de 22 de dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2374: O meu Natal no mato (10): Bissau, 1968: Nosso Cabo, não, meu alferes, sou o Marco Paulo (Hugo Guerra)
(**) Vd. poste de 7 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19078: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLVI: Fortaleza da Amura, Quartel-General, Bissau, junho de 1969.
segunda-feira, 12 de março de 2018
Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...
Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 (1972/74) > 1973 > Macaco(s)...
1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Stor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)
Lisboeta, tem raízes na Lourinhã, pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... até o pobre do macaco-cão, a quem o pessoal da CCAÇ 4740 chamava o "Pifas" , certamente por analogia com a mascote do Programa (radiofónico) das Forças Armadas...
Naquela época, havia, nos nossos aquartelamentos e destacamentos, macacos-cães (babuínos) em cativeiro, que serviam de mascote ao pessoal metropolitano (Mascote, segundo o dicionário Priberam é um "amuleto cuja figura dá felicidade, segundo a crença popular")...
Na época não se falava ainda de (nem as pessoas se preocupavam com) os "direitos dos animais". Nem havia sequer partidos (políticos) dos animais... Muito menos havia partidos, a favor das pessoas, quanto mais dos animais...
Conhecendo o Luís Mourato Oliveira, como eu o conheço, um pessoa de grande sensibilidade socioecológica (**), ele por certo nunca tiraria hoje uma foto como a nº 2 (vd. foto acima)... Não é por acaso que ele próprio a rotulou de "selvajaria"... quarenta e tal anos depois. (***)
António Rosinha |
É uma espécie considerada "Quase Ameaçada" (sigla "NT -Near Threatened", da Lista Vermelha da IUCN, a União Internacional para a Conservação da Natureza). A categoria NT precede as categorias criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável...
Atualmente, devido à desflorestação, à agricultura extensiva, à pressão demográfica, à caça e ao comércio ilegal, o macaco-cão está perto de se enquadrar (ou será enquadrado num futuro próximo) nas categorias seguintes da escala, que vai de "Não ameaçado" a "Extinto"... Há 30 anos atrás, o macaco-cão era considerado como "não ameaçado"...Nesse espaço de tempo, os seus efetivos poderão ter sido reduzidos de 20% a 25%. Muitos de nós chegámos a ver bandos de 100 a 200 indivíduos: eram tratados como "nossos amigos", avisando-nos da proximidade (ou não) da presença do IN...
Recorde-se o que aqui escreveu António Rosinha (,um "tuga", privilegiado observador dos primeiros anos da independência da Guiné-Bissau,) sobre o macaco-cão quando este passou a ir à "mesa do rei":
(...) O Com, não o 'avec', mas o macaco, macaco-kom, foi a "ração de combate", por excelência e por necessidade, dos Combatentes da Liberdade da Pátria, pois que, havendo já alguma tradição no consumo desse 'petisco', tornou-se como que prato nacional. Nos primeiros anos de independência, era vulgar ver alguém, caminhando ao longo dos caminhos com um animal amarrado a um pau ao ombro e uma Kalash na mão. O povo compreendia este consumo com a maior naturalidade.(...)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...
(**) Vd. poste de 17 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17677: Fotos à procura de...uma legenda (88): "Pietá"... O fotógrafo indiano, Avinash Lodhi, captou o desespero de uma fêmea de macaco Rhesus que abraça a cria inanimada (Luís Mourato Oliveira)
(***) Último poste da série > 13 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18315: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (25): o fotógrafo e as suas "máscaras"